Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Teatro São José


Em 1874, surge o Teatro São José, se instalando originalmente na antiga rua Amélia (atual rua Senador Pompeu), onde ficou até 1884.


No endereço atual, teve sua pedra fundamental lançada em 14 de Fevereiro de 1914. 
Foi criado como opção de Lazer, cultura e assistência social para os trabalhadores do Círculo de trabalhadores Cristão Autônomos de Fortaleza.
A Fundação Círculo Operário e trabalhadores de São José foi fundado em 29 de Junho de 1913 pela Arquidiocese pelo Padre alemão Guilherme Waessen
Em 1914, teve início às obras do prédio do Teatro São José, construído em estilo eclético. Seu fundador, deu início a obra construindo um grande galpão coberto de zinco, com a colaboração dos operários de boa vontade, que trabalhavam dia e noite, e feriados, sem pagamento algum. Foi inaugurado em 1915.

Vista aérea da década de 20 ou 30

Com palcos improvisados, para apresentação de peças teatrais, sessões de Cinema, Drama aos domingos, jogos de dominó, sueca, gamão... Essas atrações eram usadas em busca de donativos, para a obra que estava sendo construída.



Foi desse modo que o CTCAF surgiu, com seu belíssimo Teatro, onde todas as peças de Carlos Câmara foram encenadas.
A primeira fundação artística teve a denominação de Grêmio Recreativo São José.

Foi criada nessa época a célebre Banda de Música cujo maestro era o Sr. João Gomes de Souza, e depois o maestro Silva Novo. Esse Grêmio funcionou até 1927.



No começo da década de 40, houve um movimento artístico, de grande repercussão. Levava-se no Círculo São José a peça de teatro o “Mártir do Golgota” encabeçada pelo grupo do português Esmeraldo Matos, essa peça foi apresentada várias vezes e com muito sucesso.
O Teatro viveu vários dias de glória apresentando artistas da terra e de outros estados como Carmem Miranda e recebendo autoridades.


1917 - 1941 Funcionou o Cinema São José, onde a plateia era dividida por sexo.


 
Museu do Maracatu: fundado em 25 de Março de 1984.
1975: Em crise, recebeu verbas através do deputado Wilson Gonçalves.
1994: Nova reforma, custeada pela Fundação Cultural de Fortaleza, R$ 150 mil reais, aumentando a capacidade de 400 para 530 pessoas, construtora TRAMA, com projeto elaborado na primeira gestão de Juraci Magalhães, inauguração 3 de Fevereiro de 1995.

Em Março de 1975, foi eleita para dirigir a entidade a Dra. Lyrysse Pôrto de Araújo.
Além do Teatro, atualmente se realizam outras atividades de grande importância para a cidade como o Museu do Maracatu, o Centro de Convivência do Idoso, que atende 300 idosos com alimentação diária, programas culturais, assistência médica, dentária e serviços funerários, bem como uma escola de arte.


Evolução funcional , construtiva e formal:
O teatro inicialmente era uma nave única e posteriormente se agregaram os dois balcões, o palco, camarins, e outras dependências, entretanto que no resto do conjunto se foram realizando obras desordenadamente o que trouxe um caos espacial e má qualidade construtiva do conjunto expressado fundamentalmente na fachada oeste, acesso do Museu do Maracatu.

Análises dos elementos componentes da edificação:
A edificação se encontra composta por uma nave em forma retangular, com pé direito duplo , balcão ,saguão de acesso, e palco. Os balcões de formas bem simples apoiam em colunas, tendo forma de ferradura, a coberta de armaduras de madeira que cobrem totalmente o espaço são apoiadas nos muros de carga exteriores com grande. simplicidade deixando a telha à vista. Os balcões totalmente de madeira ( varanda, estrutura, piso). Toda a platéia é rodeada de portas-janelas de altura considerável o que permitia uma ótima ventilação e iluminação. A ornamentação exterior e simples lhe dão grande elegância as fachadas do Teatro.

Analises da estrutura e Possibilidades de recuperação:
A estrutura em linhas gerais se encontra em bom estado , precisando de manutenção geral e revisão em alguns pontos. O Circulo Operário necessitará de projeto de Restauração completo para cumprir com as novas necessidades.



"Teatro São José pede socorro" - Manchete do Jornal Diário do Nordeste

Roubos ao prédio em qualquer hora do dia ou da noite. Aqueles que trabalham no teatro pedem policiamento

O espetáculo tem de continuar... Mas como é possível com roubos constantes, banheiros danificados, portas arrombadas, um som que só se ouve quando alguém que vai se apresentar leva etc. etc. etc? Emociona a qualquer um, o apreciador da arte ou mesmo o espectador que vê o palco pela primeira vez, a situação do Teatro São José.

O primeiro ato desse drama é narrado pelo presidente da Associação do Círculo de Trabalhadores Cristãos Autônomos de Fortaleza (Ctcaf), José Couto Alvarez Neto. Pertencem à entidade, o prédio do teatro e o anexo administrativo. Ele assumiu há dois anos o lugar da mãe, Lyrysse Porto de Araújo, que aos 89 anos já não tem mais forças para lutar e conta que os principais problemas são as invasões e os roubos, a qualquer hora, dia ou noite.

 
Arquivo O Povo

Instalações elétricas e hidráulicas, frisos de alumínio de portas e janelas, sifões, a placa de bronze da reinauguração, a aparelhagem de som e, nos últimos dias, até um fogão foi tirado por ladrões às vistas de muitos. Uma das testemunhas foi uma funcionária da Biblioteca Menezes Pimentel, contígua ao teatro, que prefere não se identificar. “Uma viatura do Ronda do Quarteirão veio, mas pelo lugar errado e os bandidos conseguiram escapar”.

Problemas que fizeram o presidente do Ctcaf, trocar a mesa do escritório por ferramentas para repor os canos do banheiro. É porque o dinheiro para manter o teatro é pouco, não sendo suficiente à contratação de serviços como esse. Ele vem das mensalidades dos 600 associados da Ctcaf, na maioria, pessoas muito humildes, que pagam em troca de assistência funerária, do aluguel para shows de humor e das doações do presidente da Ctcaf.



 

O pouco que resta, depois das retiradas mensais para energia e outras despesas, paga o “Seu Luís”, uma espécie de serviços gerais do lugar, e a secretária Eunice, que recebe os associados. “A gente não tem mais sossego”, desabafa. “Não consigo mais dormir porque o telefone não pára de tanta gente ligando por conta dos roubos”, diz Couto, emocionado.

Outras consequências? Alguns sonhos deixados de lado. Por exemplo, o Centro de Convivência do Idoso, que atendia a 300 pessoas em regime de semi-internato, foi fechado. O dinheiro não dá mais para manter parte da alimentação (a outra era mantida pela prefeitura), muito menos o material de trabalho para as artes. Hoje, o que se vê é uma mesa de sinuca abandonada numa sala e, logo adiante, uma cozinha praticamente destruída, com pias quebradas e azulejos danificados.



E o Museu do Maracatu, fundado por Lyrysse, em 1984, e desativado há cerca de oito meses em razão de sérios problemas estruturais, resume-se agora a uma desordem de caixas que se acumulam em dois cômodos escuros e sujos. Sem contar um depredado consultório odontológico, que prestava assistência aos idosos do Centro de Convivência. Resta apenas uma cadeira para pacientes em estado deplorável.



Editado:

Prefeito Roberto Cláudio reinaugura Teatro São José

Equipamento cultural foi entregue em 19 de Setembro de 2018. Uma programação especial e gratuita ocorreu no Teatro até 30 de Setembro daquele ano, para marcar a reinauguração.

