Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sábado, 3 de julho de 2010

Sobrado Dr. José Lourenço


O sobrado Dr. José Lourenço funciona hoje como Centro Cultural aglutinador das artes visuais do Ceará.
O prédio foi restaurado com o auxílio dos alunos da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu, o Instituto de Arte e cultura do Ceará, e hoje abriga salas para exposição, auditório e café, possibilitando o acesso gratuito da população a uma programação comprometida com a criatividade artística e a inclusão cultural.

Sobrado do Dr. José Lourenço - Fotografia rara
Diz a legenda: Sobrado do Dr. José Lourenço (3 pavimentos), onde esteve, por longos anos, o Tribunal da Relação do Ceará e, por pouco tempo, a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Ao seu lado o sobradinho do Pe Salazar da Cunha,  aparecendo ainda, parte do sobrado do pai de Gustavo Barroso, onde o grande escritor conterrâneo passou a sua meninice. Estes dois últimos já desapareceram, para no local levantar-se novo prédio (nºs 160/170).

"José Lourenço é médico sanitarista, formou-se no Rio de Janeiro e vive em um sobrado de três andares na Rua da Palma. No térreo, mantém consultório onde clinica à moda popular. Nos andares superiores, vive com a família. É um homem nascido e morrido no século XIX, morador de uma cidade em clara expansão, onde uma casa como a que possui é sinônimo de status e poder. “A construção do sobrado data desse intervalo [1846 a 1876, intitulado pelos cronistas da época como o mais longo período sem estiagens da história de Fortaleza], em que a cidade se preparou ou foi preparada para se consolidar como capital, esvaziando Aracati, até então porto, entreposto comercial, sede de oficinas de charqueadas e ponto de ligação com Pernambuco, a quem fomos atrelados, politicamente, até 1799.”
Gilmar de Carvalho, em Fragmentos de um Almanaque de Fortaleza.

Mal adivinha o doutor a variedade de funções sociais exercidas pelo imóvel após posterior venda: Tribunal de contas, bordel, oficina de marcenaria, casa de sombrinhas e, finalmente, Centro de Artes Visuais. O número 154/156 da hoje Rua Major Facundo se tornaria, a partir do ano de 2004, um prédio tombado pela Secretaria de Cultura do Ceará.
A restauração do arquiteto Domingos Linheiro repaginaria cores e formas, permitindo o deslumbre de dar de caras, pela primeira vez, com seu colorido formoso na manhã cinzenta de uma quarta-feira do século XXI. Desde 2007, ele voltaria a ser o Sobrado do Dr. José Lourenço, um espaço público de inclusão cultural, abrigo de exposições temporárias, majoritariamente de artistas do estado.


Antes da restauração - Um triste passado


Hoje, quem passa pela Rua Major Facundo, se vê diante do que poderia se passar por uma miragem: um luxuoso casarão de três andares, de traços neoclássicos, ornado por azulejos, florões e rosáceas. É o Sobrado Dr. José Lourenço, erguido em meados do século XIX, que parece saído de uma máquina do tempo.

Ponte entre o passado que tem suas marcas ameaças por uma urbanização descontrolada e o presente que, aos poucos, toma consciência da necessidade de lembrar o que viveu, o sobrado foi reinaugurado em 2007.
A restauração do prédio, executada pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult), lhe confere ainda uma nova função: tornar-se um centro de convivência das artes visuais (incluído seu aspecto museológico), com ações e estrutura voltadas para abrigar cursos, palestras e workshops.

“O Sobrado vai ser a sede do Sistema Estadual de Museus. Está nos planos da secretaria trazer para exposição obras de reservas técnicas de museus do Interior. Mas também queremos ter exposições de arte, do passado e atual, tanto com artistas mais jovens, como com aqueles que já são consagrados.”, explicou a secretária-adjunta, Delânia Azevedo.

No clima de pluralidade, o Sobrado abriu as portas para sua primeira exposição, a 4ª Mostra Cariri das Artes, intitulada O Cariri Aqui!”. Nela, foram reunidas obras de artistas nascidos ou radicados na sub-região cearense. Na ocasião, ainda foi lançado o livro “O sobrado do Dr. José Lourenço”, organizado pelo pesquisador Gilmar de Carvalho, reunindo textos sobre a casa e seu primeiro morador.


O sobrado foi a primeira edificação de três andares construída no Ceará, na segunda metade do século XIX, o Sobrado da Rua da Palma – hoje Rua Major Facundo, foi criado para cumprir as funções de residência e consultório do médico sanitarista Dr. José Lourenço de Castro Silva (1808-1874).




Como atividade permanente, o Sobrado oferece atendimento ao público de diversas áreas de conhecimento e níveis escolares. Além de apreciar a formosa arquitetura neoclássica, o visitante tem a oportunidade de participar de uma programação eclética, como: cursos, palestras, seminários, workshops, exposição com um artista convidado, oficinas que ensinam técnicas artísticas... tudo na área das artes visuais.


Recepção do sobrado

Entre os demais sobrados existentes em Fortaleza, a edificação se destaca por possuir um telhado prismático de quatro águas e pelo tratamento dado às fachadas laterais, que possuem janelas de peito que dão para telhados vizinhos e cornijas acompanhadas por frisos de azulejos, características essas atípicas de um sobrado unido às suas divisas.


Foto by Manilov


A história do prédio centenário está documentada no livro O Sobrado do Dr. José Lourenço, realizado pela Associação dos Amigos do Museu do Ceará e organizado pelo Prof°. Gilmar de Carvalho. A publicação traz fotos das etapas da restauração da edificação, textos de renomados estudiosos cearenses sobre o ilustre médico, além da reflexão sobre os múltiplos usos do sobrado e sua significação. Os interessados pela publicação poderão adquirir o livro no próprio espaço cultural.





Saiba Mais:

Construído na segunda metade do século XIX, o Sobrado da Rua da Palma – hoje Rua Major Facundo – é testemunha de uma época. Primeira edificação de três andares construída no Ceará, para cumprir as funções de residência e consultório do médico sanitarista Dr. José Lourenço de Castro Silva (1808-1874) , abrigou posteriormente oficina de marcenaria, repartição pública e bordel. Tombado pela Secretaria da Cultura do Ceará, foi restaurado em 2006 pelo Governo do Estado. Inaugurado em 31 de julho de 2007, o Sobrado Dr. José Lourenço abriu as portas ao público com nova identidade: um novo centro cultural aglutinador das artes visuais do Ceará. O espaço abriga salas para exposição, auditório e café, consolidando-se como local de convivência e difusão das artes visuais, possibilitando o acesso gratuito da população a uma programação comprometida com a criatividade artística e a inclusão cultural.

Serviços: Sobrado Dr. José Lourenço
Rua Major Facundo, 154 – Centro (Entre as ruas Castro e Silva e Senador Alencar)
Fortaleza – CE – Brasil
Telefone: (85) 3101.8826 / 3101.8827

Horário de visitação:
Terça à sexta-feira das 09h às 19h
Sábado das 10h às 19h
Domingo das 10h às 14h.
Entrada Gratuita.

Crédito: Diário do Nordeste, Arrudeia Ceará, Secult e pesquisas na internet

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nirez - Uma lenda



Miguel Ângelo de Azevedo, nasceu em Fortaleza em 15 de maio de 1934, filho de Otacílio de Azevedo e Teresa Almeida de Azevedo. Jornalista, chefiou o setor de Pesquisas do jornal “O Povo” Manteve programa de pesquisa sobre Música mundial nas rádios Uirapuru, Ceará Rádio Clube, Dragão do Mar e Rádio Cidade, reunindo grande coleção de discos em 78 rotações.
Em 1966 inaugurou o Museu Fonográfico do Ceará, atual Museu Cearense de Comunicação.
A partir de 1965 manteve colunas permanentes no “ O Povo” e “Correio do Ceará”. Co-produziu a Discografia da Música Brasileira; relacionando os discos em 78 rotações prensados entre 1902 e 1964. Catálogo publicado pela FUNARTE e considerado a melhor publicação sobre MPB no ano de 1984.
Realizou disco sobre a revolução de 1930, com discursos de Getúlio Vargas e músicas em voga na época, e outro sobre a revolução constitucionalista de 1932. Posteriormente; fez O Ciclo de Vargas, Memórias da Farmácia e, ainda; um outro, encomendado pela revista “Nosso Século”, com textos, fotografias e disco. É membro do Instituto do Ceará.






