Um acontecimento festivo, hoje, em Fortaleza: começa a funcionar, oficialmente, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. Às 16 horas, perante altas autoridades e convidados especiais, realizar-se-á a anunciada solenidade, que marcará a entrega do moderníssimo conjunto hospitalar ao serviço do povo de Fortaleza. No decorrer da semana, foi assinado convênio entre a Universidade e a entidade mantenedora da Maternidade, através do qual foram assegurados os recursos necessários ao seu funcionamento imediato.
Jornal O Povo (16 de janeiro de 1965)
A Campanha em prol da construção da Maternidade Popular (Escola) foi lançada oficialmente na capital cearense na noite de 28 de maio de 1955, pelo sr. João de Medeiros Calmon, no momento em que era lhe prestado um banquete que reuniu representantes de todas as classes sociais do Ceará, uma grande homenagem por motivo de sua recente ascensão ao posto de Diretor Geral dos Diários, Rádios e TV Associados.
Ao agradecer a expressiva manifestação, o sr. João Calmon valeu-se da oportunidade para anunciar o início do movimento, há muito concebido e que logo mais iria empolgar, como um formidável incêndio de generosidade e amor ao próximo, a alma dos filhos do Ceará, não apenas no seu próprio estado natal como também em todos os recantos do Brasil por onde se espalha essa raça de verdadeiros heróis na luta contra as adversidade que flagelam o Nordeste.
O APELO DE JOÃO CALMON
Do discurso do Diretor Geral dos "Diários Associados", pronunciado no banquete do Ideal Clube, extraímos o seguinte trecho em que ele explica os motivos do empreendimento de que se tornou pioneiro:
Os "Diários Associados", não apenas como já disse alguém, a maior e melhor escola de jornalismo do Brasil. Em nossa organização formaram-se ou se aperfeiçoaram alguns dos mais fulgurantes jornalistas do nosso país. Os D. A. são também graças ao exemplo de seu inspirador, o sr. Assis Chateaubriand, uma inexcedível escola do espírito público. No plano nacional promovemos a Campanha Nacional de Aviação, a Campanha de Redenção de Criança, a Campanha de Recuperação do Solo, a Campanha de Formação de uma Elite e fundamos o Museu de Arte de São Paulo. No plano estadual além de numerosas iniciativas em outras unidades da Federação, orgulhamo-nos de nossa campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e vamos iniciar, agora mesmo, uma outra maior envergadura.
No terreno da assistência social, Fortaleza é de uma pobreza constritora. São Luis, Teresina, João Pessoa, Natal, Campina Grande e o Crato possuem maternidades para as gestante pobres que colocam a nossa capital numa situação humilhante. Visitando freqüentemente aquelas cidades e impressionado com o escandaloso contraste entre o luxo e o número de nossos Clubes elegantes e a nossa falta de maternidade, estudei com os companheiros cearenses a possibilidade de promovermos uma intensa campanha para solucionar, pelo menos parcialmente, esse angustioso problema social, cujos detalhes arrepiantes eu me permito omitir num momento tão festivo com este, mas que serão focalizados através da Ceará Rádio Clube, do " Unitário" e do "Correio do Ceará".
"Em vez de criticar os arrojados cearenses a quem devemos a construção de alguns dos mais belos clubes elegantes do Brasil, precisamos utilizar os seus métodos e aproveitar a sua experiência na arrecadação de recursos financeiros para obras de vulto, como a da futura Maternidade Popular de Fortaleza. Contando com o apoio do comércio e da industria e de todos os cearenses, inclusive dos que vivem em outros Estado e que serão convocados pelos "Diários Associados" através de uma campanha de âmbito nacional, de que participarão nossos jornais, revistas e estações de rádio e televisão, o sucesso da iniciativa está assegurado. Nem a atual crise financeira prejudicará os nossos planos. As contribuições serão pagas em módicas prestações mensais, de acordo com a possibilidade de cada um. Na campanha em favor da Santa Casa, comprovamos como é impressionante o apoio do povo aos movimentos filantrópicos. Nada menos da metade do total arrecadado era constituída de quantias inferiores a quinhentos cruzeiros".
"Seguindo a orientação "associada" de não limitar a nossa atuação à exploração comercial de jornais e rádios e aproveitando a presença, neste banquete, das figuras mais representativas da sociedade cearense, lanço as bases dessa nova campanha, subscrevendo, desde logo, em nome da Ceará Rádio Clube, do "Correio do Ceará", do "Unitário" e da Rádio Araripe do Crato, uma contribuição de cinqüenta mil cruzeiros. Para dirigir a campanha em prol da Maternidade Popular de Fortaleza será constituída uma Comissão Central, com a participação das personalidade de maior destaque do Ceará e na qual figurará, como representante dos "Diários e Rádios Associados", o nosso diretor-presidente, o querido Dioguinho de todos nós, que encarna uma das melhores tradições da filantropia da família cearense".
A CULPA QUE NÃO SE DESCULPA
A ideia, com não podia deixar de ser, mereceu de pronto o mais entusiástico aplauso e o apoio mais vibrante de toda a comunidade cearense que, pressurosa, acorreu àquele grito de mobilização destinado a redimir Fortaleza de um pecado imperdoável. Através de uma vasta ofensiva publicitária em que foram apresentados os aspectos mais doloroso do drama da mãe pobre, as emissoras e os jornais "associados" criaram, em pouco tempo, uma nova mentalidade coletiva, mais esclarecida e mais familiarizada com os gravíssimos problemas decorrentes da falta de assistência clínica e hospitalar às gestantes sem recursos. O assunto foi debatido com realismo, surgindo, então, revelações que chocaram e comoveram profundamente o povo da grande terra nordestina, sempre disposto aos maiores sacrifícios nas suas cruzadas de solidariedade humana. Fortaleza, grande e moderna cidade, famosa inclusive por ser a sede de alguns dos mais belos e suntuosos clubes recreativos do país e com uma população superior a 300.000 habitantes, não dispunha - como ainda não dispõe - senão de pouco mais de uma centena de leitos para atender às gestante pobres, que integram a grande parte de sua população feminina adulta. Os índices de mortalidade infantil sobem a cifras espantosas, como demostram as estatísticas oficiais. Basta citar como exemplo que, em 1946 registrou o Departamento Estadual de Saúde, somente no município da capital, um total de 2.253 óbitos de crianças entre 0 e 1 ano de idade. Em 1956 o número de "anjinhos" subiu para 4.826 - mais do que o dobro à 10 anos atrás! O coeficiente de mortalidade infantil (por 1.000) se elevou de 195,04 em 1946 para 274,57, em 1956 - isto levando-se em conta apenas o que pode apurar, com as naturais deficiências do controle, o serviço de estatística da repartição oficial do Estado.
UM MILHÃO POR DIA
Fortaleza foi posta em confronto com outras capitais nordestinas menos populosas e menos desenvolvidas. Os órgãos "associados", nas sua tarefa de esclarecer completamente o povo, publicaram, em junho de 1955, os seguintes dados do IBGE, num artigo do sr. Adolfo Frejat, então Inspetor Regional de Estatística:
"Para se ter uma ideia da insuficiência de leitos nas maternidades de Fortaleza, basta lembra que, em 1950 Natal (R.G. do Norte) contava com 158 leitos em, suas maternidade; João Pessoa (Paraíba) dispunha de 176 enquanto que em Fortaleza, não excedia de 129 o número de leitos.
A nossa posição de inferioridade nesse tocante, fica perfeitamente caracterizada ao compararmos, já não digo a população total das três capitais, mas a população feminina de 15 a 49 anos, isto é, o número de mulheres em idade fecunda.
De acordo com o censo de 1950, havia àquela época em Natal, 30.057 mulheres de 14 a 49 anos; em João Pessoa, 34.480 e em Fortaleza, 77.819 mulheres em idade fecunda.
Como se verifica, a população feminina de 15 a 49 anos de idade encontrada em Fortaleza é superior à soma da população de igual sexo e grupo de idade existente em Natal e João Pessoa, enquanto que o número de leitos nas maternidades de qualquer das citadas capitais vizinhas é superior ao número de leitos de Fortaleza.
Se considerarmos as mulheres casadas entre 15 e 49 anos de idade, teremos para Natal, 15.645, para João Pessoa, 15.943, e para Fortaleza, 37.859, total este também superior à soma das duas primeiras capitais.
No anos passado 10.069 parturientes ocuparam os 138 leitos existentes para tal fim nas organizações hospitalares de Fortaleza. Aquele total indica perfeitamente, que, em média, cada um dos 138 leitos será ocupado, em 1954, por 73 parturientes inferindo-se, daí a permanência de cada gestante durante 5 dias nas Maternidades.
A taxa de natalidade em Fortaleza é de 46 nascidos vivos para cada 1.000 habitantes; a taxa de fecundidade feminina é de 159 nascidos vivos por 1.000 mulheres de 15 a 49 anos; a taxa de mortalidade infantil é de 236 falecidos no primeiro ano de idade, por 1.000 nascidos vivos.
Taxas elevadíssimas de natalidade e fecundidade feminina comparativamente às demais capitais brasileiras. Que de benefício não trará a Fortaleza a Maternidade Popular em projeto, inclusive o de fazer baixar a não menos elevada e deprimente taxa de mortalidade infantil!"
O povo e o governo sentiram na própria carne a urgentíssima necessidade de um estabelecimento hospitalar que viesse corrigir tão constrangedora situação. E imediatamente cerraram fileiras sob a bandeira dos Diários Associados numa das mais espetaculares "corridas" de filantropia de que se tem notícia em nosso país. Quarenta e oito horas depois do discurso do sr. João Calmon (pronunciado numa noite de sábado) mais de 1 milhão de cruzeiros já haviam sido subscritos para a construção da Maternidade Popular (Escola). Todas as entidades de classe, culturais, artísticas e sociais de Fortaleza bem como as grandes firmas do comércio e da indústria, assim como os poderes públicos, as personalidades de maior relevo do Estado e a grande massa anônima do povo ofereceram seus donativos numa impressionante demonstração de generosidade e altruísmo. Nos cinco primeiros dias da campanha a média das subscrições foi de um milhão de cruzeiros diários.
O movimento se ampliou então para fora das fronteiras do Estado. Cearenses residentes em todos os rincões da pátria ouviram a convocação dos Diários Associados e atenderam com alegria ao convite que lhes era dirigido no sentido de que ajudassem a redenção da mãe pobre de Fortaleza. A colônia do Rio de Janeiro (inclusive os deputados e senadores pelo Ceará) ofereceu em apenas doze dias nada menos que cinco milhões de cruzeiro. Substanciais donativos também foram recebidos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Amazonas, Pará, Pernambuco, etc.
COMEÇA A CONSTRUÇÃO
A Sociedade Pró-Construção da maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, constituída logo nos primeiros dias depois de lançado o movimento e integrada por destacadas personalidades da vida cearense, pode então marcar a data do lançamento da pedra fundamental. A 3 de março de 1956, em memorável solenidade pública, começou a segunda etapa da Campanha, ou seja, a da construção efetiva do belo e funcional edifício projetado de acordo com a mais moderna técnica hospitalar dos nossos dias. Falando durante o ato, o sr. João Calmon anunciou que o Diretor dos Diários Associados, sr. Assis Chateaubriand, resolvera doar, como contribuição pessoal, um Posto de Puericultura destinado aos filhos das mães pobres que vierem a nascer na maternidade. E, ao concluir, afirmou:
"Esta pedra fundamental vale para mim como a reafirmação do compromisso ou do solene juramento que a casa da mãe pobre do Ceará, com mais de cem leitos, abrirá dentro de poucos anos suas portas, impedindo que se abram com a mesma alarmante freqüência de hoje, sepulturas de " anjinhos", sacrificados pelo egoísmo e pela imprevidência dos homens que se divertem à beira do abismo de uma crise social sem precedentes".
As obras tiveram início imediatamente, não sendo mais interrompidas até hoje. Dia a dia se avoluma a grande estrutura de cimento armado do bairro de Porangabussu.
UM APELO AOS SUBSCRITORES
Em novembro do ano passado, a Sociedade Pró-Construção da Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza publicou nos jornais "associados" do Rio, Ceará e outros Estados em dramático apelo, ainda hoje oportuno, de vez que persiste a mesma dificuldade a que então se referia, ou seja, o atraso no pagamento de muitas das contribuições oferecidas. Damos a seguir alguns trechos dessa mensagem enviada aos generosos subscritores da campanha em prol da Maternidade:
"Eis porque achamos de vir a público nesta oportunidade, para dirigir um veemente apelo a todos os bons cearenses que atenderam à convocação dos "Diários e Rádios Associados", no sentido de que não deixem que atrasem as suas contribuições para as obras da maternidade.
Baseados no total de donativos subscritos tanto pelos poderes públicos (inclusive as quotas anuais dos deputados e senadores que integram a bancada cearense nas duas casas do Congresso nacional), como pela iniciativa particular, é que nos foi possível projetar a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza nas proporções em que a estamos construindo, para que ela seja realmente uma obra definitiva, no setor da assistência hospitalar em que se integra e constitua, como de fato vai constituir, muito em breve, um motivo a mais de legítimo orgulho para todo o povo do Ceará. Não incorremos em nenhum exagero quando afirmamos que esse notável estabelecimento será, no seu gênero, um dos mais modernos e eficientes de todo o país."
"A Sociedade Pró-Construção da Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, além do apelo público que ora transmite a todos os que subscreveram donativos, vai dirigir-se individualmente a cada um dos que se alistaram nesta meritória cruzada de salvação pública que redimirá a nossa terra de um dos pecados mais vergonhosos. Os governos federal e estadual, as bancadas dos diversos partidos nas casas do Legislativo estadual e municipal, os representantes do povo no Senado e na Câmara Federal, as grandes e pequenas organizações do comércio e da Indústria, as instituições representativas de todas as classes sociais, os cearenses, enfim, que dentro e fora do Ceará, fizeram questão de acorrer ao grito mobilizador de João Calmon, através dos "Diários Associados" - todos os que contribuíram, os que estão contribuindo e os que ainda vão contribuir, tomarão conhecimento detalhado das dificuldades com que nos defrontaremos em futuro bem próximo se não se mantiver em nível regular o montante das amortizações mensais de seus donativos, generosa, espontânea e publicamente oferecidos.
Se muita coisa já foi feita, até agora, muito mais ainda falta realizar para chegar ao objetivo sonhado. Nenhuma dificuldade nos desanima, nenhum obstáculo será capaz de deter essa marcha que iniciamos ao lado de todo o Ceará, povo e governo unidos numa arrancada fulminante para a solução do problema mais revoltante e mais deprimente de Fortaleza dos nossos dias."
DEEM-NOS A FERRAMENTA !
"Chegou o momento de dizer: cada um cumpra o seu dever. O atraso das contribuições ameaça perigosamente a continuação das obras, e não podemos quedar indiferentes ante a possibilidade de um colapso motivado pelo enfraquecimento daquele entusiasmo inicial que levantou, como a um só homem, os cearenses espalhados pelos quatro cantos do Brasil.
O pagamento dos donativos subscritos, pelo sistema de amortização paulatina através de módicas prestações mensais, a longo prazo, não oferece dificuldades maiores aos que realmente desejam ajudar, na medida de suas posses, a concretização do velho sonho da Maternidade Popular. A verdade, porém, é que grande parte dos conterrâneos que fizeram doações tem deixado de corresponder à expectativa dos responsáveis pelo andamento do trabalho - e a falta de numerário pode ocasionar, a qualquer momento, problemas imprevistos, de solução difícil e demorada, capazes de retardar a conclusão das obras projetadas.
Por outro lado, os constantes aumentos de materiais e na mão de obra estão a encarecer, cada dia que passa, o preço da construção.
É preciso pois, que todas as promessas sejam efetivamente cumpridas, é preciso que não se olvidem os compromissos assumidos. De nossa parte estamos realizando o nosso trabalho, estamos levando adiante a parte que nos coube na distribuição do esforço conjunto para a realização do maravilhoso objetivo que temos em mira. A construção da Maternidade continua em marcha jamais interrompida. Mas cumpre que ninguém falte com a sua pequena parcela de sacrifício.
Não seria descabido repetir aqui o dramático apelo do velho Churchill quando a Inglaterra precisava desesperadamente de ajuda para vencer o inimigo comum: deem-nos a ferramenta e nós concluiremos a tarefa!"
DESTACADAS PERSONALIDADES FALAM SOBRE A CAMPANHA DA MATERNIDADE.
"Aos "Diários Associados" de Fortaleza:
Empolgado pelo admirável movimento promovido nessa capital para construção de uma Maternidade Popular, venho, por intermédio dessa prestigiosa organização, oferecer o donativo pessoal de cem mil cruzeiros, sumamente jubiloso por participar de iniciativa tão meritória. Desejo igualmente dar ao presente oferecido o caráter de uma homenagem especial ao nobre povo cearense que tanto admiro pela sua inestimável colaboração ao engrandecimento de nossa Pátria."
Juscelino Kubistchek
"A ideia lançada pelo jornalista João Calmon é daquelas que merecem não só o apoio mas o franco e decidido entusiasmo de quantos se interessam pelos empreendimentos úteis em benefício da coletividade. De minha parte darei o apoio do Governo no sentido de que a feliz iniciativa seja, com a urgência devida, coroada de êxito, e agradeço a oportunidade que os "Diários Associados" me oferecem, para proclamar de público as minhas congratulações com a benemérita campanha."
Paulo Sarazate, Governador do Ceará
"A campanha lançada por João Calmon para a construção de uma Maternidade Popular Escola em Fortaleza é, sem dúvida, um dos mais meritórios movimentos jamais empreendidos pelos "Diários Associados", a cujos jornais e emissoras deve o Brasil tantos e tão assinalados serviços. Nenhum cearense pode deixar de apoiar, com sincero entusiasmo, a humanitária cruzada de redenção da mãe pobre de nossa terra."
Flávio Marcílio, Vice-Governador do Estado
Martagão Gesteira, Dir. do Dep. Nacional da Criança
"Manifesto o meu caloroso aplauso, como cearense e velho vicentino (membro das Conferências de São Vicente de Paulo) à campanha ora desenvolvida pelos "Diários Associados" em prol da construção da Maternidade Popular de Fortaleza. Como simples cidadão e mais ainda como eventual ocupante de qualquer posto de responsabilidade da administração pública, comprometo-me a dar todo o apoio que estiver ao meu alcance pela pronta construção e posterior desenvolvimento dessa nobre instituição de assistência social."
Juarez Távora
"A Maternidade Popular (Escola) projetada para o Ceará por iniciativa dos "Diários Associados" representa, sem dúvida, uma das obras mais meritórias de quantas se tem notícias nos últimos tempos, dada a sua incontestável necessidade e os frutos que há de produzir. Pode-se dizer que, pelo seu arrojo e pelo êxito já obtido, imensa será a dívida de gratidão dos cearenses a todos aqueles que aplaudiram e apoiaram a grande ideia."
Virgílio Firmeza, Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará
"Nenhum cearense que se preza pode deixar de aplaudir e apoiar, com todo o entusiasmo, a campanha em prol da construção de uma Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza. A ideia, em tão boa hora lançada por João Calmon e agitada pelos "Diários Associados" empolgou imediatamente a alma generosa do povo do Ceará, agora firmemente decidido a levar a bom termo o meritório movimento que visa a redenção da mãe pobre de nossa terra. Podem os homens que dirigem a campanha da Maternidade contar comigo e com a Universidade do Ceará."
Martins Filho, Reitor da Universidade do Ceará
"Sempre aplaudi e incentivei as iniciativas que se destinam a proteger a maternidade e a infância. Mas, desde logo quando os beneméritos amigos dos "Diários Associados" do Ceará tomaram aos seus ombros a tarefa de construir a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, compreendi que deveria envidar o melhor do meu esforço para ajudar, tanto quanto me seja possível, a rápida concretização de tão grande e patriótica obra."
Parsifal Barroso, Ministro do Trabalho
"A Maternidade Popular (Escola) projetada para o Ceará por iniciativa dos "Diários Associados" representa, sem dúvida, uma das obras mais meritórias de quantas se tem notícias nos últimos tempos, dada a sua incontestável necessidade e os frutos que há de produzir. Pode-se dizer que, pelo seu arrojo e pelo êxito já obtido, imensa será a dívida de gratidão dos cearenses a todos aqueles que aplaudiram e apoiaram a grande ideia."
Virgílio Firmeza, Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará
"O dever de assistência à maternidade e à infância inscreve-se entre os mais belos dispositivos constitucionais. Obra de cunho eminentemente social, a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, pela comovedora mensagem humana que encerra, figura entre os mais nobres cometimentos do povo cearense. Merece, por isso, o desvelado apoio do povo e dos poderes públicos."
Perboyre e Silva, Presidente da Associação Cearense de Imprensa
"A Maternidade Popular (Escola) é uma obra necessária. Fortaleza não conta com estabelecimentos do gênero em número para atender satisfatoriamente a população. As gestantes pobres não têm mais para onde ir. Merece aplausos e cooperação quem tomou aos ombros a responsabilidade de realizar tão oportuno trabalho."
D. Expedito Oliveira, Bispo Auxiliar de Fortaleza.
"A Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza é uma obra de maior significado social, vindo preencher uma falha de nosso sistema assistencial. A Maternidade é um trabalho de fôlego que enaltece o espírito arrojado dos cearenses."
Júlio Rodrigues, presidente da Associação comercial do Ceará
" É uma iniciativa que muito honra os seus autores e que atende às necessidades de nossa terra, preenchendo um lacuna das mais sentidas em Fortaleza. É de se esperar que essa iniciativa, dentro de pouco tempo, esteja definitivamente concretizada. Na qualidade de Diretor da Faculdade de Medicina do Ceará, cujos serviços se situam na mesma área de Porangabussu, espero que, em futuro próximo, através de convênios, venha a Faculdade a utilizar a Maternidade Popular como instrumento de ensino, passando assim a obra a ter duas funções: a social, atendendo às gestantes pobres, e a de escola, como o seu próprio nome indica."
Valdemar de Alcântara, Diretor da Faculdade de Medicina do Ceará
"Esse é uma obra de benemerência que vem atender a uma grande necessidade de Fortaleza, uma vez que, podemos dizer, em nossa terra não temos uma única maternidade aparelhada e capacitada para o atendimento de mães indigentes. Ninguém poderá ficar indiferente a uma realização como essa. É nosso dever apoiar a iniciativa, a fim de que a Maternidade Popular venha a ser uma maravilhosa realidade."
José Ramos Torres Melo, Presidente da federação das Associações de Comércio e Industria do Ceará (FACIC).
"Orlando Mota está no Rio fincando os alicerces da ideia de um homem de imprensa - João Calmon - que é a construção de uma Maternidade Popular em Fortaleza, a fim de que as mães cearenses pobres não tenham mais seus filhos nas sarjetas. Será um estabelecimento modelar, todavia sem luxo, porém dotado de moderna aparelhagem e com cerca de 130 leitos. Os cabeças chatas que trabalham em "Última Hora" e que deixaram o umbigo enterrado no Ceará não faltarão ao apelo de João Calmon e Orlando Mota. É a terra distante que dirige um SOS aos seus filhos."
Edmar Morel (trecho de uma reportagem publicada em "Última Hora", no Rio).
"Mais rápida e esplendorosamente do que seria adequado esperar-se destes tempos estéreis , a semente que o jornalista João Calmon lançou na terra adusta cearense vicejou na campanha magnifica em prol da construção da Maternidade de Fortaleza, promovida pelos "Diários e Rádios Associados". Não se pode silenciar ante o apelo dessas vozes que representam a mãe humilde cujo ventre fecundo povoa a terra seca do Nordeste, a floresta equatorial da hileia, os campos do sul e as montanhas gerais."
"Diário de São Paulo" (trecho de um editorial).
"A campanha em boa hora lançada pelo Dr. João Calmon, Diretor Geral dos jornais e emissoras "associados" do país, em favor da construção da Maternidade Popular (Escola) e logo apoiada pela opinião pública, constitui um dos maiores benefícios destinados à mãe pobre do Ceará."
Dep. Decio Teles Cartaxo, Presidente da Assembléia Legislativa do estado (Trecho de requerimento).
"Fortaleza terá dentro em breve a Maternidade de que precisa. Eis o fruto do idealismo e do espírito humanitário de João Calmon, que durante muito tempo dirigiu os "Associados" do Norte e agora tem o cargo de Diretor Geral dos jornais e rádios da grande empresa nacional. Perguntam, com espanto, os que sabem o progresso realizado pela capital do Ceará, se ali não existia uma maternidade à altura da necessidade do grande povo e a resposta é, infelizmente, negativa. Fortaleza possui alguns clubes mais adiantados e elegantes do país. Que testemunha isso, senão o espírito progressista da sociedade cearense? Mas não se compreende que Fortaleza, tendo a primazia dos clubes do Brasil, não se preocupasse também com a assistência social, no seu aspecto mais urgente e delicado, como o do socorro à mãe e à criança na hora mais grave do destino de ambas. A iniciativa de João Calmon atende, assim, a um problema vital que os cearenses, onde quer que estejam, são chamados a resolver."
Austregésilo de Athayde (Trecho de artigo).
Os Senadores e Deputados que integram a representação do Estado do Ceará no congresso nacional vêm manifestar de público o seu aplauso e o seu apoio à humanitária campanha que atualmente se desenvolve em benefício da construção da Maternidade Popular de Fortaleza. Só louvores merece tão patriótica iniciativa que está demonstrando, mais uma vez, o extraordinário espírito de filantropia do povo cearense, vanguardeiro das lutas em prol da dignidade da espécie humana. Dominados pelo mesmo sentimento de generosidade que tem sido, através dos tempos, a característica mais acentuada de nossa gente, enviamos calorosa e fraternal saudação a todo o grande povo do Ceará, ao mesmo tempo que oferecemos a nossa contribuição material, assim estabelecida na reunião da bancada, a 10 do corrente, no Salão Nobre da Câmara Federal. Cada Senador e Deputado Federal pelo Ceará reservará, na sua cota orçamentária dos três próximos exercícios (1956,1957,1958: a subvenção de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), independentemente de donativos voluntários e pessoais de cada um de nós. Estamos certos de que dessa maneira daremos uma ajuda substancial à benemérita cruzada em prol da redenção da mãe pobre do Ceará.
Rio de Janeiro, 10 de julho de 1955
( As): Adahil Barreto Cavalcante, Adolfo Gentil,, Alfredo Barreira,Álvaro Lins Cavalcante, Antônio Horacio, Armando Falcão, Carlos Jereissati, Colombo de Souza, Crisanto Moreira da Rocha, Esmerino Arruda, Virgílio Távora, Ernesto Saboia, Euclides Wicar, Fernandes Távora, Francisco Monte, Gentil Barreira, José de Martins Rodrigues, Menezes Pimentel, Onofre Muniz Gomes de Lima, Parsifal Barroso e Perilo Teixeira.
( As): Adahil Barreto Cavalcante, Adolfo Gentil,, Alfredo Barreira,Álvaro Lins Cavalcante, Antônio Horacio, Armando Falcão, Carlos Jereissati, Colombo de Souza, Crisanto Moreira da Rocha, Esmerino Arruda, Virgílio Távora, Ernesto Saboia, Euclides Wicar, Fernandes Távora, Francisco Monte, Gentil Barreira, José de Martins Rodrigues, Menezes Pimentel, Onofre Muniz Gomes de Lima, Parsifal Barroso e Perilo Teixeira.
INAUGURAÇÃO DA MATERNIDADE ESCOLA 15 de Janeiro de 1965
MATERNIDADE EM FUNCIONAMENTO
Jornal O Povo (18 de janeiro de 1965)
TRIGÊMEOS NASCERAM NA MATERNIDADE-ESCOLA
A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand serviu de berço, Sábado último, quando iniciou seu funcionamento normal, aos primeiros trigêmeos cearenses do ano. As três robustas meninas são: Maria de Fátima, Maria da Conceição e Maria Goretti, filhas do casal Maria de Lourdes Gregório e João Batista Gregório, ele motorista do 4º Distrito Policial. Estão passando bem as trigêmeas e deverão ser levadas ainda hoje para casa, à rua Marcílio Dias, 694 (bairro Nossa Senhora das Graças, no Pirambu).
Jornal O Povo (18 de janeiro de 1965)
FORTALEZA GANHA A MATERNIDADE-MODELO
"Com a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand aconteceu coisa diferente do que ocorre geralmente no Brasil: foi inaugurada depois de já está funcionando. Quando fizemos a festa, já havia crianças dormindo no berçário." Quem nos conta isso é o Dr. José Galba Araújo, diretor da Maternidade. Com um discreto ar de catedrático, o eficiente executivo da casa presta-nos outras informações:
A Maternidade tem 4 funções: Ensino, Assistência Social, Maternidade e Hospital de Urgência. Com 4 professores e 11 assistentes, aí funcionam 4 cadeiras da faculdade de Medicina da Universidade do Ceará: Ginecologia, Obstetrícia, Puericultura e Pediatria. A universidade contribui com uma verba anual de Cr$ 200 milhões. Dá para 4 meses - explica o Dr. Galba.
Em atividade total, a Maternidade dispõe de 126 leitos, podendo ir a 150. Está trabalhando com a metade de sua capacidade, mantendo 4 plantões médicos completos e mais 1 de reserva.
O primeiro parto foi no dia 15 de janeiro. Parto simples. Nasceu uma menina que recebeu o nome de Teresinha, em homenagem à esposa do Dr. João Calmon. No mesmo dia, nasceram gêmeos, o que foi considerado um bom augúrio.
Temos 8 médicos plantonistas. Entre estes, um médico-laboratorista, um analista, um anestesista e - o que constitui novidade - um médico-arquivista. A necessidade de um médico-arquivista é explicada pelo Dr. Galba: precisão da terminologia técnica, dificilmente manipulável por um leigo. A catalogação de dados será feita por um computador IBM, doado pela fundação Ford, que ainda não chegou em Fortaleza porque a Maternidade não pode pagar os impostos alfandegários. Aqui fica o apelo aos Senhores da República para que consigam uma isenção desses tributos.
8 salas de parto e 1 boxe (capacidade para 12 partos simultâneos). A maternidade pode fazer 30 partos por dia. Tem feito em média de 10 (inclusive já 10 cesarianas) nesses poucos dias de funcionamento.
"Indigentes" é a palavra proibida na Maternidade. Há clientes Classe A e Classe B. Com tratamento exatamente igual. As diferenças estão na comida (quem conhece o Nordeste sabe que a classe pobre não gosta de verduras, tomates, saladas, e, portanto, passa melhor com sua dieta), e nas acomodações: classe B, quarto com cama, armário, luz, campainha e oxigênio embutido na parede; Classe A, quarto com 4 ou 6 camas e as mesmas características do primeiro.
Senhoras que vieram do Canadá (Missionárias de Nossa Senhora) cuidam das crianças. São freiras com formação especializada para esse tipo de trabalho.
Nos 4 andares em que funciona a Maternidade, há um mundo de coisas a registrar. Entre outras: uma grande Sala de Conferências de Médicos; Sala de Cirurgia, com instrumental moderno e completo e com aparelhagem de televisão em circuito fechado, a fim de que os estudantes possam assistir às operações; Banco de Sangue; Sala de Triagem; grande cozinha; lavanderia; "atelier" de costureiras; almoxarifado, sala de máquinas com grandes caldeiras que produzem vapor e água quente para todo o edifício.
Além de tudo isto, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand dispõe de excelente material humano. D. Helquine Cortez, Dorotéia Martins Ferres e Isabel Sales (enfermeiras) prestaram todas as informações solicitadas pela reportagem.
Mais uma nota simpática: uma associação composta de senhoras da sociedade de Fortaleza (Damas Vigilantes) presta serviço voluntário à maternidade. Cada uma dessas senhoras dá meio dia de plantão por mês. Sua função: fazer o papel de dona-de-casa, receber visitas, dar informações. D. Lorena Araújo, por exemplo, foi a simpática cicerone de "O Cruzeiro" na Maternidade -Escola Assis Chateaubriand.
Maternidade escola Assis Chateaubriand - Há 42 anos servindo a sociedade!
Maternidade Escola-(MEAC-UFC)-Fortaleza-Ce
Foto: Vânia Dias
Arquivo Diário do Nordeste
Fontes: Revista O Cruzeiro - 12 de junho de 1965, site da MEAC e pesquisa na internet