Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Rádio Iracema
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sábado, 14 de junho de 2014

Nas ondas do rádio - Década de 40 (Parte IV)



O  Radioteatro e o Encanto das Radionovelas



As primeiras transmissões de radionovelas, no Brasil, se deram por volta de 1930. As emissoras, a exemplo do que acontecia nos jornais, passaram a retransmitir as narrativas presentes nos romances de folhetim. A primeira radionovela transmitida no Brasil foi “Em Busca da Felicidade, originalmente escrita pelo cubano Leandro Blanco com readaptação e tradução de Gilberto Martins.

Foram 284 capítulos em quase dois ano de transmissão sempre nas manhãs de segunda, quarta e sexta. A ideia de importar o texto partiu da Empresa de Propaganda Standard de Cicero Leurenroth, que via no rádio um excelente veículo para alcançar as donas de casa. Detentora da conta publicitária da Colgate-Palmolive, a agência projetou a veiculação de uma radionovela para alcançar as vendas do creme dental da industria Norte-Americana. (FERRARETTO, 200l. p. 119).


Naquele mesmo ano, a Rádio São Paulo começava a transmitir a primeira radionovela criada no Brasil: Fatalidade, escrita por Oduvaldo Viana. De acordo com Ferraretto (2001), “as tramas traziam como características um enredo simples e relativamente conservados” (p. 119). 

No Ceará, o radioteatro – precursor da radionovela - passou a ser uma das principais atrações da grade de programação, ainda nos primórdios da emissora, na década de 1930. “Com um elenco invejável, notadamente de radioatrizes, a PRE-9 marcou época com trabalhos memoráveis que jamais serão esquecidos” (LOPES, 1994, p. 131). As radionovelas incitavam a imaginação do público, propondo um lugar específico para a fantasia. Os efeitos especiais produzidos no rádio, a interpretação dos artistas, o timbre de voz, construíam um imaginário peculiar que se adaptava perfeitamente à ordem melodramática.O rádio como era uma coisa feita com carinho e com zelo, com respeito,
principalmente, ele induzia as pessoas a pensar. Você ouvia a novela e você criava o cenário, você criava o personagem. Ah, esse fulano, esse ‘galanzinho’ deve ser assim, assim e assim. Ele deve ter olhos verdes, ele deve ter cabelos loiros, deve ter um nariz muito bonito, uma boca assim, assim e assim. A sua coleguinha aí vizinha que tava ouvindo fazia uma outra imagem, ela idealizava aquele homem, que aquela voz induzia ela a pensar... Ou aquela mulher... (PEIXOTO, entrevista, 2005). 

Dentre as tramas teatrais de maior destaque, no início da década de 1940, podemos citar Arizona nos quatro cantos do mundo. A coluna Radiofônicas, de um jornal da época, destacou o sucesso da transmissão perante o público cearense:

“Arizona nos quatro cantos do mundo já tomou conta das boas graças dos
ouvintes. Aventuras sensacionais teatralizadas eis o que apresenta o novo programa das segundas e quartas-feiras ao microfone da querida emissora local.”
 (outubro de 1940). 

No Ceará, em meados da década de 1940, o consumo de livros, revistas, jornais e filmes era restrito a uma pequena parcela da população. O valor das publicações e o alto índice de analfabetismo eram fatores que impossibilitavam o acesso da maioria da população a tais bens culturais. Diante deste contexto, as radionovelas surgiram como um dos mais importantes produtos da indústria cultural. As histórias romanceadas, divididas em capítulos, eram “levadas ao ar” pela manhã, às 9 horas, e no período da noite, no chamado “horário nobre”

Arquivo Biblioteca Nacional

De acordo com Eduardo Campos (1984), a primeira novela irradiada pela Ceará Rádio Clube, ao vivo e com o seu próprio cast, foi o seriado Penumbra, de Amaral Gurgel, transmitida primeiramente na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro (p. 14). Já a primeira radionovela cearense foi Aos Pés do Tirano, escrita por Manuelito Eduardo (Foto ao lado), em meados da década de 1940. No ano de 1944, a Ceará Rádio Clube lançou o primeiro concurso radiofônico de peças de radioteatro, sob o tema: Os Grandes Processos da História. O vencedor foi o jornalista Eduardo Campos, com o tema Processo de Maria Antonieta. O jornalista passou a compor o quadro de funcionários da emissora, no dia 04 de setembro de 1944, sendo batizado artisticamente de Manuelito Eduardo¹
Nesse período, também atuaram na PRE-9: Paulo
Cabral de Araújo, João Ramos, Heitor Costa Lima, Mozart Marinho, Aderson Brás, Luzanira Cabral (Stela Maria), José Limaverde e Silva Filho, todos como locutores (CAMPOS, 1984, p. 13).


GRANDES NOMES DA ÉPOCA DE OURO DO RÁDIO CEARENSE: KEYLA VIDIGAL, BARBOSA, NOZINHO SILVA, MIRIAM SILVEIRA, ISMY FERNANDES, GUILHERME NETO, JOÃO RAMOS , MARIA JOSÉ BRAZ, LAURA SANTOS E MARILENA ROMERO. Arquivo Radiouvintes

A Programação Esportiva

As primeiras transmissões esportivas seguiram o mesmo caráter amador
predominante nos outros formatos do início do rádio. No Ceará, a primeira partida de futebol foi transmitida pela Ceará Rádio Clube, em 1938, quatro anos depois de sua instalação. O locutor era José Cabral de Araújo, ele narrou o jogo dos estúdios da emissora, onde se comunicava por linha telefônica com o repórter Rui Costa Sousa, que falava do Campo do
Prado². Segundo Eduardo Campos “graças a esse artifício, os que estavam na cidade puderam acompanhar todo o jogo, narrado com maestria pelo locutor, que se julgava presente (no estádio)” (CAMPOS, 1984, p. 15). 

A primeira reportagem esportiva, de nível profissional, feita no Ceará, também foi levada ao ar pela Ceará Rádio Clube, o repórter era Oduvaldo Cozzi (Foto ao lado), que atuava em programas de entrevista, na PRE-9. Anos mais tarde, Odulvaldo passou a fazer parte do quadro de profissionais da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde se firmou como especialista em transmissões esportivas. As primeiras transmissões de jogos já se caracterizavam pelo estilo pessoal da narração. Cada locutor imprimia a sua marca, traço que se desenvolveu e permanece na atualidade, é o estilo de transmissão que diferencia o locutor ou a equipe. Tom de voz, velocidade, silêncio, metáforas, aliterações, interpretações tornam a equipe inconfundível.
O linguajar diferente do comunicador esportivo tem motivos vários, que vão desde a necessidade de fugir ao comum, imprimindo à expressão verbal um significado conotativo, até a incessante luta pela conquista de maior audiência. Este fato leva, inclusive, à necessidade de atrair ouvintes através de auto-afirmação capaz de criar uma terminologia às vezes inédita, que caracterize a busca da marca pessoal de cada comunicador (CAPINUSSÚ, 1988, p.15).

No final da década de 1930, Boletim Esportivo, ia ao ar ao meio-dia, pela PRE-9. O programa Boletim Esportivo trazia as novidades sobre o Foot-Ball, esporte caracterizado como elitista e praticado, exclusivamente, por homens brancos. Foi nesta década que o esporte alcançou uma grande expansão no que diz respeito à sua prática e aos seus torcedores.
Criaram-se, nos subúrbios, times de futebol formados por trabalhadores. De acordo com Rodrigo Pinto (2007, p. 04), “os trabalhadores passaram a ver que esporte, música, dança, piqueniques domingueiros eram possibilidades de lazer diante da opressão do sistema de produção ou do rígido controle patronal”. O futebol, aos poucos, passou a fazer parte da programação radiofônica, tornando-se um dos maiores atrativos do veículo. “O futebol ajudou a popularizar o então emergente veículo de massa, enquanto o rádio retirou o esporte de dentro dos estádios e o levou para o imaginário popular” (ALMEIDA E MICELLI, p. 01, 2004). 
Almeida e Micelli afirmam que o radialismo esportivo se antecipou, a qualquer outro setor radiofônico, no que diz respeito à linguagem e aos avanços técnicos. Os locutores por se verem diante da expansão do veículo e da obrigação de improvisar nas suas narrações desenvolveram técnicas narrativas para atrair os ouvintes. Palavras de origem inglesa foram adaptadas para o português (Por ser um esporte de origem inglesa, o futebol, ao chegar no Brasil, trouxe expressões como: fiels (campo), goalkeeper (goleiro), referee (juiz), dentre outras.), o ritmo veloz e emotivo passou a ser utilizado nas locuções, a criação dos bordões e o jogo com as palavras passaram a dinamizar as narrativas futebolísticas. “A nova linguagem permitiu ao ouvinte ‘visualizar’ o campo e todos os lances do jogo, contribuindo assim para transformar o futebol em espetáculo de massas e paixão.” (ALMEIDA e MICELLI, p. 02, 2004). 
O objetivo era envolver o público emocionalmente a cada partida. “A emoção faz com que o jornalismo esportivo esteja sempre numa linha tênue entre a pieguice e a razão. Costuma-se dizer que não há cobertura esportiva sem emoção, mas o jornalista não se pode deixar levar por ela” (BARBEIRO E LIMA, 2001, p. 76). 
A linguagem utilizada pelos locutores possuía em sua essência, um caráter regional; eram repetidas expressões conhecidas pelo público e diálogos que estavam presentes no cotidiano social do fortalezense. Para Jung, “uma das características do rádio é a proximidade com o ouvinte, a conversa direta com o cidadão. (...) O público se identifica com a emissora da cidade e com o radialista de plantão” (2005, p. 39). 
Essa é uma das características que aproximou o rádio do público, facilitou sua expansão para além das fronteiras sociais, e estimulou o empreendedorismo no mercado de informação.

A Primeira Concorrente e a Mudança para o Edifício Pajeú

No final da década de 1940, a Ceará Rádio Clube se viu diante de mais um desafio, a inauguração, em 09 de outubro de 1948, da sua primeira concorrente: a Rádio Iracema de Fortaleza, ZYR-7. É neste período, que o profissional do microfone começa a fase de amadurecimento profissional e se estabelece a especificação de suas funções.


As funções dentro do rádio vão-se tornando independentes, passando a fase em que o mesmo radialista, por solicitação da empresa ou de seu próprio espírito de trabalho, era levado a diversificar a sua atuação, constatando-se a presença do locutor também como radioator, organizador de programa, redator, animador de auditório, etc. (CAMPOS, entrevista, 2005).

ZYR-7 não foi uma ameaça direta à pioneira, Ceará Rádio Clube, de acordo com Marciano Lopes (1994, p. 42), “mesmo chegando para disputar ouvintes, a ‘Iracema’ não vinha como guerreira”. A emissora tinha consciência de que não seria fácil desbancar a emissora dos Associados. Com o surgimento da Rádio Iracema, a Ceará Rádio Clube tratou de “crescer, melhorar e mostrar que tinha de continuar sendo a melhor” (LOPES, 1994, p. 59). 

A emissora deixou sua antiga sede no Edifício Diogo e se transferiu, no dia 13 de maio de 1949, para o Edifício Pajeú. A Rádio Iracema, localizada no Edifício Vitória, também atraia o público com os espetáculos encenados no roof-garden, nome dado ao auditório da emissora que ficava ao ar livre. “O palco era coberto, mas a platéia ficava a céu-aberto, inclusive com mesas onde os frequentadores assistiam aos ‘shows’ tomando wisky, cerveja, refrigerante, etc.” (VASCONCELOS apud LOPES, 1994, p. 39). 