A sabedoria de um homem não se conhece apenas no seu ponto de vista intelectutal, mas também na dedicação prática da cultura. Por exemplo, após ter obtido ao longo de quase cinco décadas, uma das maiores e raras coleções de discos de cera de 78 rotações do Brasil, Miguel Ângelo de Azevedo, o popular Nirez, 70 anos, cearense de Fortaleza, considera-se um homem realizado no âmbito da discografia brasileira.
Como jornalista e produtor de programa de rádio em Fortaleza, Nirez é o único colecionador do Brasil que ainda utiliza os discos em suas programações musicais, desde o início dos anos 60. Esta seleção é apresentada pelos mais variados ritmos: tango, valsa, bolero, sem desprezar, nunca, a melodia regional como o forró de Luiz Gonzaga, Abdias, Pedro Sertanejo, Zé Calixto, Marinez entre outros.


A história do acervo vem de muito longe. Tudo começou em 1954, lembra ele. “Não foi tarefa muito fácil, conseguir colecionar raridades e harmonizar o material fonográfico. Mas aos poucos juntando unidade por unidade, acabei tornando-me um eterno apaixonado da arte musical”.

Com 13 anos em 1947 - Arquivo Nirez

Com o cuidado peculiar de um discófilo, ele já informatizou boa parte do catálogo, contendo nome do intérprete, etiqueta, data de gravação e lançamento. E como não tinha recursos para concretizar o velho sonho de um dia ver todo o acervo em CD, recorreu a um patrocinador através do Projeto Disco de Cera Meio Século de MPB, do Ministério da Cultura. “Nunca vou esquecer a boa vontade desse pessoal, somente assim, irei realizar um sonho antigo”, admite.

Folder do Projeto Disco de Cera

Como não existe mais agulhas propícias no mercado para serem utilizadas em seus microssulco, a paciência, no entanto, ele tem de sobra. Sempre dá um jeitinho de atingir os índices de qualidade desejado nas gravações, feitas por encomendadas. Nirez deu início uma carreira bem peculiar, sem fins lucrativos, quando ainda tinha 20 anos. Jamais imaginou ele que um dia seu nome iria almejar a fama no cenário da discografia nacional. Cada volume de sua coleção, é uma peça rara. “E não tem preço”, diz, com propriedade.

"Aos 19 anos de idade "sentei praça" no Exército, indo servir no 23º Batalhão de Caçadores onde passei nove meses sofrendo "o pão que o diabo amassou", mas foi uma experiência boa." Nirez

Nirez em 1956 - Arquivo Nirez

Coleção de Nirez é reconhecida e premiada nacionalmente

Apesar de sua humildade, o cearense Nirez, hoje é conhecido nacionalmente como um dos colecionadores mais bem equipados no gênero do disco de cera do País. Até mesmo ele é bastante requisitado de Norte a Sul do Brasil. E não só por outros colecionadores, mas principalmente por diversas gravadoras, uma das quais a Série Revivendo, que por sua vez já reprocessou inúmeros discos de sua coleção em 78 RPM para 33 RPM em long plays e para os modernos disc laser.
Em 1975, Nirez fundou a Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira-APMB, também é autor de vários livros sobre discografia brasileira, dentre eles de maior destaque, o Balanceio de Lauro Maia, que contém todas as músicas do compositor cearense, falecido em 1950 – gravadas em 78 RPM. Lauro Maia, era irmão da esposa do também cearense, o saudoso Humberto Teixeira, parceiro do rei do baião, Luiz Gonzaga.

Em 83, Nirez lançou o livro Discografia Brasileira nº 1, que rendeu-lhe uma homenagem Durante o lançamento, no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.

(Nordeste Web)

Miguel Angelo de Azevedo é um cearense magro, tímido, pai de uma dúzia de filhos e funcionário, como bom nordestino, do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, em Fortaleza.

Seria apenas mais um, entre tantos burocratas do órgão, se não existisse o Nirez. Respeitado nacionalmente como um dos mais dedicados e idealistas pesquisadores da música popular brasileira, Nirez, com recursos próprios - e muito poucos recursos, pois sempre foi um homem de posses modestas - formou um dos mais completos arquivos da música brasileira, com milhares de discos 78 rpm, revistas, recortes, documentos, etc., além de outras curiosidades - como uma incrível coleção de carteiras de cigarros que mereceria se transformar em livro de arte patrocinado por alguma multinacional do fumo.

Um grande amigo, já falecido, Descartes Selvas Braga, também apaixonado pesquisador, o auxiliou em sua formação cultural e hoje dá nome a sala-sede do Museu Cearense da Comunicação, onde reúne seu precioso acervo - em sua modesta residência, num dos bairros da capital cearense.

Há muitos anos que, reconhecido nacionalmente pela firmeza de suas pesquisas, o bom Nirez tem sido lembrado para merecer um prestigiamento oficial, mas lá, como aqui em Curitiba, quem se dedica a atividade cultural, ao acervo e a pesquisa, sem ficar badalando os eventuais (e quase sempre medíocres) donos do poder cultural-político, nada consegue.

Em 1956 - Arquivo Nirez

Nirez entrevista Orlando Silva no Premir Hotel (1970) - Arquivo Nirez

Ao longo destes últimos 25 anos, Nirez tem contribuído muito para a memória musical brasileira. Participou de três dos cinco encontros nacionais de pesquisadores da MPB e foi um dos quatro responsáveis pelo levantamento da discografia em 78 rpm da música popular brasileira, que resultaria numa edição referencial indispensável, patrocinada pela Xerox do Brasil, para o conhecimento de nossa música.

Funcionário do mais importante jornal cearense - "O Povo" - onde coordena o departamento de arquivo e pesquisas, Nirez enriquece dominicalmente as páginas daquele jornal com textos e fotos das mais interessantes sobre Fortaleza dos séculos XVIII, XIX e XX, em seus diferentes aspectos. Material, portanto, para revelar o muito de interesse que existe, esquecido na historiografia oficial, não lhe falta. Falta, isto sim, maior apoio para poder fazer chegar aos leitores o resultado de suas pesquisas, que não fique apenas na perenidade momentânea das páginas dos jornais.

Aramis Millarch-Estado do Paraná publicado em 27 de Abril de 1991



Convite do lançamento dos postais










Nirez nasceu em Fortaleza no dia 15 de maio de 1934. É jornalista, historiador e desenhista técnico aposentado, além de um dos mais respeitados pesquisadores da música popular do Brasil e dono de um dos mais completos arquivos sobre a cidade de Fortaleza, Ceará.

Filho do poeta, escritor e pintor Otacílio de Azevedo, Nirez foi batizado em homenagem ao artista renascentista Michelangelo. Começou trabalhando como desenhista técnico no DNOCS, onde ficou até o ano de 1991, quando foi transferido para a Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Ceará, mas desde 1956 colabora com jornais de Fortaleza, tais como: Tribuna do Ceará, Correio do Ceará e O Povo. Seu filho, Nirez de Azevedo, seguiu os passos do pai como escritor, tendo inclusive escrito um livro sobre a história do futebol no Ceará.


Arquivo Nirez - 50 anos




Nirez mantêm em sua casa, localizada à rua Professor João Bosco, 560 - Bairro Rodolfo Teófilo, segundo o jornal "Folha do Ceará", a maior discoteca particular do país. Boa parte de seu acervo foi conseguido quando a emissora de rádio Uirapurú, a "Emissora do Pássaro", resolveu atualizar sua discoteca com LP's e, graças ao radialista e ex-senador Cid Carvalho, os discos de 78 rotações foram doados ao Nirez. Possui também um grande registro de imagens históricas de Fortaleza e outros munícipios do estado, formada quando o estúdio fotográfico ABA FILM se desfez de seus arquivos de sua sede no centro de Fortaleza.

Nirez. Foto: Raimundinho, 2005

O Arquivo Nirez, conhecido em todo Brasil, é composto por um rico acervo bibliográfico, arquivístico e museológico, como: livros, revistas, rótulos, fotos, slides, negativos, equipamentos antigos, etc. Possui como principal atração a coleção de gravações em 78 rotações (discos de cera) considerada uma das maiores do país em gravações brasileiras comerciais, com um montante de mais de 22 mil exemplares, contemplando todas as fases da produção musical nacional de 1902 a 1964. A coleção por ser bastante volumosa, torna a pesquisa rica, porém demorada; por se encontrarem em bom estado de conservação os discos permitem que se desenvolva um trabalho de digitalização, visando sua preservação definitiva e facilitando o acesso às informações (fonogramas), que apesar de parte das músicas serem pouco conhecidas do grande público são fundamentalmente importantes para a história da música brasileira. Nirez faz um programa semanal na rádio Universitária, que está no ar desde 1960.


Prêmios

Pelo seu trabalho, Nirez recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos, entre eles: Medalha do Mérito Cultural da Fundação Joaquim Nabuco, (Recife - Pe.) em 1982, Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em l994, Prêmio Sereia de Ouro, também em 1994. Em 2002, seu arquivo foi contemplado no concurso da Petrobrás, recebendo apoio para reformá-lo e digitalizá-lo. O Projeto “Meio Século de MPB - Disco de Cera” consistiu na digitalização de todo o acervo de discos de cera (78 rpm) do Arquivo Nirez (22 mil exemplares) e a disponibilização dos dados na Internet. O projeto contou com as etapas de higienização, catalogação e digitalização dos discos (captura em meio digital dos fonogramas analógicos através de softwares de áudio específicos), sob a coordenação de profissionais com larga experiência na área. Ao final, deu-se a gravação definitiva dos arquivos musicais em padrões “cda” "wav" e “mp3” com cópia de segurança. O projeto que se realizou entre 2004 e 2005 contou ainda com a supervisão do Nirez, assessoria técnica da Cia. de Áudio e o patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.

Higienização dos discos (Análise) Foto: Raimundinho, 2005

Discos secando, após lavagem. Foto: Myreika Falcão, 2005

Estantes dos discos (um lado da sala) Foto: Myreika Falcão, 2006
Bibliografia

Além de colaborar com inúmeras coletâneas e dicionários, Nirez escreveu também os livros:

O Balanceio de Lauro Maia
Fortaleza de Ontem e de Hoje
Cronologia Ilustrada de Fortaleza


Miguel Ângelo de Azevedo é um ícone do nosso movimento cultural, sem dúvidas.
Um talento múltiplo que atuou como desenhista do Dnocs, sendo, também, publicitário, jornalista e radialista, mantendo, há 40 anos, apreciado programa sobre o universo da Música Popular Brasileira, Nirez é, sobretudo, um grande colecionador.


Arquivo ou museu - Colecionador, desde criança, Nirez dispõe hoje de um espetacular acervo, mais de 140 mil peças em seu arquivo que já pode ser considerado, na realidade, um verdadeiro Museu, em face das raridades que possui, muitas vezes procuradas por pessoas de outros estados e até do exterior. Funciona na rua Professor João Bosco, próximo à Reitoria da UFC. Estando a completar meio século de existência, o Museu do Nirez dispõe, entre outras coisas, de 44 mil discos antigos, podendo esta coleção ser considerada uma referência nacional dada sua magnitude. Espetacular também é toda a memória iconográfica que dispõe enfocando nossa Fortaleza. Membro do Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico, casado com dona Zenir, incentivadora e companheira no extraordinário trabalho por ele desenvolvido, Nirez, com muita justiça, é Gente da Cidade.


Fonte: 1001 Cearenses Notáveis - F. Silva Nobre, Diário do Nordeste, Projetos Nirez, Wikipédia, Nordeste Web, O Estado do Paraná e pesquisas na internet.

Garapeira do Bembem


Foto de 1919 - Quiosque da Garapeira do Bembem, um dos tipos mais populares da cidade, na Praça José de Alencar - Hoje Waldemar Falcão 


Uma das figuras mais populares de Fortaleza, por volta do ano de 1913, era o garapeiro Bembém, estabelecido num quiosque nas imediações do antigo Mercado Público.
O estabelecimento era em estilo francês, semelhante a outros espalhados pela cidade.
A antiga engenhoca era movida à manivela e moía centenas de pedaços de cana com casca, produzindo um barulho ensurdecedor.
A garapa produzida era apanhada num recipiente de madeira, engarrafada e colocada sobre o balcão, quando ficava disponível para a venda por um tostão o copo.
O que sobrava era vendido no dia seguinte como “garapa azeda”, de grande aceitação.
No terceiro dia era chamada de “garapa doida”, anunciada como o melhor refresco para afinar o sangue e deixar as faces coradas.
Bembém tinha um sonho dourado: conhecer a França! de tostão em tostão juntou uma razoável quantia e, um belo dia, partiu para Paris em busca das maravilhas de que tanto ouvia falar.
Foi e voltou encantado, contando as experiências que vivera por lá:
que só andava com um homem chamado Cicerone, que como ele, sabia português;
que todos falavam francês, até mesmo os carregadores, as mulheres do povo e pasmem, até as crianças! e a única palavra que ouvira em português fora “mercibocu”.
A conselho de um amigo gozador mandou imprimir um cartão para distribuir com os fregueses: BIEN-BIEN – GARAPIÈRE – Fortaleza – Ceará.


DE BEM-BEM AO BANCO DO BRASIL

A antiga praça Carolina abrangia o que hoje é o largo da Assembléia, Palácio do Comércio, praça Valdemar Falcão, Banco do Brasil e Correios e Telégrafos.
Em 1897 foi colocado no centro da praça um mercado de ferro composto de dois blocos, para venda de carne verde.
A parte que ficou do lado do mar, em frente aonde hoje é a sede da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT, passou a chamar-se praça José de Alencar e nela, existiam alguns quiosques, uma caixa d'água, e um chafariz. Entre os quiosques ficava o "Engenho Central Bembem", do Bembem, cidadão que ali vendia garapa feita na hora e garapa do dia anterior, que era conhecida como "garapa doida", que embebedava.
Durante muitos anos ele juntou dinheiro e foi à França, voltando maravilhado com o que vira em Paris: "crianças de poucos anos de idade já falando francês". Depois da viagem ele mandou imprimir cartões onde se lia: "Bien-Bien - garapière".
Causam confusão os anúncios da época da primeira foto, bem como a fotografia aqui usada, que traz no alto "Praça José de Alencar", fazendo com que hoje as pessoas pensem tratar-se da atual José de Alencar, na época denominada Marquês do Herval.
Depois o mercado de ferro foi desmontado, indo uma parte para a Aldeota (hoje é o mercado dos Pinhões) e outra para a Praça São Sebastião, depois transferido para a Aerolândia. Juntamente com os restos do mercado, se foram os quiosques e o chafariz - este foi para praça no Mondubim - além da caixa d'água. O nome de José de Alencar, esta praça já o tinha perdido na época do desmonte, para a que atualmente traz esse nome, em 1938.
Hoje o local está praticamente morto. É o trecho que fica entre o Banco do Brasil e os Correios. No domingo é deserto e nos outros dias serve de estacionamento de carros. Tem o nome de Largo do Correio.

Crédito: Portal da história do Ceará, Nirez e Livro "Fortaleza Descalça" de Otacílio de Azevedo

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Café Java


Na Praça do Ferreira, antes de 1920, existiam quatro quiosques, um em cada canto, abrigando cafés e restaurantes. O Café Elegante ficava na esquina sudeste (Rua Pedro Borges com Rua Floriano Peixoto), o Restaurante Iracema na esquina sudoeste (Rua Pedro Borges com Rua Major Facundo), o Café do Comércio, na esquina noroeste (Rua Major Facundo com Rua Guilherme Rocha) e o Café Java, na esquina nordeste (Rua Guilherme Rocha com Rua Floriano Peixoto). O Café do Comércio e Café Elegante datam de 1891 e o Café Java de 1887.
No café Java, de propriedade de Manuel Pereira dos Santos, o Manuel Coco, foi que nasceu, em 1892, o movimento literário mais Importante de nossa terra, a Padaria Espiritual, composta de um "padeiro-mor", dois "forneiros", um "gaveta", um guarda-livros, um "Investigador", e os demais sócios eram "amassadores". Era por eles publicado um jornal com o nome de "O Pão".
A sede da "Padaria" era denominada "forno" e cada "padeiro" deveria ter um nome de guerra (pseudônimo). As sessões eram chamadas de "fornadas". Grandes vultos de nossas letras foram "padeiros", como Antônio Sales (Moacir Jurema), Henrique Jorge (Sarasate Mirim), Adolfo Caminha (Félix Guanabarino), Rodolfo Teófilo (Matos Serrano), Antônio Bezerra (André Carnaúba) e outros. O movimento não durou muito e em 1899 já não existia.
Em 1920, na gestão do prefeito Godofredo Maciel, a praça foi reformada e os quiosques retirados. O local onde ficava o Café Java (primeira foto) seria o que vemos nas outras duas fotos, na praça do tempo do prefeito José Walter e na atual. Vale a pena lembrar que a praça antiga só atingia até a Rua Guilherme Rocha, havendo naquela parte onde ficam as bancas de jornal atualmente, um quarteirão depois demolido sendo levantado no local o Abrigo Central.
A fotografia intermediária data de 1989 e mostra a praça construída na administração do prefeito José Walter Cavalcante, com os jardins "suspensos" servindo de trincheiras para marginais.
A foto atual, da objetiva de Osmar Onofre, mostra a praça construída e inaugurada em 1991 na gestão do prefeito Juraci Magalhães, onde vemos ao fundo os edifícios da Lobrás e o São Luís.
Crédito: Portal da história do Ceará/ Arquivo Nirez

Café do comércio



O Café do Comércio ficava na esquina noroeste da Praça do Ferreira. Foi erguido pelo negociante Pedro Ribeiro Filho, que obteve licença da Câmara Municipal em 10 de junho de 1891 para construção de dois cafés, este e o Elegante. Dos quatro existentes na praça, este era o maior e juntamente com o Elegante, tinha a parte superior. Pertenceu a José Brasil de Matos, a Lopes & Filhos, Virgílio Bezerra e Barbosa & Moreira. Esta última firma tinha como sócios Francisco de Oliveira Barbosa e José Moreira da Rocha.
Entre o Café do Comércio e o Café Java, ficava o quiosque do ponto de partida dos bondes de tração animal até 1913, quando passaram a funcionar os elétricos. Podem ser vistos os bondes já pertencentes à "Ceará Tramway, Light and Power Co.", pois a foto data de 1912 e é da publicação "Impressões do Brasil no Século XX", feita em Londres. Antes os bondes puxados por burros pertenciam à Companhia Ferro Carril do Ceará, que foi adquirida pela companhia Inglesa. Vemos também na foto o Café do Comércio bastante concorrido, combustores de iluminação a gás, os vários trilhos dos bondes e as esquinas que ficavam em frente ao café localizado no cruzamento das ruas Major Facundo com Guilherme Rocha, na época ocupadas pelo Café Riche e pela Maison Art-Nouveau.
A foto nova mostra, do mesmo ângulo o que hoje ocupa os mesmos lugares, como o Excelsior Hotel do lado esquerdo, com uma loja de presentes e o edifício Granito, do lado direito, com a Tok-discos. A terceira esquina desapareceu para dar prosseguimento à praça.


Fonte: Portal da história do Ceará/Arquivo Nirez

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