Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : igreja
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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domingo, 24 de junho de 2018

Igreja Nossa Senhora dos Remédios - Benfica





A igreja de Nossa Senhora dos Remédios de Fortaleza nasceu do sonho de João Antônio do Amaral, primeiro proprietário da chácara Benfica, que acabou por dar nome ao bairro surgido na localidade. O comerciante português já era devoto da Virgem dos Remédios, padroeira da paróquia da Ilha de São Miguel, pertencente ao Arquipélago dos Açores, onde este nasceu e foi batizado. Mas a construção do templo não seria concretizada a tempo deste João ver seu sonho realizado. Iniciadas em dezembro de 1878, as obras ressentiram-se da falta de recursos, talvez pela localidade não ser ainda muito povoada e, consequentemente, não contar com grande número de fiéis que pudessem colaborar com a empreitada. A capela só foi concluída 32 anos depois, em 1910, quando João Antônio do Amaral já havia falecido, sendo decisivos os esforços de sua esposa, Maria Correia do Amaral, que encampou o empreendimento do marido.

Igreja dos Remédios vista dos jardins da chácara de João Gentil, na Visconde de Cauipe, atual Avenida da Universidade. Registro provavelmente dos anos 30.

A construção do templo estimulou o povoamento do seu entorno, fenômeno comum na história dos municípios e bairros cearenses. No ano de 1927 foi entregue aos cuidados de padres da Ordem de São Lázaro. A então capela dos Remédios integrava a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, cuja igreja matriz está localizada na Avenida Duque de Caxias, no Centro de Fortaleza. Em 1934 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, sendo a capela elevada à condição de matriz. Permanecendo aos cuidados pastorais dos lazaristas, quase todos de nacionalidade alemã.


Loteria em favor das obras.
É relevante observar que a época da criação da paróquia dos Remédios corresponde com a “década de ouro” do Benfica, quando o bairro foi eleito como lugar ideal de moradia por figuras da elite cearense, principalmente a família Gentil, que veio a construir um palacete na chácara Benfica. Considerando que o porte da capela não condizia com sua nova condição de sede de paróquia, os padres lazaristas empreenderam campanhas para ampliá-la, tornando-a compatível à sua elevação a matriz. Recolheram donativos junto a seus parentes no exterior, dos paroquianos, realizaram leilões, bingos e quermesses. Doações polpudas passaram a ser ofertadas pelos novos e aristocráticos moradores, notadamente a família Gentil. A condição de matriz de bairro de elite possibilitou ampliações e melhoramentos no decorrer dos anos, transformando a antiga capela dos Remédios em um dos templos mais bonitos de Fortaleza.

De porte é elegante e refinado, tem estilo arquitetônico eclético – como a maioria dos edifícios integrantes do patrimônio histórico cearense – e referências neogóticas. A torre é única, incrustada na parte central da fachada. Guardada por quatro torres em miniatura, abriga sino e relógio, que até hoje marca as horas com seu soar dolente. A fachada ostenta nicho e frontão, encimados por torres menores nas extremidades. O patamar é relativamente amplo, com nível elevado em cerca de um metro em relação à avenida da Universidade. Nas últimas décadas do século XX, a igreja precisou ser protegida por grades de ferro. Os tempos de embate e consequente violência fez os templos fecharem as portas aos fiéis em determinados horários, contrariando o costume de estarem sempre de portas abertas aos necessitados do socorro divino.



Na parte lateral esquerda há um simulacro de capela cuja entrada é guarnecida também por grade. Ao fundo, pode-se ver a imagem de Santa Liduína presa à sua cama, em seu martírio purificador. Nascida no final do século XIV, essa santa holandesa pouco conhecida dos fiéis brasileiros sofreu um acidente cujas sequelas a impediam de caminhar e se alimentar. Teria sobrevivido doze anos sem comer nada, rezando e recebendo a eucaristia com o propósito de expiar os muitos pecados das almas, desencarnadas ou não. Na parte interna existem três naves. A central abriga o altar e o nicho com a padroeira. A imagem da Senhora dos Remédios segura o Menino Jesus, que porta um globo azul simbolizando a Terra. Nas laterais existem nichos com vários santos “reforçando o time” da padroeira, seguindo o estilo dos templos católicos.

Dentre o patrimônio artístico da igreja dos Remédios destacam-se os afrescos da cripta do templo, pintados por Gerson Faria (1889-1943). Representam cenas da paixão de Cristo. As pinturas de Faria chegaram a ser dadas como perdidas, mas foram recuperadas no ano de 2010, por iniciativa do padre Sílvio Mitoso, pároco dos Remédios à época. Segundo Gilmar de Carvalho, a obra foi fotografada e catalogada por ocasião de uma pesquisa documental sobre arte cearense coordenada pelo artista plástico Nilo Firmeza (Estrigas). Em entrevista concedida ao Jornal o Povo, Carvalho afirma que “Trata-se de uma obra valiosa, porque provém de um artista que conta com essas pinturas e é uma exceção para quem quer conhecer um pintor importante do Ceará”.



Edifícios, sinos, mosaicos, imagens, adornos, toalhas rendadas, arranjos de flores, incenso, mirra, ostensório... Do que é feito uma igreja? Que amálgama une diferentes pessoas em diferentes tempos em torno da fé surgida em torno da vida e obra do Jesus Cristo? Pelo que rezariam as senhoras da elite das décadas de 1930 e 1940? Que graças pediriam a Senhora dos Remédios? No entanto, o corpo de devotos não era formado só por pessoas da elite.


Segundo informação contida no site da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, “Os padres Lazaristas esforçaram-se bastante para que os leigos participassem dos movimentos da paróquia e sempre houve grande preocupação com as camadas mais pobres dos paroquianos”. O primeiro vigário, Padre Guilherme Vaessen, notabilizou-se pela ação social no bairro durante o logo tempo em que esteve à frente da paróquia. Foram fundadas a Casa da Mãe Solteira e a escola Padre João Vaessen, destinada à educação de crianças pobres. O Padre Vaessen era caridoso, intercedia pelos fiéis em problemas cotidianos e encomendava sem cobrar nada as almas dos falecidos na “escolinha” da comunidade, que funcionava como um salão de velórios.

8 de setembro –  Festejos da padroeira - Procissão, leilão e barraquinhas com venda de comidas típicas no patamar da igreja. Apesar das buzinas e barulhos inerentes ao burburinho urbano do Benfica, é possível ouvir as badaladas do sino dos Remédios. Parodiando Ernest Hemingway: por quem dobram esses sinos?



Benfica / Arlene Holanda.- Fortaleza: Secultfor, 2015. (Coleção Pajeú)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Vídeo - Mucuripe dos anos 50




Agradecimento especial a Jeize Andrade !

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Otávio Bonfim - Os Frades Alemães



No último quartel do século XIX, a Província Franciscana de Santo Antônio, sediada no Nordeste, originária de Portugal, contava com um reduzido número de frades menores, para fazer frente à avalanche de obrigações religiosas e comunitárias. Em razão desse fato, fez um apelo às províncias franciscanas da Europa, em tom de socorro, encontrando ressonância na Província Franciscana da Saxônia, na Alemanha, que aquiesceu em mandar frades ao Brasil, para reforçar os recursos locais.


(Foto ao lado do benfeitor Frei Teodoro Haerke, franciscano zeloso)



A Província de Santo Antônio, a 12 de dezembro de 1889, foi confiada à Província da Santa Cruz da Saxônia. Na data de 27 de dezembro de 1892, chegaram da Europa os novos confrades que se instalaram no Convento de São Francisco de Salvador-BA. A incorporação jurídica teve como base a Congregação Capitular dos antigos e novos frades realizada no dia 2 de março de 1893. Assim, teve início, notadamene, a reforma e a renovação da Província de Santo Antônio, no Nordeste brasileiro.


Em primeiro de março de 1929, foi lançada a pedra fundamental da Igreja de Nossa Senhora das Dores, que sucedia à antiga capela de São Sebastião, levantada na praça a que deu nome, depois soerguida na antiga Estrada do Gado, atualmente, rua Dr. Justiniano de Serpa. Frei Odilon Gethaus e Frei Lucas Vonnegut, ambos alemães, foram os dois grandes construtores desse templo e do convento franciscano anexo. O primeiro, por motivos de doença, não chegou a ver as obras concluídas, justo por ter falecido em 22 de janeiro de 1930, quando chegava aos 59 anos de idade.


Foto Arquivo Nirez

Para dar continuidade aos trabalhos, Frei Lucas Vonnegut, modelo perfeito de discípulo do "poverello de Assis", chegou a Fortaleza, aos 25 de janeiro de 1930, vindo de Canindé, onde era superior interino do convento. Em 13 de junho de 1930, dia de Sto. Antônio, deu-se a festa da bênção da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Em 18 de novembro de 1932, coube a D. Manuel da Silva Gomes abençoar os sinos, vindos da Alemanha, bem assim o altar-mor do templo recém-construído. Após essa solenidade, houve missa cantada, tendo por oficiante Frei Lucas Vonnegut.

Muitos frades alemães passaram pelo convento do Otávio Bonfim, tanto assim que, durante a II Guerra Mundial, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha, o prédio foi sitiado, tendo o claustro conventual sido ocupado durante um dia, para uma longa operação das forças de segurança interna, que realizaram varredura infrutífera, em busca de rádio-transmissores ou quaisquer elementos, que se prestassem à espionagem; o resultado, como não podia deixar de ser, foi negativo, porque embora germânicos, os religiosos não tomavam partido no conflito belicoso.


Foto da Avenida Bezerra de Menezes - Arquivo Nirez

Para o laicato, as investidas do povo brasileiro, com os brios feridos pelo torpedeamento de navios mercantes do Brasil, foram de pura e absoluta retaliação. De fato, propriedades e bens pertencentes a cidadãos do Eixo (alemães, italianos e japoneses) foram violados e alvo de pilhagem dos nossos compatriotas, que observavam aqueles como inimigos da Pátria. Aqui, em Fortaleza, o Jardim Japonês, de Seu Guilherme Fujita, foi arrasado ou destroçado pela turba; as Casas Veneza, da família de Francesco, foram saqueadas e depredadas; as lojas de tecidos, da família Lundgren, foram pilhadas, ainda que pertencessem a alemães apátridas, perseguidos na Alemanha nazista, por serem judeus.

Muitos foram os frades tedescos que atuaram na Igreja, e, depois, na Paróquia de Nossa Senhora das Dores (criada pelo Decreto nº 02, de 20/09/1963, da Arquidiocese de Fortaleza), como: Frei Cecílio Sommer, Frei Teodoro Haerke, Frei Hildebrando Kruthaup, Frei Francisco Solano Szczepanek, Frei Venceslau Wallerus, Frei Hermano Wiggenhorn, Frei Fernando Schnitker, Frei Gregório Reckers, Frei Rainério Kroger, Francisco José Goedde, sendo até difícil listá-los, assim, completamente.

Mais complicado é destacar os feitos e as obras de cada um deles, não obstante terem todos, em comum, o espírito empreendedor, a tenacidade e a disciplina germânicas, logicamente que acostados às condições externas, servindo de êmulo à concretização dos trabalhos projetados. A título de representação de diferentes momentos inscritos na história do convento franciscano, à guisa de exemplo, o perfil de quatro desses frades, que depois de um profícuo trabalho, retornaram à Casa do Pai: Frei Teodoro -um franciscano zeloso e desportista nato, Frei Hildebrando - empreendedor audacioso e humanista; Frei Lauro - um apóstolo da juventude, e Frei Humberto - um evangelizador social, exibe a marca indelével das ações realizadas em prol da comunidade do Otávio Bonfim, bem como de seus arrebaldes.