Um dos programas apresentados no palco da ZYR-7 foi o Fim de Semana na Taba, apresentado por Armando Vasconcelos. O programa era apresentado aos domingos, das 20h às 23h, e atraia a sociedade local para participar de brincadeiras e ouvir a voz da cantora cearense Aíla Maria. Sempre com o auditório lotado, o 
programa era anunciado como “o da elite”. Era exigido paletó e gravata para todos os frequentadores. Também tinha o “slogan” de “programa milionário do rádio cearense”. Para honrar esse título, o programa distribuía prêmios de valor em suas muitas promoções e concursos. Certa vez, o prêmio era uma viagem, via aérea, para Paris (França) com uma ajuda de custo de
10 mil francos, afora a passagem (VASCONCELOS apud LOPES, 1994, p. 40). 

Fim de Semana na Taba foi considerado como o primeiro e único programa de gala
do rádio cearense. A elite local se reunia aos domingos para uma verdadeira parada de
elegância no auditório da Rádio Iracema. As mulheres compareciam com roupas luxuosas
para competirem com as estrelas do rádio local, que se apresentavam com figurinos dentro do que havia de mais atual na moda parisiense. Com a sua popularização, o rádio, que antes se restringia a pequenos grupos, chegou aos cantos mais remotos do território cearense. Aqueles que antes se mantinham alheios aos acontecimentos do próprio Estado passaram a ter conhecimento do que acontecia do outro lado do mundo. Aos poucos ia se estabelecendo uma relação familiar entre o público e o novo meio, que alcançaria na década de 1950 sua chamada “época de ouro”. Diante do impedimento da ida aos auditórios das emissoras, as
camadas populares começaram a se reunir em eventos domésticos e sociais, nos quais se faziam festas dançantes ao redor dos aparelhos de rádio.

Continua...

¹ Manuel Eduardo Pinheiros - Eduardo Campos, nasceu em Guaiúba, então distrito de Pacatuba, no dia 11 de janeiro de 1923, filho de Jonas Acióli Pinheiro e Maria Dolores Eduardo Pinheiro.

Órfão de pai, aos 4 meses, foi entregue aos cuidados dos tios João Pereira Campos e Isabel Eduardo Campos (Irmã de Maria Dolores).

Até 7 anos de idade viveu ao sopé da Serra da Aratanha, em Pacatuba. Pelos 8 anos, em companhia dos pais adotivos, foi morar na Rua do Imperador, 90, em Fortaleza (1930), circunstância que o inspirou, já adulto, ao resgate da memória desses idos, quando a sala de visita das casas ia parar virtualmente nas calçadas, os vizinhos aí reunidos depois do jantar.

Eduardo Campos jamais se distanciaria da moldura ecológica da Serra, nem da paisagem rural desse território geográfico, com ares de sertão.

O curriculum vitae expressa o desempenho como escritor, em seus momentos mais significativos, assim como a listagem dos livros publicados, sessenta ao todo, o resultado de prolífica atividade criativa, que se impôs do teatro ao conto, alcançando a história, o folclore e os estudos de culinária.

² Campo do Prado


Antigo Campo do Prado, antecessor do Estádio Presidente Vargas 
Arquivo Pessoal: Airton Fontenele


Único estádio na época, que ficava localizado na área onde hoje se encontram as instalações do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará CEFET, atual IFCE e o Estádio Presidente Vargas.


Continua...

Leia também:

Parte I
Parte II

Crédito: Francisca Íkara Ferreira Rodrigues (Graduada do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR) e Erotilde Honório Silva (Professora Doutora em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Coordenadora da Pesquisa História e Memória da Radiodifusão Cearense – UNIFOR). A popularização do Rádio no Ceará na década de 1940: Trabalho apresentado no 7º Encontro Nacional de História da Mídia realizado em Fortaleza – Ceará, de 19 a 21 de agosto de 2009.). 

Fotos: Assis LimaAirton FonteneleRadiouvintes, Arquivo pessoal e Biblioteca Nacional.


sábado, 18 de agosto de 2012

A Era das Estrelas do Rádio


Auditório da Ceará Rádio Clube localizada no Ed. Pajeú - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Na década de 1950, quando Fortaleza era uma pequena e recatada urbe, dez vezes menor do que é hoje, a façanha de se conseguir um ingresso para programas de auditório na Ceará Rádio Clube (PRE-9) ou Rádio Iracema (ZYR-7), as duas únicas emissoras de rádio então existentes na cidade, tornava-se algo tão disputado quanto é hoje garantir um lugar na plateia do cinema que exibe 3D.

Geralmente realizados nos finais de semana, já às quartas-feiras todos os ingressos estavam vendidos a uma plateia essencialmente democrática, que abrangia desde empregadas domésticas até respeitáveis matriarcas de importantes famílias locais.

Cantora Maria José de Deus (Celina Maria), da ZYR-7, Rádio Iracema - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes


Entre os programas de maior popularidade na PRE-9, em seu simpático e sempre superlotado auditório do edifício Pajeú, estavam "Divertimentos em Sequência", comandado em sua fase áurea por João Ramos, um dos mais talentosos profissionais da comunicação cearense em todos os tempos, e o "Noturno Pajeú", tendo à frente Augusto Borges e, numa fase mais recente, Paulo Limaverde.



Para as crianças, havia a atração irresistível do "Clube Papai Noel", na manhã dos domingos, inicialmente apresentado por um jovem que viria a se tornar prefeito de Fortaleza aos 28 anos, em legítima eleição popular: Paulo Cabral de Araújo. Na Rádio Iracema, fazia sucesso o "Fim de Semana na Taba", onde Armando Vasconcelos reinava absoluto às noites dos domingos.

Além de apresentarem atrações nacionais e internacionais, as duas emissoras fortalezenses contavam com um trunfo imbatível para sua magnífica receptividade junto ao público: eram as estrelas da própria terra alencarina, como se dizia nos anos 50 e 60, com seus aguerridos clubes de fãs, tão queridas e aplaudidas na época quanto hoje o são famosos artistas da televisão.


