As atividades comercias dos Romcy começaram em 1948, com a firma Jacob Elias & Filho, onde vendiam miudezas que depois passou a ter várias filiais com nomes fantasias diferentes como, as lojas A Capital, Magazine Sucesso, Casa Vênus, Romcy Perfumaria, Romcy Magazine, e por fim a Super Loja Romcy.
Janelas e vitrine da sobreloja e térreo. Nirez |
Em 1974, o Grupo Romcy comprou do comerciante Plácido de Carvalho um imóvel construído em forma de um castelo, que se localizava onde hoje fica a Praça Luíza Távora, na Avenida Santos Dumont, para a construção de um hipermercado, mas após alguns anos, seu terreno foi dado em pagamento de dívida de ICM ao Governo do Estado. Muitas pessoas atribuem a falência da empresa a demolição deste castelo, uma espécie de maldição. ¬¬
Esquina da rua Barão do Rio Branco com a Liberato Barroso na década de 70. À esquerda, vemos um pedacinho da Loja Romcy. Foto de Nelson Bezerra |
Na década de 80, o Canguru (que segundo se comenta foi também usado pelo Varejão Supermercados da Família Patriolino Ribeiro), símbolo das lojas Romcy, disputava o mercado com as Americanas, Lojas Brasileiras e Mesbla de igual para igual.
O Romcy mantinha um cartão de crédito próprio e no fim do mês, com a inflação galopante, comprar no Romcy era praticamente impossível, pois esta loja operava também no ramo de supermercados e vendia tudo no cartão. Na época, se dizia que quem não tinha um crediário no Romcy não tinha crédito na praça.
Em 1990, quando o Romcy pediu concordata, ele mantinha 1.702 funcionários e proporcionava quase 3.000 empregos indiretos e na época era também um dos maiores arrecadadores de impostos e um dos grandes empregadores do Estado do Ceará.
Foto: Anuário do Ceará 1972 |
Romcy em 1972 em pleno funcionamento. |
Nas propagandas a empresa também inovou, trazendo o Assis Santos quando anunciava as ofertas para o dia seguinte com o slogan “Barato do dia Romcy” no intervalo do Jornal Nacional da Globo ou os anúncios de páginas inteiras nos jornais, ou com a promoção famosa, inédita e audaciosa “Romcy dá dinheiro vivo”, nos anos 70. Antônio Romcy analisou a conjuntura econômica do país e usou a inteligência para criar a campanha. O raciocínio de Antônio Romcy foi rápido e perspicaz: se era de se pagar 10% às financeiras, por que não estimular a compra a partir de seis prestações e dar esse percentual diretamente ao consumidor? Foi um sucesso!
Elevador Social e escada que interliga os pavimentos do antigo Edifício Romcy. Fotos de Samara Aguiar em 16/12/2008. |
Em Dezembro de 1990, o Romcy pede concordata preventiva motivada pelos problemas causados pelo Plano Collor, como a inadimplência de seus clientes, o que causou um desequilíbrio financeiro. Porém seu patrimônio era suficiente para cobrir suas dívidas e inicia a reestruturação de seus negócios com fechamento de algumas lojas. Também foi noticiada a venda da empresa para o Grupo Sendas do Rio de Janeiro e Lojas Tamakavy do Grupo Silvio Santos.
Loja Romcy 1972. Acervo Isabel Pires |
Por volta de 1993, a empresa com apenas uma loja em funcionamento, tem a falência decretada, deixando muita saudade. O seu patrimônio imobiliário foi usado para saldar dívidas bancárias, trabalhistas e com fornecedores. Para se ter uma ideia, apenas a loja do bairro Montese, onde também funcionava a matriz do Grupo, estava avaliada em US$ 10 milhões de dólares.
Romcy Montese |
Sem dúvida as lojas Romcy deixaram um vazio no mercado cearense, pela importância que teve na vida social e econômica do Ceará.
Foto de danos encontrados no 5º pavimento da edificação e telhas desalinhadas na coberta. Foto: Samara Aguiar em 2017. |
"O prédio atualmente se encontra bastante deteriorado devido à sua subutilização após a falência da Organização Romcy. A edificação apresenta infiltrações, presença de entulhos, piso com cerâmicas quebradas, paredes sem reboco, escadas e elevadores abandonados, circulações bloqueadas e rede elétrica danificada.
Loja no pavimento térreo. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017 |
Vista do Subsolo da edificação. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017 |
Vista de um dos pavimentos. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017 Piso danificado no pavimento e escada enferrujada no subsolo. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017 |
O subsolo atualmente é utilizado como depósito para os ambulantes que vendem no calçadão da Liberato Barroso, porém não apresenta nenhum tipo de conservação por parte de seus usuários. Os andares não utilizados apresentam pior estado de conservação. Encontra-se nesses pavimentos: um piso bastante danificado com cerâmicas quebradas, escadas e elevadores enferrujados, circulações bloqueadas por tapumes ou alvenaria.
Escadas bloqueadas por tapumes/alvenaria no subsolo. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017 |
As fachadas nordeste e sudeste estão bastante descaracterizadas, as antigas vitrines do térreo foram trocadas por portas de correr, por causa das diferentes lojas alocadas que prezando por maior segurança e praticidade optaram por esse tipo de abertura. No 3°, 4° e 5º pavimentos, por trás do plano de vidro criado pelas esquadrias, foi construída uma parede de alvenaria com o intuito de vedação, visto que esses andares atualmente não apresentam uso.
Danos na fachada Nordeste. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017 |
Danos na fachada Sudeste. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017 |
Na fachada nordeste, as esquadrias do 3º e 4º andares foram retiradas, restando somente os castilhos, na sobreloja as esquadrias foram modificadas perdendo sua inclinação original e uma estrutura metálica foi acrescentada a volumetria do prédio para fixação dos letreiros das lojas. Na fachada sudeste, todo o plano de esquadrias do 3º ao 5º pavimento foi retirado e na parede de alvenaria adicionada foram feitos cobogós buscando trazer luz e ventilação mínima à parte abandonada do edifício. As esquadrias da sobreloja foram trocadas não apresentando mais a inclinação existente nas janelas originais."
Samara Aguiar
Fonte: Jornal O Povo edição de 11/12/1990, Pedro Paulo Morales e jornais da época.