Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : rua Major Facundo
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sexta-feira, 3 de março de 2017

A Casa Veneza



Era 1º de agosto de 1924, quando é inaugurada em Fortaleza, a Casa Veneza, da firma Francisco Angelo & Irmãos, do comendador Francisco Di Francisco di Angelo, representante consular da Itália em Fortaleza, e seus irmãos Braz de Francisco di Angelo e Salvador Di Francisco di Angelo. A loja funcionava na rua Floriano Peixoto nº 136 (antigo, atual 452).

Além do sortimento em calçados, as Casas Veneza também eram especialistas em bolsas e famosas por fazerem promoções como “Compre um e leve outro igual” ou em oferecer um passeio de barco. 

Ao todo, a Casa Veneza teve três lojas, a matriz, que ficava na rua Major Facundo com rua Liberato Barroso, a loja da Barão do Rio Branco (onde funcionou a loja A Cearense) e outra loja na Praça José de Alencar.

Loja da rua Floriano Peixoto, 136 (atual 452)

Arquivo Nirez


O quebra-quebra de 1942


No dia 18 de agosto de 1942, acontece o chamado quebra-quebra, em represália ao afundamento de vários navios mercantes brasileiros na costa brasileira, torpedeados por submarinos italianos e alemães.
Estabelecimentos de alemães, italianos e japoneses são depredados, assaltados e incendiados pelo povo revoltado.

Até estrangeiros que nada tinham a ver com o "eixo" foram "punidos" por terem nomes complicados.
Na voragem foram incendiadas as lojas A Pernambucana, a Casa Veneza e a firma Paschen & Companhia.
Durante a revolta popular, a Padaria Italiana muda seu nome para Padaria Nordestina.

Casa Veneza de: 

Francisco De Francisco Di Angelo

Diz o texto: Francisco De Francisco* Di Angelo, acatado chefe da grande Casa Veneza e que tem conquistado a simpatia geral do povo cearense pelo seu alto descortino e excelentes qualidades de lídimo cavalheirismo, dando mostras iniludíveis de um cidadão cônscio dos seus desígnios na sociedade hodierna, com toda a honestidade que lhe tem caracterizado os seus atos, haja vista a retirada, há 2 anos passados do sócio João Batista Madeira, que foi embolsado dos seus lucros e capital, na maior cordialidade, demostrando assim o seu carácter sem jaça e que pode muito bem servir de exemplo a todos quantos o conhecem e admiram. 

O comendador Francisco Ângelo, faleceu em Fortaleza em 09 de novembro de 1938.

* No livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, o nome está assim grafado: Francisco De Francesco Di Angelo.
Braz De Francisco Di Angelo

Diz o textoBraz De Francisco Di Angelo, da seção de compras, moço que se tem imposto a admiração dos súbditos deste estado nortista, sem distinção de classe, não só pela sua amabilidade com que trata a todos os seus amigos numa expansão de ânimos, afim de adquirir a máxima afluência à Casa Veneza, mas também pela correção nos seus negócios, dando um atestado eloquente na prática do desenvolvimento no comércio.

Salvador De Francisco Di Angelo

Diz o texto: Salvador De Francisco Di Angelo, encarregado da seção de vendas, onde tem firmado os seus propósitos de verdadeiro financista, fazendo inúmeras economias em benefício da Casa Veneza, atraindo assim amplas admirações dos seus co-sócios e da avultada soma da freguesia da dita casa, que lhe deve um padrão de glórias conquistando unicamente pelo seu esforço e invejável apetição para o cargo que lhe foi confiado.

Reclames da Casa Veneza ao passar dos anos



















"...Era assim o comércio de calçados em Fortaleza, nos idos de 45. Uma dúzia de sapatarias, todas de pequeno porte, calçavam os pés da população de nossa pequenina capital, de apenas duzentas mil pessoas.

As opções de modelos não eram tantas como hoje, não posso afirmar que fossem mais bonitos, uma coisa, porém, é certa: eram sapatos feitos para durar muito, para enfrentar o sol e a chuva. Havia muita camurça, combinações de camurça e pelica, camurça e gorgorão, verniz e camurça, fivelas, laços, saltos grossos, muito altos, inclusive, as famosas "plataformas" Carmen Miranda.

Algumas dessas casas sobreviveram, algumas até cresceram muito. Outras, morreram, definitivamente, deixando, nos saudosos, só uma grande nostalgia dos tempos em que até uma pequena sapataria tinha charme, porque a cidade era bela e romântica, cultivando a elegância até nas mínimas coisas."  
Marciano Lopes

O carinho dos cearenses pelo italiano Francisco Ângelo:



A loja da rua Major Facundo com Liberato Barroso. 
A foto é de 1983, de  Nelson Bezerra:

Prédio da rua Barão do Rio Branco nº1068, ainda com o nome da antiga Casa Veneza, onde antes esteve a loja A Cearense. O prédio é do arquiteto Sylvio Ekman:
Foto de  Felipe Camilo em 2013


O prédio na época da A Cearense



Créditos: Nirez, Portal da História do Ceará, Biblioteca Nacional, Royal Briar de Marciano Lopes e pesquisas pela internet.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Excelsior em detalhes - Parte II


Continuando a nossa viagem ao passado, não a bordo de uma máquina do tempo, mas adentrando no nosso querido Excelsior Hotel, do início da década de 30:


No primeiro andar funciona o Restô Paidégua e a sede do Consulado da Hungria (Porta ao fundo).


Vista do quarto onde esteve hospedada a aviadora Amélia Earhart

Foto feita do mesmo quarto por Amélia. A rua é a Major Facundo, antiga rua da Palma.



Detalhe da fachada pela Guilherme Rocha


Antigo eletroduto em ferro

 Botão do elevador 


Um dos extintores. O tempo parece que não passou...

Em cada andar, um detalhe diferente nas sacadas





 Um dos quartos do sexto andar


O guarda-roupa antigo


 Vista para a rua Major Facundo

  A Praça do Ferreira vista da sacada do hotel



Assim como as sacadas, alguns detalhes mudam de andar para andar, como o guarda-roupa.




Continua...

Leia:
Excelsior Hotel - 85 anos

Veja também a Parte I

Fotos: Rodolfo de Oliveira Paiva 
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