Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Teatro José de Alencar II


No final do século passado o quarteirão da Rua Liberato Barroso entre a Rua General Sampaio e a Rua 24 de Maio no lado sul da antiga Praça Marquês de Herval (atual Praça José de Alencar) era ocupado por apenas duas instituições, o Batalhão de Segurança (Polícia Militar) e a Escola Normal Pedro II. Em 1908 parte do prédio do Batalhão de Segurança foi cedido pelo Governo Estadual para a construção do Teatro José de Alencar.

A construção foi confiada ao Capitão Engenheiro Bernardo José de Mello, iniciando-se no dia 6 de junho de 1908. A inauguração oficial do Teatro José de Alencar, foi no dia 17 de junho de 1910, com a execução de hinos pela Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança, sob a regência dos maestros Luigi Maria Smido e Henrique Jorge Ferreira Lopes, logo após discurso proferido por Júlio César da Fonseca, que recebeu o presidente, comendador Antônio Pinto Nogueira Acioly. A parte metálica, no estilo art-nouveau, foi importada da Inglaterra, fabricada por Walter Max Farlene & Co., de Glasgow. As pinturas internas foram feitas por J. Paula Barros e R. Ramos.

A foto mais antiga (a primeira) data de 1931 e mostra o teatro bem conservado e com as características da época em seu redor, como as famosas "melindrosas" os automóveis conversíveis da época, o combustor a gás carbônico, enfim, uma atmosfera aconchegante.


A foto mais recente nos traz o mesmo teatro, após longa reforma feita pelo Governo Estadual através da Secretaria de Cultura e Desporto. As janelas que tinham sido alteradas em outras reformas voltaram à condição original. Na foto antiga os vizinhos do teatro eram a Escola Aprendizes Artífices, no antigo prédio do Batalhão de Segurança de um lado e, do outro, a Grupo Norte da Cidade, no prédio já reformado da antiga Escola Normal Pedro II. Na foto mais recente, o vizinho da direita já não existe, pois o jardim pertence ao próprio teatro e o vizinho da esquerda já é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.


O teatro e o Centro de Saúde ao lado

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Fonte: Portal da história do Ceará/Nirez

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma volta ao passado II


Rua Visc. Sabóia
A foto foi colhida da calçada da Igreja do Pequeno Grande na rua Coronel Ferraz, sendo retirada do "Álbum de Vistas do Ceará - 1908", editado por iniciativa da Casa Boris. A rua enfocada chamava-se Rua da Assembléia, por passar em frente à Assembléia Legislativa, prédio hoje ocupado pelo Museu do Ceará. Os trilhos que vemos são dos bondes de tração animal, da Companhia Ferro-Carril do Ceará. O prédio do lado esquerdo é o ainda existente e que na época abrigava o Instituto Jesus-Maria José, recém fundado. A casa da esquina ao lado direito era a casa do poeta José Albano, filho de Barão de Aratanha. A rua se chamou Travessa da Cacimba. A linha de bondes fazia esta curva sinuosa por vir do bairro do Outeiro (atual Aldeota) e seguir no rumo do centro da Cidade pela rua São José, passando em frente ao Palácio do Bispo, prédio hoje ocupado pela Prefeitura Municipal (Paço) e dobrando na Travessa Crato, hoje Rua Sobral.

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Rua Sena Madureira - Empresa Telefônica
Vemos na primeira foto, mais antiga, o prédio destinado à Companhia Telefônica em construção na esquina da Rua Sena Madureira com Rua Pedro Pereira, local onde se iniciam a Rua Pinto Madeira e a Avenida Visconde do Rio Branco, em frente aos fundos do Parque da Liberdade ou Parque da Independência, cujo muro vemos um trecho no lado esquerdo da foto. Do lado direito vê-se parte do prédio da 25ª Circunscrição de Recrutamento do Exército - 25ªCR. Por trás desse prédio havia um grande terreno baldio no qual os circos se instalavam. 




O prédio já terminado

Cruzamento curioso este aqui enfocado. A Rua Sena Madureira, que já deixou para trás a Rua Conde D'Eu e a Avenida Alberto Nepomuceno, termina aqui onde se transforma na Avenida Visconde do Rio Branco que no final transforma-se na BR-116. Por sua vez, a Rua Pedro Pereira que deixou para trás a Rua Júlio Pinto, termina aqui quando inicia-se a Rua Pinto Madeira que ainda terá mais dois nomes: Rua Torres Câmara e Rua Eduardo Garcia. Por trás desse prédio havia um grande terreno baldio, hoje nele foi levantado o Edifício do INSS. Na foto, o prédio no estilo Art-Déco. Notar a ausência no lado esquerdo do prédio do jornal "O Nordeste" que ainda não tinha sido construído e na direita a presença do prédio da 25ª Circunscrição de Recrutamento do Exército Brasileiro - 25ªCR. Nesta foto vemos ainda um combustor de iluminação pública a gás hidrogeno -carbonado na calçada inacabada do Parque da Liberdade

As duas fotos datam da segunda metade da década de 1930. (Créditos – Nirez)

A foto mais recente mostra do mesmo ângulo como hoje está o trecho, com o prédio enfocado nas duas outras fotografias já compondo um complexo juntamente com outros prédios construídos posteriormente, como o Edifício Murilo Borges ao seu lado esquerdo. A porta principal, que dava ao edifício um ar de imponência com sua escadaria foi transformada em janela, enquanto as outras agora têm aparelhos de ar condicionado. As janelas superiores foram fechadas com paredes. Seguindo-se pela Rua Pedro Pereira vemos o prédio que abrigou o jornal católico "O Nordeste", inaugurado em 25 de março de 1939 por muitos anos e nele hoje funciona um curso. Do outro lado da Rua General Bezerril, uma farmácia no local antes ocupado por um bangalô. Por trás, vemos parte do Edifício do INSS e do Edifício da própria Telemar. (Foto Arquivo Nirez)

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Rua Pedro Pereira esquina com a Rua Floriano Peixoto
Esta casa foi construída para residência, mas na época da foto, nela já estava funcionando o Instituto Brasil - Estados Unidos - IBEU, fundado em 9 de agosto de 1943, instalou-se no dia 25 de novembro do mesmo ano. Era a época da 2a Guerra Mundial e os Estados Unidos estavam em plena evidência. Mas a primeira sede do IBEU foi na esquina da rua Barão do Rio Branco com Rua João Moreira, passando depois para o prédio da esquina da rua General Sampaio com avenida Duque de Caxias, isto em 1945. Em 1951, no mês de julho passou para a casa da foto e de lá só saiu em abril de 1956, mudando-se para a Rua Solon Pinheiro nº 58. Surgiu então na casa, a fábrica de gelo de Luiz Frota Passos, ex-proprietário do bar "O Jangadeiro", o mais famoso no tempo da guerra, na praça do Ferreira, pioneiro em casas de empréstimo de mesas e cadeiras para festas, o Depósito OK. Quando esteve em Fortaleza o escritor Érico Veríssimo foi nesse prédio que proferiu várias palestras. Depois a casa foi demolida e em seu lugar foi construído o prédio que ainda hoje lá se encontra - esquina nordeste da Rua Floriano Peixoto com Rua Pedro Pereira - onde funcionou primeiramente a loja "Cruzeiro Floriano", seguida da "Nordeste Confecções". Outras casas comerciais passaram por ali como a "Porta jóia ótica", tendo na parte superior a "Assistência Técnica Seiko".Na época da foto existia os trilhos dos bondes elétricos. A placa indicadora da rua era bem grande e dizia: "Rua Marechal Floriano Peixoto". Na esquina da casa um cartaz de propaganda de um circo que estava na cidade, provavelmente no terreno que ficava na Rua do Rosário por trás da Prefeitura, onde hoje é o INSS, e, mais abaixo, uma propaganda, pichada, de Alísio Mamede.