Créditos: Marcelo Gurgel Carlos da Silva (Diário do Nordeste) e Arquivo Nirez

domingo, 8 de janeiro de 2012

Notícias da Fortaleza Antiga - A Paroquia de São José



A catedral e o seu Cura, rvmo. Mons. Luis de Carvalho Rocha

"O atual vigario desta freguesia de S. José de Fortaleza, Mons. Luis de Carvalho Rocha, foi nomeado pelo exmo. Snr. Arcebispo D. Manuel da Silva Gomes, por provisão de 5 de fevereiro de 1925, em substituiçao ao Mons. João Alfredo Furtado que vinha exercendo este cargo desde 29 de maio de 1904.

O revdmo. Mons. Luis de Carvalho Rocha, nomeado diretor arquidiocesano do Apostolado da Oração, tem sido um grande impulsionador desta Associação que conta atualmente com 72 zeladoras e 1.500 associados.

Em novembro de 1925, fundou a Associação de Santa Rita de Cassia, que se destina a propagar o culto da mesma. Conta aproximadamente com 500 associados.

Em março de 1926, fundou a Congregação Mariana da Catedral (secção masculina), a primeira deste genero, em Fortaleza, agregada à Prima-Primaria de Roma. Iniciada com 20 associados, conta hoje com 213 membros."




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Gráfia da época

Fonte: Álbum de Fortaleza 1931

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Praça e Igreja do Carmo




Área: 5.900,00 m2
Endereço: Av. Duque de Caxias, Rua Major Facundo, Barão do Rio Branco e Clarindo de Queiroz.

Antes se chamou Praça do Livramento cuja primitiva capela foi iniciada em 1850, em 1922 foi denominada Nossa Senhora do Carmo.

Estátua de Nossa Senhora da Paz erigida por iniciativa de Adolfo G. de Siqueira e Milton de Sousa Carvalho. Inaugura -se em 1921 e foi esculpida em mármore em Paris. 

Foto de 1906 - A então Praça do Livramento

O vai-e-vem de estudantes, seguranças, vendedores ambulantes, homens, mulheres e crianças que transitam na Praça do Carmo, lhe dá um aspecto de grande alvoroço, o que contrasta totalmente com o tranquilo interior da Igreja do Carmo, onde fiéis tranqüilamente fazem suas orações.

A Praça do Carmo era outro areial na Fortaleza antiga e havia uma lagoa no quarteirão em frente, onde hoje funcionam o Banco do Brasil e um estacionamento. A lagoa era alimentada por um córrego que vinha da Praça do Ferreira, mas isto são outros tempos.

Hoje a praça é muito freqüentada. Em seu entorno, prédios históricos, como o do Instituto do Ceará e o da Associação dos Merceeiros. Ainda há algum casario antigo do lado dos fundos da igreja, mas as fachadas estão descaracterizadas.


Foto de 1945

Além da igreja a praça abriga sete bancas de revistas, barracas de churros e cachorro quente.

A Praça do Carmo se situa na Avenida Duque de Caxias entre as ruas Major Facundo, Clarindo de Queiroz e Barão do Rio Branco. A igreja que denomina a praça comemorou o centenário de sua bênção oficial no dia 25 de março de 2006.

Originalmente ali era a capelinha de Nossa Senhora do Livramento, cuja imagem da época se encontra hoje sobre a pia batismal.

Depois de criadas as três primeiras paróquias de Fortaleza, a de Nossa Senhora do Carmo foi a quarta a ser instituída.

A tradutora de línguas neo-latinas, Maria de Lourdes Bezerra, 83 anos, conta a história da igreja onde se batizou: "a imagem que está sobre o altar veio de Portugal ainda no século XIX, não havia dinheiro para resgatá-la da alfândega e ela foi arrematada em leilão pelo comerciante José Rossas. O homem viria a sofrer gravemente de paratifo e após a cura, atribuída à santa, decidiu juntamente com a esposa Sara, doar a imagem à paróquia".



Postal  de 1928

Nas colunas da igreja há placas de agradecimento de milagres à santa que datam desde 1902.

A obra no teto da igreja, do artista Ramos Cotoco, quase se perdeu, mas foi restaurada por uma equipe de italianos, podendo hoje ser apreciada pelo público que comparece diariamente à Igreja do Carmo. 

Ônibus estacionados na Praça do Carmo - Final da década de 60 - Crédito da foto: Museu Dantu

A capelinha original que estava no lugar da atual Igreja do Carmo não deixou registro iconográfico. O pequeno templo foi eregido pela então Irmandade dos Pardos que pela devoção a consagraram a Nossa Senhora do Livramento. O tempo passou e a primeira Igreja do Carmo foi construída. Ela não tinha o formato de cruz que mostra hoje. A igreja foi construída no formato retangular e em 1922 o primeiro arcepisbo de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes, elevou o templo a sede de adoração perpétua, o que aconteceu por várias décadas, até que a tradição foi deixada de lado.

Agora com a intervenção do padre João Jorge Corrêa Filho, oblata dos beneditinos, a igreja voltou a ser sede de adoração perpétua. 



Vista da Igreja do Carmo em 1910. Ao fundo, pode-se ver os limites habitados a oeste da cidade e, à esquerda, a Avenida Duque de Caxias sem pavimentação. (postal colorido à mão)

A Igreja do Carmo em seu caráter arquitetônico traz detalhes que só vão ser encontrados ali.

No primeiro vão da igreja, existe a demarcação de sua estrutura secular com varandas internas que devido ao desgaste imposto pelo tempo já não tem acesso permitido.



Ali há um púlpito que foi obra da Fundição Cearense e que data do início do século XX. O trabalho sacro-artístico desenvolvido para o púlpito é primoroso. Todas as faces do balcão do púlpito tem a imagem do Sagrado Coração de Maria e os detalhes artísticos vão desde o teto à escadaria da peça. O púlpito era usado quando nos idos do passado os padres não dispunham de serviço de áudio na igreja. A entoação da missa acontecia e para a realização dos sermões o padre era seguido do altar por coroinhas providos de grandes velas ou luminárias até chegar ao púlpito, onde ele subia a pequena escada, impunha-se na plataforma e discursava para os fiéis. Terminado o sermão a pequena procissão de coroinhas acompanhava o sacerdote de volta ao altar principal para a finalização das missas.

Hoje algumas imagens estão faltando nos nichos. Dona Maria de Lourdes explica que as charolas estão vazias porque os santos estão sendo restaurados.

Sem dúvida a mais bela peça da Praça do Carmo é a estátua de Nossa Senhora da Paz (abaixo) que se encontra em frente ao templo em seu átrio. A imagem originalmente foi colada na Avenida Duque de Caxias quando era uma rua estreita. Por ocasião do alargamento da avenida ela foi colocada onde está hoje. A peça é uma obra de arte em mármore branco com detalhes preciosos e seria maravilhoso que fosse restaurada. As estátuas tiveram os dedos quebrados.





A palava ´PAX´, paz em latim, no pedestal da estátua, assim como a sua base, tiveram pedaços arrancados. A estátua também necessita de limpeza.


 

Sobre os prédios históricos do entorno, a Associação dos Merceeiros, que data de 1926, ainda funciona com consultórios e atendimento aos associados. Tem detalhes preciosos como guarda-corpos em serralheria e as rodas dentadas aladas, símbolo de Mercúrio em suas cornijas. O Instituto Ceará, edifício rico arquitetonicamente e precioso pelo acervo que mantém.

A Igreja do Carmo




A Igreja do Carmo nasceu de uma singela capela no mesmo sitio onde hoje se ergue a Matriz, lugar que era considerado distante do Centro, povoado de choças de palha.
O Arquiteto português
Antônio Francisco da Rosa, recebeu a incumbência de traçar uma planta e de executar os referidos trabalhos que consistiam aumento do frontispício da capela (já então por essa época em construção)e do corpo da nave. Em 1870, três anos após o mestre Rosa era autorizado a recuperar oitões da capela que se encontrava arruinada por não ter sido coberta.
No ano seguinte, a obra foi realizada, com a restauração dos oitões. Em 1879, o arquiteto
Adolfo Herbster, como refere João Brigido foi contratado, e uma nova planta, semelhante a atual igreja foi confeccionada. Os trabalhos tomaram impulso graças ao governo provincial, e aos fieis que contribuirão com esmolas e materiais. Com a seca dos três sete 77, 78 e 79 a Igreja ficou com as três naves e o consistório, toda coberta, ainda sem torre, deu-se então a transferência da capela para os cuidados da associação de Nossa Senhora do Carmo.
Transcorrido quatorze anos da transferência, no dia 25 de março de 1906, procedia-se a benção da nova Igreja, com a sagração de um sino e celebração da missa, pelo
Monsenhor Bruno Figueiredo.
Em fins do século passado, quando Fortaleza só tinha duas freguesias e bem poucas Igrejas, uma Irmandade foi organizada, no âmbito da
matriz do Patrocínio, com o intuito de construir um templo a ser dedicado a Nossa senhora do Livramento, no largo que, após o início da obra, passou a ser conhecido por esse nome. Não se sabe quando foram lançados os alicerces, mas em 1870, o mestre Rosa foi solicitado a dirigir os trabalhos, ainda em 1874 a obra estava sem coberta, e, em 1879 recorreu-se a Adolfo Herbster, para que fizesse uma nova e definitiva planta
Chegava o século XX e a igreja, com a parte principal coberta, mas sem torre e acabamento, não se concluía, finalmente, em 25 de março de 1906, a igreja foi benta e entregue ao culto. Em 1915 foi criada a paróquia do Carmo, a cidade era ainda pequena e de população esparsa, de modo que os limites da nova paróquia eram muito extensos: do
centro da cidade ao Alto da Balança, daí até o bairro das Damas, depois ao Alagadiço, voltando à Praça Paulo Pessoa e à Rua Pedro I ( Hoje: As Ruas Assunção, Pedro I, General Sampaio e Joaquim Magalhães)
Em 24 de Janeiro de 1921 foi inaugurado o monumento à Nossa Senhora da Paz, colocado inicialmente mais distante da fachada, debaixo dos degraus de acesso ao patamar, mais que mudou de lugar em 1966, para permitir um alargamento da Avenida Duque de Caxias. No seu pedestal existe uma placa com as datas de aquisição e ereção.
Pôr esse tempo, o Centro da Cidade ainda ficava distante da Igreja, poucas famílias moravam nas proximidades, somente em 1929, a praça foi ajardinada e freqüentada. Conta-se que a imagem da Padroeira veio de
Portugal e, por falta de pagamento do imposto aduaneiro ficou retida na Alfândega, foi leiloada e comprada pelo Sr. José Rosas que não concordou em cedê-la, por dinheiro algum, mais a entregou gratuitamente quando adoeceu.
As imagens de São Pedro e São Paulo, foram doadas pelo Sr.
Pedro Filomeno e Anastácio Braga em 1944, e entre 1948 e 1962 foram feitas várias reformas, como renovação do telhado por telha de amianto, a adquisição de dois sinos, um de 115 e outro de 75 quilos, fabricados em São Paulo, também se construiu três apartamentos para os padres em cima da Sacristia o que dispensou o uso da casa paroquial que ficava no ângulo sudoeste do encontro das Ruas Barão do Rio Branco e Clarindo de Queiroz.
A Igreja com planta em cruz Latina, conserva embora em desuso as tribunas e o púlpito metálico, assim como as varandas das tribunas.
Há uma única torre, no centro da fachada do estilo Barroco, cada porta (3) esta coroada por um óculo, a torre inicia quadrada e torna-se octógona no campanário.
Os corredores laterais de 3m de largura a nave principal tem 7m. a largura total externa deve chegar aos 15m. e o comprimento é de 40m. aproximadamente da entrada a porta dos fundos.
O portal - base da torre de 4m. deixa espaço para o batistério presidido por uma imagem de Nossa Senhora do Livramento talvez a original da primeira capela, e a direita, para a escada de acesso ao coro e ao campanário. O forro sob as tribunas, assim como o da nave principal, é de madeira em lambris, sobre o altar - mor uma tela, representando a nossa senhora do Carmo sendo solicitada pelas almas do Purgatório, tem também outra tela com as figuras da Padroeira, com o Menino. As pinturas da capela - Mor são do artista
Raimundo Ramos Filho de 1904, restaurada em 2000.



Créditos: Diário do Nordeste e Ofipro

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Paróquia de São Francisco de Assis - Jacarecanga


Diz a matéria do Jornal O Nordeste de 19 de agosto de 1962:...Mostra-se o clichê um aspecto da igreja matriz da paroquia de São Francisco de Assis, de Jacarecanga, cujo vigário é o dinâmico padre Mirton Lavor que se empenha nas obras de construção do majestoso templo, iniciado ao tempo em que era vigário ali o Monsenhor Hélio Campos, atualmente na cura espiritual do Pirambu. Oportunamente focalizaremos detalhes da grandiosa obra.  Agradecimento ao amigo Lucas Júnior

Agradecimento ao amigo Lucas Júnior

Esta Igreja foi iniciada nos anos 60 para ser a matriz da Paróquia de Jacarecanga, porém nunca foi concluída.

A Paróquia de São Francisco de Assis é palco de missas e celebrações cristãs como batismos, casamentos e  eucaristias. Sua planta original foi misteriosamente roubada e, desde então, houve muita discussão sobre sua arquitetura, a princípio muito imponente e posteriormente singela.
D. Maria do Socorro narrou histórias suas que se relacionavam com a Igreja, como o “vôlei do fim-de-semana” com os amigos, as festas religiosas, além dos trabalhos sociais envolvidos com a Igreja.



DECRETO DE CRIAÇÃO

Desvinculada da Paróquia do Patrocínio, a Paróquia de São Francisco 
de Assis ( Jacarecanga ) foi instalada oficialmente com a posse, aos 06 de fevereiro de 1944, do Pe. Abelardo Ferreira Lima. Por causa da grande extensão da paróquia ele tinha de se locomover a cavalo, pois sua jurisdição ia até a Barra do Ceará e parte de Antônio Bezerra.


Com a transferência do Pe. Abelardo, assumiu a nova Paróquia o Pe. Mauro. Com a nomeação de Mons. Lauro para as funções de Pro-Vigário Geral, é nomeado seu substituto o Pe. Antonio Frederico Rodrigues de Andrade. Com a transferência deste para a Paróquia de Anacetaba, veio substituí-lo o Pe. Francisco Hélio Campos, que permaneceu no pastoreio até 1958, quando foram desmembradas da paróquia e constituídas autônomas as capelas Monte Castelo ( Senhor do Bonfim), Carlito Pamplona ( N.S.P.Socorro) e Pirambu ( N.S.das Graças). Com a saída do Pe. Hélio foi nomeado seu irmão, Pe. Gerardo Campos que ficou até 15 de fevereiro de 1958 a 01 de julho de 1958. Logo a seguir, assumiu o paroquiato, em caráter interino, Pe. Ivanildo Bastos Pinheiro até a vinda aos 15 de março de 1959, do Pe. Francisco Mirton Bezerra de Lavor, que foi muito ajudado pelos Revmos. Pe Pio Pinho, Pe. Teógenes Gondim capelão da EAM e Pe. Rinaldo Guimarães também cooperador. Vale destacar que a Paróquia de São Francisco, sempre teve como matriz a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, a qual durante vários anos fora assistida pelos Padres Franciscanos da Igreja Nossa Senhora das Dores. É inesquecível a atuação de Frei João Batista


Os que transitam na Avenida Presidente Castelo Branco, popularmente conhecida como Leste Oeste, observam, na altura da Escola de Aprendizes Marinheiros, uma construção inacabada, que bem lembra uma fortaleza inexpugnável, por seu piso elevado a suportar espessas paredes, desprovida de qualquer cobertura, deixando-a inteiramente exposta às intempéries ambientais.
Essa obra permanece paralisada, lastimavelmente, há cerca de cinco décadas, dando uma péssima impressão ao espírito empreendedor do povo cearense que, por impulso público ou por motivação privada, é capaz de grandes realizações.

Crédito da foto: Glauton

No final dos anos cinquenta do século passado, os moradores do bairro Jacarecanga e suas redondezas, em Fortaleza, estavam bastante estimulados para construir um novo templo que substituísse a diminuta Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, inviável para comportar o considerável número de devotos que a buscavam.

Sob o lema da campanha “Em prol da construção da Igreja de São Francisco de Assis”, havia um esforço coletivo, com vasto envolvimento de paroquianos, para captação de doações ao lado de outras ações, com vistas à obtenção de recursos financeiros, para a concretização da obra.
Uma combinação de causas, todavia, concorreu para minar a pretensão daquela comunidade paroquial de contar com essa sacra edificação, cujo projeto estava a cargo do engenheiro e professor Amauri Araújo. Por certo, o afastamento do seu timoneiro, o Padre Hélio Campos, deslocado inicialmente para o Pirambu, onde faria um duradouro trabalho social em favor dos carentes e oprimidos, e depois quando guindado foi, em definitivo, ao bispado, deixou a nau à deriva, ou mesmo estagnada na calmaria.


Vários templos católicos foram levantados nos últimos anos, em Fortaleza, mercê da capacidade de alguns padres seculares para arregimentar recursos, humanos, financeiros e materiais, a exemplo do Pe. Ferreira e do Pe. Dourado, que premiaram a capital com a Igreja de Sta. Edwirgens, na Leste Oeste, e a Igreja de N. Sra. de Lourdes, nas Dunas.

Retomar as obras e soerguer a Igreja de São Francisco de Assis, pode ser um grande desafio para o Pe. Haroldo Coelho, atual vigário coadjutor da paróquia a que pertence essa igreja. Esse feito, somado ao engajamento político e social desse prelado, um defensor permanente dos descamisados e dos marginalizados, dar-lhe-á, certamente, uma dimensão pública ainda maior, além do reconhecimento dos fiéis e dos devotos franciscanos.
Que venha a nova igreja. Mãos à obra, Pe. Haroldo.


A construção da Igreja de São Francisco está paralisada há quase 50 anos. Mesmo com a estrutura comprometida, ainda são realizadas celebrações no local. 
Diante do número crescente de devotos, a previsão é de que as obras sejam retomadas.
Até agora apenas 30% dos recursos foram arrecadados, através de doações. A obra deve custar R$ 3 milhões. A nova igreja terá capacidade para 2,5 mil pessoas.



Crédito: Patrimônio para todosJornal o Povo, 23/05/09. Jornal do Leitor. pág 3 e Ceará é notícia

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Igreja do Rosário

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Mais antigo templo de Fortaleza. Em 1730 era somente uma capela de taipa e palha. Em 1755 foi refeita com pedra e cal. Foi a matriz da cidade de 1821 a 1854. Fica na rua do Rosário nº 2
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Postal antigo da igreja

Construída em taipa pela comunidade negra de Fortaleza, em 1730, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário está situada na Praça General Tibúrcio (dos Leões), fazendo parte de um conjunto arquitetônico que inclui ainda a Academia Cearense de Letras (antigo Palácio da Luz) e o Museu do Ceará (antiga Assembléia Provincial). Já foram procedidos os trabalhos de prospecção da pintura interna e externa, bem como recuperados o telhado e as instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas. No momento, prossegue o trabalho de investigação arqueológica para identificação das ossadas encontradas sob o piso da igreja.



Em 1892, na revolta contra o governo, uma bala de canhão de 11 quilos utilizada no bombardeio do Palácio da Luz foi arremessada contra a porta principal e arrebentou o púlpito, 2 balaustres da mesa de comunhão e a parede que dar para o corredor esquerdo, depois destruiu o altar de Nossa Senhora das Dores, outra bala dessas desmontou o General Tibúrcio de seu pedestal.
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"É constante a tradição que um preto africano pelos anos de 1730 em diante erigiu uma capelinha a Nossa Senhora do Rosário, no local em que se acha hoje a desse nome, a qual ficava um pouco afastada da vila. Esta era, como toda construção daqueles tempos, de taipa e de palha. Nela rezavam os pretos seus terços, novenas e outros atos de devoção"

MENEZES,Antonio Bezerra de. Descrição da cidade de Fortaleza:Edições UFC, 1992, P. 162.

Como vemos nesta transcrição de Bezerra de Menezes a construção do templo destinado aos cultos a N. Sr(a) do Rosário data do século XVI,porém, não sabemos ao certo a data precisa dos inícios dos trabalhos da Irmandade do rosário que transformaria esta construção de taipa no que conhecemos hoje como a atual igreja do Rosário. Igreja mais antiga de Fortaleza.

Em Fortaleza, vila nascente onde estava instalada a administração da Província do Ceará Grande, como em muitas outras cidades do Brasil, os homens de cor, embora não fossem em grande número, procuraram, desde cedo, ter o seu próprio templo, já que eram discriminados nas igrejas construídas pelos brancos. E, assim como em outras partes, sua devoção dirigia-se a Nossa Senhora do Rosário, considerada sua Padroeira.
A tradição diz que já em 1730, um preto africano construiu, no mesmo local onde está a atual, uma capelinha, de taipa e palha, onde os negros rezavam terços e novenas, na época bastante distante da Vila, centralizada em redor da Matriz de São José.

A Primeira Festa

A primeira festa dedicada a Padroeira realizou-se ali no dia 27 de outubro de 1747, cobrando os padres que funcionaram nos atos religiosos a quantia de 10$000 pela missa e 7$000 pela música. A partir de então, todos os anos, vinham os pretos, escravos ou forros, nos bandos de congos dançar na Noite de Natal em frente à Igreja, para festejar a Virgem. Era grande o número de pessoas que vinha prestigiar a solenidade, inclusive autoridades. Em certas ocasiões a festa do Rosário alcançava raro esplendor. Como lembra João Nogueira, em sua "Fortaleza Velha" era festa de pretos, mas levada com grande pompa e luxo, as negras escravas ostentando cordões de ouro, brincos e jóias de valia, que suas bondosas senhoras lhes emprestavam para que se apresentassem como o espavento e brilho exigido pela importância da missa e coroação dos reis.
Assim, era na igrejinha do Rosário, toda caiada de novo, que se procedia ao ritual da coração do rei, do rei dos Congos, do rei do Rosário, com sua rutilante coroa à cabeça, seu vistoso manto de tecido de algodão aveludado, de um vermelho vivo, contrastando com colete verde e calças azuis, e sempre acompanhado de sua corte, de onde se destacavam as figuras do "príncipe" e do "secretário", com seus chapéus de abas largas enfeitados de brilhantes conchas.
E pelas ruelas nascidas na beira do mar, rumo ao sul vinha o cortejo, cantando e executando bailados e jogos de agilidade, simulando combates, rumo ao Rosário.

O Secretário, então, perguntava: Os pretinhos dos congos, pra onde vão?
O coro respondia: Nós vamo pro Rosário. Festejá a Maria.
Secretário: Oh! Festeja, oh festeja, oh festeja. Com muita alegria.
Coro: Nós vamo pro Rosário, Festejá a Maria.
Secretário: É de zambi a pumba. É de bambê.
Coro: Miserere, miserere. Misere rê.
Secretário: Papaconha, papaconha. Peneruê.
Coro: É de zambi a ponga. E qui bambê.

Maria Moreira e Joana Rodrigues, filhas de Jorge Rodrigues, atendendo ao seu pai, fizeram doação à Santa, em 28 de novembro de 1748, de terras na estrada que ia para Porangaba no rumo de Porangabuçu, com mais ou menos um quarto de légua de comprimento, por três quartos de largura. Esse patrimônio ainda existe, produzindo renda sob a forma de fóros e laudêmios.
Havia uma Irmandade, com dirigentes negros e um Juiz (Presidente) branco, porém, no início, o grupo tinha dificuldades em manter o imóvel em perfeitas condições, tanto que, em 1753 a igrejinha estava ameaçada de cair e com a permissão das autoridades eclesiásticas, iniciaram-se a reconstrução, em pedra e cal, que em 1755 ficou pronta.
Em 1821, a Matriz de São José estava em ruínas, precisando ser reconstruída. Tendo a vila crescido para o lado da Igreja do Rosário, foram passadas para esta, em procissão, o Santíssimo Sacramento e todas as imagens, passando ela a funcionar como Matriz até 2 de abril de 1854, quando as imagens voltaram à Matriz.
Sendo a Igreja unida ao Estado, os templos eram usados para realização de atos públicos. Ocorrendo um conflito mais grave quando das eleições realizadas em setembro de 1848, resultando em derramamento de sangue dentro do próprio recinto sagrado, a capela foi interditada, sendo posteriormente arrombada pelos líderes de um dos partidos.
Ao tempo em que era presidente da Província o bacharel Francisco Xavier Paes Barreto, o vice-presidente José Antônio Machado mandou proceder nova reforma que terminou em 1855.
Em 1872 o capitão João Francisco dos Santos, procurador dos bens patrimoniais ficou encarregado de limpar, assear e decorar o templo. A Igreja do Rosário sempre foi mantida com recursos próprios, advindo de grande terreno a ela doado em 1748, terrenos esses que se estendiam desde o local da igreja até o sítio Damas. Em 1871, entretanto, seus recursos se esgotaram e o então presidente José Antônio Calazans Rodrigues (Barão de Taquary) encaminhou pedido que só foi atendido na gestão seguinte, de João Wilkens de Mattos, importando na quantia de 2.000$000 (dois contos de réis), da Lei Nº 1440 de 2 de outubro de 1871. Mas a verba destinada ao trabalho no templo era insuficiente e o presidente teve de complementar com pagamento de férias por conta da verba "Obras Públicas", ficando a obra concluída ainda em 1872.
O cronista Mozart Soriano Aderaldo, em "Variações em torno da Catedral", revela que a 16 de fevereiro de 1892, na revolta contra o Presidente General José Clarindo de Queiroz, promovida por Floriano Peixoto e executada pelos alunos da Escola Militar, uma bala de canhão, de 11 quilos, das utilizadas no bombardeio do Palácio da Luz - vizinho à igreja - foi arremessada contra a sua porta principal e, penetrando por ali arrebentou o púlpito, 2 balaustres da mesa de comunhão e a parede que dá para o corredor esquerdo; depois, em ricochete, destruiu o altar de Nossa Senhora das Dores e mais 3 balaustres. Outra bala dessas apeou o General Tibúrcio do seu pedestal, em episódio mais conhecido, no qual salientou-se o caráter daquele militar cearense: mesmo nessa hora, ele caiu em pé!
Mas a igreja a que nos referimos até agora não é exatamente esta que hoje lá está, há muito desvinculada dos devotos de cor, relembrando um tempo bem recuado da nossa história. Várias reformas nela foram processadas, além das já citadas. Em março de 1929 abriu-se novas janelas na altura do primeiro andar, em julho de 1935 foram construídos dois nichos, ao lado do sacrário, com Nossa Senhora do Rosário e Santa Teresinha e, por último, em setembro de 1938, repetiu-se o episódio de 1821: a Matriz de São José foi demolida para construção de uma nova e a Igreja do Rosário passou a ter as honras de Catedral, embora muitos atos, mais solenes, viessem a ser realizados na Igreja do Pequeno Grande.
Foram necessários, outra vez, trinta anos, para a construção da nossa nova e esplêndida Catedral, durante os quais a Igreja do Rosário funcionou como a principal de toda a Arquidiocese!
A Igreja do Rosário é testemunha de fatos históricos importantíssimos, dentre eles a deposição de Nogueira Accioli em 1912 e as trincheiras de 1914 feitas para receberem os jagunços da "Sedição de Juazeiro".

Raro postal editado em 1900
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A capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário foi construída com o esmero dos escravos do nordeste brasileiro, acredita-se, em 1730. De princípio, era taipa e palha, na cadência de acolher a devoção a Nossa Senhora das Dores e à do Rosário. 25 anos depois, veio a pedra e a cal. Desde os séculos passados, o templo já fora cenário de graves conflitos políticos, balas de canhões, celebrações ecumênicas e muitas reformas.
Em 2008 teve as portas fechadas por seis dias, culpa de assaltos freqüentes. 
"Hoje digo: sento sem medo nos bancos de madeira, olho a Flor de Lis na parede direita do altar e escuto um rufar de tambores afro-brasileiros, homens da pele ferrada pela mesma imagem estampada em azul. Aquela flor estava debaixo de 85 camadas de tinta antes da restauração e está na memória da pele de peitos e de braços negros. Sob meus pés, estão dezenas de corpos pretos e mumificados. À minha esquerda, de pé e olhando a Academia Cearense de Letras – o antigo Palácio da Luz, jaz Major Facundo, homem por quem resguardo menor apreço, mas não ligue."

A igreja guarda uma simplicidade tamanha. É bela para muito além do óleo de banana desfilado em ouro nos ornamentos do altar. É graciosa por muito mais que o silêncio das imagens de homens e mulheres santificados pela religião. Muito embora o cotidiano ela receba, pelos corpos cansados orando em silêncio, está também no passado, feito uma pedra mais teimosa que a erosão. Emociona, não posso negar.

Paulo César, agente pastoral enamorado da construção

 Igreja do Rosário 

Esta foto foi encontrada num encarte contendo diversas fotos, oriundas do Arquivo do Nirez, de igrejas antigas de Fortaleza. Nesta aparece um bonde, possivelmente de uma das linhas de então, Outeiro (que posteriormente passou a denominar-se Aldeota), Praia de Iracema ou Prainha, que um dos consultados (gente da velha geração) afirmou ser Prainha-Seminário (o que faz sentido, pois o ponto final ficava próximo do Seminário, na Prainha). Dr. Zenilo Almada acha que não houve linha com essa denominação. A rua era a então Coronel Bezerril, hoje General Bezerril. A Praça ao lado chama-se General Tibúrcio, mais conhecida por Praça dos Leões devido a existência de duas belas esculturas encimando a escadaria de acesso da ou para Rua Sena Madureira. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, inaugurada no Século XVIII, é considerada a mais antiga de Fortaleza. A foto data de 1908. A edificação grande, ainda existente, era do então Hotel Brasil. A parede ao lado da palmeira é dos fundos da antiga Assembléia Legislativa. Entre o Hotel e a Assembléia divisa-se a Travessa Morada Nova, onde posteriormente passaram a trafegar os bondes das citadas linhas. Na época os bondes iam até mais adiante, ingressando na Rua Guilherme Rocha, parando ao lado da “Rotisserie”, acho que se chamava Palácio Brasil, entrando depois na Rua Floriano Peixoto rumo aos seus destinos. (Adolpho Quixadá)
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Dados Importantes:

  • Em 28 de Abril de 1742 - O visitador Lino Gomes Correia, ao passar pela vila de Fortaleza, determinou que os senhores de escravos lhes dessem o dia de sábado livre para granjearem o sustento e nos dias santos para a Igreja de Nossa Senhora do RosárioA igreja foi reformada em 1753.

  • Em 06 de Maio de 1853 - Salvador (BA): Rodolfo Teófilo, que sempre se disse nascido em Fortaleza, onde se batizou na igreja do Rosário, no dia 1 de outubro do ano do seu nascimento. Pioneiro do sanitarismo no Brasil, recebeu do Congresso Nacional o título de Varão Benemérito da Pátria. Romancista, novelista, contista, poeta, historiador das secas, autor de livros científicos. Filantropo. Pertenceu ao IHGB e Instituto do Ceará. Entre seus livros: A Fome (1890), Os Brilhantes (1895), O Paroara (1899), Sedas do Ceará (1901), Cenas e Tipos (1919). Patrono da cadeira nº 33 da ACL, inaugurada por Perboyre e Silva. Falecimento em 2 de julho de 1932.

  • Em 09 de Agosto de 1902 - A pintora Isabel Rabelo da Silva oferece ao Bispo Dom Joaquim José Vieira a reprodução de duas telas (A Descida da Cruz, de Rubens; A Assunção da Virgem, de Murilo) que foram colocadas na Igreja do Rosário.

  • Em 20 de Maio de 1929 - Em sessão do Instituto do Ceará o consórcio Antônio Teodorico profliga a derribada do tradicional oitizeiro, existente nos fundos da igreja do Rosário.

  • Em 16 de Abril de 1931 -Na igreja do Rosário, Monsenhor José Quinderé celebra uma missa em sufrágio da alma do cearense Dr. João Cruz Saldanha, recentemente falecido no Rio.

  • Em 14 de Maio de 1931 - Na igreja do Rosário, tem começo um Tríduo em honra de Nossa Senhora de Fátima, por iniciativa dos portugueses domiciliados no Ceará.

  • Em 11 de Setembro de 1938 - Derradeira missa, celebrada na antiga de Fortaleza, pelo Arcebispo D. ManuelÀ tarde, a imagem de São José foi conduzida processionalmente para a igreja do Rosário, falando por essa ocasião o Sr. Arcebispo e o Prefeito de Fortaleza.

  • Em 19 de Abril de 1940 - O Governo do Estado promove festas comemorativas do aniversário natalício do Presidente Getúlio Vargas: - pela manhã, missa gratulatória na igreja do Rosário, e, à noite, sessão cívica no Teatro José de Alencar, durante a qual discursaram os Srs: Dr. Andrade Furtado, Heráclito Silva Thé, Antenor do Vale Lima, Eusébio Mota, Antônio Fiúza Pequeno e o Interventor Menezes Pimentel.

  • Em 10 de Maio de 1942 - O Arcebispo Dom Antônio de Almeida Lustosa conclui, na igreja do Rosário, as pregações preparatórias da Páscoa dos Intelectuais.

  • Em 21 de Abril de 1943 - Tamanha tem sido a afluência de ouvintes, que estão sendo irradiadas para a Praça General Tibúrcio as pregações do Pe. Hélder Câmara na Igreja do Rosário, preparatórias da Páscoa dos Intelectuais.

  • Em 14 de Março de 1950 - Falece, nesta capital, Dom Manuel da Silva Gomes, Arcebispo Resignatário de Fortaleza, tendo o fato causado profunda consternação. Trasladado para a igreja do Rosário, onde esteve exposto à visitação pública, seu corpo foi sepultado na cripta da Catedral em construção. Dados biográficos: ver ‘O Nordeste’ desta data.

Foto de Manilov
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Créditos: Fortal, CityBrazil, Fortaleza no CentroMaracatu rei do Congo e Portal da história do Ceará

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