Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Fazenda Raposa
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Fazenda Raposa - Maracanaú


Em 1937, a Companhia Johnson estabeleceu uma plantação na região de Maracanaú, chamada Fazenda Raposa para servir como centro de pesquisa do cultivo, extração e refino da carnaúba e outras palmeiras ceríferas.

Lagoa Jupaba - Fazenda Raposa em Maracanaú. Foto: André Francalino


Localizada no quilômetro 10 da CE-065, em Maracanaú, a Fazenda Raposa, também conhecida como o Parque das Carnaubeiras, abriga 17 dos 24 tipos de palmeiras existentes no mundo, possuindo o maior número de espécies do gênero “copernicia” e o maior acervo da América Latina. Tudo isso está a disposição da Comunidade Mundial dos Cientistas numa área que compreende 147 hectares.

Fazenda Raposa em Maracanaú. Foto: André Francalino

O projeto Fazenda Raposa tem suas origens no ano de 1937, com a chegada da multinacional S.C. Johnson & Son Inc ao local. A empresa norte-americana cultivou um centro de pesquisa com palmeiras até junho de 1969.

Em 1970, o terreno onde se localizava o centro de pesquisa foi doado à Escola de Agronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), através de um convênio entre o Governo do Estado e a universidade. Estava criado, então, o projeto Fazenda Raposa. Os objetivos eram valorizar a coleção de “copernicia”, introduzir novas espécies de palmeiras e tentar representar, na área, os diversos ecossistemas do Estado do Ceará.

O projeto prevê espaços de uso comunitário, idealizados pelo paisagista Roberto Burle Marx. Entre eles, estão praças, quiosques, caminhos para pedestres, uma área botânica medicinal e um centro de hortícola para a produção de mudas e sementes. Entretanto, tais equipamentos nunca saíram do papel.

Foto: André Francalino

Depois de passar mais de 30 anos praticamente abandonada, a Fazenda Raposa finalmente se tornará uma realidade. O projeto já dispõe de recursos destinados a sua concretização através de emendas individuais apresentadas ao Orçamento da União por Roberto Pessoa, quando deputado federal (R$ 700 mil) e pelo também deputado federal João Alfredo (R$ 100 mil).

Atualmente não é explorada com atividades produtivas, mas possui um alto valor ambiental, devido a sua exuberante cobertura vegetal. A fazenda possui, ainda, uma coleção de palmeiras do gênero Copernicia, além de carnaubeiras nativas.

Em 04 de setembro desse ano, um incêndio atingiu a reserva ecológica. Grande parte da reserva ambiental de carnaúbas foi atingida pelas chamas. Fogo teve início pela manhã e só foi controlado durante a noite. 

O fogo começou por volta das 9h30min e só foi controlado no início da noite. Foto: O Povo

"De longe, se ouvia o estalo do mato seco sendo assolado pelas chamas. Conforme o vento soprava, o fogo lambia tudo, até se apagar na beira de lagos ou ser contido pelos muros de condomínios residenciais vizinhos. No fim das contas, grande parte da reserva ambiental de carnaúbas, conhecida como Fazenda Raposa, em Maracanaú, foi consumida pelas chamas. O fogo começou por volta das 9h30min de ontem e só foi controlado no início da noite, encobrindo a região com uma densa fumaça. 

“Podemos presumir que houve uma limpeza de terreno com a utilização de queimadas e o fogo acabou se alastrando com a ventania. Mas fogo de ignição espontânea acreditamos que não foi”, disse o tenente Antônio da Silva, do Corpo de Bombeiros. Segundo o militar, que comandou o trabalho de contenção, as chamas se espalharam rapidamente pelo parque, passando de carnaúba em carnaúba, através da copa das árvores.

 Foto: Diário do Nordeste

Um morador da fazenda, entretanto, acredita que o incêndio foi criminoso. “Eu vi um fogo baixo na beira da estrada, por volta das 9h30min, e liguei pedindo para o pessoal apagar. Mas deixe que já tinha fogo do outro lado da reserva também”, disse o aposentado Francisco Rodrigues, 79. “Teve fogo dos dois lados da fazenda. Mais de 80% da reserva foi atingida”, completou outro morador.

Conforme o Major Silva, o trabalho de combate às chamas foi complicado, devido à falta de acesso aos focos de incêndio. Durante a operação, 12 bombeiros atuaram, divididos em quatro viaturas. Até mesmo uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) foi utilizada. Mas o fogo só foi controlado durante a noite." 

Matéria publicada no Jornal O Povo

A Secretaria de Desenvolvimento e Controle Urbano de Maracanaú concluiu projetos e orçamentos a serem encaminhados ao Ministério do Turismo para captação de recursos. Cerca de R$ 4 milhões deverão ser investidos em melhoria do parque, como a construção da praça de entrada, estacionamento e abertura de novos acessos com drenagem e pavimentação. A Fazenda Raposa é uma referência mundial por possuir a segunda maior coleção de palmeiras ceríferas da América Latina. A área abriga 17 das 24 espécies existentes no planeta. A Fazenda Raposa pertence a UFC, desde 1970, quando o terreno foi doado pela empresa britânica S. C. Johnson, quando chegou ao fim à produção de cera de carnaúba para exportações.  Luiza Correia

Biodiversidade

Com aproximadamente 147 hectares, a reserva é utilizada por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e também da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em razão da diversidade que há no local. 


Créditos: http://www.maracanau.ce.gov.br, http://www.opovo.com.br e http://www.scjohnson.com.br

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Herbert Johnson - Um homem de coragem e iniciativa



Herbert Johnson, de Wisconsin, EUA, presidente da empresa S.C. Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba. A cera produzida a partir dessa palmeira nativa era o principal item para os produtos fabricados pela S.C. Johnson, e Herbert Johnson quis conhecer o potencial de cultivo da carnaubeira a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis.

Herbert Johnson Jr. ganha Medalha do Mérito Industrial da FIEC

Herbert Johnson foi presidente da S.C. Johnson, fabricante mundial de produtos de higiene e limpeza, fundada em 1886, que veio ao Ceará pesquisar sobre a carnaúba. Herbert Johnson, homenageado in memoriam, foi representado pelo bisneto, Connor Leipold, e pelo vice-presidente da SC Johnson na América Latina, Jose Latugaye, que afirmou estar contente com a honraria, destacando que a empresa possui "uma relação muito profunda com o Ceará". 

Então presidente da SC Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, o industrial americano Herbert Johnson veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba - principal insumo para os produtos fabricados pela empresa. Depois de conhecer de perto o cultivo da árvore, a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis, o empresário decidiu instalar uma unidade no Ceará. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em mais de 20 países e fatura bilhões de dólares anualmente. Falecido em 1978, o empresário foi sucedido pelo filho Samuel Johnson, hoje à frente da organização.


A Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC entregou no dia 26 de julho a Medalha do Mérito Industrial a Herbert Fisk Johnson Jr. (in memorian), empresário norte-americano precursor do Grupo Johnson no Ceará. A medalha foi recebida por Connor Leipold, bisneto de Herbert Johnson Jr., que também trabalha no Grupo Johnson. A solenidade foi uma realização da Confederação Nacional da Indústria – CNI e FIEC em celebração ao Dia da Indústria.

Um homem com coragem e iniciativa



Em sua visita ao Brasil, Herbert Johnson Jr. também fundou a Fazenda Raposa que, em 1937, tornou-se o maior centro científico e de coleção de palmeiras ceríferas do mundo. 

Na década de 40, construiu a Vila Johnson, na beira mar – um projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer – e a fábrica da empresa na Rua Dragão do Mar, responsável pelo grande avanço no refino e industrialização da cera de carnaúba. Já na década de 60, criou a Escola Johnson, que funciona até hoje e atende mais de 1.500 alunos por ano. 

Em sua visita ao Brasil, Connor Leipold também conheceu o escritório da Associação Caatinga em Fortaleza. Na ocasião, foi apresentado à equipe de trabalho e recebeu, entre os materiais institucionais e didáticos, um exemplar do livro “Caatinga um Novo Olhar”.

Herbert Johnson Jr. sensibilizou toda a sua família para a preservação da Caatinga. Seu filho Samuel Johnson, com o intuito de ajudar na preservação deste bioma, institui o Fundo Samuel Johnson, gerido pela The Nature Conservancy (TNC). O objetivo do fundo era adquirir uma relevante área de Caatinga no Ceará, para transformá-la em uma unidade de conservação, bem como fundar uma instituição local que pudesse gerir esta área e fomentar a preservação da Caatinga. Com esse propósito surge a Associação Caatinga e a Reserva Natural Serra das Almas, que atua há 14 anos para a preservação e conservação dessa floresta exclusivamente brasileira.


Fazenda Raposa, em Maracanaú (Foto: Stênio Saraiva)

Expedição pioneira gerou multinacional

Fisk Johnson

Samuel Johnson

Quando cruzou o céu de Fortaleza no dia 17 de novembro passado, o avião Sikorsky – modelo da década de 30, mas reluzindo de tão novo – chamou atenção. Do lado de fora, via-se o nome Carnaúba na fuselagem. Dentro, o empresário Samuel Johnson, dono da empresa S.C.Johnson, mais conhecida por Ceras Johnson, estava no comando.


Frank Lloyd Wright e Herbert Johnson

A aeronave era uma réplica perfeita do hidroavião usado por Herbert Johnson, pai de Samuel, em 1935. Herbert partiu da cidade americana de Racine e, após uma viagem de três meses, pousou na água, em frente a Avenida Beira-Mar, pois Fortaleza nem possuía aeroporto. Tinha um objetivo: conhecer a carnaúba tête-à-tête. A empresa de Johnson já usava a cera nos seus produtos para polimento de assoalhos e ele queria ter certeza de que havia palmeiras para produzir matéria-prima em quantidade suficiente.
O grupo dispunha em Fortaleza de uma parafernália mandada por navio. Toneladas de equipamentos de caça, pesca e acampamento. Só facas, vieram 144. Veio também um pequeno laboratório que viabilizou o cruzamento de sementes das palmeiras que produziam cera mais pura. O melhoramento criou exemplares vigorosos. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em vinte países e faturou 5 bilhões de dólares em 1998.


Cera Johnson's Prepared Wax

Sede da S.C. Johnson

O herdeiro Samuel organizou essa segunda viagem de 1998 para prestar uma homenagem ao pai e à planta que mudou os rumos de sua empresa. Hoje ela fabrica dezenas de produtos que usam a cera como matéria-prima e os vende para mais de 100 países. “Meu pai me pediu, antes de morrer, em 1978, que refizesse a sua expedição”, contou Sam à revista SUPER INTERESSANTE. “Afinal, foi graças a ela que a carnaúba passou a fazer parte dos nossos negócios.”


Reserva natural Serra das Almas é um dos pontos turísticos da cidade de Crateús

Sam Johnson, filho de Herbert, aproveitou a vinda ao Ceará e fez algumas doações a entidades do Estado: a Fazenda Raposa (plantação de carnaubeiras , situada em Maracanaú, foi doada à Universidade Federal do Ceará (UFC); a Reserva Serra das Almas, localizada em Crateús, transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), foi doada à Associação Caatinga; a Escola Johnson, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, hoje pertencente à rede de ensino da Secretaria da Educação do Estado.

Jornal O Povo de 16 out. 2004, p.11 - “Empresário percorre caminhos do avô”. 

Leia também:

Escola Johnson - 50 Anos
A Casa Johnson na Beira-Mar


Jornal O Estado, Site A Caatinga.org, Revista Super Interessante -Árvore com brilho próprio e Forbes

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