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Rua Pedro Borges - Posto Mazine

A Rua Dr. Pedro Borges tem inicio na Praça do Ferreira, mais precisamente na Rua Major Facundo e vai até a Rua Sena Madureira, onde muda o nome para Rua dos Pocinhos; (antigo Beco dos Pocinhos). A foto antiga data de 1933, época em que era ainda novidade o posto de carros de aluguel "Mazine", do comerciante Waldemar Gomes Freire, conhecido por "Mazine", que durou até o início de década de 60 e que durante toda a sua existência só utilizou carros da marca "Packard". O escritório do posto e garage Mazine ficava onde é hoje a Casa Pio naquele quarteirão. Na antiga foto vemos a pavimentação de concreto, os trilhos e fios de bondes e um exemplar de bonde, além de um "auto-ônibus" da "Light". A iluminação pública era feita por combustores a gás carbônico e na foto vemos alguns. No fundo, está, em construção, o prédio que depois abrigaria o bar "O Jangadeiro" de Luiz Frota Passos (onde depois esteve a Farmácia Humanitária) principal nos tempos de guerra. Vizinho, o sobrado de esquina da década de vinte, onde funcionou o "Peixe-frito" ou "Trianon". Na dobra do lado direito da Rua Pedro Borges, logo após a esquina onde foi a loja "A Cearense", de Aprígio Coelho de Araújo, que depois (1939) se mudaria para a Rua Barão do Rio Branco, destaca-se o sobrado onde funcionava a famosa Padaria Lisbonense, que além do sobrado, ocupava também a casa de três portas vizinha pela direita. Em primeiro plano na foto, um guarda de trânsito característico da época, com quepe, túnica, culote e polainas.

A foto nova mostra a grande diferença de época pelos prédios, pela calçada, pelos postes e fios, sinalização, bancas de revistas, calçadões, novas lojas, iluminação a mercúrio, etc. Carnaubeiras enfeitam a nova praça e dois edifícios (espigões) servem de fundo. Na esquina agora estão as Lojas Leblon. Do lado direito temos hoje a Casa Amazônia; a Casa Pio, a Drogajafre, Via Sport e Leão do Sul. Do outro lado, onde foi A Cearense, hoje está uma loja do grupo C. Rolim e onde foi a Padaria Lisbonense hoje é o Shopping Lisbonense.

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Rua Major Facundo - Sobrado do Barão de Ibiapaba
Este bonito sobrado que vemos na antiga foto, que data de 1910, pertencia ao Barão de lbiapaba, cujo nome real era Joaquim da Cunha Freire, comerciante nascido em Caucaia em 18 de outubro de 1827, filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. O Barão de lbiapaba era irmão do Visconde de Cauípe. Através de sua atividade comercial, adquiriu grande fortuna e fez melhoramentos na Cidade. Foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, da Junta Comercial do Estado, da Caixa Econômica e do Monte de Socorro da Província, além de ter assumido várias vezes a presidência da Província, como Vice-Presidente que era. Em 1874 recebeu o título de Barão de lbiapaba. Faleceu no Rio de Janeiro, então Capital Federal, no dia 12 de outubro de 1907. Na fotografia antiga vemos o sobrado do Barão de Ibiapaba ao tempo em que nele funcionava a firma R. Guedes & Cia. de ferragens, louças, tintas e óleos. Pela Rua Major Facundo tinha o nº 46 e pela Rua Senador Alencar os nº 8. 10 e 12. Pela rua Senador Alencar, depois do sobrado, vêm várias portas que abrigavam casas comerciais até bem pouco tempo, a maioria negociando com artigos para sapateiros. Ao longe, vemos o telhado de ardósia do Palacete Guarani. Funcionou na esquina deste sobrado o Cartório Pergentino. O velho sobrado esteve ali até a década de 70, quando o deixaram destelhado e um dos invernos daquela década o fez ruir. O que há hoje no local, é o prédio do Banco Brasileiro de Descontos -Bradesco, que ocupa todo o quarteirão pela rua Senador Alencar. (Créditos – Nirez)

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Rua Coronel Ferraz - Escola de Jesus Maria José
A Escola de Jesus, Maria, José, consagrada aos meninos desvalidos, teve construção iniciada em 14 de setembro de 1902 e inaugurada no dia 22 de janeiro de 1905, sob os auspícios de Dom Joaquim José Vieira, Bispo do Ceará. A foto antiga, que data de 22 de janeiro de 1905, dia da inauguração do estabelecimento, conseguimos através de cartão postal da época, propriedade da "Libro-Papelaria Bivar". Devido à quantidade de pessoas que estão em frente ao prédio, não nos é possível ver o muro com grades de ferro que havia então e que hoje não mais existe. A casa ainda existe, mas sem o muro da frente, como já dissemos acima. A casa já foi Serviço de Profilaxia, Cine Paroquial, auditório da Rádio Assunção Cearense, que tinha seus estúdios vizinho, pela Rua Visconde de Sabóia, Organizações O Gabriel, a Marcosa, firma de venda de equipamentos pesados para agricultura, como tratores e hoje é a Escola Nossa Senhora Aparecida. Vemos em frente à curva dos trilhos dos bondes de tração animal que faziam a linha do Outeiro (atual Aldeota), vindo do centro da Cidade pela atual Rua Sobral, passando em frente ao Palácio do Bispo (hoje Paço Municipal), entrando na Rua São José, dobrando na Rua Visconde de Sabóia, Coronel Ferraz, que é esta da foto e seguindo pela Avenida Santos Dumont .

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Rua Baturité esquina com Rua Franco Rabelo
Os bairros em Fortaleza nunca foram bem definidos, não se sabendo onde iniciam nem até onde vão. A Prainha, ou Outeiro da Prainha era um bairro que ficava em redor do Seminário, indo até a atual Avenida Pessoa Anta, Alberto Nepomuceno, Pereira Figueiras e Nogueira Acioli. Na verdade, existiam a Prainha e o Outeiro da Prainha. Esta foto antiga data de aproximadamente 1948. O muro que está em primeiro plano ficava na antiga Rua Franco Rabelo, onde só existiam pensões de mulheres, cabarés e os "chatôs", hoje chamados de motéis, além de um posto policial. A rua começava na então Travessa Baturité e se estendia até a Praça do Cristo Redentor, seguindo com o nome de Avenida Monsenhor Tabosa. A rua que vemos em ladeira era a citada travessa Baturité, que nascia na Rua José Avelino e terminava na Rua Rufino de Alencar. Ao longe, vemos o prédio da Secretaria da Fazenda, chamada na época de Recebedoria do Estado. Por trás, o mar, onde é visto o pontilhão de pedras que fica hoje ao lado da indústria naval ali existente. Era o Poço da Draga e a Praia Formosa. Os telhados que vemos são das casas que dão para a travessa Baturité, a rua José Avelino e para a avenida Pessoa Anta.Com a abertura da Avenida Castelo Branco, que ficou conhecida popularmente por Leste-Oeste, a Rua Franco Rabelo praticamente desapareceu, restando apenas uma de suas placas, pois suas casas do lado Sul passaram a ser da avenida e as do outro lado foram demolidas. A travessa Baturité hoje é Rua Baturité, que foi cortada pela avenida. As casas no final da rua Baturité eram o boteco do Mane Bofão, com a tradicional panelada e o botequim Porta Aberta. A panelada do Mane Bofão já vinha do início da Avenida Alberto Nepomuceno e depois se mudou para a parte de cima da rua, em frente à casa do musicólogo Christiano Câmara (nº 162) e o Porta Aberta foi para o nº 41. Na foto vemos um auto-ônibus; da época, com carroçaria de madeira feita em Fortaleza, sobre carcaça de velho caminhão.

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Rua Barão do Rio Branco esquina com Rua João Moreira
Este é o primeiro quarteirão da Rua Barão do Rio Branco logo após a Santa Casa de Misericórdia. Atualmente é Rua Barão do Rio Branco com João Moreira. A casa que vemos à esquerda (uma parte) na foto antiga, que data de 1905, era o Hotel Popular. Do lado direito vemos a casa da esquina, que serviu de sede do Teatro São Luiz, de Joaquim Felipe de Meio. Foi ali que esteve, em 21 de julho de 1882 o maestro Carlos Gomes. Em 1896 o teatro fechou e o Dr. João Moreira passou a residir na casa. Daí seu nome na rua que corta perpendicularmente a Rua Barão do Rio Branco. A casa vizinha foi construída no ano em que o teatro fechou, 1896 e serviu como residência. Nela morou, já nas décadas de 30 e 40 do século passado, o compositor e teatrólogo Paurilo Barroso, que ali instalou a Sociedade de Cultura Artística, que tantos serviços prestou à nossa terra no âmbito da cultura. Quando Paurilo mudou-se ali se Instalou a Câmara de Vereadores de Fortaleza. Na terceira casa, a escura, de três portas, nasceu o escritor Gustavo Barroso. Seguem-se várias casas, todas térreas e que eram residências. À frente da casa listrada, está um bonde de tração animal, da Companhia Ferro Carril do Ceará. Eram bondes puxados por burros, variando em tamanho e quantidade de muares. Existiam os de uma e os de duas parelhas de burros.

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A foto antiga data de 1905 e mostra a atual Rua Almirante Jaceguai vista da Avenida Leste Oeste, ou começo da Avenida Monsenhor Tabosa, olhando para o lado do mar. Do lado esquerdo, o oitão da casa construída no século passado pelo senhor José Pio de Farias, que era agente do Loyd Brasileiro. A casa tinha uma torre de onde ele observava a saída e chegada de navios. Depois a casa foi vendida para o engenheiro inglês Francis Reginald Hull, conhecido apenas como Mister Hull e que hoje é nome de Avenida em Fortaleza. Ele aproveitou a torre para fazer suas observações astronômicas e meteorológicas, fazendo-se autoridade em estudos climáticos do Nordeste. No horizonte, vê-se um navio, já que o porto era a ponte de desembarque que ficou conhecida como Ponte Metálica. A rua, na fotografia antiga, tinha, no meio da ladeira, vários degraus. Na época havia somente bondes de tração animal e não havia nenhuma linha que fosse até ali, mas no período dos bondes elétricos uma linha ia até os degraus e tinha o destino "Prainha", era da companhia Inglesa "The Ceara Tramway Light & Power Co".

Saiba mais sobre essa rua Aqui

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RFFSA - Estrada de ferro de Baturité - Administração
Em 1908 a firma Boris Frères presenteou Fortaleza com dois álbuns impressos na França, mais precisamente em Nice, com dezenas de fotografias de Fortaleza e algumas do interior do Estado. O álbum grande tinha dezesseis páginas com dez fotos cada uma, num total de 160 fotos e o pequeno era exatamente a metade. Entre as fotos, acha-se esta, do prédio da administração da Estrada de Ferro de Baturité, depois Rede de Viação Cearense (RVC), Rede Ferroviária S/A (RFFSA), Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) e hoje Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), construído no antigo local do Cemitério de São Casemiro. A fotografia antiga que deve datar de 1905 mostra um prédio com a pintura muito usada antigamente, com listras horizontais de cores contrastantes alternadas. A parte do segundo pavimento era menor que a do primeiro. Em 1922 houve algumas reformas para a comemoração do Centenário da Independência e este bloco foi um dos que sofreram reforma, sendo aumentado o pavimento superior, modificada a entrada, sendo aproveitado do velho prédio as partes básicas. Naquela época as linhas de trens saíam da Estação João Felipe e dobravam na atual avenida Tristão Gonçalves e por ela seguiam até encontrar-se com os atuais trilhos na altura da Rua Padre Cícero, na época a "parada do Amaral". Daí a passagem de trilhos na foto antiga. Outra linha saía por trás da Estação e descia até a praia, passando pela Secretaria da Fazenda e Alfândega, indo até a Ponte Metálica. Em 1917 os trilhos começaram a ser colocados no Jacarecanga e depois foram retirados da chamada "Trilho de Ferro", atual Tristão Gonçalves, indo por onde ainda hoje vão, para desafogar o centro da cidade. Ironicamente, o Metrofor vai restabelecer o antigo caminho, só que subterraneamente. Ainda hoje o prédio é ocupado pela administração da RFFSA - o que resta - e o pátio em frente e ao lado serve de estacionamento para funcionários e visitantes.

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Praça José de Alencar - Fênix Caixeiral
No dia 24 de maio de 1891 um grupo de empregados do comércio de Fortaleza se juntou e fundou uma associação a que deram o nome de Fênix Caixeiral. Aquela época, os vendedores em casas comerciais tinham o nome de caixeiros. A entidade tinha de tudo para atendimento a seus sócios e funcionava como um instituto de previdência já que na época tal não existia. Em 1905, no dia 24 de junho, inaugurava-se a sede própria, na Praça José de Alencar, na esquina da Rua General Sampaio com Rua Guilherme Rocha. Em 1915, no dia 24 de junho, foi inaugurada a segunda sede, desta feita na esquina da mesma Rua Guilherme Rocha com a Rua 24 de Maio. Nos dois prédios funcionavam a Escola de Comércio (a primeira de Fortaleza a ter aulas à noite), o Cine-Teatro Fênix, a Biblioteca Social, o Pátio de Diversões, o Campo de Cultura física, Assistência Médica, Dentária e Judiciária, o Tiro de Guerra, o Dispensário Profilático e, a partir de 1926, o Banco de Crédito Caixeiral. Durante a revolução de 1930, manteve a Guarda Cívica Fenista. No prédio da Fênix Caixeiral funcionou, além da própria entidade, o Centro dos Inquilinos, a Associação Comercial do Ceará, o Instituto Politécnico, a Associação dos Jornalistas Cearenses (ACJ), hoje Associação Cearense de Imprensa (ACI), além de muitas outras atividades ali exercidas, como impressão de jornais, funcionamento de academias e instalação de sociedades. Lá também funcionou o serviço de telégrafo de Fortaleza. Na foto vemos em primeiro plano parte da Igreja do Patrocínio, cuja pedra fundamental foi lançada em 2 de fevereiro de 1850 e em seguida o primeiro prédio da Fênix Caixeiral, inaugurado em 24 de junho de 1905. (Créditos – Nirez)

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Praça do Ferreira - Ensino Mútuo
Em 1828 a Praça do Ferreira era um campo de areia com um pequeno poço no centro, construído pelos flagelados das secas de 1877 a 1879. Foi neste ano que a Junta da Fazenda Nacional tomou a iniciativa de mandar construir uma casa para abrigar a nova aula do Ensino Mútuo de Fortaleza, sendo escolhido o local da esquina da Rua da Alegria (Rua Floriano Peixoto) com Travessa 24 de Janeiro (Rua Guilherme Rocha), onde fica hoje o Palacete Ceará. Na época a praça era conhecida por Praça das Trincheiras. Mas o local não foi bem aceito pelos componentes da Câmara por vários motivos, entre eles os de ficar longe da cidade e por ser do lado do sol. Mas apesar disto o prédio foi construído ali e foi inaugurado no dia 5 de fevereiro de 1829. Em 1863 houve uma remodelação e em 1890 foi entregue à Guarda Civil para servir de quartel. Em 1897 foi aumentado o prédio pelo lado da atual Rua Guilherme Rocha. Em 1913 o coronel José Gentil de Carvalho construiu um prédio nos fundos do quartel, permutando pelo prédio da corporação, com o Governo do Estado. Manda demolir o velho prédio e em seu lugar ergue, em 1914, com planta do arquiteto João Sabóia Barbosa, o "Palacete Ceará", construído por Eduardo Pastor. No prédio de trás o "Palacete Fortaleza", passou a funcionar a Chefatura de Policia e depois, quando esta se mudou para a Praça dos Voluntários, funcionou ali o "Café Brasil". Em 1946 a Caixa Econômica Federal adquiriu os dois prédios e logo se instalou ali, onde tinha estado por vários anos o Clube Iracema e o "Rottisserie Sportman" de Efrem Gondim. A porta que vemos à distância fechando a rua, era do Palácio da Luz, então sede do Governo, parcialmente demolido, abriga hoje a Academia Cearense de Letras. Vemos também a copa do "oitizeiro do Rosário". Estão presentes os trilhos dos bondes de tração animal. (Créditos – Nirez)

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Ponte Metálica (Antiga) - Praia de Iracema
Em 18 de dezembro de 1902, foi fincada primeira estaca da Ponte Metálica, pela firma Walter Max Floriano & Cia., de Glasgow, Inglaterra, com estrutura metálica importada de Londres, lastro de madeira, que serviria como porto por mais de 20 anos. A construção da ponte esteve a cargo dos engenheiros Hildebrando Pompeu e Roberto Bleasby vindo do Pará em 1893 fixando-se aqui, segundo planos do engenheiro Domingos Sérgio Sabóia. Era para facilitar o movimento de pessoas e cargas no porto de Fortaleza ao tempo da administração do presidente Campos Sales. A construção só foi concluída em 26/05/1906. A Ponte Metálica era dotada de escada móvel para subida e descida de passageiros que não merecia a menor segurança, e guindastes para as cargas de mercadorias. Os navios ficavam ao largo enquanto lanchas, botes e alvarengas faziam o percurso entre eles e a ponte. Foi o 4º trapiche que Fortaleza conheceu, sendo o 1º em frente ao Seminário.Inaugura-se, no dia 24 de janeiro de 1928, a nova Ponte Metálica, agora denominada Viaduto Desembargador Moreira da Rocha, homenagem ao governador do Estado, que a inaugurou. O monsenhor Tabosa Braga deu a bênção. Usou da palavra, o engenheiro construtor da obra, Francisco Sabóia de Albuquerque da Inspectoria Federal de Obras Contra as Secas - IFOCS (atual Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS). A antiga ponte era de ferro com lastro de madeira, sendo depois esse lastro substituído por um de ferro, daí o nome de Ponte Metálica. Esta, inaugurada, era de concreto armado, a mesma que ainda hoje lá está caindo aos pedaços. Inaugura-se, na noite do dia 20 de janeiro de 1932, a iluminação a gás no Viaduto Desembargador Moreira da Rocha (Ponte Metálica). No dia 25 de dezembro de 1947, o serviço de embarque e desembarque marítimo, de passageiros e cargas, passa a ser feito no Porto do Mucuripe, ainda por meio de botes e alvarengas, até que as obras permitam a atracação dos navios. É desativado o antigo porto, ou seja, o "molhe de desembarque", que era a Ponte Metálica, oficialmente, Viaduto Moreira da Rocha. Em 26 de abril de 1954, são retirados os guindastes da Ponte Metálica, antigo molhe de desembarque de Fortaleza. (CRÉDITOS: Nirez)

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Palacete Guarani / Bco dos Importadores / Bec
A foto data de 1910. É o palacete Guarani, construído e inaugurado em 20 de dezembro de 1908, funcionando nos altos a Associação Comercial do Ceará e no térreo o London Bank a partir de 1910. Naquela esquina, ficava antes o matadouro de Fortaleza, cujo caminho para o mercado era chamado de Rua das Hortas (Rua Senador Alencar). Depois, foi construído no local o sobrado do coronel José Eustáquio Vieira, onde residiu o comendador Luiz Ribeiro da Cunha, seu genro, até incendiar-se em 1902. O terreno foi então adquirido pelo Barão de Camocim que trouxe de Paris uma planta e fez construir o Palacete Guarani. Como o Barão de Camocim era o presidente da Associação Comercial, a mesma passou a funcionar ali, nos altos. Em 1925 o London Bank deixa o prédio e o Banco dos lmportadores passou a funcionar na parte térrea e o Clube dos Diários nos altos. Lá também esteve a Boate Guarani. Depois o prédio foi adquirido pelo Estado que logo fez uma reforma, tirando o canto agudo da esquina, cortando com uma diagonal, fazendo nesta parte duas portas, uma térrea e outra no pavimento superior. Lá passou a funcionar a Agência Metropolitana Castelo Branco do Banco do Estado do Ceará (BEC). Ainda existe uma parte do prédio que foi alterada e esteve alugada à firma "La Fonte".

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Igreja do Patrocínio - Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio
A foto data de 1938 e mostra a Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio, na praça José de Alencar. Em primeiro plano, a herma de J. da Penha, que ali esteve por muitos anos e hoje se encontra na Praça José Bonifácio. Ao lado do templo, vemos parte do muro do antigo prédio da Fênix Caixeiral. Pés de oitis, mongubas, castanholas e fícus-benjamin enfeitavam as praças de Fortaleza àquela época e eram bem cuidados, podados regularmente. Os jardins também eram bem cuidados, pois não havia a quantidade de transeuntes nas ruas e praças nem vendedores ambulantes como hoje. A Iluminação pública era feita por lâmpadas incandescentes desde 1935, quando aquelas substituíram o gás carbônico. Em 1849 o cabo de esquadra Fortunato José da Rocha disparando um tiro contra o capitão Jacarandá, acertou no joelho do alferes Luiz de França Carvalho. Este, vendo em perigo sua vida, fez voto a Nossa Senhora do Patrocínio que se escapasse mandaria construir uma Igreja em sua homenagem. No dia 2 de fevereiro de 1850 era lançada a pedra fundamental. A planta da igreja foi do mestre Antônio da Rosa e Oliveira. O templo levou cinco anos para ser construído e só foi terminado pelo esforço do cônego João Paulo Barbosa, seu primeiro vigário.

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Praça e igreja do Mondubim
Na época da foto antiga, que não está muito distante, pois a foto data do final da década de trinta, Mondubim era apenas um caminho do trem, existindo apenas uma estação, uma rua de casas e a igreja que data de 1908. O chafariz que vemos em primeiro plano foi levado da antiga praça José de Alencar (não confundir com a atual que ficava no local onde hoje está a agência do Banco do Brasil, em frente á praça Valdemar Falcão, próximo do prédio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT), quando foram desmontados os grandes mercados de ferro e transferidos para a praça São Sebastião e Aldeota (Pinhões). Depois o da praça São Sebastião foi transferido para a Aerolândia, onde ainda se encontra. O chafariz em Mondubim já tinha seu teto alterado. Os tempos mudaram e as árvores daquela época todas já desapareceram, talvez no tempo do aparecimento dos "lacerdinhas", insetos que habitavam os pés de "ficus benjamim" e que eram uma verdadeira praga, principalmente quando atingiam os olhos de alguém. Na época, as autoridades acharam mais fácil destruir todos os pés de "ficus" do que matar os insetos com inseticidas apropriados. Todos os benjamins de Fortaleza sumiram, com raríssimas exceções. (Créditos – Nirez)

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Av. da Universidade -Benfica / Antiga Visconde de Cauipe
A Rua General Sampaio, que já se chamou rua da Cadeia, ao chegar no cruzamento com a rua Antônio Pompeu, muda de nome, embora a numeração prossiga normalmente. Já se chamou de Benfica e foi Boulevard Visconde de Cauípe e hoje é Avenida da Universidade. Eram comuns na Fortaleza antiga, casas pintadas com listras horizontais, como o estabelecimento de Frota Gentil, a casa do Barão de Camocim, as casas da Estrada de Ferro de Baturité, a casa da Barão do Rio Branco que abrigou a Câmara de Vereadores, etc. Esta casa também era assim, listrada. A Casa da Avenida da Universidade nº1940, objeto de nossa foto, foi residência do advogado Adolfo de Moraes Campelo, casado com Francisca Nepomuceno de Castelo Branco Campelo. A foto antiga data de 1913 e mostra o prédio ainda muito bem conservado, novo mesmo, tendo pelo seu lado direito, algumas casas de telhado beira-e-bica, onde nasceu, na primeira, o compositor e pianista Lauro Mala, no ano desta foto. Na época ali já tinha bonde elétrico, pois estão presentes os trilhos e os fios. As ruas àquela época eram bastante baixas em relação às calçadas e a coxia (sarjeta) ficava um pouco distante da calçada, talvez pela Irregularidade das mesmas tanto em altura como em largura.

A fotografia atual mostra o prédio com algumas modificações na entrada, como a coluna central que desapareceu para alargamento do portão e o abaixamento de uma delas para ficarem todas na mesma altura. As ranhuras das fachadas, inclusive as do porão, foram retiradas. Os prédios vizinhos já foram reformados. Nesta casa funcionou, por muitos anos, o Ginásio Fortaleza, hoje funciona a Clínica Godoy Moreira, de ortopedia, traumatologia e fisioterapia. (Créditos – Nirez)

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Trajeto linha Benfica Bonde elétrico da Light que fazia a linha Benfica. -Arquivo Assim Lima

Percurso dos Bondes do Benfica: Saía da Praça do Ferreira em frente ao Rotisserie, hoje Caixa Econômica e seguia pela rua Floriano Peixoto, Guilherme Rocha, General Sampaio, Av. Visconde do Cauipe até a esquina com Adolfo Herbster.
De volta vinha pela Visconde do Cauipe e na rua General Sampaio entrava à direita na rua Clarindo de Queiroz, seguindo por trás da Igreja do Carmo para entrar a direita na rua Floriano Peixoto até chegar a praça do Ferreira. (Texto: Nirez)


Créditos: Blog do Borjão, Nirez e Portal da história do Ceará

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Maternidade escola

Um acontecimento festivo, hoje, em Fortaleza: começa a funcionar, oficialmente, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. Às 16 horas, perante altas autoridades e convidados especiais, realizar-se-á a anunciada solenidade, que marcará a entrega do moderníssimo conjunto hospitalar ao serviço do povo de Fortaleza. No decorrer da semana, foi assinado convênio entre a Universidade e a entidade mantenedora da Maternidade, através do qual foram assegurados os recursos necessários ao seu funcionamento imediato.
Jornal O Povo (16 de janeiro de 1965)



A Campanha em prol da construção da Maternidade Popular (Escola) foi lançada oficialmente na capital cearense na noite de 28 de maio de 1955, pelo sr. João de Medeiros Calmon, no momento em que era lhe prestado um banquete que reuniu representantes de todas as classes sociais do Ceará, uma grande homenagem por motivo de sua recente ascensão ao posto de Diretor Geral dos Diários, Rádios e TV Associados.

Ao agradecer a expressiva manifestação, o sr. João Calmon valeu-se da oportunidade para anunciar o início do movimento, há muito concebido e que logo mais iria empolgar, como um formidável incêndio de generosidade e amor ao próximo, a alma dos filhos do Ceará, não apenas no seu próprio estado natal como também em todos os recantos do Brasil por onde se espalha essa raça de verdadeiros heróis na luta contra as adversidade que flagelam o Nordeste.

O APELO DE JOÃO CALMON

Do discurso do Diretor Geral dos "Diários Associados", pronunciado no banquete do Ideal Clube, extraímos o seguinte trecho em que ele explica os motivos do empreendimento de que se tornou pioneiro:

Os "Diários Associados", não apenas como já disse alguém, a maior e melhor escola de jornalismo do Brasil. Em nossa organização formaram-se ou se aperfeiçoaram alguns dos mais fulgurantes jornalistas do nosso país. Os D. A. são também graças ao exemplo de seu inspirador, o sr. Assis Chateaubriand, uma inexcedível escola do espírito público. No plano nacional promovemos a Campanha Nacional de Aviação, a Campanha de Redenção de Criança, a Campanha de Recuperação do Solo, a Campanha de Formação de uma Elite e fundamos o Museu de Arte de São Paulo. No plano estadual além de numerosas iniciativas em outras unidades da Federação, orgulhamo-nos de nossa campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e vamos iniciar, agora mesmo, uma outra maior envergadura.
No terreno da assistência social, Fortaleza é de uma pobreza constritora. São Luis, Teresina, João Pessoa, Natal, Campina Grande e o Crato possuem maternidades para as gestante pobres que colocam a nossa capital numa situação humilhante. Visitando freqüentemente aquelas cidades e impressionado com o escandaloso contraste entre o luxo e o número de nossos Clubes elegantes e a nossa falta de maternidade, estudei com os companheiros cearenses a possibilidade de promovermos uma intensa campanha para solucionar, pelo menos parcialmente, esse angustioso problema social, cujos detalhes arrepiantes eu me permito omitir num momento tão festivo com este, mas que serão focalizados através da Ceará Rádio Clube, do " Unitário" e do "Correio do Ceará".



"Em vez de criticar os arrojados cearenses a quem devemos a construção de alguns dos mais belos clubes elegantes do Brasil, precisamos utilizar os seus métodos e aproveitar a sua experiência na arrecadação de recursos financeiros para obras de vulto, como a da futura Maternidade Popular de Fortaleza. Contando com o apoio do comércio e da industria e de todos os cearenses, inclusive dos que vivem em outros Estado e que serão convocados pelos "Diários Associados" através de uma campanha de âmbito nacional, de que participarão nossos jornais, revistas e estações de rádio e televisão, o sucesso da iniciativa está assegurado. Nem a atual crise financeira prejudicará os nossos planos. As contribuições serão pagas em módicas prestações mensais, de acordo com a possibilidade de cada um. Na campanha em favor da Santa Casa, comprovamos como é impressionante o apoio do povo aos movimentos filantrópicos. Nada menos da metade do total arrecadado era constituída de quantias inferiores a quinhentos cruzeiros".


"Seguindo a orientação "associada" de não limitar a nossa atuação à exploração comercial de jornais e rádios e aproveitando a presença, neste banquete, das figuras mais representativas da sociedade cearense, lanço as bases dessa nova campanha, subscrevendo, desde logo, em nome da Ceará Rádio Clube, do "Correio do Ceará", do "Unitário" e da Rádio Araripe do Crato, uma contribuição de cinqüenta mil cruzeiros. Para dirigir a campanha em prol da Maternidade Popular de Fortaleza será constituída uma Comissão Central, com a participação das personalidade de maior destaque do Ceará e na qual figurará, como representante dos "Diários e Rádios Associados", o nosso diretor-presidente, o querido Dioguinho de todos nós, que encarna uma das melhores tradições da filantropia da família cearense". 



A CULPA QUE NÃO SE DESCULPA

A ideia, com não podia deixar de ser, mereceu de pronto o mais entusiástico aplauso e o apoio mais vibrante de toda a comunidade cearense que, pressurosa, acorreu àquele grito de mobilização destinado a redimir Fortaleza de um pecado imperdoável. Através de uma vasta ofensiva publicitária em que foram apresentados os aspectos mais doloroso do drama da mãe pobre, as emissoras e os jornais "associados" criaram, em pouco tempo, uma nova mentalidade coletiva, mais esclarecida e mais familiarizada com os gravíssimos problemas decorrentes da falta de assistência clínica e hospitalar às gestantes sem recursos. O assunto foi debatido com realismo, surgindo, então, revelações que chocaram e comoveram profundamente o povo da grande terra nordestina, sempre disposto aos maiores sacrifícios nas suas cruzadas de solidariedade humana. Fortaleza, grande e moderna cidade, famosa inclusive por ser a sede de alguns dos mais belos e suntuosos clubes recreativos do país e com uma população superior a 300.000 habitantes, não dispunha - como ainda não dispõe - senão de pouco mais de uma centena de leitos para atender às gestante pobres, que integram a grande parte de sua população feminina adulta. Os índices de mortalidade infantil sobem a cifras espantosas, como demostram as estatísticas oficiais. Basta citar como exemplo que, em 1946 registrou o Departamento Estadual de Saúde, somente no município da capital, um total de 2.253 óbitos de crianças entre 0 e 1 ano de idade. Em 1956 o número de "anjinhos" subiu para 4.826 - mais do que o dobro à 10 anos atrás! O coeficiente de mortalidade infantil (por 1.000) se elevou de 195,04 em 1946 para 274,57, em 1956 - isto levando-se em conta apenas o que pode apurar, com as naturais deficiências do controle, o serviço de estatística da repartição oficial do Estado.



UM MILHÃO POR DIA

Fortaleza foi posta em confronto com outras capitais nordestinas menos populosas e menos desenvolvidas. Os órgãos "associados", nas sua tarefa de esclarecer completamente o povo, publicaram, em junho de 1955, os seguintes dados do IBGE, num artigo do sr. Adolfo Frejat, então Inspetor Regional de Estatística:

"Para se ter uma ideia da insuficiência de leitos nas maternidades de Fortaleza, basta lembra que, em 1950 Natal (R.G. do Norte) contava com 158 leitos em, suas maternidade; João Pessoa (Paraíba) dispunha de 176 enquanto que em Fortaleza, não excedia de 129 o número de leitos.

A nossa posição de inferioridade nesse tocante, fica perfeitamente caracterizada ao compararmos, já não digo a população total das três capitais, mas a população feminina de 15 a 49 anos, isto é, o número de mulheres em idade fecunda.

De acordo com o censo de 1950, havia àquela época em Natal, 30.057 mulheres de 14 a 49 anos; em João Pessoa, 34.480 e em Fortaleza, 77.819 mulheres em idade fecunda.

Como se verifica, a população feminina de 15 a 49 anos de idade encontrada em Fortaleza é superior à soma da população de igual sexo e grupo de idade existente em Natal e João Pessoa, enquanto que o número de leitos nas maternidades de qualquer das citadas capitais vizinhas é superior ao número de leitos de Fortaleza.

Se considerarmos as mulheres casadas entre 15 e 49 anos de idade, teremos para Natal, 15.645, para João Pessoa, 15.943, e para Fortaleza, 37.859, total este também superior à soma das duas primeiras capitais.

No anos passado 10.069 parturientes ocuparam os 138 leitos existentes para tal fim nas organizações hospitalares de Fortaleza. Aquele total indica perfeitamente, que, em média, cada um dos 138 leitos será ocupado, em 1954, por 73 parturientes inferindo-se, daí a permanência de cada gestante durante 5 dias nas Maternidades.

A taxa de natalidade em Fortaleza é de 46 nascidos vivos para cada 1.000 habitantes; a taxa de fecundidade feminina é de 159 nascidos vivos por 1.000 mulheres de 15 a 49 anos; a taxa de mortalidade infantil é de 236 falecidos no primeiro ano de idade, por 1.000 nascidos vivos.

Taxas elevadíssimas de natalidade e fecundidade feminina comparativamente às demais capitais brasileiras. Que de benefício não trará a Fortaleza a Maternidade Popular em projeto, inclusive o de fazer baixar a não menos elevada e deprimente taxa de mortalidade infantil!"



O povo e o governo sentiram na própria carne a urgentíssima necessidade de um estabelecimento hospitalar que viesse corrigir tão constrangedora situação. E imediatamente cerraram fileiras sob a bandeira dos Diários Associados numa das mais espetaculares "corridas" de filantropia de que se tem notícia em nosso país. Quarenta e oito horas depois do discurso do sr. João Calmon (pronunciado numa noite de sábado) mais de 1 milhão de cruzeiros já haviam sido subscritos para a construção da Maternidade Popular (Escola). Todas as entidades de classe, culturais, artísticas e sociais de Fortaleza bem como as grandes firmas do comércio e da indústria, assim como os poderes públicos, as personalidades de maior relevo do Estado e a grande massa anônima do povo ofereceram seus donativos numa impressionante demonstração de generosidade e altruísmo. Nos cinco primeiros dias da campanha a média das subscrições foi de um milhão de cruzeiros diários.

O movimento se ampliou então para fora das fronteiras do Estado. Cearenses residentes em todos os rincões da pátria ouviram a convocação dos Diários Associados e atenderam com alegria ao convite que lhes era dirigido no sentido de que ajudassem a redenção da mãe pobre de Fortaleza. A colônia do Rio de Janeiro (inclusive os deputados e senadores pelo Ceará) ofereceu em apenas doze dias nada menos que cinco milhões de cruzeiro. Substanciais donativos também foram recebidos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Amazonas, Pará, Pernambuco, etc.



COMEÇA A CONSTRUÇÃO

A Sociedade Pró-Construção da maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, constituída logo nos primeiros dias depois de lançado o movimento e integrada por destacadas personalidades da vida cearense, pode então marcar a data do lançamento da pedra fundamental. A 3 de março de 1956, em memorável solenidade pública, começou a segunda etapa da Campanha, ou seja, a da construção efetiva do belo e funcional edifício projetado de acordo com a mais moderna técnica hospitalar dos nossos dias. Falando durante o ato, o sr. João Calmon anunciou que o Diretor dos Diários Associados, sr. Assis Chateaubriand, resolvera doar, como contribuição pessoal, um Posto de Puericultura destinado aos filhos das mães pobres que vierem a nascer na maternidade. E, ao concluir, afirmou:

"Esta pedra fundamental vale para mim como a reafirmação do compromisso ou do solene juramento que a casa da mãe pobre do Ceará, com mais de cem leitos, abrirá dentro de poucos anos suas portas, impedindo que se abram com a mesma alarmante freqüência de hoje, sepulturas de " anjinhos", sacrificados pelo egoísmo e pela imprevidência dos homens que se divertem à beira do abismo de uma crise social sem precedentes".
As obras tiveram início imediatamente, não sendo mais interrompidas até hoje. Dia a dia se avoluma a grande estrutura de cimento armado do bairro de Porangabussu.

UM APELO AOS SUBSCRITORES

Em novembro do ano passado, a Sociedade Pró-Construção da Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza publicou nos jornais "associados" do Rio, Ceará e outros Estados em dramático apelo, ainda hoje oportuno, de vez que persiste a mesma dificuldade a que então se referia, ou seja, o atraso no pagamento de muitas das contribuições oferecidas. Damos a seguir alguns trechos dessa mensagem enviada aos generosos subscritores da campanha em prol da Maternidade:

"Eis porque achamos de vir a público nesta oportunidade, para dirigir um veemente apelo a todos os bons cearenses que atenderam à convocação dos "Diários e Rádios Associados", no sentido de que não deixem que atrasem as suas contribuições para as obras da maternidade.

Baseados no total de donativos subscritos tanto pelos poderes públicos (inclusive as quotas anuais dos deputados e senadores que integram a bancada cearense nas duas casas do Congresso nacional), como pela iniciativa particular, é que nos foi possível projetar a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza nas proporções em que a estamos construindo, para que ela seja realmente uma obra definitiva, no setor da assistência hospitalar em que se integra e constitua, como de fato vai constituir, muito em breve, um motivo a mais de legítimo orgulho para todo o povo do Ceará. Não incorremos em nenhum exagero quando afirmamos que esse notável estabelecimento será, no seu gênero, um dos mais modernos e eficientes de todo o país."



AMEAÇA DE COLAPSO

"A Sociedade Pró-Construção da Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, além do apelo público que ora transmite a todos os que subscreveram donativos, vai dirigir-se individualmente a cada um dos que se alistaram nesta meritória cruzada de salvação pública que redimirá a nossa terra de um dos pecados mais vergonhosos. Os governos federal e estadual, as bancadas dos diversos partidos nas casas do Legislativo estadual e municipal, os representantes do povo no Senado e na Câmara Federal, as grandes e pequenas organizações do comércio e da Indústria, as instituições representativas de todas as classes sociais, os cearenses, enfim, que dentro e fora do Ceará, fizeram questão de acorrer ao grito mobilizador de João Calmon, através dos "Diários Associados" - todos os que contribuíram, os que estão contribuindo e os que ainda vão contribuir, tomarão conhecimento detalhado das dificuldades com que nos defrontaremos em futuro bem próximo se não se mantiver em nível regular o montante das amortizações mensais de seus donativos, generosa, espontânea e publicamente oferecidos.

Se muita coisa já foi feita, até agora, muito mais ainda falta realizar para chegar ao objetivo sonhado. Nenhuma dificuldade nos desanima, nenhum obstáculo será capaz de deter essa marcha que iniciamos ao lado de todo o Ceará, povo e governo unidos numa arrancada fulminante para a solução do problema mais revoltante e mais deprimente de Fortaleza dos nossos dias."

DEEM-NOS A FERRAMENTA !

"Chegou o momento de dizer: cada um cumpra o seu dever. O atraso das contribuições ameaça perigosamente a continuação das obras, e não podemos quedar indiferentes ante a possibilidade de um colapso motivado pelo enfraquecimento daquele entusiasmo inicial que levantou, como a um só homem, os cearenses espalhados pelos quatro cantos do Brasil.

O pagamento dos donativos subscritos, pelo sistema de amortização paulatina através de módicas prestações mensais, a longo prazo, não oferece dificuldades maiores aos que realmente desejam ajudar, na medida de suas posses, a concretização do velho sonho da Maternidade Popular. A verdade, porém, é que grande parte dos conterrâneos que fizeram doações tem deixado de corresponder à expectativa dos responsáveis pelo andamento do trabalho - e a falta de numerário pode ocasionar, a qualquer momento, problemas imprevistos, de solução difícil e demorada, capazes de retardar a conclusão das obras projetadas.

Por outro lado, os constantes aumentos de materiais e na mão de obra estão a encarecer, cada dia que passa, o preço da construção.

É preciso pois, que todas as promessas sejam efetivamente cumpridas, é preciso que não se olvidem os compromissos assumidos. De nossa parte estamos realizando o nosso trabalho, estamos levando adiante a parte que nos coube na distribuição do esforço conjunto para a realização do maravilhoso objetivo que temos em mira. A construção da Maternidade continua em marcha jamais interrompida. Mas cumpre que ninguém falte com a sua pequena parcela de sacrifício.

Não seria descabido repetir aqui o dramático apelo do velho Churchill quando a Inglaterra precisava desesperadamente de ajuda para vencer o inimigo comum: deem-nos a ferramenta e nós concluiremos a tarefa!"




DESTACADAS PERSONALIDADES FALAM SOBRE A CAMPANHA DA MATERNIDADE.
"Aos "Diários Associados" de Fortaleza:

Empolgado pelo admirável movimento promovido nessa capital para construção de uma Maternidade Popular, venho, por intermédio dessa prestigiosa organização, oferecer o donativo pessoal de cem mil cruzeiros, sumamente jubiloso por participar de iniciativa tão meritória. Desejo igualmente dar ao presente oferecido o caráter de uma homenagem especial ao nobre povo cearense que tanto admiro pela sua inestimável colaboração ao engrandecimento de nossa Pátria."

Juscelino Kubistchek

"A ideia lançada pelo jornalista João Calmon é daquelas que merecem não só o apoio mas o franco e decidido entusiasmo de quantos se interessam pelos empreendimentos úteis em benefício da coletividade. De minha parte darei o apoio do Governo no sentido de que a feliz iniciativa seja, com a urgência devida, coroada de êxito, e agradeço a oportunidade que os "Diários Associados" me oferecem, para proclamar de público as minhas congratulações com a benemérita campanha."
Paulo Sarazate, Governador do Ceará


"A campanha lançada por João Calmon para a construção de uma Maternidade Popular Escola em Fortaleza é, sem dúvida, um dos mais meritórios movimentos jamais empreendidos pelos "Diários Associados", a cujos jornais e emissoras deve o Brasil tantos e tão assinalados serviços. Nenhum cearense pode deixar de apoiar, com sincero entusiasmo, a humanitária cruzada de redenção da mãe pobre de nossa terra."
Flávio Marcílio, Vice-Governador do Estado




"Ciente da vitoriosa campanha em tão boa hora empreendida pelos "Diários Associados" no sentido de dotar Fortaleza de uma Maternidade Popular, obra realmente muito necessária, apresso-me em apresentar vivos aplausos à louvável iniciativa, augurando pleno sucesso e oferecendo-lhe inteira solidariedade deste Departamento."

Martagão Gesteira, Dir. do Dep. Nacional da Criança

"Manifesto o meu caloroso aplauso, como cearense e velho vicentino (membro das Conferências de São Vicente de Paulo) à campanha ora desenvolvida pelos "Diários Associados" em prol da construção da Maternidade Popular de Fortaleza. Como simples cidadão e mais ainda como eventual ocupante de qualquer posto de responsabilidade da administração pública, comprometo-me a dar todo o apoio que estiver ao meu alcance pela pronta construção e posterior desenvolvimento dessa nobre instituição de assistência social."

Juarez Távora


"A Maternidade Popular (Escola) projetada para o Ceará por iniciativa dos "Diários Associados" representa, sem dúvida, uma das obras mais meritórias de quantas se tem notícias nos últimos tempos, dada a sua incontestável necessidade e os frutos que há de produzir. Pode-se dizer que, pelo seu arrojo e pelo êxito já obtido, imensa será a dívida de gratidão dos cearenses a todos aqueles que aplaudiram e apoiaram a grande ideia."
Virgílio Firmeza, Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará

"Nenhum cearense que se preza pode deixar de aplaudir e apoiar, com todo o entusiasmo, a campanha em prol da construção de uma Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza. A ideia, em tão boa hora lançada por João Calmon e agitada pelos "Diários Associados" empolgou imediatamente a alma generosa do povo do Ceará, agora firmemente decidido a levar a bom termo o meritório movimento que visa a redenção da mãe pobre de nossa terra. Podem os homens que dirigem a campanha da Maternidade contar comigo e com a Universidade do Ceará."
Martins Filho, Reitor da Universidade do Ceará

"Sempre aplaudi e incentivei as iniciativas que se destinam a proteger a maternidade e a infância. Mas, desde logo quando os beneméritos amigos dos "Diários Associados" do Ceará tomaram aos seus ombros a tarefa de construir a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, compreendi que deveria envidar o melhor do meu esforço para ajudar, tanto quanto me seja possível, a rápida concretização de tão grande e patriótica obra."
Parsifal Barroso, Ministro do Trabalho



"A Maternidade Popular (Escola) projetada para o Ceará por iniciativa dos "Diários Associados" representa, sem dúvida, uma das obras mais meritórias de quantas se tem notícias nos últimos tempos, dada a sua incontestável necessidade e os frutos que há de produzir. Pode-se dizer que, pelo seu arrojo e pelo êxito já obtido, imensa será a dívida de gratidão dos cearenses a todos aqueles que aplaudiram e apoiaram a grande ideia."
Virgílio Firmeza, Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará

"O dever de assistência à maternidade e à infância inscreve-se entre os mais belos dispositivos constitucionais. Obra de cunho eminentemente social, a Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza, pela comovedora mensagem humana que encerra, figura entre os mais nobres cometimentos do povo cearense. Merece, por isso, o desvelado apoio do povo e dos poderes públicos."
Perboyre e Silva, Presidente da Associação Cearense de Imprensa

"A Maternidade Popular (Escola) é uma obra necessária. Fortaleza não conta com estabelecimentos do gênero em número para atender satisfatoriamente a população. As gestantes pobres não têm mais para onde ir. Merece aplausos e cooperação quem tomou aos ombros a responsabilidade de realizar tão oportuno trabalho."

D. Expedito Oliveira, Bispo Auxiliar de Fortaleza.

"A Maternidade Popular (Escola) de Fortaleza é uma obra de maior significado social, vindo preencher uma falha de nosso sistema assistencial. A Maternidade é um trabalho de fôlego que enaltece o espírito arrojado dos cearenses."
Júlio Rodrigues, presidente da Associação comercial do Ceará

" É uma iniciativa que muito honra os seus autores e que atende às necessidades de nossa terra, preenchendo um lacuna das mais sentidas em Fortaleza. É de se esperar que essa iniciativa, dentro de pouco tempo, esteja definitivamente concretizada. Na qualidade de Diretor da Faculdade de Medicina do Ceará, cujos serviços se situam na mesma área de Porangabussu, espero que, em futuro próximo, através de convênios, venha a Faculdade a utilizar a Maternidade Popular como instrumento de ensino, passando assim a obra a ter duas funções: a social, atendendo às gestantes pobres, e a de escola, como o seu próprio nome indica."

Valdemar de Alcântara, Diretor da Faculdade de Medicina do Ceará

"Esse é uma obra de benemerência que vem atender a uma grande necessidade de Fortaleza, uma vez que, podemos dizer, em nossa terra não temos uma única maternidade aparelhada e capacitada para o atendimento de mães indigentes. Ninguém poderá ficar indiferente a uma realização como essa. É nosso dever apoiar a iniciativa, a fim de que a Maternidade Popular venha a ser uma maravilhosa realidade."
José Ramos Torres Melo, Presidente da federação das Associações de Comércio e Industria do Ceará (FACIC).


"Orlando Mota está no Rio fincando os alicerces da ideia de um homem de imprensa - João Calmon - que é a construção de uma Maternidade Popular em Fortaleza, a fim de que as mães cearenses pobres não tenham mais seus filhos nas sarjetas. Será um estabelecimento modelar, todavia sem luxo, porém dotado de moderna aparelhagem e com cerca de 130 leitos. Os cabeças chatas que trabalham em "Última Hora" e que deixaram o umbigo enterrado no Ceará não faltarão ao apelo de João Calmon e Orlando Mota. É a terra distante que dirige um SOS aos seus filhos."
Edmar Morel (trecho de uma reportagem publicada em "Última Hora", no Rio).

"Mais rápida e esplendorosamente do que seria adequado esperar-se destes tempos estéreis , a semente que o jornalista João Calmon lançou na terra adusta cearense vicejou na campanha magnifica em prol da construção da Maternidade de Fortaleza, promovida pelos "Diários e Rádios Associados". Não se pode silenciar ante o apelo dessas vozes que representam a mãe humilde cujo ventre fecundo povoa a terra seca do Nordeste, a floresta equatorial da hileia, os campos do sul e as montanhas gerais."
"Diário de São Paulo" (trecho de um editorial).

"A campanha em boa hora lançada pelo Dr. João Calmon, Diretor Geral dos jornais e emissoras "associados" do país, em favor da construção da Maternidade Popular (Escola) e logo apoiada pela opinião pública, constitui um dos maiores benefícios destinados à mãe pobre do Ceará."
Dep. Decio Teles Cartaxo, Presidente da Assembléia Legislativa do estado (Trecho de requerimento).


"Fortaleza terá dentro em breve a Maternidade de que precisa. Eis o fruto do idealismo e do espírito humanitário de João Calmon, que durante muito tempo dirigiu os "Associados" do Norte e agora tem o cargo de Diretor Geral dos jornais e rádios da grande empresa nacional. Perguntam, com espanto, os que sabem o progresso realizado pela capital do Ceará, se ali não existia uma maternidade à altura da necessidade do grande povo e a resposta é, infelizmente, negativa. Fortaleza possui alguns clubes mais adiantados e elegantes do país. Que testemunha isso, senão o espírito progressista da sociedade cearense? Mas não se compreende que Fortaleza, tendo a primazia dos clubes do Brasil, não se preocupasse também com a assistência social, no seu aspecto mais urgente e delicado, como o do socorro à mãe e à criança na hora mais grave do destino de ambas. A iniciativa de João Calmon atende, assim, a um problema vital que os cearenses, onde quer que estejam, são chamados a resolver."
Austregésilo de Athayde (Trecho de artigo).




AO POVO DO CEARÁ
Os Senadores e Deputados que integram a representação do Estado do Ceará no congresso nacional vêm manifestar de público o seu aplauso e o seu apoio à humanitária campanha que atualmente se desenvolve em benefício da construção da Maternidade Popular de Fortaleza. Só louvores merece tão patriótica iniciativa que está demonstrando, mais uma vez, o extraordinário espírito de filantropia do povo cearense, vanguardeiro das lutas em prol da dignidade da espécie humana. Dominados pelo mesmo sentimento de generosidade que tem sido, através dos tempos, a característica mais acentuada de nossa gente, enviamos calorosa e fraternal saudação a todo o grande povo do Ceará, ao mesmo tempo que oferecemos a nossa contribuição material, assim estabelecida na reunião da bancada, a 10 do corrente, no Salão Nobre da Câmara Federal. Cada Senador e Deputado Federal pelo Ceará reservará, na sua cota orçamentária dos três próximos exercícios (1956,1957,1958: a subvenção de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), independentemente de donativos voluntários e pessoais de cada um de nós. Estamos certos de que dessa maneira daremos uma ajuda substancial à benemérita cruzada em prol da redenção da mãe pobre do Ceará.

Rio de Janeiro, 10 de julho de 1955

( As): Adahil Barreto Cavalcante, Adolfo Gentil,, Alfredo Barreira,Álvaro Lins Cavalcante, Antônio Horacio, Armando Falcão, Carlos Jereissati, Colombo de Souza, Crisanto Moreira da Rocha, Esmerino Arruda, Virgílio Távora, Ernesto Saboia, Euclides Wicar, Fernandes Távora, Francisco Monte, Gentil Barreira, José de Martins Rodrigues, Menezes Pimentel, Onofre Muniz Gomes de Lima, Parsifal Barroso e Perilo Teixeira.


INAUGURAÇÃO DA MATERNIDADE ESCOLA 15 de Janeiro de 1965
MATERNIDADE EM FUNCIONAMENTO



Em virtude de convênio com a Universidade, entrou em funcionamento, oficialmente, Sábado último, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, sob a direção do dr. Galba Araújo. A solenidade, realizada às 16 horas, assinalou o importante acontecimento, que contou com a presença de destacadas autoridades do Estado e do Município. Falaram na ocasião, o jornalista Manoel Eduardo Pinheiro Campos, presidente da Sociedade de Assistência à Maternidade (SAMEAC), o reitor Martins Filho e o governador Virgílio Távora. Em seguida, houve o batismo de Teresinha, filha do casal Maria Cardoso dos Santos e Paulo Furtado dos Santos, primeira criança nascida naquele nosocômio, tendo como padrinhos o sr. e Sra. Martins Filho. Champagne foi servido aos presentes, seguindo-se uma visita às dependências da Maternidade. Com o seu funcionamento normal, Fortaleza passa a contar com mais 120 leitos para gestantes, cerca de 20 dos quais já estão ocupados. Nas fotos, vemos, acima, o grupo de autoridades presentes ao acontecimento e, em baixo, o ato batismal.
Jornal O Povo (18 de janeiro de 1965)

TRIGÊMEOS NASCERAM NA MATERNIDADE-ESCOLA
A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand serviu de berço, Sábado último, quando iniciou seu funcionamento normal, aos primeiros trigêmeos cearenses do ano. As três robustas meninas são: Maria de Fátima, Maria da Conceição e Maria Goretti, filhas do casal Maria de Lourdes Gregório e João Batista Gregório, ele motorista do 4º Distrito Policial. Estão passando bem as trigêmeas e deverão ser levadas ainda hoje para casa, à rua Marcílio Dias, 694 (bairro Nossa Senhora das Graças, no Pirambu).

Jornal O Povo (18 de janeiro de 1965)




"Isso vai até fazer mal. É tão bom que agora é que vai mesmo nascer menino no Ceará!" O comentário, meio ingênuo, meio malicioso, foi ouvido de uma senhora que acabara de ser atendida na Maternidade -Escola Assis Chateaubriand, de Fortaleza. Habituada ao desconforto, à falta de higiene e todo um folclore negro que cerca os trabalhos de parto, desde os tempos bíblicos até as conversas de comadres e vizinhas, ela tivera ali a surpresa de um pronto e cordial, perfeitas condições de higiene e um quarto amplo e arejado. E, surpresa ainda maior, nem lhe perguntaram se podia pagar. Esta reportagem pretende contar algumas coisas sobre a Maternidade - mais uma obra que o Brasil fica devendo ao Dr. Assis Chateaubriand -, sua organização e sua vida, com uma já tão grande folha de serviços.


FORTALEZA GANHA A MATERNIDADE-MODELO

"Com a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand aconteceu coisa diferente do que ocorre geralmente no Brasil: foi inaugurada depois de já está funcionando. Quando fizemos a festa, já havia crianças dormindo no berçário." Quem nos conta isso é o Dr. José Galba Araújo, diretor da Maternidade. Com um discreto ar de catedrático, o eficiente executivo da casa presta-nos outras informações:

A Maternidade tem 4 funções: Ensino, Assistência Social, Maternidade e Hospital de Urgência. Com 4 professores e 11 assistentes, aí funcionam 4 cadeiras da faculdade de Medicina da Universidade do Ceará: Ginecologia, Obstetrícia, Puericultura e Pediatria. A universidade contribui com uma verba anual de Cr$ 200 milhões. Dá para 4 meses - explica o Dr. Galba.

Em atividade total, a Maternidade dispõe de 126 leitos, podendo ir a 150. Está trabalhando com a metade de sua capacidade, mantendo 4 plantões médicos completos e mais 1 de reserva.

O primeiro parto foi no dia 15 de janeiro. Parto simples. Nasceu uma menina que recebeu o nome de Teresinha, em homenagem à esposa do Dr. João Calmon. No mesmo dia, nasceram gêmeos, o que foi considerado um bom augúrio.

Temos 8 médicos plantonistas. Entre estes, um médico-laboratorista, um analista, um anestesista e - o que constitui novidade - um médico-arquivista. A necessidade de um médico-arquivista é explicada pelo Dr. Galba: precisão da terminologia técnica, dificilmente manipulável por um leigo. A catalogação de dados será feita por um computador IBM, doado pela fundação Ford, que ainda não chegou em Fortaleza porque a Maternidade não pode pagar os impostos alfandegários. Aqui fica o apelo aos Senhores da República para que consigam uma isenção desses tributos.

8 salas de parto e 1 boxe (capacidade para 12 partos simultâneos). A maternidade pode fazer 30 partos por dia. Tem feito em média de 10 (inclusive já 10 cesarianas) nesses poucos dias de funcionamento.

"Indigentes" é a palavra proibida na Maternidade. Há clientes Classe A e Classe B. Com tratamento exatamente igual. As diferenças estão na comida (quem conhece o Nordeste sabe que a classe pobre não gosta de verduras, tomates, saladas, e, portanto, passa melhor com sua dieta), e nas acomodações: classe B, quarto com cama, armário, luz, campainha e oxigênio embutido na parede; Classe A, quarto com 4 ou 6 camas e as mesmas características do primeiro.

Senhoras que vieram do Canadá (Missionárias de Nossa Senhora) cuidam das crianças. São freiras com formação especializada para esse tipo de trabalho.



Nos 4 andares em que funciona a Maternidade, há um mundo de coisas a registrar. Entre outras: uma grande Sala de Conferências de Médicos; Sala de Cirurgia, com instrumental moderno e completo e com aparelhagem de televisão em circuito fechado, a fim de que os estudantes possam assistir às operações; Banco de Sangue; Sala de Triagem; grande cozinha; lavanderia; "atelier" de costureiras; almoxarifado, sala de máquinas com grandes caldeiras que produzem vapor e água quente para todo o edifício.



Além de tudo isto, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand dispõe de excelente material humano. D. Helquine Cortez, Dorotéia Martins Ferres e Isabel Sales (enfermeiras) prestaram todas as informações solicitadas pela reportagem.

Mais uma nota simpática: uma associação composta de senhoras da sociedade de Fortaleza (Damas Vigilantes) presta serviço voluntário à maternidade. Cada uma dessas senhoras dá meio dia de plantão por mês. Sua função: fazer o papel de dona-de-casa, receber visitas, dar informações. D. Lorena Araújo, por exemplo, foi a simpática cicerone de "O Cruzeiro" na Maternidade -Escola Assis Chateaubriand.


Maternidade escola Assis Chateaubriand - Há 42 anos servindo a sociedade!


Maternidade Escola-(MEAC-UFC)-Fortaleza-Ce
Foto: Vânia Dias


Arquivo Diário do Nordeste


Fontes: Revista O Cruzeiro - 12 de junho de 1965, site da MEAC e pesquisa na internet

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