(1853 - 1927)
Importante historiador brasileiro nascido no sitio Columinjuba, no município de Maranguape, Estado do Ceará, que acabou por expandir sua visão e métodos para transformar-se num renovador da investigação e interpretação historiográficas no Brasil. retornando ao Ceará dois anos depois e ficou conhecido como Príncipe dos historiadores brasileiros. Filho primogênito dos agricultores Jerônimo Honório Abreu e Antonia Vieira de Abreu, iniciou sua educação em Maranguape e continuou-os em Fortaleza, freqüentando o Colégio de Educados, o Ateneu Cearense e o Seminário Episcopal da Capital e foi (1870) para o Recife, Pernambuco, onde concluiu os estudos colegiais no Colégio de Artes e fazer os preparativos para o ingresso no curso de Direito. Na capital pernambucana freqüentava as livrarias e bibliotecas e quando voltou à Fortaleza, fundou a Escola Popular (1874), juntamente com Thomaz Pompeu, um estabelecimento que oferecia educação no período noturno para pessoas de baixa renda. Ainda em Fortaleza, foi um dos fundadores da Academia Francesa, órgão de cultura e debates, progressista e anticlerical (1872-1875). Após um período de atuação intelectual pelo Nordeste, quando esteve ligado a parceiros como Sílvio Romero e Tobias Barreto, viajou para o Rio de Janeiro (1875), a convite de José de Alencar, para participar da vida literária da corte. Aí se fixou, tornando-se empregado da Editora Garnier (1875) e colaborador de O Globo e redator da Gazeta de Notícias. Ensinou no Colégio Aquino e, por muitos anos, funcionário da Biblioteca Nacional. Casou-se com a carioca Maria José Fonseca(1881), com quem teria 5 filhos. Com a tese O descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI (1883), em cujo concurso impressionou até o próprio Imperador, obteve a cátedra de corografia (descrição histórico-geográfica de um lugar) e história do Brasil no Colégio Pedro II, onde ensinou até o fim do século (1899). Prestigiado como um importante pesquisador, neste período foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (1887). Altamente rigoroso quanto às fontes de pesquisa, publicou inúmeras obras sobre história, geografia e antropologia do Brasil e com seu trabalho modernizou os estudos históricos no Brasil do ponto de vista da investigação e interpretação. Tornou-se definitivamente reconhecido como grande historiador ao publicar Capítulos da história colonial, 1500-1800 (1907), seu livro mais importante. Tornou-se pioneiro da etnografia e do interesse científico pelas culturas indígenas com Rã-txa hu-ni-ku-í, a língua dos caxinauás (1914) com gramática, textos e vocabulário, um dos melhores trabalhos sobre a linguagem indígena sul-americana, além de uma abordagem sobre a vida econômica, os costumes e o folclore da tribo nomeada do título. Morreu no Rio de Janeiro, aos 73 anos, e foi enterrado no Cemitério São João Batista.
João Capistrano Honório de Abreu nasceu na cidade de Maranguape em 25 de outubro de 1853.
Foi um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, produziu ainda nos campos da etnografia e da linguística. A sua obra é caracterizada por uma rigorosa investigação das fontes e por uma visão crítica dos fatos históricos e suas pesquisas fazem contraponto à de Francisco Adolfo de Varnhagen.
Historiador, João Capistrano Honório de Abreu fez seus primeiros estudos em rápidas passagens por várias escolas. Em 1869, viajou para Recife, onde cursou humanidades, retornando ao Ceará dois anos depois. Em Fortaleza, foi um dos fundadores da Academia Francesa, órgão de cultura e debates, progressista e anticlerical, que durou de 1872 a 1875.
Neste último ano, viajou para o Rio de Janeiro e aí se fixou, tornando-se empregado da Editora Garnier. Foi aprovado em concurso público para bibliotecário da Biblioteca Nacional durante a gestão de Ramiz Galvão. Em 1879, foi nomeado oficial da Biblioteca Nacional. Lecionou Corografia e História do Brasil no Colégio Pedro II, nomeado por concurso em que apresentou tese sobre O descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, recusou-se a tomar posse.
Dedicou-se ao estudo da história colonial brasileira, elaborando uma teoria da literatura nacional, tendo por base os conceitos de clima, terra e raça, que reproduzia os clichês típicos do colonialismo europeu acerca dos trópicos, invertendo, todavia, o mito pré-romântico do "bom selvagem". Morreu no Rio de Janeiro, aos 74 anos, em 13 de agosto de 1927. É patrono da cadeira 15 da Academia Cearense de Letras e da cadeira 23 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Obras
- Estudo sobre Raimundo da Rocha Lima (1878);
- José de Alencar (1878);
- A língua dos Bacaeris (1897);
- Capítulos de História Colonial (1907);
- Dois documentos sobre Caxinauás (1911-1912);
- Os Caminhos Antigos e o Povoamento do Brasil (1930);
- O Descobrimento do Brasil (1883);
- Ensaios e Estudos (1931-33, póstumos);
- Correspondência (1954, póstuma).
Viagem no tempo
Vida
1853 - Nasce, em Columinjuba, sítio próximo de Maranguape, Ceará.
1860 - Em Fortaleza, estudou no Colégio de Educandos (dirigido pelo padre Antônio de Nogueira da Braveza) e no Ateneu Cearense (ROF,1953:55). Sobre a passagem neste último: "...Entre os livros adotados no Ateneu, havia o íris clássico, de Antonio Feliciano de Castilho, entre cujos capítulos havia um que impressionou de modo especial o menino maranguapense. Assinava-o Antonil e o capítulo era um trecho de "Cultura e opulência..." (JASC,1969:26)
1865 - Matricula-se no Seminário Episcopal do Ceará junto com o Padre Cícero Romão Batista. (ROF,1953:55). O primeiro reitor daquele foi o padre Lazarista francês Pedro Augusto Chevalier. (para a data de ingresso, JASC,1969:27.)
1866 - É convidado a retirar-se do Seminário (JASC, 1969:31)
1869 - O pai de Capistrano, João Honório de Abreu, ingressa na Guarda Nacional como Primeiro Tenente do esquadrão de cavalaria de Maranguape.
1869 - Estudos preparatórios no Recife (BLS, 1953:68). No Colégio das Artes (JASC,1969:36)
"Reunem-se em Pernambuco, nesse momento, poetas, ensaístas, críticos, historiadores, filósofos, romancistas, que se chamam Tobias Barreto, Araripe Júnior, Luís Guimarães Júnior, João Batista Regueira Costa (Todos diplomados pela Faculdade de Direito em 1869); Joaquim Nabuco, José Mariano, Gaspar de Drummond, José Vicente Meira de Vasconcelos, Sancho de Barros Pimentel, Ulisses Viana (formados em 1870) e mais Santa Helena Magno, Plínio de Lima, Eduardo Ramos, Lacerda de Almeida, Martinho Garcez, Tomás Pompeu, Xilderico de Faria, Celso de Magalhães, Domingos Olímpio, Sílvio Romero" (ML,1953:105)
Ainda sobre PE: "...É fora de dúvida que o clima intelectual em que Capistrano viveu em Recife, de meados de 1869 a 1871, ainda era um clima de predominância literária" (JASC,1969:43 )[neste ponto o autor aceita a periodização da Escola do Recife feita por Silvio Romero na sua história da literatura brasileira]
1871 - Reprovado num preparatório, retorna ao Ceará.
1872 - "Incorpora-se a uma associação literária e científica, que se funda em Fortaleza, com a presença de alguns jovens de invulgar inteligência, como Rocha Lima, Tomaz Pompeu, Xilderico de Faria, Araripe Júnior entre outros. Era a famosa 'Academia Francesa do Ceará'" (BLS,1953:68/69)
Ainda sobre a Academia Francesa do Ceará, narra Tomas Pompeu: "pretendíamos sopitar as inclinações da idade e iniciar a reação contra o romantismo que exalava seus últimos suspiros com Lamartine e Victor Hugo..." (JASC, 1969:60).
Interlocução
1872 - "Incorpora-se a uma associação literária e científica, que se funda em Fortaleza, com a presença de alguns jovens de invulgar inteligência, como Rocha Lima, Tomaz Pompeu, Xilderico de Faria, Araripe Júnior entre outros. Era a famosa 'Academia Francesa do Ceará'" (BLS,1953:68/69)
Ainda sobre a Academia Francesa do Ceará, narra Tomas Pompeu: "pretendíamos sopitar as inclinações da idade e iniciar a reação contra o romantismo que exalava seus últimos suspiros com Lamartine e Victor Hugo..." (JASC, 1969:60)
1874 - Conhece José de Alencar, em Maranguape, na casa do coronel Joaquim José de Souza Sombra, chefe político conservador e talvez figura de maior prestígio da localidade. (JASC, 1969: 87)
1875 - Fim da Academia Francesa, desaparecimento do Fraternidade e fundação do Gabinete cearense de leitura (2/12) para onde vão Rocha Lima, Tomás Pompeu, Araripe Júnior, João Lopez e Xilderico de Faria (JASC,1969:82)
1880 - "...as pesquisas e os estudos na Biblioteca Nacional, a leitura constante de Varnhagen e o convívio continuado com os autores alemães, que agora frequentava desembaraçadamente, começavam a produzir seus efeitos. Na Gazeta de Notícias de junho de 1880 ele já traduz um artigo da Gazeta de Colônia, jornal onde iniciara seus trabalhos Friedrich Ratzel, o futuro chefe da Escola antropogeográfica" (JHR,1953:123/124)
1881 - "As leituras positivistas que ouvia aos domingos a partir de 1881, no Centro, e a amizade de Teixeira Mendes e Miguel Lemos robusteciam a sua formação teórica iniciada no Ceará" (JHR,1953:123)
"...A pesquisa dos fatos na Biblioteca Nacional e a influência da antropogeografia e dos métodos críticos-históricos do pensamento alemão, onde a repercussão do positivismo foi quase nenhuma, orientaram-no para outro rumo e são vários os artigos dessa época que já revelam um realismo histórico em lugar de um positivismo histórico. Os artigos vão se tornado mais objetivos, despindo-se do aparato e da linguagem positivistas..." (JHR,1953:124)
"...agora não se buscavam mais leis e fatos sujeitos a leis, mas a compreensão baseada na segurança dos dados. A prova é a edição, entre 1880-86, do Clima do Brasil de Cardim, dos textos de Anchieta e Nóbrega, da História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador..."(JHR,1953:124)
1887 - Sócio do IHGB (ROF,1953:65)
1893 - Capistrano inclina-se para o terreno da etnografia, "atirando-se com redobrado interesse ao estudo da língua, lendas, costumes e tradições dos bacairis, índios que viviam nas cabeceiras dos rios tapajós e xingu, no Mato Grosso. O etnologista alemão Carl von den Steinen, ajudado pelo governo imperial brasileiro, estivera 2 vezes, na década de 80, na região dos bacairis, e como fruto de tais viagens e pesquisas publicou em 1892 em Leipzig, e em 1884, em Berlim, respectivamente, dois importantes livros: Die Bakari Sprache e Unter den Naturvoelkern Zentral-Brasiliens...Estas pesquisas do sábio alemão foram os pontos de partida para os estudos de Capistrano..." (JASC,1969:137/138)
1895 - Carta a Urbano Duarte em que manifeta-se contra Floriano Peixoto (HV,1953:36)
História
1869 - "Reunem-se em Pernambuco, nesse momento, poetas, ensaístas, críticos, historiadores, filósofos, romancistas, que se chamam Tobias Barreto, Araripe Júnior, Luís Guimarães Júnior, João Batista Regueira Costa (Todos diplomados pela Faculdade de Direito em 1869); Joaquim Nabuco, José Mariano, Gaspar de Drummond, José Vicente Meira de Vasconcelos, Sancho de Barros Pimentel, Ulisses Viana (formados em 1870) e mais Santa Helena Magno, Plínio de Lima, Eduardo Ramos, Lacerda de Almeida, Martinho Garcez, Tomás Pompeu, Xilderico de Faria, Celso de Magalhães, Domingos Olímpio, Sílvio Romero" (ML,1953:105)
Ainda sobre PE: "...É fora de dúvida que o clima intelectual em que Capistrano viveu em Recife, de meados de 1869 a 1871, ainda era um clima de predominância literária" (JASC,1969:43 )[neste ponto o autor aceita a periodização da Escola do Recife feita por Silvio Romero na sua história da literatura brasileira]
Estátua na Praça da Lagoinha - Foto de Manilov
Fonte - Wikipédia, Dec.ufcg e pesquisas na internet