Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Revista Ceará Illustrado
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
Mostrando postagens com marcador Revista Ceará Illustrado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Revista Ceará Illustrado. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de junho de 2013

Fortaleza antiga - O lazer e os Clubes Sociais


Na Fortaleza dos anos de 1920 a 1930, assim como outras práticas urbanas existentes, o lazer visando o divertimento ocorria de modo diferenciado. Com o constante desejo vindo por parte da população para criar novos meios de distração e de ocupação, foi necessário fundar ou até mesmo se apropriar de espaços públicos ou privados destinados a reuniões de alguns grupos sociais, estes geralmente compostos pelas classes mais abastadas. Já as classes mais baixas faziam o uso dos espaços que eram possíveis.

Em destaque o prédio onde funcionou o Clube Cearense

Na virada do século XIX para o XX, encontramos variadas áreas públicas e privadas como mediadoras de grandes encontros sociais daquele tempo. No entanto, esses espaços possuíam grande importância para as relações pessoais da população fortalezense, já que segundo Albertina Mirtes de Freitas Pontes (A cidade dos clubes: modernidade e “glamour” na Fortaleza de 1950 – 1970. P.107) “a própria estrutura das moradias, da maior parte da população, não oferecia condições para o convívio e as trocas sociais.” Por isso era necessária a utilização ou até mesmo criação de locais onde os encontros e os eventos sociais pudessem ser realizados com uma maior frequência. 



Destacaram-se como as principais formas de lazer em nossa capital no início do século XX a ida ao teatro, ao cinema, à igreja; era muito comum ainda as rodas de conversas que aconteciam na Praça do Ferreira, em bares ou cafés, as conversas nas calçadas, as idas ao Passeio Público e as festas que ocorriam nos clubes que formavam a cidade de Fortaleza. 

Revista Bataclan de 1923

Todos esses espaços ofereciam diversão a seus frequentadores, mas vale ressaltar que mesmo nos locais públicos existiam as distinções sociais, eles não eram compartilhados de maneira igualitária. Essas áreas dedicadas ao lazer eram na verdade grandes divisores sociais, pois o fato de frequentá-los já denunciava a qual classe social um indivíduo pertencia. 

Clube Iracema - Acervo Sérgio Roberto

Os hábitos que se formaram em torno do lazer, sofreram com o passar do tempo, mudanças significativas. No decorrer da história de Fortaleza, alguns deles acabaram sendo esquecidos e outros reforçados. No entanto, os clubes sociais como locais de lazer ganharam mais evidência e prestígio diante da sociedade fortalezense, na virada do século XIX para o XX. 

Carnaval do Clube Iracema - Acervo Sérgio Roberto

As primeiras ideias referentes a esses clubes sociais vieram por meio da chegada da família Real ao Brasil em 1808, através disso o Rio de Janeiro passou a ser palco de grandes festas que ocorriam nos luxuosos salões ou até mesmos em palacetes, onde era acolhida a parte mais nobre da sociedade daquela época.


Inspirada nas eventualidades que ocorriam no Rio de Janeiro e até mesmo em outras capitais brasileiras, Fortaleza, já em meados do século XIX, realizava festas e reuniões elegantes oferecidas para a sua sociedade, mas como durante esse período a capital cearense ainda possuía traços provincianos; apenas a elite estava apta a participar desses sofisticados encontros sociais. 
(Ao lado, baile no Ideal Clube)

Posteriormente, mas ainda durante o século XIX, surgiram em Fortaleza os clubes sociais, que foram criados por grupos específicos e eram locais destinados ao lazer. 

Ideal Clube

Bloco Meu Ideal é você do Ideal Clube

A cidade de Fortaleza foi marcada no período de transição do século XIX para o século XX pelo surgimento de diversas agremiações, as principais delas eram relativas aos clubes denominados “elegantes”. O primeiro deles, o Clube Cearense foi fundado no ano de 1867, de caráter elitista, possuía uma postura altamente discriminatória. No entanto, como forma de oposição surge em 1884, o Club Iracema, que apesar de ter sido criado como forma de se opor ao “exclusivismo” do Clube Cearense, o Club Iracema era um local de acesso restrito, ao passo que seus sócios eram compostos basicamente por grupos ligados ao comércio e a Alfândega

Revista Bataclan

Os clubes “elegantes” marcaram a sociedade cearense pelas festas que realizavam, especificamente os bailes que ocorriam na cidade com muita pompa e prestígio, e também pela moda que apresentavam. Nessas ocasiões seus frequentadores se vestiam a rigor, tradicionalmente as mulheres trajavam vestidos longos e os homens smokings

De acordo com o tipo de baile e com os seus convidados, os trajes sofriam alterações, sofisticando-se então ainda mais. Essa valorização direcionada ao vestuário em cada solenidade ocorria por parte da “alta sociedade” de Fortaleza que tinha o prazer de se destacar nesses eventos sociais. Os membros desses clubes “elegantes”, em especial as mulheres, costumavam se preparar com bastante antecedência para a ida ao baile; começavam comprando os tecidos mais caros disponíveis no mercado – gaze, seda pura, renda e zebeline; era comum também fazer a encomenda dos mesmos em outra capital, logo após a compra era escolhido o modelo do vestido e encaminhado para as costureiras. 

Deslumbrante Baile no Club Iracema publicado no Jornal A Lucta de 02 de julho de 1914

A imprensa estava sempre atenta aos eventos em geral que ocorriam nos clubes cearenses, assim era comum os jornais que circulavam pela cidade publicarem notas tratando da decoração ou das roupas utilizadas pelas personalidades presentes.

Vale ressaltar que com o passar dos anos, a elite não era apenas a única classe frequentadora desses clubes, por conta do surgimento de um grande número desses locais de lazer foi possível criar agremiações direcionadas para pessoas de outras camadas sociais. Como já citado anteriormente, os jornais reservavam sempre um espaço em suas publicações para notícias referentes aos clubes sociais que ilustravam a cidade de Fortaleza, nas revistas eram publicadas notas sobre as festividades desses clubes de maneira mais sutil quando comparadas aos outros meios de comunicação. 

Através dos arquivos das revistas de época, foi possível perceber que cada fascículo abordava conteúdos distintos desses clubes. As notas sobre eles tratavam dos temas mais variados indo desde exposições de arte, de apresentações musicais, até anúncios sobre chá dançante, manhã dançante, homenagem à bandeira e bailes sociais – festas essas tradicionais, que aconteciam na cidade de Fortaleza. O baile de carnaval era um evento que alterava significativamente os clubes sociais de Fortaleza, as decorações elaboradas tornavam as agremiações mais bonitas e criativas. 



Havia ainda a criação de blocos e de fantasias, estas confeccionadas com muitos detalhes e minuciosos acabamentos, utilizadas por jovens e também pelas senhoras e senhores, o objetivo era ganhar destaque tanto pelo vestuário como pela animação. 

(Ao lado, anúncio na Bataclan sobre uma Exposição Regional de pintura em 30 de outubro de 1923 no Clube dos Diários

Revista Ceará Ilustrado de 01 de fevereiro de 1925

Um fato importante sobre as revistas é a forma como elas abordavam determinados assuntos sociais. Como as agremiações cearenses no começo do século XX ainda eram voltadas para as classes mais abastadas da cidade de Fortaleza, as representações desses clubes ocorriam de formas diferentes nesses meios de comunicação. 

Revista Ceará Ilustrado de 15 de fevereiro de 1925

A revista Ceará Ilustrado por ser um semanário que tratava de assuntos políticos, literários e sociais, era a que reservava mais espaço para as matérias referentes às agremiações. Em seus fascículos a presença desse assunto ocorria com grande frequência, poucas eram as publicações que não apresentavam no mínimo um anúncio limitado sobre os clubes. Uma abordagem dos mais variados clubes sociais podia ser encontrada por meio de notas ou matérias. 
Já a revista Bataclan, fundada em 1926 pela Associação dos Comerciários, era voltada para a elite comercial de Fortaleza. Ela possuía um caráter de arte e elegância; no entanto publicava na maioria das vezes notas sobre os clubes destinados a essa classe social. 
Possuindo um aspecto similar a Ceará Ilustrado, a revista A Jandaia tratava de temas como arte, literatura e atualidades e foi à única revista que não indicou um amplo conteúdo sobre a questão dos clubes sociais. Apresentava informações sobre as práticas de lazer que ocorriam na capital cearense no início do século XX, mas um conteúdo mínimo sobre as agremiações foi encontrado, apenas algumas notas sobre reuniões específicas que aconteciam nesses espaços sociais.


Maria Darlyele Gadelha de Castro 

(Graduanda em Design de Moda)

Imagens: Revista Bataclan,
Revista Ceará Illustrado

Acervo Sérgio Roberto
Arquivo Nirez e
Jornal A Lucta de Sobral




quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fortaleza no século XX - A moda e os anúncios

Para analisar a moda em Fortaleza durante as primeiras décadas do século XX, precisamos primeiramente entender que foi durante o século XIX, que ocorreu na Europa o progresso da indústria têxtil, ocasionando a queda do mercado de roupas usadas e abrindo espaço para o desenvolvimento do mercado de roupas prontas e para o surgimento de grandes magazines. 
Anúncio da Revista Bataclan de 1923

Todas essas transformações que aconteciam na Europa logo ganharam proporções maiores e acabaram sendo refletidas em outros países, aqui no Brasil não foi diferente. A França e a Inglaterra foram ícones da moda no século XIX, devido às suas conquistas econômico-militares e ao poder que exercia em muitas das nações do mundo. 
A Europa do século XIX delegou à moda muitas transformações, notadamente nas mulheres. Assim, esse período foi marcado pelo antagonismo criado em relação à indumentária, onde os trajes masculinos ganharam um despojamento, enquanto as vestimentas femininas migraram de uma simplicidade para uma ornamentação – utilizando rendas, bordados e fitas; tornando-se mais sofisticadas. Mas não eram apenas as tendências europeias que chegavam a nosso país, muitos produtos estrangeiros começaram a ser comercializados com uma frequência maior. Com essas mudanças ocorrendo, a importância dada à moda agora era outra. 

Durante o século XIX a moda chegou a se tornar um tema bastante relevante no meio social, ganhando até um espaço significativo nas mídias da época que eram compostas pelos jornais, os periódicos e pelas revistas. Toda a divulgação que ela obteve no século XIX, gerou no Brasil a construção de novos hábitos, pois as mulheres passaram a buscar por informações com maior frequência, queriam estar a par do que era utilizado na Europa. Assim, essas publicações que falavam sobre moda logo ganharam destaque no país, revistas específicas são lançadas destinadas para tratar somente desse assunto, ainda foram criados os guias e os manuais de moda. 
Foi no ano de 1808, com a chegada da Corte portuguesa em nosso país, que inúmeras mudanças foram realizadas, em especial no modo de vestir e nos hábitos. Os brasileiros nesta época, principalmente os cariocas, tentavam reproduzir a corte e a moda parisiense, ultrapassando as barreiras do clima para viver o glamour estimulado pelo imaginário europeu. Ainda havia outro aspecto trazido pela moda, um aspecto que caracteriza a própria modernidade não só daquela época, pois, perdura até hoje: a uniformidade. Tal fato foi também bastante percebido na sociedade fortalezense. Examinando as imagens da época dos anos de 1920 e 1930, constatamos um estilo comum na indumentária – roupas, chapéus, sapatos e afins; também no corte dos cabelos, na maquiagem, dentre outros; tudo isso ocasionado pelas influências europeias.

A moda era tratada com frequência dentro das revistas que circulavam na capital cearense, mas não podemos deixar de mencionar que alguns fascículos abordavam-na superficialmente, apenas através de alguns anúncios que divulgavam os produtos que existiam nas lojas ou a chegada de novas mercadorias a cidade. O espaço destinado a tratar a moda de forma mais minuciosa estava reservado para os jornais de moda, os manuais de etiqueta e de civilidade. Os jornais e manuais apresentavam esse tema para as mulheres como algo indispensável, reforçando os atributos naturais e distinguindo essas damas como parte da boa sociedade por serem dotadas de elegância e bom-tom. Já a moda para os homens era abordada na busca de divulgar o perfil masculino correto e elegante que podia ser encontrado naqueles dotados de sobriedade e simplicidade. Esses jornais e manuais apresentavam ainda os modelos de roupas adequados para cada ocasião, a diferenciação entre os trajes usados por mulheres casadas e solteiras, dentre outras definições. Já os manuais de civilidade serviam para indicar as bases corretas de um bom vestuário, não fazendo relação com a moda, mas sim com os aspectos como a idade, o clima, o estado civil, a estação do ano e outros. Esses manuais ditavam os itens certos que deviam ser usados pela população.
Anúncio para o público masculino na Revista Ceará Illustrado de 18/08/1925

Analisando as edições das revistas A Jandaia, Bataclan e Ceará Ilustrado, foram encontradas poucas notas tratando a moda de maneira aprofundada. Algumas vezes as mulheres e a moda surgiam retratadas em poemas, ocasião essa bastante comum dentro das revistas, mas esses versos na maioria das vezes abordavam temas variados, traziam textos literários e também textos que se referiam a assuntos da época como as figuras ilustres, os clubes, dentre outros. Inúmeros eram os anúncios que ilustravam os fascículos das revistas da capital cearense durante o início do século XX. Dando continuidade à moda, podemos afirmar que os anúncios referentes a ela apareciam quase que de uma maneira generalizada. Era muito comum abrir uma revista naquela época e se deparar com uma publicidade bastante característica daquele período que detalhava diversos itens que estavam disponíveis nas lojas, as conhecidas Casas de Moda; às vezes, até mesmo os valores de determinados produtos eram divulgados e ainda o endereço onde se encontravam esses estabelecimentos. 
Anúncio da Revista A Jandaia de 24 de maio de 1925

Anúncio da Revista Bataclan de 1923

Vale ressaltar que os anúncios de moda nem sempre eram direcionados apenas para as mulheres, o público masculino também ganhou um espaço reservado nessas publicações, onde os estabelecimentos e os produtos utilizados por eles eram divulgados dentro das revistas. Existiam ainda as lojas mistas especializadas nas vendas de artigos masculinos e femininos. Analisando os anúncios percebemos que algumas delas vendiam produtos mais refinados, direcionados para as classes mais abastadas como aquelas que ofereciam tecidos caros, sapatos, chapéus, dentre outros e havia também aquelas mais populares que possuíam um estoque diferenciado, oferecendo desde miudezas até brinquedos, artigos religiosos e afins. 
Anúncio da Revista A Jandaia de 12 de julho de 1925

Além dos artigos de moda outros produtos também ilustravam esses anúncios, como cigarros, automóveis, medicamentos, bebidas, vitrolas e produtos de beleza. As revistas A Jandaia, Bataclan e Ceará Ilustrado possuíam um formato muito parecido ao publicar esses produtos, algumas vezes esses anúncios ganhavam ilustrações representadas por pessoas influentes da época que faziam o uso de um artigo em especial, mas vale ressaltar o fato de ser pouco utilizada naquele período a presença de um garoto propaganda. O mais usado era geralmente imagens em formato de caricaturas de pessoas ou até mesmo a imagem do próprio produto que ilustravam esses anúncios.

Por meio dos arquivos dessas propagandas foi possível entender como funcionava o comércio da capital alencarina, por quais estabelecimentos ele era composto, quais os produtos que circulavam aqui, como era a forma de anunciar e de vender esses artigos. Tudo isso estava diretamente ligado ao processo de modernização que ocorria nesse período com a chegada do
século XX e com as influências trazidas da Europa, o que caracterizou uma alteração nos hábitos da sociedade fortalezense que buscava através das suas relações comerciais e sociais, atingir um mesmo nível de outras capitais da época, já então modernizadas.



Maria Darlyele Gadelha de Castro 
(Graduanda em Design de Moda)

Imagens: Revista Bataclan,
Revista Ceará Illustrado e
Revista A Jandaia


terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma nova Fortaleza: transformações que marcaram a cidade.



O período de transição do século XIX para o XX foi marcado por diversas transformações ocorridas na cidade de Fortaleza e, refletidas, consequentemente, na vida da população. Com a chegada de alguns estrangeiros e também de comerciantes na capital, novas fábricas foram erguidas, contribuindo para o desenvolvimento da cidade. 
(Reclame ao lado da Revista Bataclan do ano de 1923).

Reclame - Revista Verdes Mares de 01 de maio de 1929

Reclame - Revista Verdes Mares de 01 de maio de 1929

Inúmeros elementos como a urbanização de Fortaleza, a chegada de novas pessoas, a produção de novas mercadorias, as influências trazidas da Europa, ocasionaram mudanças que resultaram numa modernização da cidade, os habitantes daqui passaram a conhecer novas regras e novos costumes. Essa atual noção de comportamento passou então a ser ditada pela elite, já que o controle social da época era realizado tanto por ela, quanto pelo governo, no intuito de abandonar os antigos hábitos provincianos da população migrante que chegavam à capital cearense. 


Reclame - Revista Verdes Mares de 01 de maio de 1929

Fortaleza deparou-se ainda com diversas modificações arquitetônicas, com a utilização da arquitetura de ferro, novos prédios foram erguidos, as ruas reelaboradas, novos espaços foram criados como cafés, livrarias, clubes... Houve ainda a chegada de tecnologias que naquela época não faziam parte do cotidiano dos habitantes da nossa cidade, como a fotografia, o rádio, o cinematógrafo, a iluminação a gás.  

(Reclame ao lado da Revista Bataclan do ano de 1923)

Reclame - Revista Bataclan do ano de 1923

Raimundo Girão (2009, p.02) alega que “produzidas, reproduzidas e distribuídas, as notícias ligavam as cidades com o mundo”. Fez-se então necessária uma evolução dos meios de comunicação urbana, assim a imprensa começava a ganhar um espaço mais significativo no cotidiano. 


Revista Bataclan do ano de 1923

O Photo Ribeiro na rua Major Facundo

Fortaleza possuía uma imprensa composta por dois meios tradicionais de circulação de informação, sendo eles as revistas e os jornais. Segundo Barbosa e Lima (2008) ambos não eram direcionados para toda a população da mesma maneira, as revistas por terem um custo mais caro era quase sempre voltada para a elite e as informações que circulavam nelas eram quase sempre encaminhadas para essa classe social da nossa capital. Já os jornais eram meios de comunicação mais popular, com suas matérias direcionadas para o povo, onde todos podiam ter acesso. 

Revista Bataclan

Revista Verdes Mares de 21 de junho de 1927

Após essa breve localização temporal referente aos fatores da sociedade fortalezense, torna-se mais fácil explorar o conteúdo abordado pelas revistas cearenses A Jandaia, Bataclan e Ceará Ilustrado. Como já mencionado anteriormente, as revistas produzidas na cidade eram mais voltadas para a elite, tanto por ser cobrado um valor sobre elas onde nem todos poderiam ter acesso ao seu conteúdo e também por abordar temas direcionados para a alta sociedade da época. 

Revista A Jandaia de 19 de abril de 1925

Revista Ceará Illustrado de 08 de dezembro de 1925

Compostas por temas diversificados que tratavam desde política, do cotidiano da sociedade, de poemas, de anúncios, estes quase sempre indicando as lojas e os produtos que circulavam em Fortaleza; chegando até a informar sobre moda, os clubes sociais, sobre as festividades da cidade, sobre religião e literatura. 

(Ao lado, nota de aniversário - Revista Verdes Mares) 

Informavam ainda sobre aqueles que chegavam e que partiam da cidade, publicava notas de aniversários, de casamentos, de batismos, de falecimentos, notas sobre concursos de melhor escritor, de maior médico, de maior jornalista, dentre outros. Noticiava sobre os horários de partida dos bondes, sobre os serviços oferecidos por médicos, dentistas, advogados. Essas revistas podem ser até comparadas a uma espécie de diário, pois relatava quase todo o cotidiano da capital. 

Concursos realizados pela revista Bataclan no ano de 1923.

Os fascículos das revistas Ceará Ilustrado geralmente traziam em suas capas pessoas ilustres da sociedade da época, como membros da política, escritores, mulheres influentes, cantoras, ganhadoras de concursos de beleza, coronéis, membros do exército, médicos, dentre outros. 


As mulheres públicas, como atrizes, cantoras e bailarinas, tinham com muita frequência suas imagens veiculadas na mídia impressa, numa época, em que não era tão evasiva e os ídolos não eram tão efêmeros quanto hoje. Nas edições da Bataclan também encontramos a presença das imagens ilustrando as suas capas, mas vale frisar que estas variavam entre imagens fotográficas e caricaturas. Após analisarmos todas as imagens dessas pessoas, percebemos uma postura comum a todos elas, sempre bem vestidas, elegantes, reconhecendo mais claramente a classe social que pertenciam. 


Somente na revista A Jandaia que o uso de pessoas influentes em suas capas não era algo tão utilizado, geralmente as capas eram elaboradas com textos, raramente ilustradas com alguma imagem. 

Além das capas, muitas imagens eram utilizadas para ilustrar certas colunas presentes nessas revistas. Conforme apresenta Dourado (2005, p.80)  “as imagens fotográficas de acontecimentos também acabavam por ser ilustrações das páginas das revistas, mas sua função mais imediata era de comunicar um aniversário, um casamento, ou um outro tipo de evento.” 

Coluna Social da revista Ceará Illustrado de 10 de maio de 1925


(Ao lado, nota de falecimento - Revista 
Ceará Illustrado de 10 de maio de 1925)

Um ponto em comum que essas revistas apresentavam era uma coluna social, onde ela era responsável por dar espaço a esses eventos referentes a sociedade da nossa capital.


Maria Darlyele Gadelha de Castro 
(Graduanda em Design de Moda)


Imagens: Revista Bataclan,
Revista Ceará Illustrado
Revista Verdes Mares e 
Revista A Jandaia


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: