Com mais de 90 anos de existência, a Leão do Sul se tornou ponto de encontro e até atrativo turístico da cidade de Fortaleza, vendendo o delicioso pastel com caldo de cana.
Foi fundada no ano de 1926, na Praça do Ferreira, centro de Fortaleza, e segundo análise de documentos antigos o primeiro proprietário foi o Sr. A. Silva.
O nome Leão do Sul surgiu desde sua fundação e há duas versões com relação à escolha deste nome: a primeira foi devido a sua localização que fica ao sul da Praça do Ferreira e porque o proprietário era torcedor do time Fortaleza Esporte Clube, e a segunda é que ele era torcedor de um time de futebol do sul do país de mesmo nome.
A Leão do Sul funcionando como Mercearia. Acervo da pastelaria |
Naquela época era comum encontrar senhores de Terno de linho branco e chapéu fazendo suas compras no centro da cidade.
Foto da década de 50
Em 1952, o empreendimento é vendido ao senhor Dimas de Castro e Silva. A administração do “Seu Dimas” como era chamado, ficou marcada pela forma simpática e afável de tratar seus clientes, estava sempre à beira do balcão pronto a atender e prosear. Naquela época a máquina registradora ainda era a manivela e fazia muito barulho ao registrar os produtos vendidos.
Nesta época, o caldo de cana e o pastel já eram a dupla mais vendida na Leão do Sul. O pastel, que não era feito lá, chegava de bicicleta em latas de gordura coberto com um pano, ainda quentinho, e caldo de cana que saia geladinho da engenhoca, tinha a cana-de-açúcar raspada na hora, antes de ser moída. Muitas vezes fazia fila para se lanchar ali naquele cantinho apertado.
Na década de 50, o pastel e a “garapa”, eram concorridos pelos jovens que frequentavam a Leão do Sul ao final de cada sessão do Cinema Moderno ou do Cine Majestic. O caldo de cana que jorrava seu suco esverdeado na engenhoca e saia geladinho, concorria com outra bebida famosa da Praça do Ferreira, o “pega-pinto” do Mundico. Esta bebida era um aluá feito de uma raiz conhecida na região. A pastelaria virou ponto de encontro e de paquera das alunas da Escola Justiniano de Serpa, famosa Escola Normal e estudantes do Liceu.
Com o passar dos anos, seus filhos também o ajudavam dentro da empresa, mais posteriormente cada um seguiu uma nova profissão independente.
Nesta época, o caldo de cana e o pastel já eram a dupla mais vendida na Leão do Sul. O pastel, que não era feito lá, chegava de bicicleta em latas de gordura coberto com um pano, ainda quentinho, e caldo de cana que saia geladinho da engenhoca, tinha a cana-de-açúcar raspada na hora, antes de ser moída. Muitas vezes fazia fila para se lanchar ali naquele cantinho apertado.
Na década de 50, o pastel e a “garapa”, eram concorridos pelos jovens que frequentavam a Leão do Sul ao final de cada sessão do Cinema Moderno ou do Cine Majestic. O caldo de cana que jorrava seu suco esverdeado na engenhoca e saia geladinho, concorria com outra bebida famosa da Praça do Ferreira, o “pega-pinto” do Mundico. Esta bebida era um aluá feito de uma raiz conhecida na região. A pastelaria virou ponto de encontro e de paquera das alunas da Escola Justiniano de Serpa, famosa Escola Normal e estudantes do Liceu.
No ano de 1980, Renato Dantas e sua esposa, Maria Dantas, compram a Leão do Sul. Cabe ressaltar que não havia nenhum parentesco entre o primeiro, nem o segundo e o terceiro dono da pastelaria. Como vimos, ao longo dos anos foram vários os proprietários desta empresa, entretanto o nome Leão do Sul permanece até hoje, e no mesmo endereço, Rua Pedro Borges n° 193, Praça do Ferreira, Bairro Centro.
Foto da década de 50
Renato Dantas, um cearense que residiu por muitos anos em São Paulo, retornou a Fortaleza com a finalidade de se estabelecer e adquirir um empreendimento. Então foi ao centro da cidade, sentou-se na Praça do Ferreira e observou o movimento do comércio por completo, viu a movimentada Leão do Sul e seguiu até lá, conversou com o “Seu Dimas” e “apalavraram” a compra do comércio, o que posteriormente foi legalizada.
É interessante lembrar que o Sr. Renato quando moleque entregava “bulim” (biscoito de goma) e doce de caju feito por sua mãe na Leão do Sul.
A partir do terceiro dono, Sr. Renato, algumas coisas mudaram: o pastel passou a ser fabricado no prédio da própria pastelaria, no 2º andar do pavimento superior, que depois de fabricados desciam em bandejas brancas pronto para serem consumidos, nos sabores de carne ou de queijo.
Foto de 1952
A esposa deste novo proprietário Maria Dantas, paulista, começou a fabricar os pasteis com uma receita que era de sua avó mineira. Esta receita foi aprovada pela clientela com sucesso e trouxe rapidez ao processo de fabricação, a massa ficou mais sequinha, crocante e macia ao mesmo tempo.
Apesar da mudança de proprietário, alguns funcionários foram permanecendo nas novas administrações e com o tempo somava-se ao quadro de funcionários do Leão do Sul seus descendentes e irmãos, desta forma tornou-se uma empresa bem familiar.
Com o desenvolvimento e a modernização do centro, alguns comércios foram cedendo lugar a novos empreendimentos, outros resistiam como a farmácia Oswaldo Cruz, a pastelaria Leão do Sul, a Sorveteria Odeon (Depois Itamaraty e hoje Couro Fino) e a Casa Bicho. Para acompanhar tal modernização, a pastelaria faz sua primeira reforma para oferecer mais conforto a seus clientes.
Então os velhos caixotes vazios de bacalhaus que serviam de bancos para os clientes, o balcão escuro e as prateleiras de madeira foram retirados. Foi construído um banco de alvenaria para acolher os clientes e os balcões foram trocados por um estilo mais moderno. Apesar do espaço físico da Leão do Sul ser estreito, a reforma trouxe um aspecto de modernidade, conforto, aconchego, praticidade e limpeza. Novos produtos foram oferecidos como: sanduíches naturais, coxinha, farinha de tapioca pré-cozida do Pará, fécula de batata, açúcar de confeiteiro, banana-seca e uma diversidade maior de bombons, outros foram retirados como, por exemplo, o bacalhau importado.
Foto do final da década de 60
Alguns produtos caseiros como a manteiga da terra, o doce de buriti e o colchão de moça, com o passar dos anos deixaram de ser comercializados nessa empresa devido a exigências da Secretaria da Saúde que passou a exigir a legalização dos fabricantes desses produtos. Outras mercadorias também deixaram de ser comercializadas pela diminuição da procura, vez que nos anos 90 houve um crescimento e desenvolvimento de comércios de bairro em Fortaleza, onde podíamos encontrar uma variedade de produtos mais facilmente.
Em 1997, com mais uma reforma no ambiente da pastelaria, houve algumas incrementações maquinarias. A engenhoca, de seu tamanho monstruoso ainda de ferro, que jorrava caldo de cana quando espremia a cana-de-açúcar, e fazia um barulho alto ao girar suas engrenagens, foi substituída por uma máquina de menor porte, silenciosa e toda em aço inox. Isto trouxe mais qualidade ao caldo de cana oferecido, se tornou mais puro, saudável e higiênico, visto que as garapeiras antigas feitas de ferro agregam um sabor diferenciado não tão delicioso ao suco por ser de ferro. Outra inovação da pastelaria foi o acréscimo do pastel de frango em seu cardápio.
Apesar das mudanças realizadas durante os anos, a Leão do Sul manteve o charme da dupla: caldo de cana e pastel, e a gostosa prosa ao pé do balcão. Além de fazer um delicioso e rápido lanche, histórias inusitadas e saudosistas são contadas no balcão da pastelaria, como: a azeitona com caroço, lembranças de namoricos do tempo da Escola Normal, das várias mudanças ocorridas na Praça do Ferreira e dos comércios que existiam por ali e que fecharam com o passar dos anos.
Os filhos do casal Renato Dantas e Maria Dantas foram aos poucos sendo inseridos ao trabalho no comércio, parecia estar no sangue dos descendentes a tendência para ser comerciantes. A matriz hoje em dia é administrada pelo filho mais velho Dany, apesar de sempre ter uma “pitadinha” administrativa de sua mãe.
Foto de 1969
Nos anos que se seguiram, o “carro chefe” da Leão do Sul, continuou sendo o tradicional e saboroso pastel com o adocicado caldo de cana. Houve várias modificações com relação à produção destes produtos oferecidos no intuito de melhorar a qualidade sempre posta em primeiro lugar.
Os tachos de fritura foram substituídos por fritadeiras potentes e sistemáticas. Ao invés do óleo para fritura, passou a utilizar gordura vegetal e posteriormente uma gordura onde é 0% trans. Ao invés de descer o pastel em bandejas, foi feito um elevador só para o pastel, e assim a empresa foi prosperando.
No início do século XXI, falava-se muito em revitalização do centro da cidade, recuperação das fachadas de prédios antigos, bem como proporcionar atrativos ao centro da cidade de Fortaleza, pois comerciantes estavam alarmados com a queda no movimento como um todo. Foi proposto e criado pela prefeitura da época, projetos arquitetônicos que buscavam reconstruir detalhes antigos das fachadas dos prédios, para assim resgatar o passado. Foi proposta a retirada das placas afixadas na fachada das empresas para assim destacar a beleza do prédio escondido há tempos.
Devido a antiguidade do prédio onde funciona a Leão do Sul matriz, em 2003 a empresa fechou para reforma geral durante 2 (dois) meses, para recuperar da fachada e também reformar internamente. Neste período, muitos achavam que a empresa tinha fechado suas portas, e outros mesmo com o ambiente sendo reformado e a poeira para todo lado, entravam na construção buscando seu lanche predileto. Hora ou outra aparecia um e perguntava: Não sai nem um pastelzinho aí não? E caldo de cana sai? Com esta reforma foi recuperada a fachada do prédio antigo e foi feita uma modernização do ambiente interno, novos balcões de alvenaria com design mais moderno. Isto proporcionou ao cliente uma maior agilidade de atendimento e conforto, apesar do local ser estreito. Uma exposição de fotos antigas do centro foi colocada na parede, onde os clientes podem desfrutar de uma viagem ao passado fazendo seu breve lanche.
Segundo o gerente da matriz, “Guanabara”, a empresa criou um laço de ternura entre colaboradores e clientes. Muitos clientes são atraídos não só pelo produto de excelente qualidade, mas pela forma como são tratados pelos colaboradores do local, com um papo agradável. Muitas vezes já se sabe o que o cliente vai querer por sua assiduidade a pastelaria. Há quem diga que se alguém for fazer compras ou resolver algo no centro da cidade e não der uma passadinha na Leão do Sul para comer o pastel ou mesmo tomar só o caldo de cana, não foi ao centro. Parece que ficou faltando alguma coisa, é como diz o ditado: “Ir a Roma e não ver o Papa”.
Aos 79 (setenta e nove) anos de existência, a pastelaria Leão do Sul foi agraciada com o prêmio de “O Melhor Pastel da Cidade de Fortaleza”, pela revista Veja – O melhor de Fortaleza, no ano de 2005. Prêmio este que foram conquistados por mais dois anos consecutivos, ou seja: 2006 e 2007, e batalha-se para que o Leão do Sul continue conquistando mais títulos.
Foto recente - século XXI
Devido a antiguidade do prédio onde funciona a Leão do Sul matriz, em 2003 a empresa fechou para reforma geral durante 2 (dois) meses, para recuperar da fachada e também reformar internamente. Neste período, muitos achavam que a empresa tinha fechado suas portas, e outros mesmo com o ambiente sendo reformado e a poeira para todo lado, entravam na construção buscando seu lanche predileto. Hora ou outra aparecia um e perguntava: Não sai nem um pastelzinho aí não? E caldo de cana sai? Com esta reforma foi recuperada a fachada do prédio antigo e foi feita uma modernização do ambiente interno, novos balcões de alvenaria com design mais moderno. Isto proporcionou ao cliente uma maior agilidade de atendimento e conforto, apesar do local ser estreito. Uma exposição de fotos antigas do centro foi colocada na parede, onde os clientes podem desfrutar de uma viagem ao passado fazendo seu breve lanche.
Foto de 2012 - Acervo 'No Pátio'
Segundo o gerente da matriz, “Guanabara”, a empresa criou um laço de ternura entre colaboradores e clientes. Muitos clientes são atraídos não só pelo produto de excelente qualidade, mas pela forma como são tratados pelos colaboradores do local, com um papo agradável. Muitas vezes já se sabe o que o cliente vai querer por sua assiduidade a pastelaria. Há quem diga que se alguém for fazer compras ou resolver algo no centro da cidade e não der uma passadinha na Leão do Sul para comer o pastel ou mesmo tomar só o caldo de cana, não foi ao centro. Parece que ficou faltando alguma coisa, é como diz o ditado: “Ir a Roma e não ver o Papa”.
Aos 79 (setenta e nove) anos de existência, a pastelaria Leão do Sul foi agraciada com o prêmio de “O Melhor Pastel da Cidade de Fortaleza”, pela revista Veja – O melhor de Fortaleza, no ano de 2005. Prêmio este que foram conquistados por mais dois anos consecutivos, ou seja: 2006 e 2007, e batalha-se para que o Leão do Sul continue conquistando mais títulos.
No ano de 2007, a filha caçula de Maria Aparecida Dantas, Kariny Dantas e seu esposo Ricardo, passaram a administrar a filial da Leão do Sul, na Aldeota (Foto ao lado). Com algumas inovações trazem a seus clientes sempre alguma novidade.
Assim como a administração da Leão do Sul sendo passada de pai para filho, tem sido assim também o aprendizado na degustação do crocante pastel com caldo de cana, que tem passado de geração em geração na família cearense.
Em 08 de Novembro do ano de 2010, uma nova filial foi inaugurada. A localização escolhida foi a Av. Bezerra de Menezes nº 1084, local de grande fluxo e conhecido como um dos grandes corredores comerciais de Fortaleza. O local remete lembrança a matriz, estrutura simples com um balcão de atendimento e um longo banco para sentar e degustar os pastéis com uma refrescante bebida.
Filial da Bezerra de Menezes. Acervo da pastelaria |
Fonte: Site da Leão do Sul