Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Praça Marquês de Herval - José de Alencar


Praça José de Alencar, vendo-se em segundo plano a Igreja do Patrocínio. Nesta época (1903), a praça chamava-se Marquês de Herval. Acervo Clóvis Acário Maciel

Antigamente, cada praça de Fortaleza, ao ser urbanizada, tinha dois nomes, o da praça e o do jardim. A Praça do Ferreira tinha o jardim Sete de Setembro; a Praça Caio Prado, ou da , tinha o jardim Pedro Borges; a Praça José Júlio (ou Coração de Jesus) tinha o jardim Bárbara de Alencar, a Praça Comendador Teodorico (ou da Lagoinha) tinha o jardim Tomás Pompeu e a Praça Marquês de Herval (hoje José de Alencar), tinha o Jardim Nogueira Acióli, inaugurado em 1903, na administração do intendente Guilherme Rocha. No dia 24 de janeiro de 1912 houve uma revolta e a consequente derrubada do governo Acióli e o povo rebatizou o jardim como Franco Rabelo.



Existia, no centro da praça, um grande coreto coberto onde se apresentava duas vezes por semana a Banda de Música do Batalhão de Segurança. Como pode ser visto na foto antiga (Em cima, à esquerda), estátuas e combustores rodeavam o coreto dando uma graça que era completada com o jardim, bancos e o catavento que alimentava a caixa d'água.

Existiam na praça, vários quiosques menores onde eram comercializados café, garapa (refresco), cigarros, etc. A proporção do jardim em relação à parte não plantada era muito diferente da atual, onde predomina o cimento. Naquela época existia muito mais área plantada, com jardins floridos e bem menos passeios. Hoje vemos muito mais verde, mas oriundos de copas de grandes árvores.
Hoje, como pode ser visto na foto nova, tudo mudou. Em 1º de maio de 1929, por iniciativa do jornalista Gilberto Câmara, foi erigida no centro da praça uma estátua de José de Alencar, cujo centenário de nascimento ocorria naquela data, sendo anos depois mudado o nome da praça de Marquês do Herval para o nome do grande escritor cearense. A parte central da praça hoje é bem arborizada, mas seu redor tem muito cimento e poucas árvores e nenhum banco. Os Jardins outrora formados de roseiras e flores outras, hoje são feitos apenas de grama muito mal cuidada.
A praça está hoje transformada em um "mercado persa", onde se encontra desde pregadores religiosos com serviços de alto-falantes, até engraxates, passando por mini restaurantes, bancas de revistas, sapatarias, contorcionistas, engolidores de espadas ou de fogo, carros de som vendendo pão, sanduíches, etc, sem falar no comércio de outro tipo de carne quando o manto da noite cai e a prostituição toma conta do logradouro, num patente atestado da incapacidade da atual administração da cidade.
Enquanto a antiga foto mostra os jardins e peças que compunham a praça, a atual, da objetiva de Osmar Onofre, mostra o acúmulo de árvores em redor da estátua que não aparece, enquanto a outra metade de praça fica totalmente sem arborização num patente desequilíbrio arquitetônico. No fundo, os prédios que hoje se levantam por trás da praça.

A antiga Praça Marquês de Herval (Atual Praça José de Alencar) no início do século XX.
Acervo Carlos Augusto Rocha

O Jardim Nogueira Acióli - Álbum Vistas do Ceará 1908

PRAÇA MARQUÊS de HERVAL - JOSÉ DE ALENCAR - Lado da RUA LIBERATO BARROSO

O século passado encontrou a atual Praça José de Alencar com o nome de Praça Marquês do Herval e logo no inicio (1903) houve nela uma reforma que lhe deu quiosques, bancos, coreto, caixa d'água, catavento e jardins que ganhou o nome de Nogueira Accioli.
Do lado da Rua das Trincheiras (atual Rua Liberato Barroso), ficavam, do nascente para o poente: o Batalhão de Segurança (Policia) e a Escola Normal Pedro II, que podem ser vistos na primeira foto, que data de 1904.

Depois, parte do Batalhão de Segurança foi cedida para construção, a partir de 1908, do Teatro José de Alencar, inaugurado em 1910. Decorrido algum tempo o prédio do batalhão foi ocupado pela Escola Aprendizes Artífices, enquanto o da Escola Normal passou a abrigar o Grupo Escolar Norte da Cidade e depois o Grupo José de Alencar.

Quando a Escola Aprendizes Artífices mudou-se, o prédio foi demolido e em seu local foi construído o prédio da Diretoria de Saúde, depois Centro de Saúde, que vemos na segunda foto, quando já existia o edifício do Lord Hotel. No prédio da antiga Escola Normal passaram a funcionar as faculdades de Farmácia e Odontologia, Medicina e depois o Iphan (Pró-memória), que hoje é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
A fotografia atual, de Osmar Onofre, mostra o jardim do Teatro José de Alencar. As curiosidades são que na primeira foto existe, atravessada na rua, uma carroça d'água. Na segunda foto, da década de 50, no passeio entre o teatro e a praça, uma bomba de venda de gasolina "Esso", enquanto na foto atual vemos uma cabine da Telemar e vários "orelhões" (telefones públicos).
A vegetação tanto do jardim como da praça cobrem quase toda a foto, não deixando ver o teatro, o Iphan e o Lord Hotel, que está condenado. Deverá ser demolido para construção, no local, de uma estação do Metrofor.


Fonte: Portal da história do Ceará/Arquivo Nirez

domingo, 13 de junho de 2010

Ruas de Fortaleza - Mudanças (Av. Barão do Rio Branco)


RUA BARÃO DO RIO BRANCO VISTA DA RUA SÃO PAULO

Estamos na Rua São Paulo, olhando para a Rua Barão do Rio Branco, para o lado Sul, ou seja, de costas para o mar. A foto antiga é de 1941 e mostra a Rua Barão do Rio Branco com pavimentação de paralelepípedo, com os trilhos e a fiação dos bondes elétricos e postes de ferro da "Light".
Do lado esquerdo, ficavam estacionados os automóveis, tendo à frente um Studebaker ou Pontiac.
As árvores eram uma constante na paisagem das ruas de Fortaleza àquela época. Do lado direito, vemos, em primeiro plano, parte do prédio do London Bank, seguido do edifício Studart, de Studart & Companhia, seguindo-se as firmas Lima & Albuquerque, Quixadá & Companhia, A Espingarda, etc.
À distância vemos o Edifício Diogo, inaugurado em 1940, que além do Cine Diogo abrigou ainda a Navegação Aérea Brasileira - NAB, Palácio da Criança, e nos 8º e 9º andares, a Ceará Rádio Clube (PRE-9, ZYN-6 e ZYN-7). Do lado esquerdo divisamos também o edifício Parente por trás das árvores.
A foto mais recente, tirada do mesmo ângulo, já mostra uma Barão do Rio Branco com pavimentação asfáltica.
Os trilhos e fios dos bondes já não existem. Os automóveis de hoje já são outros e são chamados simplesmente de carros. Os postes hoje são de concreto e se multiplicaram.
A iluminação pública é a vapor de mercúrio. No local do "London Bank" hoje está a Losango Promotora de Vendas Ltda. e o edifício Studart foi demolido. Aliás, foi o primeiro edifício de mais de três andares, em concreto armado, a ser demolido em Fortaleza; seguem-se: "Lojas Americanas", Edifício Jalcy, Edifício Diogo, etc.
Do lado esquerdo vê-se o Edifício Jalcy Metrópole, o Edifício Lobrás, etc. A poluição visual está presente nas placas, nos cartazes, nos carros, nos ônibus e no oitão dos edifícios da Cidade.

RUA BARÃO DO RIO BRANCO - QUANDO ERA RUA FORMOSA

Estamos no quarteirão da Rua Formosa, em frente à Santa Casa e o Passeio Público, próximo a Rua Dr. João Moreira, na época Rua da Misericórdia. A foto data de aproximadamente 1906 e foi publicada no "Album de Vistas do Ceará - 1908", editado pela firma Boris Frères e impresso em Nanci, França. O fotógrafo estava na calçada do lado poente do Passeio Público, mais ou menos na altura do portão de entrada da Santa Casa de Misericórdia, olhando para o lado do sertão.
O primeiro cruzamento é com a Rua da Misericórdia, hoje Rua João Moreira. A casa do lado esquerdo já foi demolida.
A do lado direito foi residência do Dr. João Moreira, por isto o atual nome da rua. Em seguida, pelo lado direito, algumas casas residenciais sendo que uma delas, a listrada, foi depois a residência de Paurilo Barroso, amante das artes e que fundou a Sociedade de Cultura Artística, que funcionou em sua própria casa e depois em um dos apartamentos do Excelsior Hotel. Na mesma casa funcionou, anos depois a Câmara Municipal de Fortaleza e mais recentemente, o Sindicato dos Empregados em Transportes de Passageiros do Ceará. Em seguida vem uma casa de três portas, onde nasceu o escritor Gustavo Barroso.
O Passeio Público, que foi a primeira praça da povoação, teve sua construção iniciada em 1864 e terminada em 1879, embora tenha sofrido alterações até 1888, quando foi construída a avenida Caio Prado, aquela que fica na varanda que hoje dá para o estacionamento da 10a Região Militar. Em 1932 foram retiradas as grades de ferro e as colunas que o cercavam. Ha pouco tempo foram recolocadas grades de ferro e recentemente foi, reconstruído o muro ou cercado de colunas e grades de ferro idênticos aos originais, apesar de não mais ostentarem os jarros de porcelana.
A primeira foto é a que citamos acima, do álbum de 1908 publicado por iniciativa da firma Boris Fréres e impresso na França.
A Segunda foto data de 1989 e mostra o mesmo trecho já com as diferenças da época como asfalto, postes de concreto, carros, etc.
Na mais recente já vemos novos jarros colocados em cima das colunas, que existiam na primeira foto, mas não estavam na foto do meio.

RUA BARÃO DO RIO BRANCO ESQUINA COM RUA SÃO PAULO

A fotografia antiga data de aproximadamente 1922 e mostra a esquina da Rua Barão do Rio Branco com Rua São Paulo, na época em que no local ficava a "Casa de Móveis", da firma Sabino Borges & Cia, que trazia à época o nº 150 pela Barão do Rio Branco (hoje é 862). A firma foi estabelecida no dia 1º de janeiro de 1922 com um capital de sessenta contos de réis. Na esquina vê-se um combustor de iluminação pública a gás hydrogeno-carbonado e no calçamento de pedras toscas apiloadas, vê-se os trilhos de bondes. Na porta do estabelecimento estão o despachante aduaneiro José de Freitas, pai do compositor e violonista Aleardo Freitas e avô do Alano Freitas, ao lado do comerciante Sabino Borges.
A Segunda foto mostra, no mesmo local, após a demolição do antigo prédio e construção de um novo, o "Bank of London & South America Ltd.", chamado popularmente de London Bank, que à época da primeira foto funcionava no palacete Guarani, na esquina das ruas Barão do Rio Branco com Senador Alencar, onde hoje está uma loja da BCP. Muitos vultos de grande importância em Fortaleza foram funcionários do London Bank, como o fotógrafo Ademar Albuquerque entre outros.
A terceira foto, mais recente, mostra o mesmo prédio no qual funcionou o "London Bank" já ocupado pela "Losango Promotora de Vendas Ltda.", firma de empréstimos financeiros.
As diferenças entre as fotos são de época. Enquanto a primeira - a mais antiga - mostra a rua calçada com pedras toscas apiloadas, calçadas sem meio-fio, trilhos de bondes, combustor de iluminação pública a gás hydrogeno-carbonado, um sobrado com portas estreitas, telhados beira-e-bica, etc.; a segunda mostra uma arquitetura inglesa da década de 30, bem próxima à neoclássica, típica de estabelecimentos bancários europeus, janelas inferiores arqueadas e as superiores retangulares e por trás podemos ver parte do oitão do Edifício Studart, que foi o primeiro de mais de quatro andares, de concreto armado, a ser demolido em Fortaleza.
Nos dois lados copas de ficus-benjamin, fios cruzando o céu, calçada uniforme e a presença do meio-fio, etc.; a terceira foto, a mais recente, mostra o mesmo prédio como está hoje, isolado, sem o Edifício Studart à esquerda que foi demolido e transformado em um estacionamento para carros, abrigando a Losango Promotora de Vendas Ltda., onde já existe o asfalto, a sinalização horizontal e vertical, semáforos, postes, fios, aparelhos de ar condicionado, etc.

RUA BARÃO DO RIO BRANCO CRUZAMENTO COM RUA GUILHERME ROCHA

96 anos separam as duas fotos. É o cruzamento da Rua Formosa (hoje Rua Barão do Rio Branco) com Travessa Municipal (hoje Rua Guilherme Rocha).
Na primeira foto vemos o tipo de iluminação da época, combustores a gás, em contraste com a segunda, a vapor de mercúrio; os veículos também são outros, em lugar da carroça e do bonde de tração animal, automóveis com motor à explosão; o calçamento contrasta com o asfalto e os prédios trazem além da diferença de época nas construções, a atual poluição visual e comercial. O sobrado na esquina, na velha foto, é do João Antônio Garcia e incendiou-se em 30 de setembro de 1929, sendo construído o que vemos na foto atual. Neste atual, funcionou a rádio Iracema, o Partido Comunista, a Liga Integralista a loja "A Espingarda", a sorveteria "Cabana", "A Esmeralda", em épocas deferentes.
O sobrado da esquerda era da família Justa e ali funcionou a "Pensão Familiar", a "Farmácia Albano", a "Farmácia Meton", a "Farmácia Fortaleza", o "Café Rex", "sorveteria Pontes", a casa de merendas "Pic-Nic" e hoje é o Edifício Jalcy, tendo no térreo as "Óticas Itamaraty", o "Palácio das Canetas" e o "Waldo's", café e tabacaria.
O calçamento na foto antiga é do tipo ainda hoje utilizado nos bairros distantes, e que foi apelidado de "cearalepípedo". São pedras toscas quebradas à marreta. Antes as pedras são extraídas nas serras, por meio de dinamite. Os calçamentos se iniciaram em Fortaleza ao tempo da seca de 1877, quando foi aproveitada a mão de obra dos flagelados que traziam os blocos de pedras nos ombros desde as pedreiras.

RUA BARÃO DO RIO BRANCO ESQUINA COM RUA GUILHERME ROCHA II

O velho sobrado da esquina da Rua Guilherme Rocha com Rua Barão do Rio Branco, deu abrigo, por muitos anos, a "Pensão Familiar", a "Farmácia Albano", a "Farmácia Meton", a "Farmácia Fortaleza", o "Café Rex", "sorveteria Pontes", a casa de merendas "Plc-Nic" e hoje é o Edifício Jalcy, tendo no térreo as "Óticas Itamaraty", o "Palácio das Canetas" e o "Waldo's", café e tabacaria.
Ao tempo da "Farmácia Albano", de Antônio Albano, pai, de José Gil Amora, nos fundos tirava o jornal "O Garoto'" da Academia Rebarbativa.
A foto antiga não é tão velha, datando da década de 1940 já em seu final. Apesar da presença dos trilhos e fios de bondes, talvez esses já não mais existissem, pois deixaram de circular em 1947. A rua ainda era calçada com paralelepípedos. Vemos no velho sobrado os "jacarés" para descida d'água.
A foto atual mostra. No local do velho sobrado da "Farmácia Albano" o Edifício Jalcy, inaugurado em 1959, que traz na parte térrea o "Waldo's" (café e tabacaria). Em seguida vêm várias lojas e depois o edifício Diogo, hoje transformado em "shopping" e várias lojas e bancos, com destaque para a "Casa Pio", "Fininvest", Bradesco, "Charmile", "Bunny's", "Lojas Pecary", Banco de Crédito Real de Minas Gerais, etc.
O asfalto, a sinalização, os carros, telefones públicos (orelhões), postes de concreto-armado, semáforos, iluminação pública a vapor de mercúrio, tapumes e vestimentas das pessoas, mostra a diferença de época das duas fotos.
Chamamos a atenção para a quantidade de aparelhos de ar condicionado nos prédios, principalmente no Jalcy.





Fonte: Portal da história do Ceará e Arquivo Nirez


Ruas de Fortaleza - Mudanças (Rua Pedro Pereira)


RUA PEDRO PEREIRA ESQUINA COM RUA FLORIANO PEIXOTO

Esta casa foi construída para residência, mas na época da primeira foto nela já estava funcionando o Instituto Brasil - Estados Unidos - IBEU, fundado em 9 de agosto de 1943, instalou-se no dia 25 de novembro do mesmo ano. Era a época da 2a Guerra Mundial e os Estados Unidos estavam em plena evidência. Mas a primeira sede do IBEU foi na esquina da rua Barão do Rio Branco com Rua João Moreira, passando depois para o prédio da esquina da rua General Sampaio com avenida Duque de Caxias, isto em 1945. Em 1951, no mês de julho passou para a casa da primeira foto e de lá só saiu em abril de 1956, mudando-se para a Rua Solon Pinheiro nº 58. Surgiu então na casa, a fábrica de gelo de Luiz Frota Passos, ex-proprietário do bar "O Jangadeiro", o mais famoso no tempo da guerra, na Praça do Ferreira, pioneiro em casas de empréstimo de mesas e cadeiras para festas, o Depósito OK.

Quando esteve em Fortaleza o escritor Érico Veríssimo foi nesse prédio que proferiu várias palestras.
Depois a casa foi demolida e em seu lugar foi construído o prédio que ainda hoje lá se encontra - esquina nordeste da Rua Floriano Peixoto com Rua Pedro Pereira - onde funcionou primeiramente a loja "Cruzeiro Floriano", seguida da "Nordeste Confecções". Outras casas comerciais passaram por ali como a "Porta jóia ótica", tendo na parte superior a "Assistência Técnica Seiko".
Na foto antiga vemos os trilhos dos bondes elétricos. A placa indicadora da rua era bem grande e dizia: "Rua Marechal Floriano Peixoto". Na esquina da casa um cartaz de propaganda de um circo que estava na cidade, provavelmente no terreno que ficava na Rua do Rosário por trás da Prefeitura, onde hoje é o INSS, e, mais abaixo, uma propaganda, pichada, de Alísio Mamede.
A foto mais recente, colhida do mesmo ângulo pelo fotógrafo Osmar Onofre, mostra na esquina a "'Ótica Camila", "O Boticário" e outras casas comerciais. Por trás estão os prédios do INSS, que fica após a Secretaria de Finanças da Prefeitura e o edifício da Teleceará que fica na Rua Sena Madureira.
Fonte: Portal da história do Ceará e Arquivo Nirez

sábado, 12 de junho de 2010

Emílio Hinko - Vida e obra



Emílio Hinko (Budapeste, 9 de abril de 1901) foi um arquiteto húngaro que radicado em Fortaleza realizou várias obras pelo Brasil, em especial Fortaleza. Estabeleceu-se na capital cearense em 1929. Em 1984 recebeu da Câmara Municipal de Fortaleza o título de "Cidadão de Fortaleza".


Projetos realizados:

Base Aérea de Fortaleza
Casa do Estudante
Clube Iracema
Hospital de Messejana
Igreja do Coração de Jesus
Igreja das Missionárias
Igreja de São Pedro
Jockey Club Cearense

Edifício Lopes
Náutico Atlético Cearense

Sede dos IFCEs de Fortaleza, João Pessoa, Recife, Salvador e Teresina.

Construção da Casa do Estudante

Inauguração do Ed. Lopes

A produção do arquiteto Emílio Hinko em Fortaleza é ainda pouco conhecida, mesmo entre os profissionais e estudantes de arquitetura, apesar do grande número de obras e do destaque de algumas delas na cidade, como grandes equipamentos públicos.

Emílio Hinko nasceu em 09 de abril de 1901 em Budapeste, na Hungria. Por influência do pai, que era construtor, interessou-se pela arquitetura, tendo-se formado pela Escola Politécnica da Hungria, com especialização em maquete e montagem. Durante a Primeira Guerra Mundial, passou por dificuldades, tendo inclusive perdido familiares no conflito.

A base de sua formação era a arquitetura clássica - passava muito tempo reproduzindo estilos, estudou os livros de Alberti, as ordens arquitetônicas, e dominava perfeitamente o detalhamento. Quando se graduou, saiu de Budapeste e foi para Roma, com dois amigos - arquitetos judeus - em uma viagem de estudos, em busca da arquitetura neoclássica, que merecia ser reproduzida.



Na Itália, Emílio arranjou emprego como apontador de obras, controlando a entrada e saída de material do canteiro. Este emprego, ao ar livre, lhe trazia grande desconforto, por causa do inverno rigoroso. Seus amigos, que tinham conseguido melhores posições em um escritório, lhe indicaram para uma oportunidade que surgiu, trabalhar no escritório de Stachine, arquiteto oficial de Mussolini. A filosofia que Hinko adotou a partir de então foi a de se entregar inteiramente ao trabalho - trabalhava 14 horas por dia, em média. Dessa intensa dedicação nasceu uma amizade com Stachine, com quem ele colaborou em diversos projetos, como no Banco de Tripoli e na Estação Ferroviária de Milão.
Emílio trabalhou na Itália por aproximadamente cinco anos, onde ainda desenvolveu projetos de bancos oficiais e vilas de veraneio. Durante esse período, tomou conhecimento do Brasil, através de uma família italiana que tinha uma casa de comércio em Belém do Pará, e se interessou em conhecer aquele país, motivado pela possibilidade de juntar dinheiro para se casar - sua noiva havia ficado na Hungria. Embarcou num navio, e veio dar em Fortaleza, em 1929, depois de escalas no Amazonas.



Fortaleza à época, na década de 20, com apenas 100.000 habitantes, se restringia a algumas ruas no Centro e a grandes faixas de praias, dunas e coqueirais. Essa primeira visão de uma zona tropical causou uma forte impressão em Hinko, que resolveu ficar por algum tempo. Ele ficou hospedado na pensão da Madame Gautier, e passava os dias fazendo croquis de casas nas mesas dos bares - o que despertou a atenção das pessoas, que não conheciam a palavra arquiteto, mesmo as mais ilustres. Assim começaram as primeiras encomendas, principalmente de casas, para médicos.

(A foto ao lado é de 1978 de Fátima Porto Belém)

A partir de então foram feitas várias residências, no Benfica e em Jacarecanga, de acordo com os desenhos esboçados - o cliente podia ver o que iria ser construído, fazendo alterações ainda na planta.


"Ele imprimiu nova concepção ao tratamento do lote urbano, modificando a disposição da edificação no mesmo. Os projetos de Hinko previam casas afastadas dos lotes, prédios recuados, jardins, muros baixos e banheiros no interior das mesmas. Com isso, ele promovia a saúde e a relação entre o público e o privado. Antes, as casas eram enfileiradas, sem recuo e com os banheiros fora delas. Essa visão de que as casas precisam ser ventiladas, o arquiteto trouxe da Europa, que amargava epidemias de doenças infecto-contagiosas, como a tuberculose".
Com o aumento do número de projetos, ele se socializou muito, principalmente com os clientes médicos, de cuja vida social participava.



Projeto de Emílio Hinko para a rua São Bernardo.

Casas construídas para aluguel, na rua Floriano Peixoto.

Casas na Av. da Universidade.

Casa na Av. Duque de Caxias com rua Major Facundo, onde hoje existe o Hotel Chevalier.

Hospital de Messejana - 1930 (antigo Sanatório).

"O início da obra de Emílio Hinko é marcado pelo grande número de projetos residenciais, onde se observa a preocupação com a salubridade, conforto e higiene das habitações. A implantação é feita de maneira a permitir a iluminação e a ventilação natural. Percebe-se também a utilização de elementos modernos, como o brise e a pérgula, além de um jogo bem equilibrado de volumes".
Em seguida veio o projeto do Hospital de Messejana, onde adotou os princípios de salubridade que seguira para as vilas, na Itália - pavilhões separados para evitar a contaminação, muita ventilação, integração com áreas verdes.

O projeto de Hinko de maior visibilidade talvez seja o Náutico Atlético Cearense, clube criado por profissionais liberais que se organizavam em quiosques, em busca de uma vida social mais dinâmica. A construção da atual sede completa agora cinquenta anos. O Náutico foi construído pela construtora de Hinko, também um empreendedor.

"No início da década de 40, foi convidado pelo brigadeiro Eduardo Gomes para elaborar e administrar a construção dos vários edifícios que compõem a Base Aérea de Fortaleza, inclusive das residências para sargentos próximas à Base, na av. Borges de Melo, e para oficiais superiores na Aldeota".

Sede do Náutico Atlético Cearense, onde predomina o estilo barroco genovês, com marcada influência da cidade italiana de Gênova, onde viveu vários anos antes de migrar para o Brasil.


A construção original da década de 50 é um primor em estilo barroco genovês. É uma edificação toda avarandada, com amplas marquises, colunas brancas e elementos vazados.

Com esse projeto, ele desenvolveu um estilo regional, fazendo uma arquitetura adaptada ao clima, com varandas, terraços, marquises e elementos vazados. "Outra importante característica diz respeito ao caráter permanente das obras projetadas e construídas por Hinko. Sua obra resiste ao tempo, não apenas pela resistência dos materiais empregados, que embora simples não sucumbem à ação do tempo, mas também porque os usuários gostam das construções, e não fazem intervenções".

A essa época a família de Hinko vem da Hungria para o Brasil, passando a viver com ele em Fortaleza.


Base Aérea de Fortaleza,na av. Borges de Melo


Alojamento para oficiais da Base, na av. Borges de Melo.

Utilização de moringas (jarros de barro) na construção de colunas.

Emílio passa a ter contato com o empresário Plácido de Carvalho e sua esposa, Pierina, de quem adquire material de construção para suas obras. O casal morava em um palacete(*) na Av. Santos Dumont, já demolido. Após a morte de Plácido, Hinko constrói a pedido de Pierina uma série de casas para aluguel - os famosos castelinhos da CEART, na Praça Luiza Távora - em torno de seu palacete, que resistem até hoje. Os dois palacetes que têm fachadas para a Av. Santos Dumont, construídos inicialmente, são caracterizados pelo estilo lombardo (foto abaixo). Os quatro restantes são propensos ao barroco romano e genovês modernizados, influência da costa azul italiana.

Conjunto de seis palacetes ladeando o então Castelo do Plácido, na av. Santos Dumont.


Durante a construção, Emílio e Pierina se apaixonam, e se casam.
Emílio Hinko teve a visão do que seria a ocupação da avenida Beira-Mar, ainda um grande vazio, e previu o seu projeto, comprando grandes faixas de terra.

A primeira construção da Beira-Mar foi a sua casa de veraneio, já demolida, no terreno onde hoje fica o estacionamento da Pizza Hut na avenida da Abolição. O terreno do Clube dos Diários, ao lado, foi doado por ele para que tivesse alguma vizinhança.

Existe ainda uma série de obras projetadas por ele, como o Clube Iracema, a atual Secretaria de Finanças da Prefeitura, a Casa do Estudante (na rua Nogueira Acioly), a Igreja do Coração de Jesus, a Igreja de São Pedro e a Capela das Missionárias, além de várias casas na av. Santos Dumont e na Praia de Iracema. Um de seus principais colaboradores foi o engenheiro Alberto Sá, com quem trabalhou em diversas obras - e o desenhista Aldo Mesquita.

Croqui para a sede da Prefeitura Municipal de Fortaleza, atrás do Parque da Criança. Somente o bloco da esquina foi construído,sendo até pouco tempo ocupado pela Teleceará.


Prédio da Companhia Telefônica projeto de Emílio Hinko - Nirez

Após o desabamento da antiga Igreja do Coração de Jesus, elaborou o projeto e participou da construção da atual igreja.


Capela e Casa das Missionárias, na Av. Rui Barbosa.



Primeiro edifício de apartamentos da cidade, construído na praça do Liceu, na Jacarecanga.



Hoje é a Secretaria de Finanças da Prefeitura.


Emílio Hinko também atuou como construtor. São dele, como construtor, os primeiros galpões do porto do Mucuripe, assim como a ponta do Mucuripe (o quebra-mar). Sua construtora tinha sede no Rio de Janeiro, e trabalhava principalmente para o Ministério da Educação, em obras como as Escolas Técnicas de Salvador, Fortaleza e Teresina; e em reforma no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Fez os armazéns do Porto de Cabedelo, e obras em Pernambuco e na Bahia.
Foi reconhecido como cidadão de Fortaleza e do Ceará. Nos últimos anos de trabalho, Hinko desenvolveu projetos com pré-moldados. Ele tinha planos de criar uma escola de arquitetura para estudantes carentes em Messejana. Há alguns anos, teve um derrame que o deixou incapacitado de trabalhar. Hoje, Emílio Hinko (**)vive no 4º andar do Excelsior Hotel, no centro da cidade.

"A obra de Hinko muito contribuiu para a rápida transformação urbana que Fortaleza sofreu a partir dos anos 30. A pequena Fortaleza de 100.000 habitantes cresceu, mas até hoje a obra de Emílio Hinko tem importância na configuração do espaço urbano da cidade".

Acervo Lucas Jr
Em 1941, o prefeito Raimundo de Alencar Araripe contratou os engenheiros Emílio Hinko (o mais alto) e Alberto Sá para a construção do prédio sede do município, que se localizaria onde se construiu o Abrigo Central. Duas torres com relógios de quatro faces, duas galerias térreas, quatro elevadores... Ficou só na maquete. Acervo Lucas Jr

Croqui para a atual Catedral de Fortaleza. O projeto escolhido foi um prédio neo-gótico.



Croqui de proposta do concurso para a Faculdade de Direito. Foi escolhido um outro projeto.




(*)Na década de 30 o castelo foi ocupado pelo Serviço de Malária, departamento federal que equivale hoje a Sucam.
Em 1974 o castelo do Plácido foi vendido para o grupo Romcy para a construção de um supermercado. Na iminência de seu tombamento, o Castelinho, como era conhecido, foi demolido da noite para o dia. Passaram-se os anos e o terreno ficou abandonado até que o governo o desapropriou e nele construiu a Central de Artesanato Luíza Távora.
(**)Emílio Hinko morreu em Fortaleza no dia 4 de janeiro de 2002, tendo chegado à idade
de 100 anos.

Fonte: Wikipédia, Cobogó e pesquisa na internet

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: