Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Alfândega - Avenida Pessoa Anta


AVENIDA PESSOA ANTA

Temos aqui a Avenida Pessoa Anta em três tempos. A foto mais antiga foi publicada no "Álbum de Vistas do Ceará - 1908" e mostra a avenida ainda sem pavimentação, mas com os trilhos dos bondes de tração animal. Os combustores de iluminação a gás estão presentes, bem como algumas pessoas e até uma galinha quase em primeiro plano.
O prédio da Alfândega, à direita, ainda não tinha o bloco total como hoje. Ao longe, o prédio da Escola de Aprendizes Marinheiros, que ficava no local hoje ocupado pela Secretaria da Fazenda.
O prédio da Alfândega foi construído com pedras, tendo como argamassa areia com óleo de peixe. Seus construtores foram Tobias Laureano Figueira de Melo e Ricardo Lange. A Inauguração foi 15 de julho de 1891, mas a Alfândega só iníciou suas atividades no dia 10 de abril de 1893.
Na segunda foto, de meados da década de 1930, o mesmo trecho já traz o bonde elétrico com seus trilhos e fiação, o prédio da Alfândega ainda faltando parte do bloco em relação à hoje, o prédio da esquerda já é um outro, assobradado, uma bomba de gasolina na esquina e, ao longe o prédio da firma Leite Barbosa & Cia, de 1914 e o da Secretaria da Fazenda, de 1927.
Vemos o gasômetro - depósito de gás carbônico para iluminação da cidade - que ficava ao lado da Santa Casa de Misericórdia. A avenida Pessoa Anta foi urbanizada em 1931-32, na gestão do major Tibúrcio Cavalcanti.
O nome da avenida é uma homenagem a João de Andrade Pessoa Anta (1787-1825), mártir da Revolução de 1824, no Ceará. Foi bacamartado no dia 30 de abril de 1825.
A terceira foto, atual, de Osmar Onofre, já traz o prédio da Alfândega, onde já funcionou a Receita Federal e hoje é ocupado pela Caixa Econômica Federal, completo, o prédio da esquerda não mais existe.
Ao longe, estão a Secretaria da Fazenda e seu anexo que na foto não divisamos. À esquerda, vemos parte do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, inaugurado em 1999, seguido de antigos prédios que hoje abrigam anexos da Secretaria da Fazenda.

Saiba mais sobre a Alfândega AQUI

Fonte: Fortaleza de ontem e de hoje e Arquivo Nirez

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ruas e Praças de Fortaleza - Mudanças de nomes


Em seu interessante livro “História Abreviada de FORTALEZA e Crônicas sobre a Cidade Amada”(UFC-Fortaleza-1998), Mozart Soriano Aderaldo escreve:
“A pedido do então Prefeito de Fortaleza, organizei há tempos lista de antigos nomes de ruas da capital cearense"

Colocarei aqui algumas ruas da lista:

Início do século XX

Av. Pessoa Anta – parte da antiga Rua da Praia.
Av. Monsenhor Tabosa - antiga Rua do Seminário.
Rua Tenente Benévolo – Antiga Travessa da Conceição (Igreja da Prainha).
Rua Pereira Filgueiras – antiga Rua do Paço(Palácio do Bispo).
Rua Costa Barros – antiga Rua da Aurora e Rua do Sol.
Av. Santos Dumont – antiga Rua do Colégio(da Imaculada), Gustavo Sampaio e Boulevard Nogueira Acioly.
Rua Pinto Madeira – antiga Rua do Córrego (Pajeú)
e da Cavalaria (sediada no prédio, depois reformado, em que se instalou parte da Escola de Administração).

Rua Barão do Rio Branco com Dr. João Moreira

Travessa Baturité – antiga Travessa da Escadinha.
Rua Boris – antiga Rua da Praia.
Rua 25 de Março – antiga Rua do Outeiro (bairro) e do Pajeú (riacho).
Avenida Dom Manuel – antigo Boulevard da Conceição (Igreja da Prainha) e Av. D. Luís.
Rua J. da Penha – antiga Rua da Soledade.
Rua Nogueira Acioly – antiga Rua da Aldeota.
Rua Castro e Silva – antiga Travessa das Flores e Rua Manuel Bezerra.
Rua Visconde de Saboia – antiga Travessa da Cacimba(no leito do Pajeú) e parte da Rua da Assembléia.
Av. Duque de Caxias – antigo Boulevard do Livramento(em razão da igreja, antiga do Livramento e hoje do Carmo).

1920

Rua Conde d’Eu – antiga Rua dos Mercadores, de Baixo, do Riacho (Pajeú) e da Matriz(então existente no lugar da Catedral).
Rua Pedro Borges – (da Praça do Ferreira à Rua Conde d’Eu) – antiga Rua do Cajueiro.
Rua Solon Pinheiro – antiga Rua da Trindade.
Rua Floriano Peixoto (até a Praça do Ferreira) – antiga Rua das Belas, da Pitombeira e da Boa Vista.

Major Facundo - 1928

Rua Floriano Peixoto ( a partir da Praça do Ferreira) – antiga Rua da Alegria.
Rua Major Facundo ( até a Praça do Ferreira) – antiga Rua Nova Del Rei e Rua da Palma.
Rua Major Facundo ( a partir da Praça do Ferreira) – antiga Rua do Fogo (que pode sugerir luta e também sujeira ou lixo da cidade ali queimado, bem como casas de palha incendiadas).
Rua Barão do Rio Branco – antiga Rua Nova, Formosa, Dom Luís e Paes de Carvalho.
Av. Tristão Gonçalves – antiga Rua da Lagoinha, 14 de Maio e Trilho de Ferro (por ali passavam, primitivamente, os trilhos da R.V.C. em demanda de Parangaba e do interior do Estado).
Av. da Universidade – antiga Rua do Benfica e Av. Visconde de Cauípe.

Rua Floriano Peixoto

As praças e os nomes antigos:

Praça da Sé – antiga Praça do Conselho (de Vereadores), onde se achava o prédio, hoje desaparecido, em que se reunia o chamado Senado da Câmara.
Praça Cristo Redentor – antiga Praça da Conceição (em alusão à igreja da Conceição da Prainha ou do Seminário).
Praça Figueira de Melo – antiga Praça do Colégio (da Imaculada).
Praça José de Alencar – antiga Praça do Patrocínio (em referência à igreja em sua frente construída) e Marquês de Herval.
Praça da Bandeira – antiga Praça do Asilo (o prédio do atual Colégio Militar foi construído para nele funcionar um abrigo a desvalidos) e Benjamim Constant popularmente do Cristo Rei (em razão da igreja construída em sua frente na década de 1930).
Praça do Ferreira – antiga Feira Nova. Seu nome atual é justíssima homenagem ao maior dos Prefeitos da cidade, com botica (farmácia) no local do prédio onde depois se instalou a loja menor das chamadas lojas 4.400 (atual nº 566 da Rua Major Facundo). Depois passou a abrigar a loja Riachuelo.
Praça dos Mártires – antigo Largo do Paiol (de pólvora), então existente no seu canto noroeste. Ajardinado, foi o frequentadíssimo Passeio Público, de gloriosas tradições cívicas e sociais. Sua denominação oficial é homenagem aos mártires da Revolução de 1824, entre os quais avultou Padre Mororó, Azevedo Bolão, Carapinima, Ibiapina e Pessoa Anta.
Praça General Tibúrcio – antigo Largo do Palácio (do Governo).

Acabaremos esta crônica enfatizando o antigo costume de se dar o mesmo nome a uma rua e a uma travessa que se cruzavam, de que são exemplos o caso da Rua da Alegria (Floriano Peixoto, depois da Praça do Ferreira) com a Travessa da Alegria (Rua Pedro I), e o da Rua São Luis (Rodrigues Junior) com a Travessa São Luís (Franklin Távora) etc. "O historiador, para evitar equívocos, há de estar atento a esses dados”.

Praça Coração de Jesus



Foto rara e antiga, infelizmente não datada

Não importa se é manhã, tarde ou noite. Com a presença dos boêmios, a Praça Coração de Jesus está sempre movimentada. Limitada pela Avenida Duque de Caxias, no Centro de Fortaleza, a praça tem como principal referência a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, que fica entre as ruas Pedro I, Sólon Pinheiro e Jaime Benévolo. As árvores frondosas, bancos e um comércio movimentado proporcionam encontros agradáveis de amigos e vizinhos.
Batizada como Praça da Boa Vista, a Praça Coração de Jesus foi inaugurada em 1880, algum tempo depois que a igreja foi construída. Em 1881, em homenagem a José Júlio de Albuquerque Barros, o Barão de Sobral, passou a chamar-se Praça Dr. José Julio. Em 1890, por resolução do Conselho da Intendência Municipal, recebe a denominação de Praça da Liberdade.
Os principais motivos do movimento nas manhãs e tardes no entorno da igreja são as inúmeras paradas de ônibus e o terminal que fica ao seu lado direito.
O vai-e-vem dos passageiros faz com que vendedores ambulantes circulem diversas vezes ao redor da praça.
Os ônibus não passam pelos principais terminais da cidade.

A antiga igreja, antes do desabamento

Fazem a rota de um bairro específico e voltam para o centro. Funcionários da Empresa de Transporte Urbano (ETUFOR), instalados em uma pequena cabine branca, localizada ao lado do terminal, monitoram a ida e a volta do transporte coletivo mais usado pelos cearenses. As principais linhas de ônibus são: Conjunto José Walter/BR 116; Castelão/Visconde do Rio Branco; Av. Antônio Sales e o Bairro de Fátima e 13 de Maio/Rodoviária.
Ao embarcar ou desembarcar em qualquer parada de ônibus do terminal, as pessoas são abordados por vendedores de vale-transporte e passe card. Eles cobram 10 centavos mais barato e assim tiram o seu sustento.
“Olha o vale, olha vale”, é o apelo mais usado pelos vendedores.
Além do terminal de ônibus, a praça conta também com pontos de referência conhecidos como: o Tribunal Regional Eleitoral, o Supermercado Lagoa, a Faculdade Tecnológica(FATECI), a Padaria Romana e a Pousada Ideal.
No interior da praça, personagens do seu cotidiano: banqueiros de jogo do bicho, engraxates, comerciantes e funcionários de lojas propondo cadastro de cartão de crédito. Antes de voltar para casa, pessoas que aguardam a condução passam nas barracas para fazer um lanche ou comprar água. Os bancos servem de dormitórios para sem-tetos e são pouco usados pela população.
O engraxate mais antigo o e mais famoso da praça é José Ferreira. O “seu Zé” como é conhecido, trabalha há 15 anos na praça e também conserta sapatos. O horário de trabalho é de 7 da manhã às 18 horas. Torcedor do Ceará, muitos amigos se juntam perto do seu local de trabalho e conversam sobre futebol. Em final de ano, o movimento aumenta e o serviço de engraxate requer mais esforço e a hora de ir para casa (bairro Aerolândia) passa ligeiro. Muitas mulheres o procuram para consertar os sapatos. “Vem todo tipo de cliente engraxar sapato, do mais pobre ao mais rico”, afirma “seu Zé”.

A nova, já com a cúpula

Com bancas de guaraná e açaí, a praça é um ponto de encontro para quem gosta da fruta exótica. São sete bancas espalhadas na sua área. E pra quem deseja comprar cartão telefônico ou cartão de celular pré-pago, quatro cabines vendem cartões de todas as operadoras. A praça possui 12 bancas de revistas. A mais antiga é a banca O Freitas. Manoel de Freitas trabalha há 31 anos no ponto e é muito conhecido. “Eu moro aqui. Essa banca é minha casa”. A rotina é diária e o seu horário vai de 7 da manhã às 19 horas. Uma característica marcante que o dono da banca tem, é ajudar as crianças que necessitam de alguns trocados para comer. Seu Freitas oferece caixas de bombons e chocolates para que os meninos vendam ao redor do centro. Com isso, parte do arrecadado serve para que as crianças tenham como pagar o almoço e o lanche. “Ajudo as crianças porque sei como elas sofrem e serve de estímulo para outros banqueiros também possam ajudar”.




O número de meninos de rua é um problema. Eles circulam na praça e no Parque da Criança, bem ao lado. Antes de ir para a escola, o adolescente Daniel Monteiro, 15 anos, tem de trabalhar para ganhar algum trocado.
Daniel mora e estuda no bairro Tancredo Neves. Deixa a praça às 17h45min e entra na escola às 19 horas. “Meu pai está desempregado e minha mãe trabalha como dona de casa, por isso tento ajudar minha família a sobreviver."
Não apenas de bancos e bancas de revista vive a praça. Há outras inúmeras barracas que vendem de lanches a cds e dvds, e se misturam no patrimônio público. Se duvidar há 30 barracas espalhadas no local, com pessoas tentando sobreviver. Cerca de 20 orelhões também fazem parte do cenário e ajudam a quem deseja se comunicar. “Ei chapa, me arranja um trocado pra inteirar o almoço?”, pede um homem moreno, sem camisa, acompanhado de cinco amigos. O pedido veio de Francisco Leonardo Rocha Neto, morador de rua que, junto com os amigos, realiza trabalhos artísticos com o lixo que encontra nas ruas. Sem dinheiro e sem material, Leonardo pede esmolas para comer. Leonardo diz que,estudou até a 6ª série e há dois anos abandou a família para viver nas ruas com as drogas. “A gente está sem dinheiro, sem material. E o que a gente consegue é para comer, tomar uma pinga e fumar nosso baseado”, revela a rotina de todos os dias. Para se lavar e tomar água, Leonardo tem que ir ao Parque da Criança usar a torneira e o bebedouro. Mas quase sempre ocorrem problemas com os seguranças do parque. “Os homi não deixa nem agente lavar as mão, só porque agente tá mal vestido. Eles não deixa os moradores de rua usar o patrimônio. Prá nois eles não bota queixo porque se não eles come chibata."



"Para que a gente paga imposto? Eu sei que não tenho casa, mas se eu comprar uma caixa de fósforos eu pago imposto”. E a vida segue, com o entra e sai dos ônibus no terminal da praça.

Crédito: Mario Jorge Teles

domingo, 8 de agosto de 2010

Restaurante Lido


27 de Novembro de 1955 - Inauguração do restaurante - Arquivo Joanna Dell'Eva

Hoje é com muita satisfação que falarei do Restaurante Lido. Sabe quando você tem a incrível sensação de conhecer determinado lugar só de tanto ouvir falar e mergulhar de cabeça na história do lugar e na histórias das pessoas envolvidas diretamente com aquele ambiente? Pois é exatamente assim que eu me sinto com relação ao Lido. Nos último meses tive o enorme prazer de conhecer Joanna Alice Dell'Eva, uma pessoa sensacional, super generosa e dedicada, que me ajudou 100% na elaboração desta postagem, passamos deliciosos dias juntas "virtualmente", onde ela me contou histórias deliciosas e momentos marcantes do Lido e de sua infância, correndo naquelas areias da Praia de Iracema. Eu me senti ali, junto com ela, sentada na sapata das antenas, vendo o movimento do entra e sai do Lido e saboreando os mais diversos pratos que ali eram servidos...

O Restaurante Lido foi um marco na gastronomia cearense, tendo grande aceitação do público, que sempre lotava o restaurante.
Charles e Lúcia Paulette Dell'Eva, fizeram do restaurante um sucesso!

30 de Maio de 1955 - Reforma para a grande inauguração - Arquivo Joanna Dell'Eva

Construção 30/05/1955 - Arquivo Joanna Dell'Eva


Lido em construção - 30/05/1955 - Arquivo Joanna Dell'Eva

30 de Maio de 1955 - Arquivo Joanna Dell'Eva

Durante as décadas de 1950 até aproximadamente a de 1980, o restaurante Lido predominou na preferência da freguesia. Os proprietário, um casal francês ( Charles e Lucia Paulette Dell'Eva), ganhou a predileção do grande público, que lotava aquela casa de pastos diariamente com pratos dos mais variados tipos de refeições, lagosta e camarão em todas as suas nuances atraindo turistas, e nós os donos da terra, os estrangeiros que por aqui passavam e vinham passear ou residir. O restaurante era um grande “galpão”("Novidade na época. O restaurante era decorado com redes de pescar, lamparinas de embarcações, e vários Posters da França") cuja coberta no seu início era de palha de carnaúba que mais tarde (“1968-1969”) foi substituída por grandes tesouras de madeira com cobertura de “telha-vã”, que dava excepcional aparência àquela construção, com meias-paredes, onde sobrepunham-se tapumes com vidraças colocadas que fechavam as três faces do galpão para dar a mais bela visão do mar ("As vidraças na lateral, eram para proteção da areia principalmente nos meses de setembro, pois tinha muito vento"). Quando enfurecido nos meses de janeiro e fevereiro, causava o mais belo espetáculo das ondas que se debatiam contra o arrimo de volumosas pedras que serviam de amparo e resguardo da estrutura do inesquecível local de tanta simpatia dos fortalezenses que para lá se dirigiam também, para apreciar os embates das ondas e sentir de perto o aroma da maresia que se espalhava por todo o recinto. ("adoro me lembrar desta época: eram as famosas "ressacas" em janeiro, fevereiro, e meu pai era obrigado a colocar "sacos de farinha" cheios de areia nas muretas lado praia para evitar o mar de entrar no salão, o que aconteceu varias vezes, era impressionante mesmo, porém belíssimo cenário, as ondas chegavam até o telhado...e muitas vezes lavavam o salão! Ainda não havia, as pedras de proteção...somente mais tarde. Não podemos esquecer de que naquela época, clientes habituais da casa vinham também à tarde para assistir aos desfiles dos botos bem na frente do Lido, época de acasalamento; era lindíssimo! hoje...onde estão os botos? Foram pescados? É...sumiram para sempre como tantas outras coisas belas!")


Os jovens se sentiam atraídos pelas marés, por ser o casamento da lua e do sol, ao contemplar, dava mais disposição ao amor, no crepúsculo vespertino ou matutino quando o amor fala sempre mais alto...
O Restaurante Lido ainda contava com um afinado conjunto musical a entoar lindas canções na época.


(Texto de Zenilo Almada e comentários (em azul) de Joanna Alice Dell’Eva)

Agosto de 1955 - Pré inauguração do restaurante - Arquivo Joanna Dell'Eva

Pré inauguração - Agosto de 1955 - Arquivo Joanna Dell'Eva

Lúcia Dell'Eva - Agosto de 1955 - Pré inauguração do Lido - Arquivo Joanna Dell'Eva


Pré inauguração - 08/1955 - Arquivo Joanna Dell'Eva

No dia 27 de Novembro de 1955 foi inaugurado em Fortaleza, mais precisamente na Praia de Iracema, o Restaurante Lido. O nome foi inspirado no Famoso Le Lido, em Paris. A casa frequentada por toda a sociedade cearense, eternizou alguns pratos que ficaram na memória de seus clientes. Um deles é o Peixe à Delícia(*), filé de peixe frito envolto em bananas fritas, gratinado no molho branco.
A filha do casal, Joanna Dell'Eva guarda todas as receitas. Ela conta que a lagosta também fazia muito sucesso no Lido.


Sim, era dado início a uma nova era da gastronomia cearense...

Agosto de 1955 - Pré inauguração do Lido - Arquivo Joanna Dell'Eva

Agosto de 1955 - Cozinha do restaurante - Arquivo Joanna Dell'Eva

O ano era 1952 e à convite dos senhores Romeu Aldiguiery e Julio Coelho, o casal Dell’Eva foi convidado para gerenciar o restaurante do Náutico Atlético Cearense, que havia sido inaugurado recentemente. Charles foi um grande sucesso na introdução de seu menu, e pela primeira vez na história do Ceará, a lagosta passou a fazer sucesso e agradar ao paladar do fortalezense, visto que até então o sabor desse crustáceo era desconhecido(**), ou pelo menos rejeitado pela sociedade. Em 1953, à convite do Sr. Dummar, Charles foi inaugurar o novo restaurante do Ideal Clube, que era frequentado pela alta sociedade de Fortaleza. Ele ficou no Ideal até 1955, quando finalmente inaugura o seu próprio restaurante na Praia de Iracema.

Panfleto 1956

Em Maio de 1955, Charles e Lucia Paulette alugaram e reformaram a casa de veraneio "casa de praia" da família Markan (Roberto Markan é dono do Moranga e do Caravaggio, a casa de veraneio era do avô dele), e criaram o famoso Lido(o "ícone" da família Brasil DELL'EVA).
Uma das novidades e que agradou em cheio, era que os clientes podiam escolher suas lagostas vivas, adequadas em um viveiro natural que ficava logo na entrada do estabelecimento.

Panfleto 1957

No final do ano de 1974, o Lido foi vendido ao então gerente da época, mas sem o mesmo glamour de antes, na verdade o Lido nunca mais seria o mesmo... Nos anos 80 o Restaurante mudou de endereço e foi para à Beira-Mar, ao lado do Alfredo, o Rei da Peixada. O antigo prédio na Praia de Iracema foi demolido e em seu lugar, foi erguido por Ivens Dias Branco, um prédio de luxo, que recebeu o mesmo nome, o mito da Praia de Iracema : Edifício LIDO. O Restaurante Lido deixou muitas saudades... Ele se foi, mas sua história está na memória de muitas pessoas e eu espero que mais gente possa conhecê-la e passá-la adiante, só assim nosso passado será sempre lembrado no presente!

27/11/1955 - Inauguração do Lido - Casa cheia (Do lado direito em uma mesa, é o Antônio Albuquerque e sua equipe da Aba film) - Arquivo Joanna Dell'Eva

27 de Novembro de 1955 Inauguração do Lido - Casal Dell'Eva ao lado o maître do hotel Alcindo. Arquivo Joanna Dell'Eva


Em 22 de abril de 1984, fecha as portas, definitivamente, o Restaurante Lido, na Praia de Iracema, com endereço de Avenida Getúlio Vargas (Beira-Mar) nº 801.

(*)Receita original do Peixe à delícia:

Ingredientes:
6 filés de peixe sem pele
6 bananas prata maduras (Depois de fritas, serão cortadas ao meio)
Manteiga e azeite de oliva para fritar
Sal e pimenta do reino à gosto para temperar os filés

Molho:
1 copo de creme de leite fresco (230g)
2 gemas de ovo
1 cálice de vinho do porto ou um bom conhaque
¹/² copo de leite (metade da quantidade do creme de leite)
Sal e pimenta do reino à gosto para temperar (bem pouquinho - para não ficar salgado nem apimentado)

Queijo parmesão ralado para gratinar

Preparo:

Frite os filés de peixe no azeite e reserve. Frite as bananas na manteiga com um pouco de azeite até ficarem douradas e não escuras. Reserve. Molho: bata tudo com um garfo ou com um "fouet". Em um refratário, coloque os peixes e as bananas. Por cima, cubra com o molho e leve ao forno com o queijo parmesão ralado por cima para gratinar. Dependendo do forno...15 à 20 minutos só para dourar, NÃO pode secar, pois este molhinho maravilhoso também pode ser colocado por cima de um arrozinho branco para acompanhar o peixe. Sirva bem quente. (Receita gentilmente cedida por Joanna Alice Dell’Eva)


Lido - 01 de Junho de 1961 - Charles Dell Eva e Carvalho
Arquivo Joanna Dell'Eva

05 de Agosto de 1967 - Semana da Pátria - General Helery à esquerda de óculos e casal Dell'Eva no centro.
Arquivo Joanna Dell'Eva

1967 - Novo salão do Restaurante Lido - Arquivo Joanna Dell'Eva

(**)"Não custava nada", dizia meu pai, e ninguém queria comer o tal crustáceo... Aliás o pescador na ocasião não queria vender a "tal lagosta" ao meu pai, pois "era a mãe do camarão", portanto deveriam devolvê-la ao mar, ou não haveria mais camarão...

Lido lotado em dia de exibição de aviões supersônicos na Praia de Iracema
Arquivo Nirez

Deu ao pescador alguns trocados e todo feliz levou a lagosta para o Náutico, cozinhou-a viva em água e sal, (água fervendo) sendo servida no mesmo dia no Restaurante do Náutico aos diretores Pedro e Julio Coelho os quais se recusaram a comer o tal crustáceo. Foram então meus pais que se deliciaram com a famosa lagosta.


Alunos da Escola Alvorada em frente ao Restaurante Lido no Desfile de 7 de Setembro de 1966. Acervo de Caio Ruthenio Costa. Foto publicada na Fan Page da escola.

Praia de Iracema e o Lido - Década de 70. Foto de Nelson Bezerra

Foi a primeira Lagosta servida ao "natural" colocada sobre folhas de alface, decorada simplesmente com tomates, ovos cozidos e fatias de limão, acompanhada de maionese e molho "tartare” (ao modo de meus pais, com gema crua, mostarda...salsinha, cebolinha etc).

E foi assim que a lagosta foi sendo aos poucos introduzida, primeiramente no Menu elaborado por meus pais, no restaurante do Náutico : natural com maionese e tatare, ao molho Bearnaise, à Thermidor, gratinada, grelhada com molho de manteiga e limão ou no alho, ensopada com camarão...e até mesmo "à bahiana", adequando-se aos gostos cearenses. (Joanna Alice Dell’Eva)

Antes e depois
Antes (30/05/1955 construção) e depois ( Final dos anos 80) - Arquivo Joanna Dell'Eva

Antes (30/05/1955 construção) e depois (27/11/1955 inauguração) - Arquivo Joanna Dell'Eva

Editado em 10/08 - Não posso deixar de falar sobre os shows que eram realizados no Lido com vários artistas renomados como Luiz Gonzaga, Luiz Vieira, Rosemary, Wanderléia...

Gif


Edifício Lido, erguido no lugar do antigo restaurante:







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