O equipamento, tombado como patrimônio do Município em 1988, recebeu obras de restauro e diversas novas estruturas. Dentre elas, a ampliação do espaço em 40%, a construção de prédio anexo e a reestruturação completa da tradicional edificação, construída, em estilo eclético, inaugurado no ano de 1915.

Reformado pela Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), o equipamento será administrado pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor). Orçadas em R$ 6,2 milhões, as intervenções, iniciadas em 2016, incluíram minuciosos trabalhos infraestruturais. Além da restauração de pisos, portas, balaústres e mezaninos, o palco do Teatro foi equipado com novo tablado, nova iluminação e sonorização, oferecendo melhor experiência à plateia de até 346 pessoas, que, durante os espetáculos, será acomodada em assentos retráteis em madeira e tecido bordô.

Totalizando 1.446 m² de área construída, o Teatro passará a oferecer, ainda, espaços paralelos, como cafeteria, banheiros, salas multiuso, depósito, bilheteria e pátio externo com áreas de convivência.


Crédito: Ofipro, Diário do Nordeste e https://www.fortaleza.ce.gov.br/

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Shopping Center Iguatemi



Da Salina do Diogo ao shopping da sua vida

Foto de 1961 - Arquivo Nirez

Há muito tempo, antes mesmo da década de 70, existiam naquela região muitos sítios. Entre eles, o Sítio Antônio Diogo, que ia dos trilhos até a Foz do rio Cocó e abrigava a Salina Diogo. Por isso, o bairro herdou esse nome. A ocupação no local, na verdade, era rarefeita, sem densidade. Não existia nada além da exploração do sal. Entretanto, quando a produção entra em declínio, a fábrica é desativada e o mangue começa a se recuperar.

Postal Salina do Diogo. Nesse local, depois seria erguido o Shopping Center Iguatemi. Registro de 1979 -  Foto de Elian Machado

Essa era a Salina do Diogo e nesse local foi erguido o Shopping Iguatemi - Registro de 1979 -  Foto de Elian Machado

Salinas do Diogo em 1979 -  Foto de Elian Machado

Quem passa diariamente pela ponte do Rio Cocó e visualiza uma cerca verde e viva formada por tantas árvores, não deve nem imaginar que a paisagem ali já foi muito diferente. No lugar do verde, a extensa região era deserta e branca, marcada pela existência de salinas. Dos tempos de produção e comercialização do sal restou apenas o nome do bairro.

Arquivo Carlos Juaçaba 

Arquivo Carlos Juaçaba 

Foto de Nelson Bezerra 

Em tempos de shoppings centers, arranha-céus e largas avenidas, são poucas as pessoas que ainda vivem para narrar as mudanças ocorridas no bairro.

A pensionista Maria dos Santos, 71 anos, viu o mato crescer e tomar conta do lugar as últimas décadas. Parte da sua vida, mais precisamente 19 anos, foi dedicada ao trabalho nas Salinas. "Costurando panos para que o sal fosse ensacado", recorda.

Diário do Nordeste

Salina Diogo em 1979 -  Foto de Elian Machado

Foto de Elian Machado

Foto de Nelson Bezerra - Década de 70

Salina Diogo em 1979 -  Foto de Elian Machado

No fim de 1979, o então estudante de jornalismo Elian Machado - hoje professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) -, foi três ou quatro vezes até as salinas da família Diogo para fotografar. Ele morava perto, ali no trilho da Santos Dumont. A família comprava leite numa das várias vacarias da região, ainda pouco habitada naquela época. 



“Queria registrar aqueles trabalhadores sofridos e tinha também a estética das salinas, aqueles morrinhos brancos feitos de sal me fascinavam. Mas não tinha pretensão nenhuma”, conta Elian. Tanto que os negativos ficaram guardados quase 20 anos até serem revelados e irem parar num banco de imagens. Encontrada pelo Iguatemi, a sequência de fotos acabou sendo usada numa campanha publicitária do shopping e numa exposição, uma tentativa de salvá-lo da fama de vilão do Parque do Cocó.

Construção do Iguatemi no final da década de 70 - 
Arquivo do amigo Assis de Lima

O Iguatemi quis mostrar como a área era degradada antes de sua construção e como ele contribuiu para a recuperação e preservação do entorno.

Construído antes da criação do parque - o que aconteceu apenas em 1989 -, o surgimento do shopping coincide com o início do movimento ecológico em Fortaleza. Numa época em que sustentabilidade ainda não existia no dicionário do politicamente correto, defender o mangue era uma tarefa meio solitária dos ativistas. “Já existia o movimento ambientalista, ele já se colocava, fazia críticas, tem fotos de grandes manifestações e passeatas em defesa do Cocó, mas a imprensa não dava muita visibilidade”, recorda o professor do departamento de geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles.



Ilia Freitas, diretora da Jereissati Centros Comerciais, proprietária do Iguatemi, acompanhou o processo de definição do local onde seria construído o shopping. “Foi uma escolha técnica. As tendências apontavam que o destino da cidade era crescer pra cá, se pensou como seria fácil chegar aqui de qualquer lugar da cidade - não existia esse trânsito louco de hoje -, e havia essa área enorme das salinas”. Ela lembra que grande parte dos quase 450 mil m² comprados na época foram doados para a formação do Parque do Cocó. O empreendimento ficou com 110 mil m².

Mariana Toniatti - Jornal O Povo

Acervo de Carlos Juaçaba


O Shopping é de propriedade do empresário Tasso Jereissati, um dos sócios da empresa Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A., um dos subgrupos do Grupo Lisboa BernardesO shopping foi inaugurado em 02 de Abril de 1982 sendo um dos primeiros shoppings do estado do Ceará, foi um marco do varejo neste mercado. O bairro em que foi implantado - Edson Queiroz - era deslocado do centro de compras, pois o comércio de Fortaleza concentrava-se no Centro da cidade e na Aldeota. O Iguatemi fortaleceu o pólo de atração, iniciado pela vizinha Unifor, desenvolvendo o processo de ocupação da área vizinha. 


A grande inauguração foi noticiada no Diário do Nordeste - Júnior Madeira

Propaganda de inauguração do Iguatemi - Diário do Nordeste de 01/04/1982 -Acervo Júnior Madeira

E no Jornal O Povo

Foto da década de 80

Foto de 1981

Foto aérea da construção do shopping Iguatemi no Bairro Edson Queiroz.
Foto de 05-11-1981

Foto de 1982 (Ano da inauguração)


Em 1992 foi feita a primeira expansão com arquitetura inovadora utilizando coberta de vidro em área de passeio interno. Novas lojas surgiam, totalizando, naquele momento, 240. Uma nova praça de alimentação e três novas salas de cinema. No ano de 1995 foi construída a loja C&A e em 1999 com o Hipermercado Extra a quarta expansão. 

Iguatemi em 1982 do Anuário do Ceará

Publicidade do filme A Gata Borralheira (Cinderela), publicada no O Povo em 31/07/1986


O Shopping Iguatemi nos anos 90 - Acervo Fortal104

Shopping Iguatemi  em 1991 - Acervo Joaquim Madeira

Shopping Iguatemi na década de 90 - Arquivo DNeto

A quinta expansão do shopping tem início com a inaugurado em dezembro de 2001 do edifício garagem, com capacidade para 1000 novas vagas. Em 17 de julho de 2003 inaugura o Multiplex com 12 salas de projeção com capacidade para 3.300 lugares e mais duas lojas âncoras.

Shopping Iguatemi em 1984 e 2012. Acervo O Povo

Começou a construção do Iguatemi Empresarial, que ficará ao lado do Shopping Iguatemi.


Lojas: 300 

- Âncoras 8 (Lojas Americanas, C&A, Renner, Riachuelo, Maia, Centauro, Hipermercado Extra e Multiplex UCI)

- Cinema: 12 salas do UCI / Severiano Ribeiro

Área total Construída: 113.601 m²
Terreno: 238.103 m²
- Pavimentos 2


Estacionamento 4.100 vagas
Movimento 1.600.000 pessoas
- Administração IESC - Iguatemi Empresa de Shopping Center S.A.

Estrutura ou escultura


Em sua segunda ampliação, o shopping Iguatemi Fortaleza ganhou mais lojas e cinemas e um novo visual: uma fachada de vidro de 800 metros quadrados, protegida por marquise que tem como destaque uma peça estrutural com geometria espacial de dez metros de altura.

Inaugurado em 1982, época em que o conceito de shoppings tinha como foco abrigar grandes magazines, que serviam como âncoras, e lojas de grife, o Iguatemi Fortaleza reuniu inicialmente quatro lojas maiores e 120 lojas-satélites. A primeira ampliação, em 1992, atualizou o programa original, incorporando áreas de lazer e uma ampla praça de alimentação.



O projeto de ampliação foi concebido pelo arquiteto Gerardo Jereissati, sob consultoria do escritório de arquitetura norte-americano RTKL e do arquiteto José Maria Gaspar Rodes. O novo prédio tem três pavimentos e integra-se ao antigo; ele abriga lojas no térreo, lojas e bilheterias dos cinemas no primeiro andar e as salas multiplex no segundo.

Dois tipos de estrutura - de concreto e metálica - possibilitaram a otimização dos prazos e custos da obra. A estrutura de concreto compreende um pavimento, executado com pilares e lajes alveolares protendidos de concreto pré-fabricado. A partir do nível 12 metros, que abriga a área dos cinemas, o volume foi concebido por vigas e pilares de aço soldados do tipo I, combinados com perfis de aço dobrados de seções diversas, fixados em placas de concreto com inserts, prontas para receber a estrutura metálica.

Na cobertura foram utilizadas telhas zipadas de alumínio com lã de vidro e painéis de concreto celular com acabamento cerâmico nas laterais. As juntas de aproximadamente três centímetros entre os painéis receberam silicone estrutural. Todos os painéis foram testados com pressão de jato de água, para verificação dos níveis de estanqueidade.

Peça estrutural

Segundo o arquiteto Gerardo Jereissati, “a concepção arquitetônica do Iguatemi Fortaleza está inserida em novo conceito de shopping center, que evita o confinamento das pessoas a lugares fechados e ao percurso obrigatório. Hoje, os projetos mais funcionais adotam a livre circulação por espaços iluminados também com luz natural”.

Nesse contexto, a face principal, voltada para o sul, revela um grande pano de vidro de 800 metros quadrados, protegido por uma marquise que promove sombreamento na fachada o tempo todo, garantindo a iluminação indireta no interior do shopping e o bom desempenho do ar-condicionado.


Com 346 metros quadrados de área construída, a marquise conectada à estrutura principal da edificação segue as formas geométricas curvas e ortogonais da fachada principal. O vigamento de concreto do contorno curvo, associado ao trecho reto, fornece apoios para vigamentos secundários, que se distribuem paralelamente a cada dois metros, apoiando-se em sua outra extremidade e a uma viga de aço com comprimento total de 32 metros.

A solução estrutural atendeu à exigência arquitetônica de testeira com 1 400 milímetros de altura, revestida com painéis de alumínio composto, na cor prata. Na face superior da marquise foram empregadas telhas de alumínio zipadas sobre mantas de lã de vidro e na interior, forro com painéis de gesso acartonado.

Como elemento único de transmissão das cargas gravitacionais, oriundas da ação do vento, para as fundações, foi concebida uma estrutura de geometria espacial que serve de sustentação para o plano da marquise e para o cone. Trata-se de uma peça composta por dois perfis de eixo reto de 273 milímetros de diâmetro, que formam um V suspenso fixado no vértice, e um perfil de eixo curvo de 355 milímetros de diâmetro, ancorado em uma base de concreto. Esta é instalada no piso, através de ligações rotulares com pino em parafuso com diâmetro de 34,9 milímetros. Com dez metros de altura, esse elemento estrutural recebeu perfis tubulares de aço ASTM A-501 e acabamento de superfície à base de pintura epóxi.
Essa concepção permitiu que apenas um ponto tocasse o solo, embora em sua parte superior três pontos fixados na marquise sejam efetivamente de apoio. O emprego de elementos tracionados em barras redondas, associados a elementos tubulares comprimidos, confere leveza e expressão arquitetônica para um componente estrutural normalmente pouco explorado em termos de desenho, explica o engenheiro Raimundo Calixto de Melo, responsável pelo projeto de estrutura metálica, vidros e esquadrias.

Elemento lúdico
O cone instalado na cobertura da marquise marca a entrada do shopping como um elemento lúdico, que lembra um caleidoscópio. Com dez metros de altura e seis de base, a estrutura metálica do cone, apoiada diretamente na estrutura da marquise, na região dos apoios do pilar tridimensional, forma um pórtico espacial constituído pelo cruzamento de seis pórticos contraventados através de um sistema similar de cabos e montantes.

Detalhe dos suportes diagonais com rótulas articuladas, conhecidas como aranhas

Devido a exigências arquitetônicas quanto a leveza e transparência, foi adotado um sistema estrutural que associa elementos tubulares retangulares, absorvedores dos esforços de compressão e flexão, e barras redondas responsáveis pela absorção dos esforços de tração.

Para o fechamento das 12 faces que constituem a superfície poligonal do cone foram utilizados 120 metros quadrados de vidro laminado refletivo verde, dez milímetros, fixados à estrutura por meio do sistema vidro encapsulado com silicone (VES), que utiliza um perfil de silicone como proteção das bordas.

No interior do shopping, os pilares são revestidos com chapas de aço inoxidável. Os guarda-corpos receberam proteção com vidro temperado laminado de dez milímetros com dupla laminação, fixado em três bordas com perfis de aço inoxidável de 19 milímetros, vedado com borracha de neoprene, e as escadas rolantes possuem vidros laminados e adesivados de sete milímetros.

No hall, um painel de vidro jateado de 4,20 metros de largura por 3,20 de altura e espessura de 25 milímetros está instalado dentro de uma fonte de água. Ele foi fixado em uma calha de 30 centímetros dentro do piso. Revestida de alumínio, a calha recebeu isolamentos de borracha de silicone extrudado. Os pilares de concreto foram revestidos com chapas de aço inoxidável intercaladas dos tipos veneziana e desenhada. Na parte inferior das colunas foram adotadas chapas perfuradas de aço inoxidável 304 escovado, com espessura de um milímetro e furos do tipo veneziana.

O revestimento dos pilares é formado por três chapas de 1,07 metro de largura por três metros, instaladas em uma estrutura de alumínio circular fixada no concreto. Para a junção das chapas foram feitas abas de encaixe que receberam parafusos com juntas vedadas com perfis de aço inoxidável. No caso das chapas desenhadas, as abas foram encaixadas nos perfis do tipo U da estrutura de alumínio, eliminando o acabamento das juntas.

Detalhe dos perfis de eixo reto de 273 milímetros de diâmetro, que formam um V  suspenso, fixado no vértice

A coloração do aço inoxidável foi obtida por meio de uma sequência de tratamento químicos e eletroquímicos que promove o crescimento homogêneo e controlado da camada de óxidos que naturalmente revestem sua superfície, sem utilização de pigmentos ou corantes. O processo permitiu a gravação dos desenhos definidos pelo arquiteto.

Fachada de vidro

Para transmitir a sensação visual de movimento, o projeto de arquitetura concebeu uma fachada com formas geométricas e elementos estéticos, revelados por um pilar tridimensional e um cone de dez metros de altura, instalado na cobertura da marquise. Ela combina três panos de vidro, produzidos nos sistemas structural glazing, e fachada suspensa.

A estrutura metálica é constituída por treliças verticais, de 11,40 metros, fabricadas com perfis tubulares de aço soldados, com acabamento de superfície à base de pintura epóxi

As faces revestidas com structural glazing - uma curva, facetada, e a outra reta - estão separadas pela fachada suspensa, que tem vidros temperados e laminados, 16 milímetros, da Glaverbel, ancorados pelo sistema diagonal de fixação JSD, da empresa JSD. Trata-se de um envidraçamento composto por suportes diagonais com rótulas articuladas - conhecidas como aranhas de uma, duas, três e quatro pernas -, estrutura metálica primária e cabos de aço para contraventamento.
A estrutura metálica primária é constituída por nove treliças verticais, de 11,40 metros, fabricadas com perfis tubulares de aço soldados com acabamento de superfície à base de pintura epóxi. Para evitar o contato com os usuários do shopping, as treliças começaram a ser fixadas a partir de 2,30 metros do piso, ultrapassando 1,30 metro o forro, onde foram chumbadas na estrutura de concreto. A primeira e a última treliças estão inclinadas a 30 graus e as demais estão a cada 1,96 metro de distância. Essa disposição contribui para melhor distribuição de cargas.

Para proteger a fachada no nível do piso foi criado um rodapé de alvenaria, revestido com granito. Por trás dele está instalado o perfil de alumínio que recebe as placas de vidro. Na interface das placas de vidro com os perfis foram utilizadas borrachas de neoprene e vedação com silicone.

O engenheiro Calixto explica que, como o sistema exigiu grande precisão dimensional para evitar surpresas na montagem dos vidros, todas as treliças estão alinhadas através de um sistema horizontal de contraventamento, realizado por meio de cabos de aço inoxidável cujo tensionamento é mantido por esticadores. O sistema de contraventamento interliga as treliças da estrutura metálica, mantendo rigorosamente as distâncias entre as elas.

A fachada suspensa utilizou apoios diagonais de duas, três e quatro pernas para fixar, respectivamente, dois, três e quatro painéis de vidros. As aranhas, como conectores entre o vidro e a estrutura primária, são responsáveis pela transmissão das cargas gravitacionais e transversais para as treliças, que, por sua vez, as distribuíram para a estrutura de concreto. A vedação das aranhas foi feita com um anel de EPDM.

Nas fachadas structural glazing, instaladas nas áreas de lojas e acima da marquise, o arquiteto preferiu utilizar vidros refletivos verdes, criando uma contraposição entre as fachadas e protegendo as vitrines das lojas da luz indireta.
Foram utilizados 650 metros quadrados de vidro laminado refletivo Glaverbel, dez milímetros, na cor verde, encaixilhados em perfis de alumínio da linha PV - II da Alcoa, vedados com silicone estrutural Dow Corning 995. A adoção de uma estrutura metálica possibilitou o uso de perfis mais leves na execução dos caixilhos.

E para recordar, um vídeo de 1990:




Fontes: Diário do Nordeste, Jornal O Povo, Wikipédia, Youtube

Ruas de Fortaleza - Mudanças (Rua Boris)


Foto de 1908
A antiga travessa da Praia (atual Rua Boris), perpendicular à rua da Praia (Avenida Pessoa Anta), foi, durante muito tempo, conhecida como ladeira do Solon, por residir na mesma, no prédio que vemos ao longe na foto mais antiga (um chalé com portas arqueadas), o coronel Solon, que possuía uma plantação de videiras e lá residiu por 21 anos.


Na velha foto, de cartão postal de 1910, vemos, na esquina, uma casa tipo beira-e-bica, seguida da Casa Boris, fundada em 1869, tendo como razão social a firma "Théodore Boris & Irmão" constituída de Aiphonse Boris e Théodore Boris, o primeiro chegado em 1865, de navio e o segundo pelo interior em 1867. Em 1870 a firma passou a denominar-se "Boris Frères", com a administração dos sócios Achiles Boris, Adrien Boris e Isaie Boris, tendo como sede a cidade de Paris.
Em 1878 Isaie veio morar no Ceará, chegando a vice-cônsul Francês. Quando se foi, em seu lugar ficou Achile. Graças à firma Boris Frères é que hoje temos a oportunidade de conhecer Fortaleza no início deste século, através de mais de cento e sessenta fotografias editadas em dois álbuns em 1908 sob o título de Vistas do Ceará - 1908 impresso em Nancy, França, por Imprimeries Réunies de Nancy. Infelizmente não foi identificado o fotógrafo.
Na velha foto os trilhos de trem passavam pela atual Pessoa Anta, no rumo do porto (Ponte Metálica), passando pela Alfândega.


Na segunda foto(P&B), de Osmar Onofre, já não existem os trilhos nem o calçamento, mas o asfalto; as calçadas continuam irregulares tanto na largura como na altura, embora hoje existam o meio-fio e um código de obras e posturas que determina a regularidade tanto na altura como na largura; a casa de beira-e-bica foi reformada; a casa do coronel Solon desapareceu com a construção da avenida Leste-Oeste; novas construções surgiram prosseguindo a rua; postes de concreto levam a luz e a força através dos fios; somente a Casa Boris resistiu ao tempo.
Em frente à Casa Boris hoje existe um calçadão que vai da Rua Boris até a Rua Almirante Jaceguai, que faz parte do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. Infelizmente existe hoje uma prática de pintar-se as casas antigas com cores vivas, o que não se fazia antigamente, tornando-as hoje ridículas.
Dever-se-ia proceder a uma prospecção para descobrir a tinta primitiva e da mesma cor pintar os edifícios para dar o aspecto da época.




Crédito: Portal da História do Ceará e Nirez

Ruas de Fortaleza - Mudanças (Av. Alberto Nepomuceno)


Localizado na Av. Alberto Nepomuceno esta é a imagem lateral do Palacete da Fazenda.

Este é o segundo quarteirão da antiga Avenida Rua da Ponte, depois Avenida Sena Madureira, hoje Avenida Alberto Nepomuceno em foto que data de aproximadamente 1945 e mostra além da avenida com pavimentação de paralelepípedos, os trilhos dos bondes elétricos, da The Ceará Tramway Light and Power Ltda, que transitaram pela cidade de 1913 a 1947. Nesse caso eram os bondes da linha "Prainha". Os carros, tanto automóveis como caminhões mostram os modelos anteriores à época. Muitos dos caminhões - sua maioria - são aproveitamento de automóveis que tinham sua flandagem cortada para colocação de carroçaria de madeira feita em serrarias de Fortaleza.

Os prédios à esquerda, construídos em 1915 pelo comerciante Raimundo da Silva Frota abrigavam várias firmas, sendo que na esquina em frente à Secretaria da Fazenda (Recebedoria do Estado) ficava a firma Leite Barbosa & Companhia, o Sindicato dos estivadores, a Colônia dos Pescadores do Ceará e muitas outras casas do comércio atacadista.

No térreo funcionava a firma V. Castro & Companhia, agentes de navegação.
A Segunda foto, obtida pela objetiva do fotógrafo Osmar Onofre, foi colhida num Domingo, por isto a ausência de carros, mas serve para mostrar como é a parte térrea dos prédios, que não é vista na foto antiga. As árvores desapareceram, existindo hoje apenas duas, plantada depois da derrubada das antigas, pelo tamanho. O governo do Estado, através do decreto nº 20.073, de 8 de maio de 1989, desapropriou os prédios que hoje pertencem à Secretaria da Fazenda, estando preservados embora pintados espalhafatosamente como antigamente não se fazia. Felizmente a segunda fotografia, em virtude da luz, disfarçou as cores.


Saiba mais sobre a Av. Alberto Nepomuceno no post da Secretaria da Fazenda


Fonte: Fortaleza de Ontem e de Hoje e arquivo Nirez

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: