Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Grafite
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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domingo, 29 de janeiro de 2017

8 Anos - Fortaleza Nobre e saudosista



No dia 29 de janeiro de 2009, nascia o Fortaleza Nobre!
A ideia de criar o site aconteceu sem pretensão nenhuma, foi somente para arquivar as fotos que eu sempre gostei de colecionar da Fortaleza antiga. Sempre tive curiosidade de saber mais da minha cidade, daquela Fortaleza que eu só conhecia através dos relatos do meu saudoso pai e dos livros de história. Minha maior curiosidade era descobrir os nomes atuais das ruas, aqueles nomes tão simples e charmosos descritos por Adolfo Caminha no seu 'A Normalista'. Aqueles caminhos narrados por Marciano, Nirez, Mozart, Rdo Girão, Rogaciano, Zenilo, Gustavo...


Nesses 8 anos, muitas pessoas, também apaixonadas pela cidade de antigamente, passaram a acompanhar e a sugerir postagens, foram me incentivando a pesquisar mais e mais e aos poucos, vamos resgatando a Fortaleza realmente Nobre! 

Vamos relembrar algumas dessas postagens?

Bondes em Fortaleza


Bonde de tração animal - Fortaleza - 1900. Em 25 de abril de 1880 é inaugurado o serviço de transporte de passageiros por bondes em Fortaleza, no Ceará. A empresa que explorava o serviço era a Cia. Ferro-Carril do Ceará. A frota constava de 25 bondes de 5 bancos cada, e funcionavam de 6 da manhã às 9 horas da noite. A foto é do início do século XX.

Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril da Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896.

Náutico Atlético Cearense


Em 09 de junho de 1929, às 10 hs, é inaugurado o Náutico Atlético Cearense, na Praia Formosa, ou Praia do Marégrapho, em terreno de Manuel Borges Teles (Manuelito Borges) sendo, no mesmo dia eleita sua primeira diretoria, que tinha na presidência Pedro Coelho de Araújo, seguido de Júlio Coelho de Araújo (vice-presidente), Ademísio Barreto Vieira de Castro (primeiro secretário), Fernando Fernandes de Melo, Raul Farias de Carvalho (tesoureiro), Wandemberg Gondim Colares, Wilson Secundino do Amaral (Wilson Amaral), José Pompeu de Arruda, Renato Serra, Tomé Coelho de Araújo e José Brasil.
Em 1944 é comprado o terreno da nova sede na Praia do Meireles e em 11 de janeiro de 1948, dá-se o lançamento da pedra fundamental.

3º  Shopping Center Um

Tasso cortando a fita inaugural do Shopping Center Um.Correio do Ceará de 1974. Acervo Lucas Júnior 

Em 06 de novembro de 1974, surge o primeiro shopping center de Fortaleza, o Center Um, na Avenida Santos Dumont nº 3130; São 7 mil e 500 metros quadrados de área coberta, abrigando estabelecimentos comerciais das mais diferentes categorias e estacionamento privativo com 450 vagas, empreendimento do empresário Tasso Ribeiro Jereissati (Tasso Jereissati). Liberalidade com relação ao modo de trajar é uma das características do Center Um, onde existe, ainda, a terminante proibição de gorjetas.
Além de um supermercado Jumbo, 45 lojas servindo das mais variadas maneiras.
Havia o Shopping-Center Aldeota, mas na verdade tratava-se de um conjunto de lojas em aberto, sem nenhuma segurança ou privacidade.

 4º  Ed. São Pedro - Antigo Iracema Plaza Hotel

 Hall de entrada e fachada do Iracema Palace Hotel 

Pertencente à família Philomeno Gomes, o edifício São Pedro também chamado de “Copacabana Palace” da capital cearense. O edifício de arquitetura inspirada nos hotéis luxuosos de Miami Beach, nos Estados Unidos, foi construído em 1951 para ser o primeiro prédio da orla. Com formato de navio, foi idealizado para desenvolver atividades de hotel, condomínio residencial e comercial em meio às casas e o areal da Praia de Iracema.
Só no hotel são mais de 100 apartamentos com salões de convenções, estar, coffee shop e barbearia. São 12 mil metros de área construída, apartamentos com 200 metros quadrados. Vê-se da janela uma das imagens mais bonitas de Fortaleza: a Praia de Iracema.


Um herói chamado João Nogueira Jucá 

 Acervo Luciano Hortêncio

Quando o estudante João Nogueira Jucá morreu, no dia 11 de agosto de 1959, faltavam três meses para completar 18 anos. Ele era um jovem calado, de um coração imenso, humano. Por isso, a família e os amigos não estranharam a atitude que tomou ao entrar no prédio em chamas para salvar doentes que estavam internados na Casa de Saúde César Cals, hoje, Hospital Geral César Cals (HGCC). Apesar da gravidade do seu quadro, em nenhum momento se arrependeu do que fez. "Ele dizia que seu corpo queimava como brasa".
O Major do corpo de bombeiros, José de Melo Neto, observa que João Nogueira Jucá tinha dentro de si um espírito militar e vestiu-se desse espírito para ajudar quem precisava.




Praça da Parangaba com o Prédio da antiga Intendência e a Lagoa-Assis Lima

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603.

Fortaleza em suas ruas, avenidas, travessas...




"Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.

O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.

A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole." Nirez


Avenida Beira-Mar



Em 10 de janeiro de 1939, Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, p
roibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
No dia 11 de agosto de 1962, são iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.

A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data. As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963

"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides. Os veículos colidiram.
 

10º O famoso cabaré da Leila

 
Já nos finais dos anos 60, e por toda a década de 70 o melhor cabaré de Fortaleza era a CASA DA LEILA, na Maraponga. Suas mulheres eram altas, elegantes, muitas, louras naturais de olhos claros. Vinham do sul do país, de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. Tudo gente fina, educada, algumas se diziam universitárias e comentavam coisa de política, música popular e variedades culturais. Dentre elas havia uma mulata, alta, belíssima, chamada Mércia, que mostrava uma carteira de estudante em Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse tempo havia um vendedor ambulante de livros, o Curió, que assegurava ter vendido várias coleções e enciclopédias às meninas da Leila. Umas intelectuais? (...)


11º Pici e a segunda Guerra Mundial



Existem controvérsias que persistem até hoje com relação à origem do nome “Pici”. Segundo o memorialista Nirez, há uma versão fantasiosa que diz que a origem do nome seria a abreviatura da expressão Post Command – PC, em relação à base norte-americana da II Guerra Mundial –, sendo que as letras “p” e “c”, em inglês, são pronunciadas, respectivamente, como “pi” e “ci”. O pesquisador nega essa versão ao lembrar que a expressão correta seria Command Post presumidamente, Posto de Comando, parte do jargão militar norte-americano (CP e não PC). Nirez também nos lembra que o lugar já tinha esse nome desde o século XIX, quando um centenário sítio pertencente ao agrimensor Antônio Braga (Por ter se apaixonado pelo romance O Guarani de José de Alencar, aglutinou o nome de seus principais personagens, Pery e Cecy, batizando-o de ‘Sítio Pecy’.

12º A origem da Praia de Iracema - De 1920 até os dias atuais



O surgimento do bairro Praia de Iracema, antes denominado Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá, está associado à “descoberta” do banho de mar como medida terapêutica e também como contemplação e lazer por parte da elite econômica da cidade nos anos de 1920. Esta elite intensificou a sua inserção na praia, com a construção de casas alpendradas ou do tipo bangalôs, de frente para o mar, fenômeno que “obrigou” os pescadores a mudarem-se para outras praias.
A primeira manifestação pública que permite antever o futuro nome do bairro ocorre em 1924, quando a cronista social Adília de Albuquerque Morais lançou a ideia de que se construísse um monumento à heroína do romancista José de Alencar, a ser erigido na orla marítima.


13º Corta Bunda - Os maníacos que aterrorizaram o José Walter


Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.
Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital. 


Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas.  

14º O caso BALALAIKA


Às 6 horas e 45 minutos da manhã do dia 04 de agosto de 1942, Fortaleza assistia perplexa a um impressionante desastre aéreo. O jovem desportista, aluno do curso de pilotagem, Edgildo Giordano (mais conhecido por Balalaika), de apenas dezesseis anos de idade, pilotava o avião Visconde de Taunay, um "Pipper Cub" pertencente ao Aero Clube do Ceará, quando o avião caiu no quarteirão entre a Avenida Santos Dumont, Rua Costa Barros, Avenida Dom Luís (Hoje Avenida Dom Manuel) e Rua 25 de Março.

O avião de Balalaika fazia evoluções sobre a Avenida Santos Dumont, quando sobrevoava as casas residenciais de nº 187 e 189, quando caiu em "piquet", entre os dois quintais, ficando completamente espatifado. Surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e suicidou-se jogando o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Avenida Dom Manuel.


15º Excelsior Hotel - 85 Anos


Em 31 de dezembro de 1931, há exatos 85 anos, surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu da cidade, inspirado em um edifício de Milão na Itália. Utilizava na sua estrutura, alvenaria* de tijolos e trilhos** de trem.
De estilo eclético, teve toda a sua decoração interna aos cuidados de Pierina Rossi, que utilizou materiais importados da Europa.
Só para se ter uma ideia, as paredes do prédio chegam a 80 centímetro de largura. Um gigante de sete andares!


Em comemoração, visitei o hotel e fiz várias fotos, uma verdadeira viagem no tempo:

Excelsior em detalhes
Excelsior em detalhes - Parte II
Excelsior em detalhes - Parte III

* Leia: A queda de uma lenda.

** De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

segunda-feira, 11 de março de 2013

Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos - O "Grafite"



"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema*", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides*. Os veículos colidiram.

O considerado melhor motoqueiro e piloto daquela área da cidade, foi infeliz. Viajando a mais de 150 quilômetros por hora, a Honda super veloz tocou de leve na de Aristides (750 cilindradas). Grafite e sua moto voaram. Ele foi de encontro ao meio fio e bateu com a cabeça num dos dois postes que sustentavam um transformador. O rapaz teve o crânio esfacelado e, ainda, sofreu mutilações pelo corpo.

Chamado para a morte

Há quase um mês, Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos andava numa moto e um oficial do Exército, sentindo-se incomodado, abriu fogo. Grafite foi atingido na região glútea. Sua mãe propôs a compra do automóvel, para evitar que andasse naquele veículo perigoso (moto). Anteontem, às 19 horas, recebeu a visita de Aristides, também conhecido como "Az" da Volta da Jurema, o qual alegou que ali havia muitos turistas exibindo suas máquinas.

Grafite, destemido como sempre, preparou sua possante 1000 cilindradas. Os jovens que ali se encontravam, pararam para assistir ao espetáculo que jamais tinham visto: Motos trafegando a mais de 150 quilômetros por hora. Muitos diziam que ele estava brincando com a vida. Nos dez primeiros "pegas", Grafite deu uma demonstração de sua coragem e perícia. Ninguém conseguiu vencê-lo.

O ronco ensurdecedor das máquinas chamavam a atenção dos curiosos que ficavam pasmados com o que qualificaram de loucura. Às 2h40min convidou um amigo para jantar. Os espectadores continuavam na Volta à espera de mais audácia. Arístides ainda insistiu para o "último pega". "Como é nego, vamos decidir agora quem é o melhor", falou Arístides ao amigo. A expectativa era grande. A rapaziada ficou apreensiva.

As duas máquinas roncavam e foi dada a partida. Tarcísio usou toda a velocidade que tinha direito. Numa curva, as motos se tocaram levemente e em seguida, se separaram desgovernadas, jogando seus ocupantes à distância. Arístides sofreu apenas ferimentos e contusões considerados regulares. "Grafite" voou e espatifou-se contra o meio-fio e postes. Ali mesmo morreu, sob os olhares perplexo de dezenas de curiosos.


Foi uma morte violenta. Alguns amigos afirmam que Grafite "morreu no palco e como queria, pois a velocidade não o intimidava". Arístides Cavalcante Freitas, continua hospitalizado, mas seu estado de saúde não inspira cuidados. Indagado sobre o pavoroso desastre, afirmou apenas: "O Grafite dançou". Entretanto, diz estar inocente. O perito Stênio, do Instituto de Polícia Técnica, esteve no local para os exames iniciais.

As motos BZ-212 e XH-707, usadas no "pega", continuam recolhidas à Delegacia de Acidentes de Veículos. Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, era filho de Sebastião Tarcísio e de Maria Antônia Rodrigues Ramos**, residentes na rua Henriqueta Galeno, 391. Seu sepultamento ocorreu ontem às 17 horas no Cemitério Parque da Paz.


Reportagem do Diário do Nordeste de 25 de junho de 1983 
(Arquivo de Alexandre Montenegro)

Grafite - Apenas um jovem rebelde e sem freio ou um marginal?

O menino Grafite - Arquivo Totonho Laprovitera

Tarcísio Antônio Rodrigues Ramosnasceu em 1958. Para os amigos, era apenas mais um jovem incompreendido e inconsequente, como qualquer outro. Mas para muitos que de alguma forma cruzaram seu caminho, as lembranças que ficaram, não foram boas!
Para elaborar essa postagem, conversei com várias pessoas, tanto da turma do Grafite, como aquelas que não suportaram nem ouvir sua alcunha. Para ser justa e imparcial, colocarei comentários de ambos os lados!

  • Alguns nomes foram trocados para preservar a identidade.

Ele muito jovem, corajoso, gostava de impressionar... Faltou-lhe um pouco de freio. Não era gente ruim.  Luiz G.

Fui amigo do Grafite por muitos anos e era um menino bom, de bom coração e a maioria das estórias contadas com ele foram inventadas!!! Na realidade o que faltou foi freio!!!!!
Digo porque por muitos anos andamos juntos, para praia, para as festas e também nas viagens!!! Na realidade, nem de briga ele era, confiava nos amigos, agora dizer que pra mulher ele tinha um papo bacana e levava na conversa, isso é verdade e os pais das mesmas ficavam indignados quando sabiam que a filha estava saindo com o GRAFITE!!!!! Muitas coisas são lendas urbanas!!!  Ricardo P.


Crédito: Renato Feitosa

Vivi a época e conheço tudo de perto... Sei que alguns o faziam de cobaia pois era burro e sem instrução ou fineza . Lembro dos rachas irresponsáveis que acho que chegaram a matar gente... A lista de crimes dele não era lenda. Dele e de um bando de donos da cidade...
Nada de passar a mão, Grafite era um cara de uma boçalidade e arrogância sem limites, um marginal que muitos idiotas queriam imitar na época, o conheci de perto. A maioria das maldades e atrocidades dele são verdadeiras   Ricardo M.

Será que o que contam sobre o Grafite é realmente tudo lenda? Que nunca ouve mortes e confusões bem acaloradas onde o mesmo estava envolvido? E a confusão com um tal coronel, foi verdade?!?!

Nunca matou ninguém em racha, inclusive um que morreu na Avenida Santos Dumont e ele foi acusado, eu e mais 03 amigos assistimos, estávamos no CENTER UM quando ocorreu o atropelamento e vimos tudo!!! A história do tiro do coronel foi verdade, mas a verdade é que os militares ainda se achavam donos do BRASIL e o GRAFITE estava saindo com a filha do coronel, que não queria de forma alguma e o mesmo no seu descontrole característicos dos militares de patente, meteu bala no rapaz!!!!! Quem naquela época, jovem que tinha um carro não gostava de um racha, eu mesmo dava o maior valor!!! Esse episódio do tiro foi na Avenida Desembargador Moreira, naquela vila de militares ao lado do Hospital Militar.  Ricardo P.


Crédito: Renato Feitosa

Bem... O tiro do coronel foi dado por causa de abusos cometidos pelo Grafite na rua dele. Se fosse na nossa ele tinha partido mais cedo. Quanto aos rachas era uma forma irresponsável dos pais agradarem seus filhos. Por isso não nos misturávamos a certos tipos... E olhe meu pai era Secretário de estado e tínhamos todo o governo ao nossos pés... Nunca dirigimos sem carteira, ou participamos de rachas... Quando me prontifiquei a correr fui para o autódromo...  Ricardo M.

Muita coisa de ruim que acontecia naquela época, era depositada na conta do Grafite pela fama que tinha. E o pior é que ele gostava da "fama" que era atribuída a ele. O quadro não era tão feio quanto pintavam!  Mário G.


Como falei... Ele foi cobaia, era cúmplice e gostava. Agora tinha os que o endeusavam... Vi isso de perto estando muitas vezes em mesas próximas a ele... Nada de exageros... Afirmo o que vi... Na Pantera, nas saídas do Náutico, e em alguns locais da época...  Ricardo M.


Grafite sempre envolvido numa confusão...

Ele só brigava se estivesse com os amigos!!! Um dia fomos para um aniversário na casa de Vanda Palhano, mãe do Ricardo da Pretinha e da Soraya, e nesse aniversário tinha um americano, fato que naquela época já não gostávamos de gringo em nossa terra, passei e mandei o GRAFITE meter a mão no pé do ouvido do gringo, e assim ele fez. Resultado, o gringo deu umas porradas no GRAFITE, quando então chega eu e o Neo Pineo e mete o cacete no gringo que no sufoco pula o muro e tem que voltar pois na outra casa tinha um Pastor Alemão que botou o gringo pra correr e o mesmo ao voltar, entrou no pau novamente até aparecer um cristão que o levou de lá!!!  Ricardo P.

Ele não brigava, ele começava as confusões. Quem brigava era o Aristides Feitosa.  João A.

O grafite apanhou muito também, pois era atrevido mesmo e não era de briga, só tinha coragem quando estava acompanhado, agora a dizer que ele matava as pessoas de propósito, porque queria, é muita maldade com quem não tem como se defender!!! Ele era tão atrevido, que foi fazer graça com o Cisninho, Américo, Jode e Antônio Elísio, que eram aproximadamente uns 10 a 15 anos mais velhos do que ele!!! Marcos C.

Grafite? Passou por cima de uma garçonete do WELLS, só porque resolveu mesmo... Na Bezerra matou atropelada uma família. Ele era filho adotivo de uma família rica. 
O Aristides, casado com Joelma, dono de empresa de ônibus à época, é quem vinha de parelha com ele. Hoje ainda tem um poste, onde se fixou massa encefálica durante alguns dias do Grafite, por ocasião do impacto!
O Aristides era amigo do meu marido, que era do ramo de empresa de ônibus. Meu marido morreu com 30 anos. Não sei o que a família do Grafite fazia além de sofrer desde o dia em que acolheu em sua casa esse garoto, que tinha uma índole da pior qualidade, segundo os que conviveram mais de perto com ele. Tem muita história! O Aristides apenas tinha moto também e tomou esse pega com ele! A Imagem do GRAFITE era sempre associada a perversidade e  maldade!
 O Grafite tinha duas revoltas, por fatores que, na época lhe distinguia dos demais. Era de cor escura e adotivo. Não justifica, porém, as perversidades praticadas! Excesso de mordomias também!
Tem uma versão da morte, à época ventilada, que não fosse o risco de estar cometendo leviandade e até um crime de calúnia, eu contaria...  Maria C.

A Volta da Jurema foi palco do trágico acidente - Foto de 1981

Quanto ao Grafite ser adotado, é uma inverdade?!?!?

São os delírios das lendas urbanas criadas com o mesmo!!! O Grafite nunca foi filho de criação, os irmãos dele, podem muito bem esclarecer essa invencionice. Falar impropérios de quem não pode se defender é covardia!!!  Ricardo P.

Tem gente que sente falta dessas figuras... Algumas coisas são lendas, mais eu vi brigas de grande porte que colocavam em risco a vida de terceiros... Mal caráter, mal exemplo e uma figura que morreu rápido. Deveria ter morrido de forma lenta, sofrendo o que fez aos outros, espancamentos e etc... Teve uma época que a brincadeira era destruir carros nas garagens dos outros... Julgo por que mais de uma vez saímos de festas ou restaurantes no meio de garrafadas onde nossas vidas estavam em risco... Vi gente sair sangrando. Minha opinião é a de que esses que se diziam os donos das festas, abriam e fechavam bares. O uso de drogas também e algumas armas... Acho que tinha um que usava manopla e estava associado a essa turma. Estamos tratando de uma figura morta da qual repudio, pois conheço bem boa parte do que foi feito por ele e a "Turma do Grafite". Um merda isso sim... Desculpe, mas sempre que falam nesse sujeito me vem a mente um senhor sangrando que foi agredido por essa turma de arruaceiros e malfeitores!  José M.

A Volta da Jurema era o palco do Grafite e sua turma

Volta da Jurema em 1965 - Arquivo Nirez

Grafite foi meu amigo, contemporâneo, colega de colégio...grande figura, gente muito boa. Virou lenda, muitas coisas que dizem, não correspondem à verdade. Éramos todos do mesmo grupo. Jovens, puros, com dinheiro e sem juízo. Tudo muito natural. José Carlos

Grafite, lenda criada por uma Fortaleza fofoqueira de muro baixo!!!   Ricardo P.

Aquela época a droga começou a entrar em Fortaleza e alguns andavam armados. Ele não teve berço, dai alguns se aproveitavam, isso eu sei. Carlinhos tinha vergonha das histórias do irmão. O pai não tinha moral com Grafite e o presenteava a cada besteira feita. Vi as atrocidades que fizeram com um jumento na Volta da Jurema uma vez... nada normal! Um delas, dessa turma de marginais, colocou um jumento em cima da 'Volta' e batiam no animal... Depois não me recordo qual deles, tirou a roupa e saiu pelado montado no jumento... Isso eu vi. E as senhoras todas saíram envergonhadas. Isso é coisa de gente do bem? Não iam presos por que a policia era corrupta... Tinham gente dentro do Detran para tirar suas multas... Isso era normal? Ato de valentia? Um deles uma vez, humilhou um guardinha...e saia rindo mandando falar com o pai dele... 
Estamos falando de pessoas que aterrorizavam, depredavam o que é publico e colocavam, bêbados, drogados ou sei lá, a vida de muitos em risco... Isso sim faziam bem! 
Existem relatos... Não confirmo pois vai doer na memória ilibada dos garotos da Turma do Grafite... Existiram estupros até hoje sem queixa ou registro policial, pois os pais encobriam as cagadas dos seus filhos marginais... Se tivesse lei nesse período, teríamos muitos ditos "filhos de papai" presos até hoje. Conheci uma garota que pulou do carro andando..não sei de quem era o carro.
Manoplas foram usadas em um espancamento, ocorreram estupros e coisas não explicadas. A turma do Grafite sempre queria sair de boazinha. Volto a repetir: Só se saiam por conivência da policia comprada. Bem acho que encerro por aqui, mas nunca sairá da minha memória o senhor ensaguentado que vi, esse senhor saiu muito ferido... Até hoje quando falam no nome desse sujeito Grafite, que dava nome a turma, me dá vontade de ter idade na época e ter acabado com a raça dele por tamanha covardia!  Ele mexia com as moças para puxar brigas!   Jorge B.

Volta da Jurema

A droga que usávamos apesar de adolescentes e não ser permitida a venda a menores, era o álcool e o lança perfume no carnaval!!! Nunca andamos armados, éramos lutadores de Karatê e quem andou pelado na Beira Mar foi o Novinho, irmão do ex-governador Gonzaga Mota!!! Vou narrar um episódio que aconteceu comigo e o Grafite: Estávamos em uma Tertúlia em uma casa na esquina da Carolina Sucupira com Professor Dias da Rocha, como a festa não estava animada, resolvemos ir para a tertúlia do Náutico Atlético Cearense, isso era um sábado. Dirigimos-nos, um grupo de amigos para a esquina da Avenida Estados Unidos com Carolina Sucupira para pegar um táxi, éramos seis adolescentes, veio o primeiro táxi  e quatro foram nele, fiquei eu e o Grafite esperando o táxi seguinte, enquanto esperávamos, chegou outro grupo de adolescente, eram três, e quando viram o Grafite, começaram a provocar, um chegou e perguntou para o grafite, alisando seu rosto, “Tu que é o Grafite”, “sou” o Grafite respondeu, quando então o mesmo olhou pra mim e perguntou pra mim se eu estava achando ruim ele alisar a cara do Grafite, respondi que não, que não era a minha, não tinha nada com isso e fiquei na minha, ele insistiu na história, eu tenho o pavio bem curtinho, nem conversei, meti a mão na cara do elemento e a peia cantou, peguei ele pelo fundo das calças e quando ia jogar para cima de um carro que ia passando, um médico que morava na esquina da Avenida Estados Unidos com Carolina Sucupira e era amigo de meu pai, gritou para que eu não fizesse aquilo, ai parei, desfizeram a confusão, na companhia do Grafite peguei um táxi e fui para o Hospital Geral de Fortaleza, pois no primeiro tapa que dei quebrei o polegar esquerdo e tinha que engessar, depois de engessado, fomos para a Tertúlia do Náutico, em seguida fomos para a boate Flag e novamente, na entrada da boate nos metemos em outra confusão, desta vez com o porteiro de nome Libório onde eu meti o braço com gesso na testa da criatura que o sangue espirou longe e nesse dia foi peia até umas hora, não me lembro nem como cheguei em casa!!!
Estes crime que foram relatados, nunca foram cometidos em minha companhia, pois como já disse anteriormente, eramos lutadores de Karatê e achávamos bom mesmo era briga na mão, metendo o braço e quem não aguentava bebia leite, nunca usamos armas nenhuma e nem participamos de estrupo como se relata, primeiro que não tinha porque estuprar, as meninas corriam pra cima, tinha era que escolher, portanto, não tinha necessidade de fazer nada a força!!!  

(Depoimento honesto de quem fez parte da Turma do Grafite) 

Volta da Jurema no início dos anos 80

E o Grafite virou lenda...

Grafite até hoje é polemico..mas 90% das histórias atribuídas a ele é mentira...ele era arruaceiro por que o povo que tava com ele dava corda. Sempre o via sair da Praça Portugal pra aprontar. Não tinha drogas, era muito whisky, tanto é que ele quebrava garrafas de Passaport, que era o whisky da moda, só pra se mostrar. Começava as brigas e depois ficava só olhando. Quando tinha um acontecimento iam logo falando que era o Grafite. Eu mesmo presenciei um episódio de um cara fugindo de moto de uma Blits e o guardinha foi logo dizendo que era o Grafite que tava na moto.  Só que não era... Era outra pessoa que me reservo o direito de não falar... O que ele mais gostava era de tirar pega nas ruas de Fortaleza que eram calmas. Lembro demais na Praia do FuturoZé do Peixe, ele e o Aristides tirando pega de Landau... Alexande M.
Pra mim ele sempre foi uma lenda urbana. Quando eu era criança, tinha medo dele. Bastava alguém soltar a pérola: "Tome cuidado caso encontre-se com o Grafite." Da vida dele nada sei. Mas nunca esqueci dos fatos narrados (fidedignos ou não) sobre o terror que ele causava na nossa cidade. Ana C.

Volta da Jurema final dos anos 80


A turma do Grafite era formada por garotos que se achavam acima da lei. Ultrapassavam o muro da decência, não tinham limites e não temiam nada nem ninguém! O tempo passou, o Grafite se foi e aqueles rapazes, que um dia aterrorizaram a vida de alguns fortalezenses, amadureceram, se tornaram pais de família e deixaram o passado de loucuras e rebeldia para trás.
Dizer que tudo não passa de uma lenda urbana, não é verdade, principalmente se levarmos em conta, depoimentos bem honestos, inclusive de alguns que fizeram parte da turma do Grafite. Que tudo que falam é 100% verdade, também seria leviano afirmar, afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto e como alguns falaram, o próprio Grafite gostava da sua "fama de mau" e por causa de suas atitudes, tudo de errado era atribuído a ele.
Grafite não tinha freio, fazia tudo que tinha vontade, mesmo que isso prejudicasse ou colocasse em risco a vida de terceiros.

Falei com alguns garçons e a maioria, preferiram não falar sobre o assunto, outros, falaram que não sabiam de nada, mas teve quem falasse, mas com uma condição, pediu para ficar no anonimato, não quer seu nome envolvido com nada que lembre o Grafite:

 Aquilo era uma peste, não respeitava ninguém, se eu fosse falar tudo que esse "cabra" aprontava, dava um livro de terror. Faltou pulso firme, se fosse meu filho... Quem trabalhava na noite naquela época, passou poucas e boas nas mãos dele. Ele e a "cambada" que o acompanhava, faziam o inferno onde chegavam. As moças tinham medo deles, ouvíamos cada coisa que eu prefiro nem lhe falar, tenho vergonha. 
Lembro do acidente horrível que ele sofreu, foi muito feio! Ele foi irresponsável e procurava a morte, não tinha limites, mas eu prefiro não falar mais nada, ele já morreu, vamos enterrar o assunto também, é melhor.

Depois de tudo que você leu, qual a SUA opinião? Qual imagem Gravite deixou PARA VOCÊ? Apenas um jovem inconsequente e irresponsável? Uma vítima de acusações infundadas?


*Conhecido também como Tid Bill


** Maria Antônia Rodrigues Ramos, conhecida como D. Moça (ainda vive). Além do Grafite, teve outros filhos: O Marcos Pretão (o mais velho), o Carlinho (que juntamente com o GRAFITE, cujo nome verdadeiro é Tarcísio, eram os dois do meio) e Júnior. Dos homens, apenas o Junior está vivo. Marcos Pretão morreu a pouco tempo de um ataque cardíaco. Teve também três mulheres, delas, a Julieta e a Beth (casada com Manoel Gentil Porto), estão vivas. A mais velha das mulheres (desconheço o nome) também já faleceu.
Para tristeza dessa mãe, dois de seus filhos tiveram morte trágica: O Tarcísio (Grafite) e o Carlinhos que suicidou-se.

"A história da família é muito trágica, D. Moça, a matriarca, perdeu uma filha ainda nova, o Grafite, o Carlinhos, o marido (Sebastião) e por último o Marcos Pretão. E continua firme e forte!" F.G





*Volta da Jurema: Jurema era o símbolo da fecundidade da tribo da Índia Iracema. E a volta é devido ao contorno que o calçadão faz na altura do Jardim Japonês. Inclusive, a estátua da Iracema Guardiã simboliza a índia guerreira guardando o segredo de Jurema. 
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