Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mucuripe - A vila de pescadores que virou um dos bairros mais famosos de Fortaleza (Parte II)



"Às nove horas em ponto, quando soprava um bom nordeste, empurramos a jangada pra dentro d'água. Ia começar a nossa aventura. O samburá estava cheio de coisas, a barrica cheia d'água e os nossos corações cheios de esperança. Partimos debaixo de muitas palmas e consegui ver de longe os meus bichinhos acenando. Mais de vinte jangadas, trazidas por nossos irmãos de palhoça e de sofrimento, comboiaram a gente até a ponte do Mucuripe. A igreja branquinha foi sumindo e ficou por detrás do farol. Rezei pra dentro uma oração pedindo que a Padroeira tomasse conta dos nossos filhinhos, pois Deus velaria por nós. E assim começou nossa viagem ao Rio de Janeiro...".


1941 - Preparativos para a viagem até o RJ

Assim Manuel Olímpio Meira, um pescador cearense mais conhecido por Jacaré, começou seu diário de bordo. Em 1941, ele e mais três jangadeiros - Mestre Jerônimo (Jerônimo André de Souza), Tatá (Raimundo Correia Lima) e Manuel Preto (Manoel Pereira da Silva) - saíram do Ceará com destino ao Rio de Janeiro - na época a capital da República - distante 1.500 milhas náuticas (mais de 2.700 km), navegando na jangada “São Pedro”. Sem cartas, sem bússolas e munidos apenas de seu conhecimento prático e coragem, foram reivindicar junto ao Governo de Getúlio Vargas melhores condições da comunidade de pescadores de sua região, tentando fazer com que sua profissão fosse reconhecida, impedindo os pescadores de obter seus direitos trabalhistas. O pescador Manuel não se conformava com o fato dos jangadeiros não serem donos das próprias embarcações. Por esse motivo, viam-se obrigados a entregar metade do resultado da pesca de cada dia aos proprietários das jangadas. A outra metade tinha que ser dividida entre os quatro pescadores que tripulavam a jangada. Reivindicavam que a divisão fosse feita na base de 1/5, ou que a própria colônia possuísse suas jangadas para dar ou emprestar aos pescadores.

Mestre Jerônimo
Foto: Antonio Ronek - Revista do Globo (Acervo Ricardo Chaves)



Para levar ao presidente da República as reivindicações da sua classe, Manuel – que liderava o grupo - esforçou-se para aprender a ler e escrever. Ele procurou a professora dos meninos da colônia, Lyrisse Porto, e pediu para alfabetizá-lo. Durante dois anos, ficavam além do horário das aulas regulares na escola estudando. Nesse tempo também trabalhou para angariar recursos financeiros e obter autorização para realizar a viagem.

Manuel Preto
Foto: Antonio Ronek - Revista do Globo (Acervo Ricardo Chaves)



Jacaré nessa época presidia a colônia Z-1, que ficava na praia de Iracema, em Fortaleza. Ali a então presidente da “Associação de São Pedro”, entidade religiosa que prestava assistência às famílias dos pescadores, empreendeu juntamente com Fernando Pinto, presidente do elegante “Jangada Clube”, que também ficava em Iracema, uma campanha entre autoridades e membros da sociedade local a fim de levantar fundos para a realização do sonho dos pescadores. Ao final, havia dinheiro para a construção da jangada, para a compra de víveres para abastecer os tripulantes e para assistir suas famílias enquanto os pescadores estivessem fora. Eles navegaram por sessenta e um dias em condições precárias, enfrentando tempestades, tubarões e calmarias, de Fortaleza ao Rio de Janeiro.



A autorização para a realização da viagem custou a ser dada. Houve pressão da imprensa local e também do Rio de Janeiro, onde até o jornalista Austregésilo de Athayde escreveu uma matéria apaixonada intitulada "Deixem vir os jangadeiros". Afinal, a Marinha Mercante, a quem foi entregue o caso, autorizou a partida e mesmo assim somente mediante a assinatura, pelos quatro, de um termo de responsabilidade.

O “Raide” como foi conhecida a viagem na época, vinha parando por cidades no litoral e conforme isso acontecia os pescadores ganhavam notoriedade: eram recebidos pelas autoridades locais e tinham a cobertura da imprensa. O jornal carioca “Diário da Noite” de 12 de novembro de 1941 relata um fato curioso, em entrevista com o próprio Jacaré: “Na hora das bebidas, quando levantaram as taças pra nós, um doutor perguntou quem estava escrevendo o diário de bordo. Eu disse que era eu. E ele bebeu a cerveja e disse: - Salve o Pero Vaz de Caminha da jangada! Eu fiquei intrigado: Salve quem homem? E ele tornou a repetir: - Pero Vaz de Caminha! Aí o Tatá emendou: - Esse não veio não Senhor...”.


Orson gravando o filme - 1942




O trecho de Maceió à Bahia, não foi registrado no "diário de bordo". O trecho a seguir também foi retirado de uma outra entrevista com Jacaré: "Entre Maceió e Bahia, pertinho da boca do São Francisco, pegamos um temporal de arromba. A nossa roupa de algodãozinho, pintada com tinta de cajueiro, começou a rasgar, pois o mar de um mês de viagem estragou o pano. Um jornalista em Maceió ficou com cara de bocó quando soube que nós não tínhamos bússola nem cartas de navegação. A gente se guia pelas estrelas e deixa o vento fazer o resto. Também pertinho de São Salvador vimos cinco ou seis pintadinhos (tubarões) à flor d'água, com as bocas abertas, prontos para engolir o primeiro cabra que aparecesse. Largamos eles de mão e continuamos o nosso caminho..." - contou Jacaré.

Jacaré




Em 15 de novembro a jangada São Pedro entrou nas águas da baía da Guanabara, acompanhada por muitos barcos que formavam uma procissão. Logo depois, a jangada foi retirada apoteoticamente da água e colocada em um caminhão sob aplausos de uma multidão que se aglomerava para ver de perto a chegada dos heróis. O cortejo seguiu pelas principais avenidas do Rio de Janeiro e na Praça Mauá um palanque estava montado para os discursos. Ao final do dia eles foram atendidos por Vargas.




Para Jacaré a importância do fato era imensa: “O doutor Getúlio Vargas, quando eu topei com ele de proa, viu logo que eu fiquei nervoso. Menino, eu algum dia pensei falar com o presidente da República? O presidente ouviu tudinho e ficou tão nosso camarada, que às vezes eu pensava que nem estava diante do chefe da nação”. Getúlio Vargas entretanto registra o fato de maneira simplória em seu diário se comparada ao heroísmo, coragem e importância do ato dos pescadores: “... à tarde, no (palácio) Guanabara, recebo os jangadeiros cearenses e assisto ao desfile trabalhista em homenagem aos mesmos”. Nada mais foi anotado.

Os jangadeiros passaram 15 dias na capital, cumprindo uma agenda “oficial” extensa, sempre acompanhados por agentes do DOPS. Segundo escreveria mais tarde Edmar Morel, jornalista dos Diários Associados, Vargas, através do Ministério do Trabalho, queria evitar o contato dos pescadores com “as esquerdas”...

Os quatro voltaram ao Ceará num avião Douglas DC3 da Navegação Aérea Brasileira e foram aclamados como heróis, recebendo medalhas do interventor Menezes Pimentel (na época, os estados eram governados por interventores nomeados por Vargas). A extensão dos direitos trabalhistas à classe dos pescadores, incluindo-se a aposentadoria, saiu com a edição do Decreto-Lei 3.832 em 18 de dezembro, um mês depois da chegada da tripulação da São Pedro ao Rio de Janeiro.



Mas assim que se encerraram as comemorações, Jacaré e os outros se defrontaram novamente com a realidade, tendo que pressionar os órgãos competentes a cumprirem as promessas expressas no decreto presidencial e lutar para apurar denúncias de irregularidades cometidas pela Federação dos Pescadores do Ceará.


No ano seguinte, 1942, o jovem cineasta Orson Welles veio do México ao Brasil...



A praia em que Welles gravou as cenas e se encantou. O Mucuripe
e suas jangadas, um dos símbolos do Ceará. Belíssimo postal dos anos 40


E o Mucuripe vira filme...

Fortaleza em 1942 apresentava um pouco mais de 150 mil habitantes. Dormia-se cedo, por volta das 21 horas. A beira-mar era vazia, não havia edifícios, somente casas de pescadores. O Mucuripe era de difícil acesso.
No início dos anos 40, quatro pescadores brasileiros se lançaram ao mar para uma viagem que entrou para a história dos jangadeiros cearenses, da navegação, do Estado Novo e do cinema. Tão arriscada foi ela, que até na imprensa americana ganhou espaço nobre. Num artigo intitulado Four Men on a Raft (Quatro Homens numa Jangada), a revista Time (8/12/1941) reproduziu toda a odisséia de Manoel Olímpio Meira (Jacaré), Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (Mestre Jerônimo), que a bordo de uma jangada singraram os 2.381 km que separam Fortaleza do Rio de Janeiro, sem bússola ou carta náutica.

Postal também dos anos 40


Foram mais de 61 dias de viagem pelo mar...

Os jangadeiros queriam chamar a atenção do País e do governo para o estado de abandono em que viviam os 35 mil pescadores do Ceará.

Até que....então...

Na primeira semana de dezembro de 1941, folheando a Time, Orson Welles tomou conhecimento da proeza de Jacaré & cia., e teve um estalo: ali estava o segundo episódio brasileiro de It's All True, o filme pan-americano que o governo Roosevelt há pouco lhe encomendara.
Welles chegou ao Brasil em 8 de fevereiro de 1942, filmou o carnaval carioca, e em 8 de março fez uma viagem de reconhecimento a Fortaleza. Lá chegou num vôo especial da NAB (Navegação Aérea Brasileira) e foi recebido como "um Napoleão do cinema". Hospedada no Excelsior Hotel, no centro da cidade, a entourage It's All True (Welles levou seis acompanhantes, entre os quais Morel, seu fiel assistente Richard Wilson e a tradutora Matilde Kastrup). Dois meses mais tarde, Jacaré e seus três companheiros foram trazidos de avião até o Rio e hospedados no hotel Copacabana Palace. Por 500 mil réis semanais, participariam de algumas cenas do episódio carnavalesco, ao lado de Grande Otelo, rodariam no aeroporto a despedida do Rio e reconstituiriam, numa praia da Barra da Tijuca, a triunfal chegada da jangada ‘São Pedro’ à Baía de Guanabara. Nessa ordem.



Várias tomadas da chegada ao Rio chegaram a ser feitas, no dia 19, mas uma manobra infeliz da lancha que rebocava a jangada a teria virado na praia de São Conrado, jogando ao mar agitado os seus quatro tripulantes. Três se salvaram. O corpo de Jacaré desapareceu e nunca foi encontrado.



Ainda assim, Welles foi em frente. As coações, quase sempre veladas, da ditadura getulista o perturbavam bem menos que o assédio crescente da RKO e do governo americano, que o acusavam de gastar dinheiro a rodo.
Do Rio, novamente Welles desembarcara na Base Aérea de Fortaleza às 15h30 do dia 13 de junho. Apesar do que ocorrera com Jacaré, foram acolhidos com enorme simpatia. Para assegurar maior tranqüilidade aos trabalhos, estabeleceram-se nas areias do Mucuripe e ali rodaram a história de amor do jovem pescador (José Sobrinho) com uma bela morena (Francisca Moreira da Silva, então com 13 anos), o casamento dos dois, a morte do jangadeiro e seu enterro nas dunas, a conseqüente revolta dos pescadores pelas suas precárias condições de vida e a decisão política do reide até o Rio de Janeiro. No papel de Jacaré, puseram seu irmão Isidro.

Mais cenas do Mucuripe de 1942:



A despedida aos jangadeiros que partiam rumo ao Rio de Janeiro.





Em Fortaleza, Welles revelou-se um homem radicalmente diferente do garotão farrista e mulherengo que os cariocas conheceram. Não deixou de ir a festas (chegou a marcar quadrilha num folguedo junino), nem de frequentar o Jangada Clube, mas parou de beber e deu um duro danado nas seis semanas que lá passou, correndo contra o relógio e fazendo malabarismos com o orçamento. Sempre alegre, passou a viver com os pescadores, que o tratavam de "galegão legal" e admiravam o seu desprendimento de confortos materiais e sofisticações culinárias. Dormia numa cabana rústica, mal protegida dos raios solares, e à noite, depois de encarar um portentoso prato de feijão com arroz e peixe, recolhia-se para escrever madrugada adentro.

O Primitivo Jangada Clube

Cine Diogo anos 40, onde Welles foi barrado, pois era preciso usar paletó para entrar.

O filme “It's All True” ficou inacabado, mas ele filmou tudo. O problema era a questão da censura, tanto do estúdio RKO quanto do Estado Novo. Eu sei que boa parte do filme ficou escondida, tem aquela história de que muita coisa foi jogada ao mar.



Jornal O Povo 1942


Considerações:



Welles ficou no Ceará por 06 semanas. O filme fazia parte da política da Boa Vizinhança, uma forma de os EUA manter sob-tutela os países latino-americanos.
Muitos rolos do filme foram jogados em alto-mar...
Com locações no Rio, Fortaleza, Bahia, pedaços de São Luís, Recife, e México, e com a maior parte da locação feita na ponte-aérea RJ-CE, sobraria a montagem póstuma do material considerado perdido, realizado por Welles, em 1942
O episódio cearense, “Quatro homens numa jangada”, mostrar-se-ia o mais completo daquilo a ser resgatado. São 46 minutos buscando respeitar o roteiro original, com uma folha de 12 cenas principais.
O público brasileiro teve acesso ao filme, pela primeira vez na história, somente em 1986 e 1994.





Em 1985 o público de Fortaleza assistira o longa “Nem tudo é Verdade”, de Rogério Sganzerla, recriação dramatizada da passagem de Welles pelo Brasil. Nessa época, o Globo Repórter também apresentou as cenas.
Já em 1994, o público viu as imagens editadas que Welles fez dos jangadeiros; o trabalho reúne depoimentos antigos sobre o inacabado filme, resgatando imagens cariocas do Carnaval, jangadeiros cearenses, com 42 minutos e o segmento mexicano do filme “My friend bonito”.
Welles ficou hospedado no Excelsior Hotel, o primeiro arranha-céu de Fortaleza, levantado em 1931. Bebeu guaraná e fazia reuniões no Jangada Club, primitiva construção, infelizmente demolida nos anos 80. Lá, se encontrava, nas paredes, autógrafos do cineasta. Uma pena.

Situação Atual dos pescadores:


Mesmo a categoria sendo amparada pela CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei 5.452 de 1º de maio de 1943, o desconhecimento da legislação, por parte de funcionários do INSS, dificulta a obtenção de aposentadoria, auxílio doença e pensão até hoje. Acontece que ao pescador artesanal é assegurada uma legislação especial, componente da CLT, que o desobriga de contribuição previdenciária junto ao INSS, pagando mensalidade de associado à Colônia. A confusão começa quando são protocolados requerimentos para a obtenção de benefícios previdenciários. Atendentes de balcão se recusam a receber a documentação, sob a alegação de que o profissional não contribui diretamente à Previdência. Os casos são resolvidos em instâncias superiores e demoram meses.











Foto ao lado: Imagem rara das filmagens de Welles no Rio de Janeiro,provavelmente momentos antes da morte de Jacaré.



Observação: Mais de 30 mil metros de rolo ainda estão nas latas, aguardando para serem preservadas e deteriorando...


Leia a primeira parte AQUI


Fonte: Diário do Nordeste/Estadão/Nirez/Fortal e Pesquisas na internet

sábado, 17 de outubro de 2009

Santa Casa de Misericórdia



O Hospital da Caridade, mais tarde, Santa Casa da misericórdia. O 2° andar só foi construído em 1920

A construção foi iniciada em 1847 e concluída em 1857. Inicialmente, tinha um só andar e se chamava Hospital de Caridade. Em 1961 volta a ser inaugurada, agora com o nome de Santa Casa de Misericórdia. Em 1915 passa do controle do Estado para o do Arcebispo de Fortaleza. O edifício é reformado em 1920 ( Projeto do arquiteto italiano P. Fiorillo ), sendo-lhe agregado mais um andar, e fachadas com características neo-clássicas, as quais são mantidas até hoje.



Em 1846, o Presidente da Província, Inácio Correia de Vasconcelos, determinou a construção de um Hospital de Caridade para Fortaleza. Em 1847 teve início a construção em um terreno doado por D. Maria Guilhermina Gouveia, localizado em frente ao Paiol do Forte, onde hoje é o Passeio Público.
Em 1854, o Conselheiro Vicente Pires da Mota, Presidente da Província propôs a criação da Irmandade da Misericórdia. Em 1857 foi concluída a construção de um prédio térreo com capacidade de 80 leitos. Ainda em janeiro de 1857, o Presidente da Província, Paes Barreto, cede salas e enfermarias para o Liceu, que permanece ali até 1861, quando só então ocorreu a inauguração formal da Santa Casa.



Santa Casa e sua Superiora JR Becker - Álbum Fortaleza 1931

Fachada da Santa Casa de Misericórdia e Passeio Público em 1932

Em 12 de fevereiro de 1861, o Presidente da Província Antonio Marcelino Nunes Gonçalves oficializou a Irmandade da Misericórdia, nomeou seus dirigentes com a missão de administrar o Hospital de Caridade. Em 14 de março do mesmo ano alterou o nome para Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, tendo como mantenedora a Irmandade Beneficente da Santa Casa da misericórdia de Fortaleza.


Fotografia aérea da Santa Casa em 1950.

Em 1925, a Santa Casa firmou-se como um hospital de alta tecnologia, foi o pioneiro no estado na introdução do serviço de radiologia ao inaugurar no dia 29 de junho de 1925 o primeiro aparelho de Raios X. Pelo espaço de 4 anos funcionou na Santa Casa o primeiro serviço de urgência em Fortaleza, quando em setembro de 1937 foi inaugurado o Pronto Socorro Dr. José Ribeiro Frota.

Em março de 1971 foi inaugurado um moderno centro cirúrgico composto de oito salas. Em pouco tempo a Santa Casa tornou-se o hospital a realizar o maior número de cirurgias em todo o Ceará. Os anos 80 foram marcados pela integração do Hospital ao Sistema único de Saúde – SUS. Sendo um hospital filantrópico sofre todas as conseqüências das medidas determinadas pelo Ministério da Saúde.



Curiosidade: O Dr. Joaquim Antônio Ribeiro foi o primeiro médico nomeado para trabalhar na Santa Casa, em 12 março de 1861. Formado em medicina pela Universidade de Harvard, Cambridge,na Inglaterra em 1853, foi o autor do "Manual das Parteiras".


Lá vem história...

A instituição surgiu em Lisboa, no ano de 1498, por iniciativa de frei Miguel de Contreiras, confessor da rainha Leonor, esposa do rei Dom João II. Daí surgiu a Irmandade da Misericórdia, que passaria a cuidar de pessoas doentes e necessitadas.

Com a expansão do domínio português, a irmandade foi sendo implantada nas novas terras conquistadas. Foi trazida para o Brasil em 1540, com a Santa Casa da Misericórdia de Santos. Depois vieram a de Vitória-ES (1545), a de Porto seguro- BA e a de Olinda-PE (1560), a do Rio de Janeiro - RJ (1582).

A Irmandade da Misericórdia gozava de grande prestígio durante o império, seus membros participavam de vários privilégios, tinham poder político e opinavam em vários assuntos ligados a cidade. Eram identificados pelo uso de uma capa preta e a sua bandeira era olhada com grande respeito pela sociedade.


Enfermaria de Cirurgia dos Homens à cargo de Dr Marinho na Santa Casa.

Enquanto as Santas Casas se espalhavam pelo Brasil, a do Ceará só se instalou 300 anos depois da Santa Casa de Santos. Preocupado com as conseqüências da seca de 1845, que deixara grande número de pessoas doentes e sem tratamento, o presidente da província Cel. Inácio Correia de Vasconcelos, tomou a iniciativa de construir o que ele chamou de Hospital da Caridade.



Mas o presidente foi exonerado em julho de 1847 e as obras foram paralisadas, pois seu sucessor, Casimiro José Morais Sarmento, preferiu investir na construção de um cemitério no Morro do Croatá, que recebeu o nome de São Casimiro, em homenagem ao fundador. (O cemitério de São Casimiro ficava na atual Praça Castro Carreira, mais conhecida por Praça da Estação).

Somente em 1854 as obras foram retomadas. Na época, todo o estado do Ceará havia sido atingido por uma epidemia de cólera, que devastou a população. O então presidente Padre Vicente Pires da Mota, com o apoio de pessoas de posses, resolveu retomar as obras do Hospital da Caridade. Entregou a direção da construção ao Boticário Ferreira, que era intendente da cidade e realizara um excelente trabalho na urbanização
de Fortaleza.



Curiosidade: A Santa Casa esteve sempre ameaçada de ceder lugar ao Liceu a ser fundado, ora a Biblioteca Pública, que não tinha ainda uma sede. Porém no ano de 1851 ocorreu uma grande epidemia de febre amarela. Sendo precário o estado sanitário de Fortaleza, embora ainda não estivesse concluída a construção, foram abertas duas enfermarias da Santa Casa aos doentes mais carentes,que logo ficaram lotadas.

O prédio ficou pronto em 1857 no mesmo local onde funciona até hoje a Santa Casa, que tinha o nome de Largo da Pólvora, por causa da existência de um paiol; depois que o paiol foi retirado, passou a chamar-se Largo da Misericórdia, e por fim, Praça dos Mártires.
A construção foi concluída, mas não iniciou o funcionamento porque não havia pessoal treinado para trabalhar no hospital.


Curiosidade: A Santa Casa foi construída inicialmente com recursos públicos fornecidos á Província para resolver os problemas advindos da última epidemia de febre amarela. O funcionamento da Santa Casa não era prioritário, sendo o funcionamento da Biblioteca e do Liceu priorizados no momento, devido a uma pressão da intelectualidade e das famílias abastadas, que desejavam ver seus filhos estudando em Fortaleza e não mais se deslocando para outras regiões, principalmente Pernambuco e Bahia, como ocorria até então.

Em 07 de outubro de 1859, o presidente Antonio Marcelino Nunes Gonçalves decidiu organizar a Irmandade da Misericórdia em Fortaleza, processo que durou até 1861. A Partir daí, o Hospital da Caridade passou a denominar-se Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, tendo como mantenedora a irmandade beneficente da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

A Santa Casa da Misericórdia funciona na Rua Barão do Rio Branco, n° 20, Centro de Fortaleza, e atende em torno de 13 mil pessoas por mês. O hospital também trabalha com atendimento a preços populares.


Edifício da Santa Casa da Misericórdia na rua Barão do Rio Branco, de frente para o passeio público.

Curiosidade: Em 1961, a Santa Casa de Fortaleza completou 100 anos e contava então com 300 leitos e tornando-se um hospital de grande porte. As injeções de morfina e as contenções ativas foram substituídas por anestesias locais e tronculares, seguidas, após, das primeiras anestesias gerais a base de clorofórmio e éter em máscara aberta ou com a célebre Máscara de Ombredane. Em compasso com esta "modernização" surgiu os primeiros autoclaves e máquinas de lavar industrial. Na década de 70 a Santa Casa passou por profundas modificações em seus estatutos quando foi desligado o Sr. Arcebispo e a Diocese de Fortaleza da gestão da Santa Casa. Em março de 1971 foi inaugurado um moderno centro cirúrgico que em pouco tempo fez com que a Santa Casa fosse o hospital a realizar o maior número de cirurgias em todo o Ceará.

Fotos históricas

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo

Acervo O Povo


Fonte: Ofipro/santacasace.org.br/Pesquisas pela internet

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fotos raras

Av. Leste-Oeste, anos 70
Assembléia Legislativa - 1907

Catedral - anos 70


Anos 60 -Foto com vista para a Igreja Sagrado Coração de Jesus e parque da criança

A praça do Ferreira e o Excelsior Hotel, anos 40, o primeiro arranha-céus de Fortaleza, levantado em 1931


Foto de 1959

Praça do Ferreira 1934 - Foto publicada no livro 'Brasil'


Mucuripe - 1910


Avenida Beira-Mar Foto de 1980_

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mucuripe - A vila de pescadores que virou um dos bairros mais famosos de Fortaleza (Parte I)


Planta do Ceará com destaque para a Ponta do Mucuripe - 1629

Essa belíssima foto é de 1945

Uma das mais belas vistas da Capital pertence ao Mucuripe.

Uma pequena vila de pescadores que virou um dos bairros mais famosos e com uma das mais belas vistas da Capital.
Da época em que ainda era vila, pouca coisa ainda resiste: a igrejinha de São Pedro, o padroeiro dos pescadores continua lá. Os prédios tomaram conta do bairro.
O Mucuripe virou bairro de Fortaleza na década de 40. Mas a história do lugar é bem mais antiga. Historiadores contam que foi nestas areias que colonizadores pisaram pela primeira vez em terras brasileiras. E tudo ainda acontece pertinho da praia. A culinária, o movimento de pessoas, tem até cabeleireiro à beira-mar.
O maior mercado de peixes da Capital também fica aqui.
O Mucuripe é um bairro pequeno: tem menos de 1 km quadrado mas tem uma grande importância para a cidade por causa do turismo. É do Mucuripe que os visitantes podem ter uma das mais lindas vistas da Capital.
A praia teria sido o cenário do romance entre a índia Iracema e o colonizador português. A estátua é o símbolo da cidade. A praia de mar tranquilo é encantadora impressiona até quem nasceu por aqui.
Pouco mais de 13.600 habitantes vivem neste bairro de contrastes. De um lado, o luxo dos apartamentos, casas e hotéis da Beira-Mar, do outro, as humildes casas das áreas de risco.



Foto bastante antiga, não sei a data mas parece ser do começo do século passado

Situado ao leste do centro da cidade, cerca de 4 kms deste, é um bairro com muita história. Acredita se que em 1500, o navegador espanhól Vicente Yáñez Pinzón, desembarcou neste cabo antes da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil e o batizou de Cabo de Santa Maria de La Cosolación. Em 1501, André Gonçalves e Gonçalo Coelho chegaram à enseada do Mucuripe tendo Américo Vespúcio na tripulação.

Quando os holandeses, chegaram ao Ceará em 1649, o Mucuripe foi o porto de ancoragem de sua embarcação.

Durante a consolidação de Fortaleza como cidade, a enseada e a ponta do Mucuripe receberam diversas fortificações: Fortim de São Bartolomeu, Fortim de São Bernardo do Governador (Fortim de São Luís), Fortim da Bandeira, Bateria da Princesa Carlota e Bateria de São João do Príncipe, Bateria de São Pedro do Príncipe; que assim completavam a estrutura militar de defesa do Forte de Nossa Senhora da Assunção. E ainda no século XX, na ponta do Mucuripe foi construído o Farol do Mucuripe, como apoio e complemento do Porto de Fortaleza e em 1891 uma estação de trem.



Antigo farol - Foto de 1942

A então Vila de pescadores, teve dois centros habitacionais, um à margem esquerda do Riacho Maceió e um outro à margem direita. À margem esquerda do Riacho Maceió, à beira-mar, foi construída uma igrejinha que ficou conhecida como a Capela dos Percadores e à margem direita do Riacho Maceió no alto da duna, foi construído a Igreja de Nossa Senhora da Saúde e em 1912 o segundo cemitério público de Fortaleza(Cemitério São Vicente de Paula).

Nos anos 40 do século passado, o Mucuripe é escolhido como o local para a construção do Porto do Mucuripe, o ramal ferroviário foi reformado para atender ao porto. Nos anos 50, este bairro deixa de ser um bairro de pescadores e expandiu-se. Hoje é uma das áreas de maior especulação imobiliária de Fortaleza. 



Clique para ampliar

Mesmo com toda esta transformação no bairro, neste ainda acontece às quinta-feira a famosa Feira do Mucuripe
.

Final dos anos 60 - praia do Mucuripe

Postal noturno do Mucuripe inicio da década de 80


Leia a segunda parte AQUI



Fonte: Tv Verdes Mares e pesquisas de internet

Messejana II


Igreja Matriz


Para muitos Messejana não é apenas mais um bairro de Fortaleza. Há quem pense que se trata de uma cidade contígua a Região Metropolitana da capital cearense. De fato, ela já foi independente, sendo anexada como bairro no século passado. Em Messejana – que é chamada de “Miss Jane”, por alguns "gaiatos", há muitos elementos que podem perfeitamente ajudar a constituir uma cidade, ainda que de interior, mas com fortes traços de desenvolvimento urbano.

A "cidade" onde nasceu José de Alencar, revela facetas muito interessantes. Como qualquer localidade interiorana, tem Igreja Matriz, com suas tradicionais missas aos domingos. Do lado de fora, na praça principal, há uma grande feira que acaba por movimentar o bairro inteiro, servindo como chamariz até mesmo para clientes dos supermercados nas redondezas. Tem o velho hábito das pessoas em se distrair sentando-se nas calçadas para conversar. Até este ponto, Messejana se revela uma típica cidadezinha do interior.


Famosa feira de Messejana



Messejana é bairro rico em fatos históricos e no qual nasceram, entre outras, as seguintes personalidades: o escritor José de Alencar e o ex-presidente Castelo Branco.

Messejana origina-se do árabe masjana, que significa prisão ou cárcere. Mas antes de chama-se Messejana, esta aldeia dos Potyguara chamava-se Aldeia de São Sebastião de Paupina.

Antes das chegada dos portugueses com as missões militares e religiosas, neste local habitavam os índios Potyguara. Em 1607, os padres Jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, durante a jornada no Ceará rumo ao Maranhão, mantiveram contatos com os Potyguara e no local onde este tinham suas habitações, este nomearam de São Sebastião da Paupina. Messejana foi indicado no primeiro mapa do Ceará, feito por João Teixeira Albernaz, o velho. Em 18 de março de 1663, a então aldeia Potyguara foi oficiamente denomida de Aldeia de São Sebastião da Paupina.




casa de José de Alencar
Os Jesuítas, foram responsável pela urbanização de Messejana. Por exemplo, eles construiram a primeira capela neste local, a qual seria a base da atual Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1759, com a expulsão dos Jesuítas do Brasil na era Pombalina, esta vila passou a ser chamada Vila Nova Real de Messejana da América.

Nos séculos XVII, Messejana viveu de progesso e teve uma importante função econômica dentro do Ceará, pois serviu de via de seu escoamento de gado na época da carne de sol e charque. Deste período ainda existem vestígios da Estrada Parangaba-Messejana(hoje Paranjana) e a Estrada do Fio. Mais tarde no século XIX, esta foi uma das vias de escoamento do algodão vindo das regiões Jaguaribana e Sertão Central, que foi exportado via o Porto de Fortaleza.

Em 1836, é inaugurado o Cemitério Público de Messejana. Hoje este é o cemitério mais antigo de Fortaleza.

Hospital de Messejana - 1930

Em 1921 Messejana sofre uma transformação que teve repercussão até os dias de hoje. O então governador do Ceará, Justiniano de Serpa, rebaixou o município de Messejana a distrito e este é anexado à Fortaleza.

Messejana nos dias de hoje:


A lagoa de Messejana



O bairro é conhecido também pela Lagoa da Messejana, onde há uma estátua representando a personagem Iracema, da obra de José de Alencar. Outros lugares e instituições referênciais do bairro são: o Hospital de Messejana(construído em 1930 pelo arquiteto Emílio Hinko), Hospital de Saúde Mental de Messejana, Vila Olímpica de Messejana, Terminal integrado da Messejana e a própria casa onde nasceu José de Alencar, transformada hoje em museu. Messejana também é conhecida pela Feira de Messejana, uma das maiores feiras de Fortaleza que acontece todos os domingos.



Em Messejana encontramos diversas escolas, entre elas destacamos os Colégios José de Barcelos, Paulo Benevides e Liceu de Messejana.

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: