Dr. José Lourenço era natural de Aracati, nascido em 1808. Formou-se médico no Rio de Janeiro. Em seu sobrado, mantinha no térreo o consultório, onde clinicava à moda popular e nos andares superiores, vivia com a família. Morador de uma Fortaleza em clara expansão, sua casa era sinônimo de status e poder, construída numa época intitulada pelos cronistas como o mais longo período sem estiagem da história de Fortaleza [1846 a 1876 – A construção do sobrado data desse intervalo], em que a cidade se consolidou como capital, esvaziando Aracati, até então porto, entreposto comercial, sede de oficinas de charqueadas e ponto de ligação com Pernambuco, a quem fomos atrelados, politicamente, até 1799. Empolgada com o rápido crescimento de Fortaleza, as famílias abastadas começam a modernizar a cidade, construindo suas casas nos moldes dos padrões europeus.
Conforme o professor de Mestrado em História Social da UFC, Gilmar de Carvalho, o sobrado era uma espécie de farol que irradiava a ordem médica, representado pelo seu proprietário, Doutor José Lourenço, uma figura respeitável na província, do ponto de vista de sua credibilidade como médico e de sua ética como homem público. Era o mais alto, esguio e, por isso mesmo, elegante. Trazia uma escultura em seu topo, da qual restaram apenas vestígios de mármore. Provavelmente uma figura mitológica, mas não se tem totalmente certeza como esclarece o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, Liberal de Castro. José Lourenço faleceu em 13 de agosto de 1874 em Fortaleza.
O sobrado na década de 70. Foto de Nelson Bezerra
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Foto de Isabela Rodrigues
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Pintura em uma das paredes do sobrado, quando este funcionou como bordel. Foto de Claudecir Azevedo |
A situação lamentável que estava o sobrado. |
O Sobrado antes da restauração. Foto: José Rodrigues |
O Sobrado antes da restauração. Foto: José Rodrigues |
O Sobrado antes da restauração. Foto: José Rodrigues |
O Sobrado antes da restauração. Foto: José Rodrigues |
Foto: José Rodrigues
Foto: José Rodrigues |
O pleito amparou-se nos seguintes fatos para solicitar o tombo do sobrado:
° Evidente mérito arquitetônico da edificação.
° Valioso exemplar remanescente de uma tipologia
arquitetônica quase desaparecida na cidade.
° Precariedade na conservação do imóvel.
° Referência para a história judiciária do Ceará.
° Recentes entendimentos feitos para aquisição do imóvel pelo Governo Estadual, sem dúvida, em face das razões acima arroladas.
O trabalho de restauração foi difícil, pois muitas das técnicas construtivas do Sobrado se perderam com o passar do tempo. Azulejos tiveram de ser refeitos, o mosaico hidráulico era de procedência europeia, o lodo cobria detalhes e engastes, parte da pintura decorativa interna precisou ser refeita, o tempo corroeu as tábuas corridas e fez interferências que precisavam ser corrigidas para que tivéssemos o Sobrado de volta ao seu esplendor, explicou à época Domingos Linheiro, o arquiteto que coordenou os trabalhos.
Foto: Isabela Rodrigues |
Foto: Isabela Rodrigues
Foto: José Rodrigues |
Com seus mais de 150 anos, o sobrado é uma espécie de sentinela do tempo!
Horário de visitação:
Terça à sexta-feira das 09h às 19h
Sábado das 10h às 19h
Domingo das 10h às 14h.
Entrada Gratuita.
Texto publicado originalmente na minha coluna no Vós.
Agradecimento especial: Paulo Maranfon
e equipe