Ayla Maria foi descoberta a partir dos pastoris que se apresentavam na praça José de Alencar. Ela acabou sendo ‘A voz orgulho do Ceará’ - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes e Arquivo Nirez

Os homens também tinham vez e voz, é claro, mas as mulheres alcançavam maior destaque na seara artística local. Cada artista possuía um estilo próprio com o qual conquistava seus admiradores.

Havia o romantismo de Maria Guilhermina e Zuíla Aquiles; o charme adolescente de Fátima Sampaio e Lúcia Sampaio; as vozes harmônicas e de longo registro das Irmãs Vocalistas (Cleide e Adamir Moura); a rivalidade encenada pelos tietes das estrelas Ayla Maria¹ e Ivanilde Rodrigues, ambas ainda a cumprir marcante desempenho no teatro.


Entre o público masculino, criava intensa empolgação o gingado irresistível de Keyla Vidigal, uma espécie de precursora de Wanderléia e Clara Nunes no completo domínio de palco.

Keyla Vidigal - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Sem esquecer o carinho concedido pelos fãs de Telma Regina, Vera Lúcia, Marilena Romero, Ísis Martins e tantos outros talentos dignos do painel de honra das grandes intérpretes brasileiras. Dessa forma, conquistaram espaço no cenário artístico, na cultura e na história do rádio cearense.

Assim como Keyla, Thelma Regina encantava o público com o talento vocal e estilo sofisticadoLivro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Isis Martins - Coisas que o Tempo Levou - A Era do Rádio no Ceará de Marciano Lopes

Curiosidades

Zuila aquiles - artista da Ceará Rádio Clube, fazia o gênero cantora de câmara, apresentava-se semanalmente, à noite, e não costumava cantar em auditório.

Maria guilhermina - foi aclamada como estrela da canção portenha. O tango era o principal gênero do seu repertório.

Lúcia Elizabeth - era jovem e simpática. Sobrinha de Vera Lúcia, também pertencia à casta da Rádio Iracema.

Cleide Moura e adamir moura - eram as irmãs vocalistas da Ceará Rádio Clube. Muito talentosas, arrancavam aplausos entusiásticos da platéia.

Marilena Romero - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes


Marilena Romero - teve grande atuação fora dos palcos da rádio. Especialista no gênero musical "buate" fazia muito sucesso cantando na noite.

Thelma Regina - chamava a atenção do público pela elegância. Apresentava-se em trajes de gala que destacavam ainda mais sua beleza.

Fátima Sampaio - iniciou a carreira como cantora ainda menina, no programa infantil das manhãs de domingo da Ceará Rádio Clube.

Ísis Martins - começou cantando com duas irmãs. As três ficaram conhecidas como as "pastoras" do cantor Paulo Cirino. Depois, Ísis se lança na carreira solo.





¹AYLA MARIA (Foto ao lado, com o ex marido Armando Vasconcelos) - Nome artístico de Maria Ayla da Silva Vasconcelos. Natural de Monsenhor Tabosa. Veio criança para Fortaleza e logo foi admitida no programa Clube do Papai Noel, da Ceará Rádio Clube; passou-se depois para a Rádio Iracema. Representou o Ceará no Festival de Música Brasileira (1958, Maracanãzinho, Rio de Janeiro), alcançando imenso sucesso com sua interpretação de Babalu. Como cantora, apresentou-se também em outras cidades do Brasil, principalmente as do Nordeste. Integrou a lista de melhores da Revista do Rádio (1965). Destaque da TV Ceará. Disco de Ouro da Associação Cearense de Rádio. Jornalista: “Gazeta de Notícias”. Foi a Mitz da opereta Valsa Proibida, de Paurilo Barroso, na montagem de 1965; participou da remontagem das principais burletas de Carlos Câmara, bem como de espetáculos da Comédia Cearense. Pelo seu espírito filantrópico, apresentou-se em entidades assistenciais, recebeu Bênção Especial do Santo Padre Papa Paulo VI.





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Créditos: Diário do Nordeste de 14/02/2010, 
Os Dourados Anos de Marciano Lopes, AOUVIR e Arquivo Nirez

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Rádio Iracema



Em 1 de agosto de 1945 foi constituída uma sociedade por José Barreto Parente, Flavio Barreto Parente, José Josino da Costa e mais 22 personalidades com o objetivo de criar uma emissora de rádio. A concretização ocorreu aos 9 de outubro de 1948, às 16:00h, quando foi inaugurada pelos irmãos José e Flávio Barreto Parente a “Rádio Iracema de Fortaleza” ZYR-7, cujo estúdio passou a funcionar no 2º andar do Edifício Vitória na Rua Guilherme Rocha, esquina com a Rua Barão do Rio Branco, no centro de Fortaleza em uma sala outrora ocupada pelo Partido Comunista do Brasil. Na entrada existia uma larga e bonita escada de degraus e corrimão com balaustres de madeira. O espetáculo inaugural realizado na Praça José de Alencar contou com apresentação de César de Alencar, cearense mas que atuava na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e fizeram-se presentes: Luiz GonzagaO Rei do Baião”, Heleninha Costa, Ruy Rey e sua orquestra, dentre outros.





A estação transmissora com equipamento da S/A Phillips do Brasil passou a irradiar das dunas do bairro Urubu que, com a urbanização futura, se denominaria Rua Alberto de Oliveira nº 140, no Jardim Petrópolis (atual Colônia). Tinha 10 KW de potência e uma torre de 82 metros, num terreno que ao lado passava o ramal ferroviário da Barra do ceará. José Josino Costa foi o locutor da abertura, e nos transmissores segurando a modulação o Sr. Osmar Castro.



A Iracema fez ponte com os cantores da Rádio Tupi, com “Astros” e “Estrelas” da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Devido o “Roof-Garden”, ou seja, um auditório ao ar livre no terrace (Terraço) do Edifício Vitória, a emissora da índia recebeu o slogan de “A mais popular”. O palco era coberto, porém a platéia ficava a céu aberto, inclusive com mesas onde os freqüentadores assistiam aos “Shows” tomando wisky, cerveja, refrigerantes etc. Era chamada a “Turma da Caixa d’água” os que ocupavam a caixa d’água do prédio.



Nos primeiros tempos o “Cast” era: Paulo Lopes Filho, Peixoto Alencar, Antonio de Almeida: No departamento esportivo Barbosa Filho e discotecário Hirano Meireles.
Em março de 1949 Armando Vasconcelos foi contratado, e fundou o departamento de jornais falados e reportagens e, também o “Grande Jornal Sonoro Iracema”. Armando era o seu redator e locutor. Esses jornalísticos foram consolidados devidos sua experiência, haja vista, Armando na época trabalhar no jornal “O Estado”.



A parte de entretenimento ficou com Irapuan Lima que em estilo Chacrinha, animava as platéias com o programa “Rádio-Baile” nas Noites de sábados, e a “Garotada se Diverte”. O sonoplasta fazia efeitos, o que confundia os ouvintes que imaginavam tratar-se da retransmissão de uma animada festa de clube.



Em 1951 foi criado a Rede Iracemista pelos irmãos Parentes, e assim sendo aos 15 de novembro do mesmo 1951 surgiu a Rádio Iracema de Juazeiro do Norte e um ano e sete dias após (22/11/52) apareceu a Iracema de Sobral, seguindo-se a de Iguatú. A Iracema de Maranguape seria inaugurada aos 15 de agosto de 1959, com os transmissores instalados no distrito de Taquara. Ainda no mesmo 1952, José Josino Costa foi substituído por José Pessoa de Araújo, de quem saiu o projeto do Edifício Guarany, na Praça José de Alencar em local privilegiado.
A pedra fundamental do edifício próprio da Rádio Iracema, fora lançada em 10 de dezembro de 1952 na Rua 24 de maio nº. 554 (Praça José de Alencar), contando o evento com as presenças de Raul Barbosa (Governador do Ceará), Paulo Cabral de Araújo (Radialista e Prefeito de Fortaleza), Henrique de La Roque (Presidente do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários - IAPC) e de José Barreto Parente (Diretor da Emissora). O IAPC foi o financiador deste novo empreendimento.



Na data precisa de seis anos de fundação (9-10-1954) a emissora recebeu de presente o majestoso “Edifício Guarany” com seus três andares e no subsolo um restaurante. No primeiro andar além da recepção, tinha o escritório de publicidade do locutor Irapuan Lima; No segundo andar a sala da direção artística e a discoteca; No terceiro era o auditório e o estúdio.
José Parente Diretor-presidente da Rede Iracemista, lançou nas mãos de Armando Vasconcelos para inaugurar no atapetado auditório, o programa “Fim de Semana na Taba”, cuja primeira audição foi ao ar no dia da proclamação da República de 1954. Esse semanário era apresentado todos os domingos das 20 às 23 h, com auditório lotado e os homens em traje de passeio completo. Era cognominado “Programa Milionário do Rádio Cearense”, ou “Programa da Elite”. Distribuía prêmios de valor em suas muitas promoções e concursos. Eram até mesmo sorteadas viagens aéreas para Paris (França).
No concurso Miss Ceará, que nos anos 50 era uma promoção dos Diários Associados, a miss eleita comparecia ao “Fim de Semana” no programa seguinte à sua eleição.
Em 1958, o time do Bota Fogo do Rio, após o Brasil conquistar o primeiro campeonato mundial de Futebol, veio jogar aqui em Fortaleza com o Usina ceará (Dia 29 de Junho, placar 3x1 pro Bota), e toda delegação alvinegra carioca, fora recebida com aplausos os mais efusivos, no auditório da ZYR7, dentre eles os campeões Newton Santos, Garrincha, Didi e Zagalo.



O “Fim de Semana na Taba” que esteve sob o comando do animador Armando Vasconcelos de 1954/1958; foi passado as mãos de Eduardo Fernandes (Dudu), o qual por sua vez transferiu para o cantor e radialista José Lisboa. Os cantores que abrilhantaram os microfones do FST, dentre tantos se destacaram: Zuila Aquiles com textos de Carlos D’álge, Vera Lucia, Salete Dias, Lúcia Elizabeth, Ayla Maria, Ivanilde Rodrigues, Celina Maria, Terezinha Nogueira, e o Solteiro. A grande locutora “Lady-speacker” foi Orlys Vasconcelos.



Os locutores dessa fase de ouro eram: Mattos Dourado, Eduardo Fernandes, Tarcísio Tavares, Edmundo Vitoriano (Assombração), Alan Neto, Haroldo Serra, José Lisboa, Terezinha de Jesus que também era do “Cast”.
A Rádio Iracema até fez transmissões em tempo real com repórteres a bordo de aeronaves, como exemplo, a vinda de Raul Barbosa vindo do Rio de Janeiro para assumir o governo do Ceará e Ademar de Barros em campanha presidencial, transmitindo a Iracema “in loco” a primeira entrevista ao presidenciável. A outra foi a volta triunfal do Rio de Janeiro de Emilia Correia Lima, com o título de Miss Brasil 1955.
A crônica “Doa a quem doer” passou mais de quinze anos no ar, e quando foi encerrada em 1972, estava com narração de Nonato Albuquerque ao meio dia. Era o grito de protestos dos que não tinham vez e voz. O programa de entrevistas chamava-se “O Direito de Defesa”. Outros programas dos anos 50 eram: “O Comprador de Melodias”, “Assembléia Protestativa”, “Álbum de Brasileiros Ilustres” (uma dramatização dos textos escritos por Waldery Uchoa).
A RIF na Praça José de Alencar marcou época neste local, tanto pela popular localização como, pela programação de estúdio, a exemplo da “Discoteca do Fã” com José Lisboa e os de auditório que ficaram até 1972. Com a televisão tomando espaço, e na euforia das cores, os programas de auditório pelo rádio, saíram do ar para entrar na história.



A Emissora da Índia tinha uma programação bem eclética chegando várias vezes em primeiro lugar na audiência. Ao sair do Edifício Guarany no dia 16 de fevereiro de 1972, o estúdio da Rádio Iracema foi instalado no 12º andar do edifício Senador, localizado na Rua Senador Pompeu nº. 1087 (centro), e foram apagados os programas de auditório. Posteriormente o estúdio foi para a Avenida Barão de Studart nº. 1864; depois Rua Bárbara de Alencar ambos na Aldeota.



A estação transmissora saiu do Bairro da Colônia em 1983, e foi montada na rodovia CE 004 km 06 (Estrada de Fortaleza - Maranguape), e parou de transmitir em ondas tropicais popularmente chamadas de ondas intermediárias. Após a saída da Rádio Iracema do Edifício Guarany (belo cartão postal) o mesmo ficou sem serventia. Considerado pelos “modernistas” como “monstrengo”, após a Prefeitura Municipal de Fortaleza ter comprado o espaço visando unificar a priori as Praças José de Alencar com a da Lagoinha, o mesmo desapareceu. Em seu local é erguido o Shopping do Camelô popularmente conhecido como “Beco da Poeira”, nomenclatura herdada de um beco não urbanizado que ligava promiscuamente a Rua 24 de maio com a Avenida Tristão Gonçalves.



A Rádio Iracema de Fortaleza, que já pertenceu ao ex-governador Adauto Bezerra, hoje é integrada ao grupo do empresário Etevaldo Nogueira. Seu estúdio se encontra na Avenida Santos Dumont nº. 1687, e opera somente com ondas médias na mesma freqüência de 1.300 kHz com o prefixo de ZYH 586.



PROGRAMAÇÃO DA IRACEMA EM 1971

05.00 às 06.20 h: Alvorada Musical (Rodrigo Neto);
06.20 às 06.30 h: Eternidade em Minutos (Pastor Ely Theodoro Batista);
06.30 às 08.00 h: A Bronca é livre (Allan Neto);
08.00 às 09.00 h: Discoteca do Fã (Jalmir Monteiro);
09.00 às 10.00 h: Show da CBS (...);Solicito colaboração do nternauta
10.00 às 11.00 h: Manhã Musical (Carlos Branco);
11.00 às 11.15 h: Mistérios da Vida (Dr. Kardo Allikan);
11.15 às 12.00 h: Parada de Sucessos Odeon (Nonato Albuquerque e Ferrerinha c/ Participação de Assis Lima);
12.00 às 12.05 h: Crônica Doa a Quem Doer (Nonato Albuquerque);
12.05 às 14.00 h: Festival de Orquestras (Nonato Albuquerque);
14.00 às 15.00 h: Discoteca do Fã 2ª Edição (Jalmir Monteiro);
15.00 às 16.00 h: Som Jovem 40 Graus (Carlos Branco);
16.00 às 18.00 h: Show dos Populares (Nonato Albuquerque c/ Participação de Assis Lima)
(Repórter Guarany)
18.00 às 19.00 h: Superlativo Programa do Allan (Allan Neto);
19.00 às 20.00 h: A Voz do Brasil;
20.00 às 22.00 h: A Hora é de Som (Edson Silva);
22.00 às 24.00 h:.....Quem souber e quiser colaborar........

Considerações finais: José Lisboa pouco antes de ir para a Rádio Assunção apresentar a Discoteca do Lisboa, comandou por muitos anos a Discoteca do Fã e o programa de auditório “Fim de Semana na Taba”.

Sonoplastas: José Dias Barbosa, Antonio Chaves de Assis, Francisco José de Almeida e o Geraldo Ceguim.

PRIMEIRO OPERADOR DE TRANSMISSORES DA IRACEMA

Raimundo Osmar de Castro, natural de Jaguaribe, nasceu em 14 de março de 1924; foi oficialmente admitido na Rádio Iracema de Fortaleza S/A aos 11 de agosto de 1949. Aos 20 de fevereiro de 1980, pela Delegacia Regional do Trabalho -CE foi reclassificado como Radialista Operador de Transmissor; afastou-se das atividades em 1 de setembro de 1982, por motivo de aposentadoria previdenciária. Faleceu em Fortaleza vítima de Acidente Vascular Cerebral –AVC, aos 21 de janeiro de 1984.



Crédito: Tempos do rádio



terça-feira, 4 de maio de 2010

Ceará Rádio Club - Considerações finais



Foi anunciada por Antony Santiago e João Bezerra à diretoria que, a estação entraria no ar.
Tudo correu bem. Os Libaneses Dummar felizmente colocaram a PRAT no ar, fato ocorrido aos 21 de julho de 1933, quando realizaram a instalação do Ceará Rádio Clube, na Rua Major Facundo nº 133 (Altos da Casa Misiana). Sob a vista de competidores, iniciaram a programação preparada. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões. Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.
Em 21 de setembro (dois meses após) em passagem com comitiva pelo Ceará, o então Presidente da República Getúlio Vargas e, o General Góis Monteiro inauguraria oficialmente a emissora. À título precário fora autorizada a irradiar na onda de 330 metros com um transmissor de 500 watts e antena de dois mastros.





Posteriormente o estúdio foi transferido para a Rua Barão do Rio Branco nº 1172 e, com licenciamento definitivo aos 30 de maio de 1934 pela portaria 415, saiu a escritura com a Constituição definitiva da Ceará Rádio Clube S.A. O seu prefixo de PRAT é trocado por PRE-9.
A Ceará Rádio Clube instalou seus transmissores no Bairro das Damas e começou a manifestação de Broadcasting, quando a nomenclatura passou a ser feminina (deixou de ser um clube para ser uma emissora).
Em 1936, a empresa radiofônica promoveu o primeiro concurso para locutor, causando curiosidade no seio do público. A primeira geração de radialistas da CRC era composta de: Caetano Vasconcelos, José Júlio Cavalcante, José Cabral de Araújo, Raimundo Menezes, José Lima Verde Sobrinho, Luzanira Cabral, Silva Filho dentre outros.
Aos 28 de julho de 1937, os estúdios da Ceará Rádio Clube são instalados no mesmo local da Estação Transmissora (Damas), passando a operar na freqüência de 1.320 quilociclos com potencia de 2.000 Watts na antena, enviada por um equipamento Marconi. Pra abrilhantar a festa, foi convidado e recepcionado no Aeroporto que era na Barra do Ceará, o cantor Chico Alves, o “Rei da voz”.
A programação era um tanto fechada, pois quando o rádio fora adquirindo seu espaço, veio a ditadura Vargas o que limitou concessões, e o povo não ouvia o que queria, porém marcou época José Lima Verde Sobrinho, com o programa “Hora da Saudade”, que depois foi substituído por “Coisas que o Tempo Levou”.


Sede no bairro Damas

Colocamos algumas passagens(posts anteriores) que mereceram destaque no rádio cearense, alguns radialistas que já se foram e fizeram sua história. Outros continuam na luta titânica pela sobrevivência, pois a cada dia a tecnologia cresce de dimensão e o profissional tem que segui-la, ou estará fadado a ficar estagnado no tempo e no espaço. Profissão digna, mais carece de bons profissionais, utilizam o rádio deixando a ética de lado aderindo ao humor desabrido. Com este procedimento o rádio deixa de ser ouvido pelas camadas mais intelectualizadas e passam à admiração do povão. Não medem a qualidade; preferem à quantidade, a audiência. Só que do jeito que vai o radialista só se tornará conhecido nas periferias das periferias. A qualidade faz a quantidade e a quantidade não faz a qualidade.


João Dummar o pioneiro da radiofonia cearense, fundador da Ceará Rádio Clube-PRE-9 em 1934 e tantos outros... Figuras importantes da radiofonia cearense: Além dos que já foram citados nas entrelinhas deste trabalho de pesquisa, começamos com o que teve a primazia de ser o pai da radiodifusão no Ceará; Paulo Lima Verde nos idos de 30 e 40 em Fortaleza, era casado com dona Leda, os filhos Reyne, Narcélio, Paulo Lima Verde "o bote seu Paulo"; Eduardo Campos nos anos 50(Não faltam talentos nas redações das emissoras). E ninguém perde a "Crônica do Ceará", ao meio dia, escrita por Otacílio Colares; Nem "ponta de lança", um comentário cáustico de Armando Vasconcelos, a fazer época com sua frase preferida; "doa a quem doer"!

Tudo era mais bonito, fascinante, mágico, mas era o estúdio com seus locutores de vozes possantes, que causavam maior "frisson", novelas, humorísticos, orquestra, tinha gente que ia "brechar" no oitavo e nono andar do Edifício Diogo, o ensaio dos artistas. Paulo Cabral, Diretor da PRE-9, foi contratado para trabalhar naquela emissora quando tinha onze anos. Mas o contrato teve de ser rescindido, em face da moral doméstica. Era pecado trabalhar em rádio. Na discoteca da ceará rádio Clube, no Edifício Diogo, milhares de discos de cera era cuidadosamente guardados em estantes envidraçadas. Parecia um santuário onde Gerardo Barbosa era o sumo sacerdote e Tereza Moura de Aquino, a sacerdotisa.

Na hora do comerciário um programa de 1948 os seguintes artistas do rádio se destacavam: Otávio Santiago, Epaminondas Souza, José Amâncio, Luiz Assunção, Reginaldo Assunção (Filho de Luiz), Peruano, Francisco Alenquer, Oscar Cirino, Edgard Nunes, João Ramos, Thompson Lemos, Eliezer França, Hiran Pacheco, Luiz Róseo, João Batista Brandão, Carlos Alenquer, Emilio Santana, Mário Alves, Francisco Noronha, Canelinha eram os componentes da orquestra da Ceará Rádio Clube. João Ramos era o apresentador do programa. Mário Alves a voz do Ceará para o Brasil, mais tarde formaria com Evaldo Gouveia e Epaminondas Souza, o famoso Trio Nagô.

A Rádio Iracema com Armando Vasconcelos, veio concorrer com a (Ceará Rádio Clube), inaugurada em 9 de outubro de 1948, fundada pelos irmãos Parentes (José e Flávio) e pelo Dr. José Josino da Costa e conhecida como ZYR-7 passou a funcionar no Edifício Vitória; Antes de criar a Comédia Cearense, Haroldo Serra foi locutor e radioator da Rádio Iracema, na sede própria na Praça José de Alencar; Carlos Alberto começou ainda "frangote" de voz indefinida, como locutor da Rádio Iracema onde apresentava programa para a juventude da qual fazia parte; Filho do famoso maestro Lisboa, José Lisboa, começou como cantor da "Iracema". Mais tarde, se transformaria também, em animador de auditório. Conservador e fiel às origens: continua na mesma emissora, onde tem programas populares; Ayla Maria, começou na Iracema, uma menininha que subia numa cadeira para poder abraçar o microfone. Cresceu ali, virou estrela, virou mulher. Ainda é estrela maior da constelação de cantoras de nossa terra. Teresinha de Jesus; O "Bem-te-Vi" e o "Rouxinol". Este casal, também conhecido como Alan Neto e Ivanilde Rodrigues, sempre foram da "taba de Iracema".

Ele, com camisa moderninha, ela, com lacinho na testa. Um casal que decididamente deu certo.
Nozinho Silva; o cantor Solteiro; Ivanildo e seu conjunto; A soprano Celina Maria começou na Iracema e foi parar no Teatro Scala de Milão; Lúcia Elizabeth foi percursora da Gretchen; Eduardo Fernandes (Dudu), Moreira Filho; Zuíla Aquiles cantava os belos versos de Carlos d’Alge; Terezinha Nogueira cantora lírica dos olhos verdes; A PRE-9 e o edifício Pajeú, foi neste lugar que a Ceará Rádio Clube viveu seus momentos de apogeu nos meados de 55. Edson Martins, Edilmar Norões, Guilherme Neto, João Ramos, Armando Vasconcelos e Augusto Borges - passaram pela PRE-9; José Júlio Cavalcante, Gerardo Barbosa, Rômulo Siqueira, Anderson Braz, as irmãs Vocalistas (Cleide e Ademir Souza Moura), Keila Vidigal, Leocácio Ferreira.



Vem a Uirapuru fundado em 16 de junho de 1956, fez a transmissão da eleição da Miss Brasil, Jaime Rodrigues falou de Buenos Aires e Fernando Lopes narrou o desfile. A ZYH-25, conhecido como a emissora do pássaro teve também seus momentos de glória. Aproveitando o ensejo vamos enumerar os super astros da locução cearense: Você se lembra de alguns deles? Os irmãos Cabral de Araújo (José e Paulo); Manuelito Eduardo; João Ramos; Aderson Braz; Mozart Marinho; Almir Pedreira; Albuquerque Pereira; Antonio Almeida; Narcélio Lima Verde: Alexandre Colares; Mattos Dourado; Wilson Machado; Valdir Xavier; Jaime Rodrigues; Augusto Borges; Ivan Lima; Oliveira Filho; José Santana; Juarez Silveira; José Júlio Cavalcante; Peixoto de Alencar; Nazareno Albuquerque; Cid Carvalho; Palmeira Guimarães; Edson Martins; Paulo Augusto; José Edilmar; Haroldo Serra; Armando Vasconcelos e muitos outros. As "Lady-Speakers" também tiveram sua vez, cito aqui algumas que se destacaram: Maria José Braz; Laura santos; Ruth de Alencar; Celina Maria; Karla Peixoto; Vera Lúcia; Maria de Aquino; Violeta Nogueira; Eneida Costa; Neide Maia: Orlys Vasconcelos, Ítala Ney, Ruth de Alencar. A primeira locutora do rádio cearense foi Maria de Aquino atuando na Ceará Rádio Clube.

A Rádio Verdes Mares carinhosamente conhecida como "verdinha" foi fundada em julho de 1962, das mãos de Paulo Cabral de Araújo e desse Grupo político, onde se destacaram; José Flávio Costa Lima; Hildo Furtado Leite, José Pontes de Oliveira (Banco União), foi negociada com o grupo Edson Queiroz. Os cantores Galãs: Carlos Augusto; Arnoldo Leite; Paulo Cirino seu chapéu e violão; João Bob; Joran Coelho; José Auriz Barreira; Guilherme Neto; Gilberto Silva; Fernando Menezes; Giacomo Ginari. As estrelas cantoras: Wanda Santos; Ayla Maria; Maria de Lourdes; Ângela Maria; Estelita Nogueira e Zuíla Veras; As pastoras e Paulo Cirino; (Isis Martins, Maria Alice e Maria de Lourdes); Maria Guilhermina; Cleide e Ademir Moura; Fátima Sampaio; Ivanilde Rodrigues; Terezinha Silveira; Salete Dias; Marilena Romero; Telma Regina; Vera Lúcia; Cleide Moura.


Blanchard Girão fala - "A denominação de" Dragão do Mar", já sugeria uma linha de protestos e lutas. "A rádio vinha para ser o "calo" do Governo Udenista, denunciando todas as deficiências administrativas e, de modo especial, os escândalos de afilhadismos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos". A Rádio Dragão do Mar montada em 1958 pelo antigo Partido Social Democrático(PSD), foi inaugurada em 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura no Ceará, episódio em que se glorificou o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado "Dragão do Mar".

As novelas existiam e os escritores especializados em radionovelas, a exemplo de Amaral Gurgel, Oduvaldo Vianna, janette Clair, Ivanir Ribeiro e muitos outros. A primeira novela de autor cearense foi apresentada na PRE-9, "Aos pés do Tirano" de autoria de Eduardo campos(Manuelito Eduardo). Alguns personagens: Consuelo Ferreira; Alan Ladd (Oliveira Filho); Ângela Maria; Gláuria Farias; Maria José Braz; João Ramos; Laura santos; Mirian Silveira. Os Auditórios marcaram época no rádio cearense vamos citar apenas alguns que se destacaram neste setor do rádio cearense.


Jovial Salete Dias; Célio Cury; João Ramos; Luiz Assunção; Humorista Picolé; Armando Vasconcelos e Orlys Vasconcelos; Irapuan Lima (O mais popular); Eduardo Fernandes animava O clube do Papai Noel; Mattos Dourado; João Ramos e Augusto Borges; Marcos Ayla.




Alguns programas de rádio e auditório:

- "Coisa que o tempo Levou";

- "Divertimentos em sequência";
- "Vesperal das moças";
- "Salão Grenat";
- "Galeria de Honra";
- "Audições a Cearense";
- "Parada Musical Dummar";
- "Programa Irapuan Lima";
- "A garotada se diverte";
- "Fim de semana na tábua";
- "Mensagens Sonoras";
- "A Hora Luterana";
- "Clube Papai Noel";
- "Grande Rádio-Baile fim de semana";
- "Noticiário relâmpago";
- "Mariquinha e Maricota";
- "Delegacia – Baião-de-dois";
- "A carrocinha";
- "Dona Pinóia e seus Brotinhos";
- "Noturno Pajeu";
- "Festa na caiçara";
- "Pensão Paraíso";
- "Carrossel da Alegria";
- "Parque Recreio";
- "Postais Sonoros";
- "À hora do Pobre";
- "Uma pulga na Camisola";
- "Edifício Balança mais não cai";
- "Doa a quem doer";
- "A Crônica do Dia";
- "Clube do Fã";
- "Matutino Pré-nove";
- "Clube do bom Companheiro";
- "Assombração";
- "Crônica do Ceará";
- "Orquestra de Concertos da Ceará Rádio Clube";
- "A Hora do Ângelus";
- "Audição com a Pianista Maria de Lourdes Gondim";
- "As novelas";
- "Os pastoris".


Créditos: Site oficial da CRC, pesquisas diversas na internet e fotos do arquivo Nirez


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: