Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Serviluz
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Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A energia elétrica de Fortaleza


Tudo o que é relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas e/ou estágios. Ao retornarmos ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando merecimentos, afinal, o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia à magneto, com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém, Alberto Santos Dumont penou bastante para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França... Será que a iluminação e energia elétrica fora algo diferenciado? Fortaleza quando no dizer do poeta Otacílio AzevedoAinda Descalça”, foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de fauna marinha, hoje na lista de extinção. As baleias desapareceram da Costa Norte brasileira, pois, a iluminação pública da Fortaleza Provinciana, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, o Dr. Casimiro José de Moraes Sarmento, o construtor do primeiro cemitério da cidade. A exploração do serviço de iluminação de Fortaleza teve início, segundo o historiador João Nogueira, com a assinatura de um contrato com o Português Sr. Vitoriano Augusto Borges que tinha como atribuição, instalar lampiões em numero de 44. Essa luminária tinham quatro faces, sendo mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos constantemente, e para acendê-los deveriam descer, por isso eles pendiam de uma corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham os ourives para soldas à maçarico. Foi assim que surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”. Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com azeite de Peixe até 1866 quando caducado o contrato com o Sr. Vitorino. A tecnologia quando quer avançar não respeita era. Teria que surgir melhorias, e assim veio o Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The Ceará Gás Company Limited”. Com o gás carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação. Colocadas em ziguezague as luminárias obedeciam a uma distancia de apenas 30 metros uma da outra, e com uma altura de 2,40 metros. Ficava uma chama brilhante em forma de leque queimando o bem preparado gás, salientando que, o gasômetro ficava na Rua Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça do Passeio Público. Daí o antigo nome dessa rua ser “Rua do Gasômetro”. 

Passeio Público - Avenida Caio Prado (Atual Passeio Público). Vemos os Combustores.

Gasômetro da The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd.

A logística sempre transpassa o que quer ficar parado. O gasômetro já não atendia a demanda. Entra em cena na extensão de seus serviços, a firma inglesa “The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd”, que explorava o transporte de bondes elétricos desde 1913, ganhando privilégio agora para o serviço de iluminação. A localização dos geradores da Light era na Rua Adolfo Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula (Antônio Diogo - distrito de Aracoiaba) trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité. Em 25 de outubro de 1935, portanto, foi retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico. Experimentalmente, em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa (Barão do Rio Branco), entre as ruas Guilherme Rocha e Senador Alencar. Assim em 1934, fora rescindido o contrato da “Ceará Gás” e o Governo do Estado do Ceará sob a interventoria de Filipe Moreira Lima, nesse mesmo ano oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica. 


 Poço da Draga e ao Longe a Chaminé da Usina Light.

 Vagões Gôndolas da Via Férrea de Baturité no Horto Florestal em 1913.


Aquele 8 de dezembro foi apoteótico. Aos 19 de maio de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de demanda, a energia da Light ainda era muito precária. A “The Ceará Tramway” por força do decreto Federal nº 25.232 de 15 de julho de 1948, é transferida para a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha. Aos 20 de maio de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza - SERVILUZ” quando ainda era prefeito, o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela rua João Moreira. A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de Fortaleza. As razões técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mex, Esso Standart do Brasil e moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica. O Serviluz é administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia Hidroelétrica do São FranciscoCHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em 1 de abril de 1962 instala a Companhia Nordeste de Eletrificação de FortalezaCONEFOR que substituiu o Serviluz. 

 Usina do Serviluz na Enseada do Mucuripe - 1954.

Geradores do Serviluz 


Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso chegou a Fortaleza, com uma subestação em Mondubim. Aí com as presenças do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades, em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores, bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com energia elétrica da CHESF. Em 5 de julho de 1971, o Governo César Cal's cria a Companhia de Eletricidade do CearáCOELCE e encampa a Conefor, que após três anos em assembléia geral a extingue. Como não era de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de maio de 1998 passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A”, “Companhias Enersis S.A”, “Chilectra S.A”, “Endesa de España S.A” e a “Companhia de Eletricidade do Rio de JaneiroCERJ”. Então quem não quiser mandar mais dinheiro para fora, consuma produtos da Terra e economize energia. Seja racional. 

Leia também:

De Serviluz a Coelce - A Companhia Energética do Ceará


Colaborador: Assis Lima

Ex-Ferroviário, Assis Lima é radialista e jornalista.
Idealizou e mantêm o Blog Tempos do rádio



quarta-feira, 23 de maio de 2012

De Serviluz a Coelce - A Companhia Energética do Ceará


Em primeiro de fevereiro de 1965, chega finalmente a Fortaleza, a energia da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, às 18h30min, na Praça dos Libertadores, no Otávio Bonfim, com a presença do presidente da República, general Humberto de Alencar Castelo Branco.

Praça dos Libertadores, no Otávio Bonfim, local da chegada da energia elétrica. 
Foto de 1963  - Arquivo Nirez

Desde 1912 a Capital era servida pela luz e força da Light, companhia inglesa que explorou o bonde, ônibus, além de luz e força, sempre com precariedade.
A empresa foi municipalizada, transformou-se em Serviluz, Conefor e finalmente em Coelce.

Promissória Ceará Tramway Light & Power Co. Ltda - Acervo Carlos Juaçaba


Usina Elétrica Serviluz no Mucuripe. Década de 50/60 - IBGE


Naquele dia chegava a energia da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco - CHESF.
A cerimônia da chegada da Luz de Paulo Afonso realizou-se com discurso do Governador Virgílio de Moraes Fernandes Távora (Virgílio Távora) e ligação da chave da luz pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.

Quando foi criada a CHESF, em outubro de 1945, sua área de concessão abrangia um “circulo de 450 km de raio a partir da usina a ser construída em Paulo Afonso”. Incluía, portanto, Salvador, Aracajú, Maceió, Recife e João Pessoa. Excluía Fortaleza e grande parte do Ceará.

Em 1960, a energia hidrelétrica produzida em Paulo Afonso passou a suprir a região sul do Ceará, incluída no “círculo” original. Para a distribuição da energia fornecida pela CHESF, foi criada a CELCA - Companhia de Eletricidade do Cariri, empresa de economia mista, subsidiária da SUDENE, mas com a participação acionária da própria CHESF, de Prefeituras municipais da região e, em escala bem menor, de particulares. Em 16 de setembro de 1960 era criada a CENORTE - Companhia Centro-Norte de Eletrificação do Ceará, empresa também de economia mista cuja maioria acionária era em sua quase totalidade do Governo Estadual, a qual pelo fato de não dispor de energia, muito pouco fez nos seus primeiros anos de existência. Ainda em 1960, o serviço público de energia elétrica em Fortaleza era operacionalizado de forma precária, pela SERVILUZ - Serviço de Luz e Força de Fortaleza, a partir de energia gerada por usinas termelétricas. 
A SERVILUZ era uma autarquia pertencente ao município de Fortaleza, resultante da encampação da antiga Ceará Tramways, Light & Power. No restante dos municípios do interior cearense, onde existia o serviço de energia elétrica as próprias prefeituras o realizavam por administração direta, a partir de pequenos e precários grupos geradores, dentro de horários restritos, geralmente das 18 às 20 horas.

 
Prédio do antigo Hotel do Norte que já abrigou a Coelce. 
Situado em frente ao Passeio Público, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Dr. João Moreira. Anos 40 - Livro Royal Briar

O prédio atualmente

Em 1962 o controle acionário da SERVILUZ passou da prefeitura de Fortaleza para a ELETROBRÁS, quando então a empresa transformou-se na CONEFOR - Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza. Paralelamente, a SUDENE criava a CERNE - Companhia de Eletrificação Rural do Nordeste, que passou a atuar também no Ceará, mas apenas em algumas cidades na região do baixo e médio Jaguaribe e na serra da Ibiapaba, na fronteira com o Piauí, produzindo e distribuindo energia proveniente de pequenos grupos geradores termelétricos.

Em 1964, aconteceu a chegada da energia de Paulo Afonso em Fortaleza. Na época, este foi um feito extraordinário dos técnicos da CHESF, uma realização importante da engenharia elétrica brasileira e uma conquista inesquecível do povo cearense: ficaram implantadas as condições básicas para que todo o Ceará pudesse contar com os benefícios da energia da CHESF. Nessa época, o Governo Estadual dotou a CENORTE de condições operacionais adequadas.

Vista aérea da usina de Paulo Afonso, que abastece o Ceará - 
Acervo do Blog do Eliomar de Lima

Quando a expansão do sistema já estava em fase avançada, pois a energia distribuída já representava quantidades significativas de MWh e o consumidor passava a ser um dependente muito direto e exigente da qualidade do serviço oferecido, impunha-se uma mudança de rumos. A expansão não poderia parar ou mesmo diminuir o ritmo, deveria continuar de forma acelerada, para proporcionar ao maior número possível de cearenses os benefícios da energia elétrica da CHESF. Mas a operação eficiente e econômica, bem como uma manutenção adequada do sistema não poderia ser relegada ou postergada. Deveria ser inserida no rol das prioridades básicas do Estado. Com esse objetivo, o Governo do Ceará criou, mediante lei estadual de 05 de julho 1971, a COELCE - Companhia de Eletricidade do Ceará, autorizada a funcionar pelo Decreto Federal 69.469 de 05 de novembro de 1971.

 
Desde o ano de 1976, o prédio da sede do Sport Club Maguary, localizado na Rua Barão do Rio Branco, pertence à Companhia Energética do Ceará (Coelce). Posteriormente, a administração passou para a Fundação Coelce de Seguridade Social (Faelce). 
Foto de Luana Andrade

Em 13 de março de 1987 a COELCE mudou sua razão social para Companhia Energética do Ceará, ampliando seus horizontes de atuação, passando a considerar todas as potencialidades energéticas locais como insumos para o desenvolvimento do Ceará.

Uma vez criada a COELCE, a ela foram incorporadas: a CENORTE (em 07/04/72), a CELCA (em 23/11/72), o acervo local e parte do pessoal da CERNE (em 23/02/73) e por fim a CONEFOR (em 04/05/73), com o Governo do Estado do Ceará mantendo o controle acionário da empresa, já que proprietário majoritário das ações ordinárias com direito a voto. Devido às parcelas das quotas estaduais do Imposto Único sobre Energia Elétrica - IUEE recebidos pelo Ceará e aplicadas integralmente pelo Estado na COELCE, em poucos anos foi ampliada a maioria acionária da participação estadual no capital da empresa, já que os demais acionistas limitavam-se a reaplicar seus dividendos garantidos pelas ações preferenciais.

Sede da Coelce na Rua Padre Valdevino

A Coelce na atualidade

2000 - 2006
Período de investimento significativo no reposicionamento de imagem e planejamento estratégico, visando à contínua expansão e melhoria dos serviços, com foco no relacionamento com o cliente e no lançamento de produtos e serviços, em resposta ao crescimento do mercado e suas necessidades.
Em 2006, o compromisso com ações de responsabilidade social classifica as ações da Coelce como ações preferenciais classe A no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo.
Também em 2006 a Coelce conquista, pela primeira vez o título de Mehor Distribuidora de Energia Elétrica do Nordeste, em premiação realizada pela Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).
2007
Ressaltando o resultado de um intenso trabalho de aproximação com o clientes e melhoria contínua da qualidade dos serviços, a Coelce lança uma nova plataforma de imagem - "A nossa ideia é conhecer você" - marcando o fechamento do ciclo de reposicionamento junto à sociedade. Pelo segundo anos consecutivo, Coelce é eleita a Melhor Distribuidora de Energia do Nordeste (Prêmio Abradee).
2008
A empresa passa a utilizar um novo conceito de assinatura de marca: Coelce - Cada vez mais próxima de você. Ao mesmo tempo, moderniza e adequa toda sua rede de atendimento para garantir um serviço cada vez melhor e mais acessível aos clientes.
Nesse ano, a empresa ganha destaque mundial com o projeto Ecoelce, que possibilita a troca de lixo reciclável por bônus na conta de energia. Ele foi um dos dez ganhadores do prêmio World Business and Development Awards, da Organização das Nações Unidas, pela sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Mais uma vez, a Coelce é eleita, pelo terceiro ano consecutivo, a Melhor Distribuidora do Nordeste (Abradee) e permanece entre as 150 Melhores para Trabalhar (Guia Exame-Você S.A.).
2009
Coelce conquista o título de Melhor Distribuidora de Energia do Brasil e mantém, pelo quarto ano consecutivo, a primeira posição no ranking das melhores da região Nordeste.


Fotos e croqui da Usina Elétrica Serviluz - Mucuripe 

 Croqui da Serviluz. Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. Acervo Alex Mendes

Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes
 
 Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes
 
 Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes
 
 Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes
 
 Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes
 
 Foto do livro sobre as obras da Prefeitura Municipal de Fortaleza em 1953. 
Acervo Alex Mendes


Fonte: http://www.ilumina.org.br, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e Portal Coelce



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