Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Antônio Rodrigues Ferreira - O Boticário Ferreira


Praça do Ferreira - Arquivo Nirez

Em 1825, chegava de mudança ao Ceará, vindo do Estado do Rio, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira. Estabeleceu-se naquele local, concentrando, em pouco, em seu torno, as atenções dos fortalezenses, pois era homem de visão larga e notável simpatia. Sua botica ficou sendo o "rendez-vous” dos políticos da terra, da gente de prol. Dado o prestígio granjeado pelos seus dotes pessoais, era, em 1848, eleito vereador e, logo mais, vice-presidente, depois, presidente da Câmara Municipal da Capital, cargo que exerceu, ininterruptamente, pelo largo período de doze anos, trabalhando sempre em prol do desenvolvimento material da cidade, e cujo nome ficou perpetuado na Feira Nova, como homenagem póstuma dos seus contemporâneos, após seu falecimento, em 29 de abril de 1859. Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário Ferreira, foi o político do seu tempo que mais influência exerceu e que maiores benefícios prestou ao aformoseamento da cidadezinha que desabrochava promissora.
Até o seu tempo, a Feira Nova, — nome que se lhe aplicou em virtude de ser ali que os comboieiros costumavam expor à venda as mercadorias trazidas do sertão, — morria no
beco do Cotovêlo, formada de uma linha modesta de casas modestas, em cuja extremidade se trifurcava em ruelas pobres.


Outro aspecto da praça - Arquivo Nirez

Antônio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1799. Ainda jovem, veio para Fortaleza*, trabalhando como caixeiro para o cônsul Manoel Caetano de Gouveia. Foi vereador, prefeito e presidiu a Câmara Estadual do Ceará de 3 de março de 1843 até 29 de abril de 1859, quando faleceu. Como presidente, era o executor das decisões do Colegiado e suas ações são notórias na história da cidade de Fortaleza. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da Praça do Ferreira e resguardou tenazmente, ao lado de Silva Paulet, a regular expansão urbana de Fortaleza.

O boticário Ferreira

Político brasileiro nascido no Rio de Janeiro, o folclórico Boticário Ferreira, que foi escolhido (1845) e reeleito várias vezes presidente da Câmara e que em sua homenagem, a Praça Municipal passou a se chamar Praça do Ferreira, duas semanas após sua morte. Da capital do Vice-Reino do Brasil, ainda jovem, veio para Fortaleza, trabalhando como caixeiro para o comerciante Manoel Caetano. Depois da proclamação do 2° Império, foi eleito vereador e assumiu a presidência da Câmara Estadual do Ceará (1843-1859), cargo que permaneceu até sua morte. Na sua época quem assumia a presidência da Câmara, também acumulava automaticamente as funções de prefeito. Como presidente e executor das decisões do Colegiado, suas ações tornaram-se notórias na história da cidade de Fortaleza. Na sua administração foram aplicadas com rigor as diretrizes do plano de urbanização da cidade elaboradas, durante o governo (1812-1820) do Coronel Manuel Inácio de Sampaio, pelo ajudante de ordens, o tenente-coronel de Engenheiros Antônio José da Silva Paulet. No documento estavam as primeiras normas de organização do espaço urbano de Fortaleza, como também, a elaboração do projeto para a construção de um novo Forte (1812-1823), no lugar onde existira o já desmoronado Forte de Schoonenboch. a velha fortaleza no monte à margem esquerda do Rio Pajeú, construído pelo holandês Matias Beck. No trabalho de Paulet, se incluiu a Planta da Villa da Fortaleza e seu Porto (1818). Na data de 17 de março (1823) a Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção foi elevada à categoria de cidade recebendo o nome de Fortaleza de Nova Bragança. Como prefeito deu prosseguimento a implantação do traçado em xadrez, dirigindo a expansão da cidade para o lado Sul, Praça da Sé ou Largo da Matriz e Praça do Ferreira. Obedeceu tenazmente, o projeto do Engenheiro Paulet quanto a expansão urbana regular de Fortaleza, modelo de fácil adaptação em função da topografia plana da região. Contratou como seu auxiliar o arquiteto Adolfo Herbster, para dá continuidade ao direcionamento da malha urbana em xadrez. Foi obedecido um maior disciplinamento à expansão da cidade, proibindo-se a abertura de becos estreitos e/ou em deflexões, como nos arruamentos do traçado orgânico. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da hoje famosa Praça do Ferreira. Ordenou (1856) um levantamento cadastral da cidade, resultando na planta organizada pelo padre Manuel Riego Medeiros, onde se constatou que a área urbana ia pouco além dos limites, mas observando-se o cumprimento às diretrizes em xadrez de Paulet. Três anos depois, Herbster elaborou a Planta Exata da capital do Ceará, acrescentando vários elementos, como o levantamento do sistema ecológico, vias de acesso à cidade, denominação dos Logradouros públicos, todo equipamento urbano público e privado então existente. Morreu em Fortaleza, aos oitenta anos, ainda no exercício do poder.

Antiga Rua da Palma (Major Facundo)

Em 1881, após a morte do Boticário Antônio Rodrigues Ferreira, a Câmara Municipal deu ao logradouro o nome de Praça do Ferreira em sua homenagem, mas em 1890 o Conselho da Intendência achou por bem retirar os nomes de pessoas de todas as ruas, avenidas e praças da cidade, recebendo as ruas numeração e as praças nomes como a Praça Municipal, novo nome da nossa Praça do Ferreira, mas durou pouco e no mesmo ano volta a velha nomenclatura.


A rua Major Facundo - Local da Botica do Ferreira

*Veio para o Ceará muito jovem, trabalhando como caixeiro. Tornou-se boticário, utilizando-se da licença de "pronto-medicato", assim estabeleceu uma farmácia situada à Rua Major Facundo. Seu temperamento cordial e comunicativo logo transformou sua casa de trabalho em um movimentado centro de reuniões políticas e sociais, no coração de nossa cidade.


A rua Major Facundo - Detalhe para a 'Pharmácia Galeno'(Onde antes funcionou a Botica do Ferreira - Arquivo Nirez (Foto restaurada por Sidney Souto)

Gozando de enorme prestígio devido a personalidade de homem íntegro e capaz, além da passagem pelo batalhão de reserva de Fortaleza, logo ingressou na vida política. Foi eleito vereador em 1842 e presidente da Câmara no ano seguinte, mantendo-se nesse cargo e função até o ano de sua morte, 1859.

Este é o registro fotográfico mais antigo realizado no Ceará. O homem que vemos em seu leito de morte é Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo, o boticário Ferreira. Morreu no dia 29 de abril de 1859, momento registrado na fotografia acima. Foto: Museu do Ceará

Até os dias de hoje o Boticário, como era popularmente conhecido, se faz presente na cidade, onde a Praça do Ferreira leva seu sobrenome e também a honrosa medalha ofertada pela câmara aos indivíduos que se destacam pelo trabalho social , em prol do coletivo e da cidade de Fortaleza.


Homenagem ao boticário


Exumação do corpo do Boticário Ferreira do São Casimiro para o Cemitério São João Batista



Medalha Boticário Ferreiraa medalha é uma forma de reconhecer e valorizar aqueles que se distinguam pelo notório saber e pelos serviços ofertados à coletividade. A Medalha recebeu esta denominação em homenagem a uma das mais ilustres personalidades que Fortaleza teve como administrador: Boticário Ferreira. 

Já receberam a medalha:

entre outros...


Fonte: Literatura Real, Cearádeluz , Dec.Ufcg e pesquisa de internet

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aerolândia


A pracinha da Aerolândia é o ponto de encontro dos moradores do bairro. A BR-116 é uma das grandes referências do bairro, assim como a avenida Raul Barbosa.
Fácil de encontrar. Difícil em Fortaleza quem não saiba onde fica a Aerolândia. O nome é uma referência à proximidade com a base áerea. Esta é a terra do ar. Surgiu exatamente por conta da construção da base.


Os primeiros moradores foram pedreiros, carpinteiros e serventes que foram trabalhar na obra, na década de 1930. Nesta época, a região era chamada de Campo de Aviação. Até hoje o bairro tem muitos moradores que trabalharam na base. O engenheiro, Hélvecio Veiga, foi sargento. “As pessoas começaram a se instalar aqui em meados de 1936. Como a base aérea era aqui, criaram o nome Aerolândia”, conta ele.


Exatamente por esse motivo, quase todas as ruas do bairro tem algum tipo de patente. “Isso é em virtude de militares da Força Aérea Brasileira que estiveram aqui. Muitos participaram inclusive da Segunda Guerra Mundial”, conta o militar.

O bairro conta com várias vias de acesso, sendo a mais importante delas a rodovia federal BR-116. É considerado por muitos moradores bem localizado. 

Pelas ruas do bairro, casas simples e moradores que mantem velhos hábitos. Como o de comprar água da carroça que passa todos os dias pela manhã. Mesmo depois que chegou a água encanada na década de 1960.


Há 50 anos, a Aerolândia reunia o comércio da região. Era local de compras para os que moravam do outro lado do rio, no Luciano Cavalcante e nas Salinas. E por ser vizinho ao rio Cocó, o bairro sempre sofreu com inundações. Algumas continuam na memória dos mais antigos. A dona-de-casa, Angelita dos Santos fala de uma história que aconteceu em 1962. “Houve uma enchente em que um galo ficou em cima de uma casa. Ele cantava, cantava, para ver se conseguia sair de lá”, lembra Angelita.


Angelita é muito amiga de Maria Luiza Oliveira, que há 40 anos vive na Aerolandia. Ela chegou quando o bairro foi loteado e ocupado. “Não tinha rua. Não. Eram casas aqui e acolá. Era cheio de buraco”, conta ela.


O maior desenvolvimento da Aerolandia foi na década de 80, com a BR-116 e a construção da Raul Barbosa à margem do rio Cocó.


"Como toda localidade, a Aerolândia é cheia de histórias pitorescas, engraçadas e humanas. Tem seus personagens próprios que animaram e ainda animam o dia-a-dia da região, engrandecendo-a sobremaneira", enfatiza Francisco Caminha.


Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração foi construída em 1954. Tornou-se paróquia 16 anos depois, em 1970

Foi na década de 1930 que iniciaram as obras de construção da Base Aérea de Fortaleza, quando pedreiros, carpinteiros e serventes da obra ocuparam a região, que era chamada de Campo de Aviação.


Em seguida, muitos militares da Força Aérea Brasileira chegaram ao local pela proximidade com a Base Área. Não é por acaso que a maioria das ruas do bairro carrega consigo uma homenagem aos militares que moraram no local, como as ruas Capitão Aragão, Tenente Maia e Capitão Vasconcelos.


"Quando meu avô chegou aqui, tudo era um matagal", contou o funcionário público Marcel Régis Moreira da Costa. Seu avô, o militar Plácido Moreira da Costa, tornou-se morador da Aerolândia na década de 1940. "Ele já faleceu, mas minha avó mora até hoje na mesma casa, na Rua Capitão Clóvis Maia. Vivi os meus 28 anos aqui, casei-me e continuo morando aqui. Gosto muito", afirmou ele.


Mas os avanços da Cidade trouxeram para o bairro uma mancha em sua história: a violência. Limitado, em parte, pelo Canal do Lagamar e pelo cruzamento das avenidas Raul Barbosa e Murillo Borges, o bairro vive momentos de insegurança. Mas, segundo Marcel, nos últimos anos, as coisas melhoraram um pouco. "A chegada do Ronda do Quarteirão amenizou a violência e deu uma sensação de segurança maior nas ruas".


Até hoje, o bairro ainda guarda alguns costumes do passado. Apesar da violência, muitos ainda têm o hábito de conversar nas calçadas até mais tarde com os vizinhos. Outra prática antiga dos moradores é a de comprar água de poço da carroça, que passa pelas ruas todos os dias pela manhã.


Lazer


A pracinha do bairro e a quadra de esportes, localizada ao lado do Mercado da Aerolândia, ainda são os principais locais de lazer dos moradores. A antiga moradora Eunice Uchoa, 69 anos, frequenta a praça até três vezes por semana para aulas de ginástica dadas pelo professor Maninho, pelo programa Academia na Comunidade, da Prefeitura. "É direcionado para os idosos, mas vai gente de todas as idades", disse Eunice.


O pátio da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração, inaugurada em 1954, é ponto de encontro de jovens após as missas. Seja para assistir às celebrações ou não, o templo, localizado na Rua Capitão Uruguai, é muito frequentado pelos moradores. Foi lá que Marcondes Tenório conheceu a esposa, uns 20 anos atrás, quando costumava ir até a calçada da igreja para saber onde seria a "tertúlia" do fim de semana. "Tinha festa quase todos os sábados e domingos na casa de algum morador. Hoje, isso não existe mais. Mas eu conheci minha esposa na igreja mesmo. Nós nos casamos lá depois", acrescentou.


Há dois meses, um novo espaço de lazer foi inaugurado na região. Mesmo que já não seja dentro dos limites do bairro, o espaço construído com a urbanização do rio Cocó, na Avenida Raul Barbosa, é muito frequentado pelos moradores da Aerolândia. Basta atravessar a avenida para aproveitar a área, que conta com pista de skate, ilhas de descanso para coopistas, bancos, campo de futebol e playground. "Muitos jovens estão frequentando o lugar. De manhã, já tem muita gente fazendo caminhada. Tenho a intenção de começar a caminhar lá também", disse Marcondes.


Localização


Tanto para Marcel, que mora há 28 anos na Aerolândia, como para Marcondes, que mora lá há 30, o que há de melhor no bairro é a localização. "A Aerolândia é um bairro muito bem localizado. É só chegar na BR-116 que dá para ir a qualquer ponto da cidade de ônibus", contou Marcel. Segundo informações dos itinerários das linhas de ônibus de Fortaleza, disponíveis no site da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), 29 linhas passam pela BR-116. Além disso, uma passarela construída sobre a praça do bairro facilita a passagem dos pedestres.


Referência histórica


Construído na década de 1940 (Na Praça Paula Pessoa - São Sebastião), o Mercado da Aerolândia é coberto por uma estrutura de ferro fundido, importada da França, remanescente do Mercado da Carne. Esse antigo mercado, construído em 1896 na área central da Cidade, foi desmontado, e a estrutura de cobertura, considerada de extremo valor histórico para o Município, foi dividida e deu origem aos mercados da Aerolândia e dos Pinhões. Na época, os 50 boxes do Mercado da Aerolândia vendiam frutas, legumes e verduras, além de cortes de carne, peixes frescos e miudezas em geral. O local, que tinha seus boxes disputados pelos permissionários, possui apenas três boxes funcionando nos dias de hoje.


Importante: O Mercado de Ferro foi desmontado em 1937 sendo dividido em duas partes indo uma para a Praça Paula Pessoa (São Sebastião) e a outra metade para a Aldeota, na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões).
A parte da Praça São Sebastião foi desmontada em 1968 e levada para a Aerolândia onde ainda se encontra.

A foto de aproximadamente 1942 a 1944 da Praça Paula Pessoa, é da época da inauguração do Mercado São Sebastião (A parte que depois foi para a Aerolândia). 

Estamos na Clarindo de Queiroz olhando na direção da Padre Ibiapina. o mercado São Sebastião, à época, feito de ferro, fazia pouco tempo que havia sido inaugurado e estava justamente à esquerdo por trás do fotógrafo.  Arquivo Nirez



Mercado tombado sofre com abandono


Com mais de 70 anos de existência, o Mercado da Aerolândia foi tombado como patrimônio histórico pela Prefeitura de Fortaleza em 2008. Mas, de lá para cá, o restauro necessário do local ainda não foi feito. Moradores ouvem falar de um projeto de transformá-lo num espaço cultural e de pequenos negócios, mas não há prazos e nada de concreto.

A foto mostra o mercadinho do bairro da Aerolândia, em 31/07/1970. Nesta data, este era o único mercado com todos os boxes ocupados. Seus concorrentes, as feiras livres e os mercantis ficavam distantes. Arquivo O Povo


Apesar de ser um prédio tombado, a situação real do mercado é bem vergonhosa. O telhado do prédio já nem existe mais em alguns pontos. Os banheiros funcionam precariamente, e a manutenção da estrutura dos boxes, quase todos fechados, é praticamente inexistente.


O local não tem vigia, embora esteja localizado numa área considerada perigosa. Apenas três permissionários "teimam" em trabalhar no local, entre eles, a vendedora Alda Ferreira Moura, de 84 anos. Ela lembra que lá se vendia de tudo, numa época em que não existiam as grandes redes de supermercado e o local era o destino principal dos moradores quando queriam comprar frutas, verduras, carnes e peixes.


Desestímulo


"Era difícil conseguir um boxe aqui antigamente. Tinha lista de espera. A uma hora dessas, há 25 anos, tinha muita gente por aqui comprando. Agora, está assim. Às vezes, eu me pergunto por que ainda venho trabalhar aqui", afirmou. Apesar de desestimulada, Alda ainda tem esperanças de ver o mercado restaurado e com mais movimento. Ainda restam alguns clientes da época em que instalou a sua pequena mercearia no local. "Continuo não só por necessidade, porque o lucro é muito pequeno. É por gostar de trabalhar mesmo", disse Alda.


O funcionário público Marcel Régis Moreira da Costa também era frequentador do mercado, quando era pequeno. "É muito triste ver o mercado assim. Eu vinha muito aqui quando era moleque. Existe um projeto de transformá-lo num centro cultural, mas ele nunca saiu do papel". Segundo ele, uma feira bem movimentada é realizada todas as quintas-feiras, ao redor do antigo mercado. "A feira surgiu para suprir a ausência dele (do mercado)", explicou.


Segundo a Secretaria Executiva Regional (SER) VI, um projeto para a realização de obras de restauro em toda a estrutura do mercado foi desenvolvido. Após o levantamento dos custos, a Regional deve buscar os recursos necessários para a execução. Pela assessoria de imprensa, a SER VI afirmou, ainda, que o Distrito de Meio Ambiente realiza serviços de limpeza nas áreas internas e externas do mercado diariamente.



Estrutura de ferro do Mercado da Aerolândia e telhado estão comprometidos 


O Mercado da Aerolândia, cuja construção remonta ao fim do século XIX, é um retrato vivo do descaso das autoridades para com o patrimônio histórico e arquitetônico da Cidade. Abandonado, o local parece uma sucata, já que sua estrutura é de ferro, além de ter sofrido descaracterização na sua concepção original, devido à interferência dos permissionários. Apesar de questionado, por não garantir preservação e conservação de um bem, a Prefeitura Municipal de Fortaleza lança mão ao mecanismo do tombamento.


Mercado enfrenta descaracterização

Tombar é diferente de preservar. O tombamento é um ato que basta uma assinatura no papel, não importando a situação em que se encontre o imóvel, como é o caso do Mercado da Aerolândia, cujas características originais já foram alteradas. A Prefeitura prevê um projeto de restauração, que significa, muitas vezes, recompor camadas que não existem mais, sendo reinventadas.

Algumas partes do telhado foram levadas pelo vento, assim como faltam pedaços de ferro na sua estrutura. “Mandei emplacar (forrar com alvenaria) o meu box”, acrescenta Francisco de Assis Barbosa, confirmando a intervenção feita no imóvel. Faltam partes do piso original. 


Crédito: CETV, Diário do Nordeste, Cronologia Ilustrada de Fortaleza do Nirez e pesquisas na internet

domingo, 26 de setembro de 2010

Ceará - Terra da Luz




O Ceará é conhecido pelo cognome de Terra da Luz. Muita gente julga que é devido ao seu forte sol tropical. Nada disso. Esse honroso título, dado por José do Patrocínio, se deve ao fato da então província ter abolido a escravatura antes do Brasil. Na verdade o povo cearense nunca gostou mesmo de escravizar os seus semelhantes e a prova disso é que muitos senhores de escravos libertaram os seus negros ainda antes de 25 de março de 1884, data em que, sem dar a menor satisfação a D.Pedro II, o Ceará libertou, definitivamente, os seus escravos.

José do Patrocínio

Antes, porém, foram promovidas muitas campanhas abolicionistas lideradas por João Cordeiro, líder do movimento abolicionista no Ceará que ao lado dos igualmente bravos Antônio Bezerra e José do Amaral, lutaram para libertar, pelo menos o Ceará, da vergonha da escravidão.

José do Amaral

Os lideres sempre tiveram o apoio e o carinho do povo. No entanto, a primeira ação prática e drástica para acabar com a escravatura, foi de Francisco José do Nascimento, até então apelidado por Chico da Matilde e que depois seria chamado de "Dragão do Mar". Francisco José era um mercador de escravos que, depois de convencido pelos abolicionistas, num rompante bem cearense, afirmou que nunca mais embarcaria nenhum escravo para o Ceará e nem permitiria que ninguém o fizesse. Isso aconteceu em 30 de agosto de 1881. Com a atitude do mercador, tornou-se impossível receber ou embarcar escravos no porto do Ceará. Por esse gesto heroico  Francisco José do Nascimento foi cognominado de "Dragão do Mar", nome que é hoje dado a um centro de cultura e a uma rádio de Fortaleza.

Jornal O Povo - Domingo, 25 de Março de 1984

O Ceará comemora hoje um dos maiores acontecimentos da nossa história, o centenário da abolição de seus escravos, fato este ocorrido em 25 de Março de 1884, e antecedendo, em quatro anos, a lei Áurea da Princesa Isabel, que extinguia a escravidão no Brasil.

Documento original da lei Áurea


A importante resolução provincial teve vasta repercussão em todo o império, passando o Ceará a ser conhecido por "Terra da Luz" e caracterizando mais uma vez com tão nobre gesto, o amor do povo cearense pela liberdade, tal como já havia acontecido em outros movimentos nacionalistas.

Há muito que se fazia campanha em todo o Brasil pela emancipação da raça negra, que desde os tempos coloniais construia com seu suor o progresso de nossa pátria, embora sofrendo as agruras do cativeiro, sem ter seu direito à liberdade, reconhecido pelas nossas leis.

Alfredo Salgado


Coube à terra de Iracema a primazia de declarar livre os nossos escravos, graças ao movimento encetado pelos intelectuais, através da Associação Libertadora Cearense,em favor de tão justa causa. Entre os seus componentes registramos com satisfação a presença do ilustre conterrâneo Antônio Bezerra - O historiador, nome respeitado na historiografia cearense e um dos líderes do movimento abolicionista.


Antônio Dias Martins

A igreja cearense não ficou omissa ao magno acontecimento e na grande concentração realizada em Fortaleza, onde foi declarado: "NÃO HÁ MAIS ESCRAVOS NO CEARÁ", ali se encontravam o bispo Diocesano Dom Joaquim José Vieira e o seu ilustre antecessor, Dom Luís Antônio dos Santos, então arcebispo-primaz da Bahia, que veio prestigiar tão importante solução.



Dom Luís Antônio dos Santos

O apoio dos primeiros bispos não ficou restrito apenas à presença de ambos naquela concentração cívica; eles também enviaram mensagens de congratulações à Libertadora Cearense e ao nosso povo, pela decorrência do auspicioso evento.


Membros da Libertadora Cearense

Fazemos questão de transcrever aqueles valiosos pronunciamentos, tal como o fez há exatamente meio século o jornal O NORDESTE, órgão oficial da arquidiocese de Fortaleza e há alguns anos fora de circulação.
Revendo a antiga Diocese, "esposa dos meus primeiros amores", como se manifestou em sua carta pastoral de despedidas ao povo cearense, Dom Luís Antônio dos Santos, que aqui se encontrava também procurando os bons ares para melhoria de sua saúde um tanto abalada, escreveu na oportunidade a seguinte mensagem:

   "Convidado pela ilustre Associação Libertadora Cearense - para escrever algumas palavras, a fim de serem transcritas em seu jornal por ocasião do memorável dia 25 de março, pesa-me que incômodos de saúde não me permitam externar os sentimentos que inundam meu coração em relação ao grande, nobre e único fato que verdadeiramente torma esta Província - a primeira do Império; entretanto, posso chamar feliz a mesma enfermidade, que me proporcionou ocasião para pessoalemnte assistir ao acontecimento que, registrado nos fastos do Império do Brasil, passará a posteridade com honra dos que tiveram o assombroso cometimento, que forte e suavemente fez escrever as palavras - NÃO HÁ MAIS ESCRAVOS NO CEARÁ.
   Eu te saúdo, pois, oh Ceará!
   Possam as outras tuas irmãs do Império, imitando o teu generoso exemplo, levantar grito civilizador da Liberdade, nobilíssima ideia que a igreja sempre proclamou.
   Faço votos para que aquelas Provícias, que me são mais caras, como a em que tenho o berço, e a em que tenho minha residência oficial, sigam de perto os teus passos na senda do progresso.
São estes os desejos do amigo do Ceará.
Luís, Arcebispo da Bahia."

Dom Joaquim José Vieira, segundo bispo de Fortaleza, contava apenas um mês e um dia de episcopado, (pois tomara posse da então Diocese em 25 de Fevereiro de 1884), quando escreveu esta mensagem de regozijo pela libertação dos escravos da Província:


   "Parabéns ao Ceará,
Já não é uma utopia, é uma realidade a redenção dos cativos na Província do Ceará;
Nem uma gota só de sangue se derramou, nem a ordem social se pertubou! Muito bem, caros diocesanos!

   A religião e a pátria não podem ser indiferentes a este fato, esta reservará uma página de sua história para nela registrá-lo."


Fernando Câmara


Agradecimento ao amigo Carlos Alberto Salgado que gentilmente me enviou
essa importante matéria de 1984.


Fonte: Jornal O Povo e pesquisas na internet

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