Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Secult
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Raimundo Girão



O Prefeito de Fortaleza Raimundo Girão (1933)

Raimundo Girão, Filho de Luís Carneiro de Sousa Girão e Celina Cavalcanti, nasceu na fazenda Palestina, do Município de Morada Nova, perto três quilômetros da cidade sede municipal, no dia 3 de outubro de 1900, uma quarta feira.

Os pais de Raimundo Girão

Aos cinco anos de idade, com os pais, mudou se para Maranguape, cidade em que permaneceu até 1913 e teve a oportunidade de fazer os primeiros estudos frequentando a escola pública dirigida pela professora Ana de Oliveira Cabral (D. Naninha) e o colégio particular do prof. Henrique Chaves. Em novembro de 1913, transferiu se para Fortaleza, passando a frequentar o colégio Colombo, do prof. Manuel Leiria de Andrade, e em seguida matriculou se no Liceu do Ceará, no qual tirou os necessários preparatórios (1919). No ano seguinte, matriculou se na Faculdade de Direito do Ceará, cujo curso terminou, colando grau de Bacharel no dia 8 de dezembro de 1924. Nessa mesma faculdade, doutorou se em 1936, sendo aluno laureado. Advogado nos auditórios do Estado, quando em 1932 é chamado para exercer as funções do cargo de Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (Secretaria Única) para a 14 de dezembro desse ano receber a nomeação de Prefeito Municipal interino. Efetivou se no cargo no dia 19 de abril de 1933 e o exerceu até 5 de setembro de 1934, dedicando todos os seus empenhos e experiências aos interesses administrativos da Capital cearense.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1930

No ano seguinte, por ato governamental de 21 de setembro, foi nomeado sem que o pleiteasse, Ministro do Tribunal de Contas do Ceará, criado pelo Dec. n° 124, do dia 20, anterior, do Governador Francisco Menezes Pimentel. Nesse governo, foi distinguido com várias e importantes Comisssões, inclusive a Comissão que representou o Ceará nas Conferências de Assuntos Econômicos e Fazendários, a primeira reunida no Rio de Janeiro (1940) e a segunda em Salvador (Bahia, 1940). Outra Comissão, de alta significação, de que fez parte foi a encarregada de elaborar o Projeto de Estatuto dos Funcionários do Estado (1942). Nomeado em 2 de março de 1946 Livre Docente da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará, na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas. Em 1949, como representante do Estado do Ceará e do Instituto do Ceará (para o qual entrara como Sócio Efetivo em 1941 e do qual foi Presidente de Honra e recebeu, post mortem, o titulo de Sócio Benemérito), participou do I Congresso Histórico do Estado da Bahia, comemorativo do 4° Centenário de Fundação da Cidade de Salvador, realizado nos dias 18 a 30 de março.

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O casal Raimundo Girão e Marizot em Paris, 1968 

Quando Prefeito Municipal (1933 34) teve a oportunidade de concorrer para a instalação do primeiro Club de Rotary do Ceará, a que por duas vezes presidiu. De caráter rotário, tomou parte, além de outras, da Comissão Distrital de Manaus (1951), demorando se algum tempo na Amazônia para sentir melhor as belezas da Hiléia. Duas vezes mais esteve naquela maravilhosa região. Em 1952, é nomeado presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, ao qual já servira como Conselheiro desde 1935. Foi Mordomo da Santa Casa de Fortaleza. Com o prof. Mozart Soriano Aderaldo participou do congresso comemorativo do Tricentenário da Restauração Pernambucana, realizado no Recife em julho de 1954. Foi um dos fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará. Nomeado em 9 de janeiro de 1960 Secretário Municipal de Urbanismo, de cuja Pasta foi o primeiro titular, pois foi ela criada por sugestão sua. Nomeado, por Ato de 3 de outubro desse ano, recebeu a nomeação como primeiro titular da Secretaria de Cultura do Ceará (1966 71), pasta criada com o desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em consequência de trabalho seu, constante e cuidadoso, adotado pelo Governo do Estado. Presidiu a Academia Cearense de Letras, no biênio 1957/58, na qual ocupava a Cadeira n° 21 de que é Patrono José de Alencar. Em 1985 foi aclamado "Presidente de Honra" e, posteriormente, eleito sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História, tendo ocupado a Cadeira de n° 22, patroneada pelo romancista Franklin Távora.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1986


Recebeu Raimundo Girão em vida, e mesmo in memoriam um grande número de honrarias, representadas por medalhas, troféus, títulos honoríficos e outras condecorações. A sua bibliografia é alentada: legou-nos 54 títulos entre livros e plaquetas, além de ter organizado 12 volumes de variados assuntos. Prefaciou 19 livros de terceiros. Sua colaboração em periódicos – jornais e revistas- alcançou a quase cinco dezenas, entre artigos, crônicas e entrevistas.

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Raimundo Girão, Marizot e os 10 filhos 

Em enquete promovida pela TV Cidade, de Fortaleza, no ano de l987, foi consagrado como um dos vinte maiores cearenses de todos os tempos.

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Raimundo Girão, o Prefeito, é o terceiro em pé da esquerda para a direita em foto com o Interventor Carneiro de Mendonça e seus auxiliares 


Faleceu em 24 de julho de 1988, nesta Capital. Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães, por decreto, prestou lhe expressiva homenagem, mudando a denominação da Avenida Aquidabã para Avenida Historiador Raimundo Girão. Casou se pela primeira vez corn Maria Monteiro de Lima, que veio a falecer em 19.11.1925, sem filhos. Era filha de Manuel Gonçalves de Lima e Maria do Carmo Monteiro. O segundo casamento deu se em 27.11.1926 com Maria Gaspar Brasil (Marizot), nascida em 18.03.1910, em Fortaleza, filha de Prudente do Nascimento Brasil e Inês de Moura Gaspar. Do casal nasceram dez filhos, que se multiplicaram em trinta e um netos e quarenta bisnetos.


Sociedades científicas, literárias e culturais a que pertenceu:



  1. ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS. Sócio efetivo e presidente no biênio 1957/58.
  2. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO CEARÁ. Sócio efetivo, Presidente de Honra e Sócio Benemérito, título este recebido post mortem.
  3. INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI. Sócio Correspondente.
  4. INSTITUTO HISTÓRICO DE IGARAÇU (RS). Sócio Correspondente.
  5. INSTITUTO HISTÓRICO DE NITERÓI. Sócio Correspondente
  6. INSTITUTO HISTÓRICO DE OEIRAS (PI). Sócio Correspondente
  7. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS. Sócio Correspondente.
  8. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Sócio Correspondente.
  9. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Sócio Correspondente.
  10. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Sócio Correspondente.
  11. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Sócio Correspondente
  12. ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA. Sócio Efetivo.
  13. INSTITUTO CEARENSE DE GENEALOGIA. Sócio Efetivo.
  14. INSTITUTO GENEALÓGICO DO BRASIL Sócio Efetivo.
  15. SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA. Sócio Efetivo e Presidente de Honra
  16. INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO. Sócio Fundador.
  17. ACADEMIA SOBRALENSE DE ESTUDOS E LETRAS. Sócio Honorário.
  18. CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL DO CEARÁ. Sócio Honorário.
  19. INSTITUTO CULTURAL DO VALE CARIRIENSE. Sócio Honorário.
  20. LEGIÃO BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA. Diplomas (2) pelos relevantes Serviços prestados a causa da Maternidade, Infância e Adolescência do Brasil.
  21. SECRETARIA DA CULTURA E DESPORTO DO CEARÁ. Diploma de Amigo da Cultura.
  22. INSTITUTO MARIA IMACULADA DE PACOTI. Diploma de Honra do Mérito.
  23. SOCIEDADE MUSICAL HENRIQUE JORGE. Patrono Benemérito.
  24. ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS. Sócio Correspondente.
  25. SOCIEDADE CAPISTRANO DE ABREU. Sócio Correspondente.
  26. INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PERNAMBUCO. Sócio Correspondente.
  27. ACADEMIA LIMOEIRENSE DE LETRAS. Patrono da Cadeira nº 25
  28. ACADEMIA MORADANOVENSE DE HISTÓRIA E LETRAS. Patrono
  29. ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS. Sócio Honorário.
  30. ACADEMIA CEARENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES DO RIO DE JANEIRO. Sócio Honorário.
  31. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (Rio de Janeiro). Sócio Correspondente
  32. INSTITUTO DOS ADVOGADOS DO CEARÁ. Sócio Efetivo, título recebido post mortem.
  33. ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO CEARÁ (ALACE) Patrono da Cadeira nº 21
  34. ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO CEARÁ. Patrono.
  35. COMISSÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (Rio de janeiro). Conselheiro
  36. INSTITUTO DO NORDESTE (Fortaleza-Ce). Sócio Efetivo.
  37. ROTARY CLUB DE FORTALEZA. Sócio e Fundador.
  38. ROTARY CLUB DE FORTALEZA - PRAIA. Presidente Honorário - Biênio 1987-1988).
  39. ASSOCIAÇÃO CULTURAL FRANCO-BRASILEIRA.Presidente.
  40. CENTRO JUAZEIRENSE DE CULTURA. Sócio Honorário.
  41. ASSOCIAÇÃO DOS VAQUEIROS E CRIADORES DE MORADA MOVA. Patrono.
  42. SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS DO CEARÁ. Sócio Benemérito.

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Raimundo Girão - o Doutor em Direito (1937)

Raimundo Girão e a bandeira do Ceará

Raimundo Girão (1987)

Os Braços de Meu Pai

Por Raimundo Girão

"Vi-os sobre o seu corpo no caixão funéreo. Nunca os vira assim imóveis, inertes, impo tentes. Faz dez anos, hoje.
Os braços que ali estavam não eram mais os braços de meu pai, antes nem um só momento repousantes, quedos, em descanso. Sempre os vira em movimento, como que esgrimindo e na verdade lutando, construindo na ânsia de trabalhar, no insofrido, impaciente, incontido desejo de não parar.
Nas madrugadas aurorais do sertão já estavam a mover-se empenhados nas labutas suarentas do campo, que ele era do sertão, fundamente campônio, integrando-se no amanho difícil da terra e no pastoreio perigoso dos gados nas caatingas. E os dias todos, as horas todas, os minutos todos, aqueles braços másculos não cessavam de agitar-se como braços de guerreiros lendários em duelos renhidos.
Mas as maldades da politicagem forçaram-no a emigrar de lá, de sua fazenda, do seu chão nativo, do seu rio decantado - o Banabuiú de Morada Nova, "Deus magnífico, protetor das plantas e dos animais, bendito pelas estrelas nas alturas, e a quem, na imponente nave da terra, os ventos entoam exaltações, vibrando, festivos e farfalhantes, nos vastos carnaubais", - e o trouxeram para outro cenário todo diverso, o da serra, em Maranguape, o cenário alto de um sítio ali, no mais alto da montanha, adquirido quase em abandono, o mato tomando conta de tudo. E ei-lo com os seus braços, eis os braços de meu pai a por as coisas em febril apresto para a transformação produtiva - as laranjeiras carcomidas mudadas em laranjais, pomosos, os velhos cafeeiros, agora, feitos cafezais em flor, os roçados sáfaros estuando em bananais abundantes.
E os braços não tinham sossego, de manhã até noite, fazendo, refazendo e plantando e regando podando e colhendo, ajudados pelos meus doze anos a os dez do Raul, anos de recordações já distantes, ajustados nós ambos por força do exemplo e da necessidade ao ritmo de trabalho daqueles braços. Dobravam os nossos ombros de menino o peso dos fardos de frutas e ao da gravidade, puxando para baixo, nas ladeiras íngremes, desde que o sol se anunciava, rasgando o nevoeiro denso e aliviando um tanto o frio da serra, dilacerantemente frio, e até que resolvia esconder-se, tarde triste, nas quebradas do poente, onde reboavam os retinidos metálicos das minúsculas arapongas, como que saídos da bigorna de ferreiros coléricos e invisíveis.
E os braços de meu pai refizeram o desgosto da saudade do sertão, da pobreza com que o exílio o feriu. Recuperaram o sítio, refizeram o pão de cada dia, refizeram a roupa da família, amenizaram os sacrifícios de minha mãe, na solicitude de cada instante, maternalmente santa no auxílio que nos dava, resignada e forrada de ânimo, fabricando doces e bolinhos que vendia vintém a vintém, para jogar no mealheiro das despesas a sua admirável, sagrada contribuição.
Depois, veio o Sousa para a Capital, atraído por mão amiga, para os misteres de uma escrivania do foro, que encontrou em desmantelo e desordenado atraso, tal como o sítio da serra. E os braços de meu pai transplantaram-se para nova lida diferente, toda outra, e consertaram o cartório e deram marcha aos processos, garantiram a confiança das partes, conquistaram a estima dos magistrados - os sacerdotes daquele buliçoso templo da Justiça.
Não estancaram de um segundo sequer aqueles braços de coragem e de fé, escrevendo com letra firme e cheia de tinta e dignidade, as peças processuais, as certidões, os mandados, os depoimentos e - o que ele fazia com maior contentamento - os alvarás de soltura de culpados que a ignorância e a crueldade da sorte haviam empurrado às desgraças e agruras das prisões.
E o Sousa Girão fez-se o serviçal do templo, multiplicando favores a dando asos à sua bondade desafetada, à sua obsequiosidade que não pretendia volta, nem uma vez negando ou se excusando, antes sempre compreensiva, indulgente,tolerante para quantos a solicitavam - advogados, juizes, litigantes e réus, misturados no afã das defesas a das acusações, dos despachos e das sentenças.
Durante mais de trinta anos praticou o bem e foi útil, servindo com desinteresse, dando de si cordial e satisfeito, espontâneo e simples, na sua função pública e nos deveres do seu CONSULADO de mil providências em benefício de parentes e estranhos, sempre com os seus braços que os meus olhos fitavam agora sobre o corpo, sobre o peito com um coração sem sangue a sem calor, não mais a pulsar, como tanto pulsara dantes, pelos bons intentos, pelas probas atitudes sem qualquer mácula de ódio ou malquerença.
A morte prostrara os braços vigorosos de meu pai naquele silencioso adormecimento, que a dor dos filhos e da segunda esposa haviam enfeitado de flores, e nunca mais havia de ver fortes, diligentes, lestos, operantes, paternais, acolhedores, nunca mais havia eu de os ver fazendo, desfazendo, refazendo.
Os braços de meu pai não eram mais os braços de meu pai."

Pompeu Sobrinho e Raimundo Girão nos 80 anos do Instituto do Ceará

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Na redação do O Povo. Visita de Gustavo Barroso em companhia de Raimundo Girão e do seu primo Dr. Valdir Liebmann, recebidos pelo jornalista J. C. de Alencar Araripe 

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Raimundo Girão , Luís da Câmara Cascudo e outras personalidades na UFC 

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No Restaurante Lido com amigos e colaboradores da Secretaria de Cultura: Rui Guédis, João Ramos, Carlos Studart Filho, Mozart Soriano Aderaldo, Raimundo Girão e José Aurélio Câmara (1970) 

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Membros do Tribunal de Contas do Ceará: Brasil Pinheiro, Paulo Avelar Rocha, Raimundo Girão, Antônio Coelho de Albuquerque (Presidente) Dário Correia Lima e Eduardo Ellery Barreira (1956) 

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Academia Cearense de Letras 

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Raimundo Girão discursando no Instituto do Ceará 

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Raimundo Girão como Secretário de Educação (Governo Franklin Chaves) 

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Mozart Soriano Aderaldo (Secretário de Educação), Gal. Humberto Ellery (Vice-governador), Raimundo Girão (Secretario de Cultura) e o Governado Plácido Aderaldo Castelo

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Instalação da Biblioteca Pública do Estado, em prédio à praça Cristo Redentor. Renato Braga, Cel. Teles Pinheiro, Raimundo Girão,Parsifal Barroso, José Lins de Albuquerque

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Governador Plácido Castelo e o Secretário de Cultura Raimundo Girão. Na instalação da 1ª Secretaria de Cultura do Brasil

Uma de suas últimas fotos

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Raimundo Girão com o Reitor Antônio Martins Filho


"Afinal realizei-me. Sei que não existi; vivi. Vivi sabendo não ser coisa vã o viver como superior e essencial função do homem, não só biologicamente e sim também espiritualmente, moralmente.A vida biológica é autônoma, ele não a faz. A espiritual e a moral ele se ajuda a construir , pois que não as constrói sozinho, sem a influência arbitrária e multitentacular do meio social que a rodeia. Mas de qualquer modo terá na face os vincos das canseiras para - e este o seu verdadeiro destino - tornar digna a sua qualidade humana, conseguindo pouco às vezes, às vezes completando-se. Para que não seja tão só um número estatístico."

Raimundo Girão

Depoimentos Sobre Raimundo Girão:

Antônio Martins Filho

"O Meu Amigo Girão: as Origens do Nosso Relacionamento"
"Raimundo Girão, considerado um dos 20 dos maiores cearenses de todos tempos foi, acima de tudo, imperecível patrimônio para o Ceará e, particularmente, para esta cidade de Fortaleza - A Princesa Vestida de Baile - que ele tanto amou". Quando o visitei pela última vez, esse meu irmão espiritual e duplamente compadre pediu os óculos para fixar bem a minha fisionomia. E num gesto simbólico de aperto de mãos, com uma lucidez extraordinária, transmitiu sua derradeira mensagem: SEMPRE AMIGOS! Aquelas duas palavras me emocionaram profundamente e, durante o retalho de vida que o destino ainda me conceder, delas jamais esquecerei." (D.O. Letras Ano III nº 12 julho/setembro de 1988).
Barros Alves
"Adeus ao Mestre Raimundo Girão"
"Raimundo Girão morreu aos 87 anos deixando um vazio a todos nós. Principalmente naqueles que o conheciam e privaram de sua amizade, ouvira seus ensinamentos. Mas não nos esqueçamos que Girão é imortal . Não apenas pelo fato formal de pertencer a uma Academia de Letras, mas sobretudo porque sua obra é imorredoura. Pelo menos eu o terei sempre comigo e com ele deverei conversar ainda por muitos anos. Sempre a consultar suas inestimáveis obras é claro. Paz eterna para o mestre e amigo Raimundo Girão". (Tribuna do Ceará, ed. de 29.07.1988).
Eduardo Bezerra Neto
"Raimundo Girão - um Homem Bom"
"A saudade é sentimento humano legítimo. Mas há por outro lado, a compensar, a fé na imortalidade da alma, tal como a mensagem cristã anuncia. Neste sentido, a presença imaterial do mestre Raimundo Girão é um fato". (Tribuna do Ceará, ed. de 08.08.1988).
Eduardo Campos
"Raimundo Girão e o Ceará"
"Perde o Ceará, indiscutivelmente, uma das figuras mais respeitáveis da sua vida cultural. Raimundo Girão escreveu história com a capacidade só dada a conhecer aos privilegiados da arte de contar. Contar com desejável criatividade". (Diário do Nordeste ed. de 28.07.1988).
Moreira Campos
"Porte de Academia"
"Um polígrafo, portanto, com vocação de origem pela história, como já assinalei. Bem sei que ainda acalentava projetos, não obstante a idade de oitenta e sete anos com que morreu, tal a sua fortaleza de espírito". Pranteio aqui o homem de letras e o amigo leal, homem empreendedor, lúcido que sempre foi. Uma grande perda para os valores maiores da nossa terra e uma saudade a mais para todos nós". (O Povo, ed. de 13.08.1988).
Mozart Soriano Aderaldo
"Ele era um Homem Poliédrico"
"[...] Sua bagagem intelectual é das mais volumosas e valiosas. Destaco aqui as de minha especial preferência, como a sua apenas no nome "Pequena História do Ceará"; a publicação "O Ceará", em colaboração com Antônio Martins Filho; as monografias que escreveu sobre a nossa cidade, especialmente a "Geografia Estética de Fortaleza"; suas deliciosas memória sob o sugestivo título de "Palestina (a "fazenda" onde nasceu), uma Agulha e as Saudades" ; sua magnífica pesquisa sobre "A Abolição no Ceará"; "História da Faculdade de Direito de o Ceará"; seu "Dicionário da Literatura Cearense"; em colaboração com Maria da Conceição Sousa e finalmente a sua pioneira "História Econômica do Ceará". A relação é indiscutivelmente incompleta e outros salientariam diversas publicações de sua lavra que aqui não foram referidas. . Explico novamente: questão de inclinação pessoal.
Foi desse estofo o homem que o Ceará perdeu há pouco, deixando uma lacuna impreenchível no mundo cultural e associativo de nossa terra. E é sobre sua tumba que deposito as flores da minha saudade". (Tribuna do Ceará, ed. de 06.08.1988).

Lúcio Alcântara (Deputado Federal Constituinte)
Excerto do discurso pronunciado na ANC
"Cumpro o doloroso dever de participar à esta Casa o falecimento do professor e historiador Raimundo Girão falecido ontem em Fortaleza depois de uma longa vida dedicada à cultura e à história do Ceará.
Membro da Academia Cearense de Letras, do Instituto Histórico do Ceará, foi o inspirador da criação, no governo de Plácido Castelo, e primeiro titular, da Secretaria de Cultura do Estado. Deixou numerosos livros, sobretudo sobre temas cearenses aos quais dedicou invulgar eficiência. Foi ainda prefeito de Fortaleza. [...] Trata-se sem dúvida de um grande desfalque para a cultura cearense o seu desaparecimento. Conforta saber que seus trabalhos irão permanecer como símbolo de tenacidade de um homem voltado para as coisas do espírito com grande contribuição ao desenvolvimento cultural do Ceará. Ficará também em nossa lembrança o cidadão exemplar e o chefe de família bem constituída a que pedimos seja comunicada do voto de pesar da Assembléia Nacional Constituinte, pelo seu falecimento". (Sessão da Assembléia Nacional Constituinte, de 25.07.1988)".


Crédito: Site Oficial

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Secretaria da Cultura do Ceará - A Primeira do Brasil


Governador Plácido Castelo e o Secretário de Cultura Raimundo Girão. Na instalação da 1ª Secretaria de Cultura do Brasil

O Ceará foi o primeiro Estado a criar uma secretaria de cultura. Coube ao governador Virgílio Távora, em 1966, a iniciativa de desmembrar as atividades artísticas e culturais da Secretaria de Educação. Com a Lei nº. 8.541, de 09 de agosto de 1966, Virgílio Távora criou a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.
Em 03 de outubro de 1966, no governo Plácido Aderaldo Castelo, Raimundo Girão é nomeado o primeiro Secretário de Cultura do Estado do Ceará. O Decreto nº. 7.628, de 05 de outubro de 1966, instituído pelo governador Plácido Aderaldo Castelo, previu a constituição do Conselho de Cultura, formado por sete membros, sendo um – seu Presidente – o Secretário de Cultura e os demais, com mandato de dois anos, representando, cada um, os seguintes setores culturais: Ciências Naturais, Ciências Sociais, Literatura, Artes Plásticas, Artes de Movimento (Cinema, Teatro e Ballet) e Música. O Conselho tomou posse em 09 de dezembro de 1966.
Conhecida também como Secult, a Secretaria da Cultura nasceu da necessidade de atender aos anseios culturais do povo cearense, propiciando maior desenvolvimento a todas as manifestações de cultura e valorizando a tradição de seu povo. Este pioneirismo na área cultural representa, em si, mais uma comprovação da tenacidade do cearense. Logo após sua criação, as realizações foram tantas que conseguiram ultrapassar as fronteiras do Ceará e ressonaram em todos os meios culturais do País. Conheça aqui os equipamentos ligados a Secretaria da Cultura do Estado.

O primeiro organograma da Secretaria de Cultura revelava suas finalidades. Foram criados o Departamento de Administração, o Departamento do Patrimônio Cultural, o Departamento de Publicações e Documentação, o Departamento de Difusão da Cultura e o Departamento de Turismo.
Integraram, ainda, a estrutura da Secretaria de Cultura, o Conselho de Cultura e a Junta de Planejamento.
Dirigido por Stênio Carvalho Lima, o Departamento de Administração era responsável pela prestação de serviços de administração geral e outros de natureza propriamente cultural. Ao Departamento do Patrimônio Cultural, sob a direção de Maria Teresa Sampaio Leite, subordinaram-se a Biblioteca Pública Menezes Pimentel, o Museu Histórico e Antropológico, o Museu São José de Ribamar, em Aquiraz, destinado ao resguardo da arte da religiosidade, e o Arquivo Público.
O Departamento do Patrimônio Cultural possuía uma divisão, a de Tombamento, incumbida da proteção ao Patrimônio Histórico Paisagístico, Artístico e Bibliográfico.
Dirigido pelo escritor e acadêmico Braga Montenegro, coube ao Departamento de Publicações e Documentação assegurar a comprovação das manifestações culturais, nas suas inúmeras modalidades – documentos, iconografia, gravações, etc. – e, igualmente, publicações como cadernos de cultura, reedições de obras valiosas e edições novas anuais. Através das páginas publicadas em revistas, tencionava-se aquilatar a produção da inteligência cearense, nos domínios do conhecimento humano.
A revista Aspectos, órgão oficial da Secult, destacou-se pelo conteúdo de seus trabalhos e sua apresentação gráfica. O Departamento de Publicações e Documentação foi responsável pela reedição de Fatos de Linguagem, de Heráclito Graça; a Obra Poética, de Antônio Sales, e uma monografia, a Macumbira, do professor M. Negreiros Bessa.
A movimentação das atividades científicas, literárias, folclóricas e artísticas ficou sob a responsabilidade do Departamento de Difusão de Cultura, dirigido, então, pelo acadêmico e professor Otacílio Colares. As atividades científicas tiveram como sede o Instituto do Ceará, ao qual a Secretaria deu grande colaboração no que se referiu à organização e catalogação da biblioteca, além da sistematização dos arquivos. Já as atividades literárias e folclóricas foram desenvolvidas na Casa Juvenal Galeno, hoje pertencente ao Estado, sempre animadas pelo dinamismo de sua diretora, a acadêmica Cândida Maria Santiago Galeno.
A Casa de Raimundo Cela, criada e corajosamente instalada pela Secretaria de Cultura, foi o centro das atividades das artes plásticas, expressando um grande e vitorioso esforço para congregar e estimular a juventude. Exposições de pintura e escultura ali foram realizadas, numa demonstração de que o Estado se preocupava desde aquela época com o desenvolvimento das artes visuais. Uma das grandes animadoras das atividades foi Heloísa Juaçaba.
Música e teatro tinham como centro o Theatro José de Alencar, sob a confiança do maestro Orlando Leite. Maior casa de espetáculo de propriedade do Estado, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o equipamento foi objeto de grande atenção por parte da Secretaria, que consignou uma grande verba orçamentária do Fundo de Desenvolvimento do Ceará para sua total recuperação.
O levantamento dos serviços ali feitos para o satisfatório funcionamento do Theatro foi feito por alunos da Escola de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação do engenheiro José Liberal de Castro. A Secretaria da Cultura trabalhou também para a difusão da cultura no interior cearense.
Sem poder contar, até então, com os elementos imprescindíveis a uma efetiva realização no plano turístico, a Secretaria da Cultura, por meio do Departamento de Turismo, elaborou o levantamento do potencial turístico cearense. João Ramos foi o organizador dos trabalhos. Completando o quadro estrutural da Secretaria, montou-se o Conselho de Cultura, constituído por nove membros de grande porte intelectual: Carlos Studart Filho, José Guimarães Duque Braga Montenegro, Antônio Girão Barroso, Manuel Albano Amora, Manuel Eduardo Pinheiro Campos, Orlando Leite, Heloísa Juaçaba e Oswaldo Riedel. O Presidente do Conselho, como membro nato, era o Secretário de Cultura.

Marcos Históricos da criação da Secult

9 de agosto de 1966 - Criação da Secretaria de Cultura do Estado Ceará, a primeira Secretaria de Cultura do Brasil - Governo Virgilio Távora.

11 de setembro de 1966 - Complementação da Lei 8.541 com a criação de dotação orçamentária pelo Governador Plácido Aderaldo Castelo.

3 de outubro de 1966 - Nomeação do primeiro Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Raimundo Girão – Governo Plácido Aderaldo Castelo.

5 de outubro de 1966 - Criação da Lei que constitui o Conselho de Cultura da nova Secretaria - Governo Plácido Aderaldo Castelo.

9 de dezembro de 1966 - Instalação Solene da Secretaria de Cultura e Posse do Conselho de Cultura - Governo Plácido Aderaldo Castelo 3 de janeiro de 1967 - Aprovação do Regulamento do Conselho de Cultura – Secretário Raimundo Girão – Governador Plácido Aderaldo Castelo.




Fonte: secult

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: