Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Justiniano de Serpa



Justiniano de Serpa nasceu em Aquiraz no dia 6 de janeiro de 1852.
De origem humilde, trabalhou desde cedo juntamente com seu pai, Manuel da Costa Marçal. Transferindo-se para Fortaleza, começou a atuar como jornalista. Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Direito do Recife, em 1888, quando já era conhecido na vida política e intelectual local.
Participou do Centro Literário e foi um dos fundadores da Academia Cearense de Letras, do qual é patrono da 22ª (vigésima segunda) cadeira, e, em 1922, foi o responsável pela sua reorganização.



Autor de diversas obras do campo do Direito, de ensaios e poesia. Destacam-se Oscilações (1883), O Nosso Meio Literário (1896) e Questões de Direito e Legislação (1920). Sua obra poética, ligada ao movimento abolicionista, do qual foi um dos mais ativos participantes, era essencialmente condoreira.
Iniciou a vida política ainda durante o Império, sendo deputado geral entre 1882 e 1889 pelo Partido Conservador. Foi deputado federal pelo Pará, entre 1906 e 1919, tendo exercido papel importantíssimo como presidente da Comissão dos 21, responsável pela comissão para elaboração do Código Civil, baseada no projeto de Clóvis Beviláqua.
Em 1920, foi eleito presidente do Ceará, cargo que exerceu até a sua morte, em 1923.

Chegada e posse em Fortaleza do governador eleito em 1920, Justiniano de Serpa.
Arquivo Nilson Cruz

De origem humilde, ascendeu às mais elevadas posições, por esforço próprio. Exerceu, antes de formado, diversos cargos públicos, como secretário e advogado da Câmara de Aquiraz e lente de História Universal e do Brasil do Liceu do Ceará, além de haver desempenhado, mais de uma vez, o mandato de Deputado Provincial. Redatoriou em Fortaleza os jornais ‘Constituição’, órgão do Partido Conservador, ‘A Pátria’, ‘O Norte’ e ‘Diário do Ceará’ e colaborou em ‘Iracema’, órgão do Centro Literário.

Foi um dos mais fervorosos adeptos do movimento abolicionista, cujos ideais defendeu pela imprensa e pela tribuna.
Em Manaus, para onde se transferiu depois, redatoriou a ‘Federação’ e ‘Rio Negro’, foi superintendente do governo do município, Delegado da Intendência, Procurador da República, Diretor da Biblioteca Pública do Estado e professor e Inspetor Federal junto ao Ginásio Amazonense. Deixando o Amazonas, indo residir no Pará, em Belém ocupou as funções de professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito e montou banca de advogado, que foi das mais conceituadas. Eleito Deputado Federal em 1906, integrando a representação paraense, viu o seu mandato renovado em várias legislaturas.

Na Câmara dos Deputados foi escolhido presidente da Comissão de Finanças e teve fulgurante atuação na discussão do projeto do Código Civil. Em 1920, depois de disputada eleição em que saiu vitorioso, assumiu o governo do Ceará, na qualidade de Presidente do Estado, havendo sido brilhante a sua gestão, infelizmente interrompida com a morte. Fundador e esforçado membro da Academia Cearense e seu primeiro orador oficial, promoveu-lhe em 1922 a reconstituição, quando abrigou o tradicional cenáculo no Palácio da Luz. Jornalista, poeta, orador primoroso e arrebatador, parlamentar, jurista e homem público dos maiores da história republicana, Justiniano de Serpa é um dos cearenses mais ilustres.



Faleceu no Rio de Janeiro, a 1º de agosto de 1923. Obras principais: ‘O Poeta e a Virgem’; ‘Oscilações’ (poesias); ‘Três Liras’ (poesias, com Antônio Bezerra e Antônio Martins) ; ‘Sombras e Clarões’ (versos); ‘Discurso’ (proferido a 14-8-1887 em favor do monumento ao General Tibúrcio); ‘Sob os ciprestes’; ‘Discurso’ (pronunciado na sessão fúnebre da Academia em homenagem a José Carlos Júnior); ‘A Educação Brasileira - seus efeitos sobre o nosso meio literário’ (tese de concurso à cadeira de Literatura Nacional no Ginásio Amazonense); ‘Discurso’ (na sessão magna comemorativa do 1º aniversário 4ª Academia Cearense); ‘Reforma da Legislação Cambial’ (discurso no Congresso Nacional); ‘Questões de Direito e de Legislação’.

  • A dura vida de Justiniano de Serpa


A pobre  criança que tangia para abastecer os mercados de Fortaleza, como forma de ajudar o pai no sustento da família, talvez como sonhasse que um dia poderia exercer importante papel na política cearense. Apesar de origem humilde, Justiniano de Serpa conseguiu forma-se em Direito, destacar-se como orador nos movimentos abolicionista e republicano, ser eleito deputado federal e nomeado governador do Ceará para o período de 1920 a 1924. Durante seu governo (mais democrático do que os movimentos anteriores), deu especial atenção ao problema educacional e incentivou as manifestações artísticas/intelectuais, sendo responsável pelo reflorescimento da Academia Cearense de letras. 
Desde a infância, Justiniano de Serpa teve a vida marcada pela miséria e luta pela sobrevivência. Nascido em Aquiraz, começou bem cedo a ajudar o pai no trabalho diário, tangendo animais de carga para abastecimentos dos mercados de Fortaleza e Cascavel. Enquanto seguias pelas trilhas montado em jumento, procurava sempre estudar a cartilha, onde aprendeu a ler. Desta forma, ao transferir-se para a capital do Estado, já tinha alguma instrução, adquirida a duras penas. 

O filho de Manuel da Costa Marçal começou a desenvolver suas aptidões na imprensa local, demonstrando vocação para ofício. Seguindo a maioria dos que desejavam aprimorar-se no conhecimento acadêmico matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, onde se bacharelou em 1888. Na época, Justiniano de Serpa já tinha sido eleito deputado do Ceará pelo partido conservador, em mais de uma legislatura, no período de 1882 a 1889. A sua fama foi resultado da participação no movimento abolicionista e depois republicano, quando a sociedade cearense não mais permitia a exploração violenta dos negros. 
Em 1886, decidiu-se afastar-se da política local, transferindo-se para Manaus, prosseguindo as atividades jornalísticas nas publicações “Rio Negro” e “Federação”. Professor de Liceu, diretor da biblioteca da Amazonas, Procurador da República, Justiniano de Serpa demostrou  a mesma disposição para o trabalho em terra estranha. Dois anos depois, passou a morar em Belém. Nesta cidade, continuou no magistério e na advocacia. Vice-diretor da Faculdade de Direito do Pará, foi eleito deputado federal em 1906, tendo mandado renovado até 1919. Neste ano foi indicado para substituir, no governo do Ceará, João Tomé

Justiniano de Serpa, como deputado federal pelo Pará, projetou-se ainda mais. Desta vez, em termos nacionais. Isto devido ao trabalho como jurista, desenvolvido quando presidia a Comissão dos 21, responsável pela elaboração do Código civil Brasileiro, baseando no projeto de Clóvis Beviláqua. No contato diário como políticos e governantes, acumulou amizades que ajudaram a ascensão ao governo cearense. Parsifal Barroso, no livro “Uma história político do Ceará. – 1889-1954”(edições BNB, 1984), lembra a ajuda recebida: 

- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Epitácio Pessoa se tornaram seus grandes e veros admiradores a esse tempo, e quando o admirável paraibano foi alçado à Presidência da República, a permanente crise da política cearense facilitou a preferência do nome do jurista Justiniano de Serpa, para sucessão do presidente João Tomé de Sabóia e Silva. 
  
Parsifal Barroso diz que Justiniano de Serpa era orador influente, que através do improviso conquistava a admiração pública: “Ao longo de sua vida, respeitado governador cearense demonstrou crescentemente se dotado de extraordinário poder de vontade, fator principal de suas vitórias político-partidárias, pois teve de enfrentar uma forte oposição, chefiada pelo admirável homem público que foi o Senador Manoel do Nascimento Fernandes Távora. Observa que ao assumir o governador do Ceará, em 12 de julho de 1920, encontrou o Estado sofrendo ainda das conseqüências da seca o ano anterior, apesar dos efeitos terem sido atenuados pela primeira vez, graças à obras federais determinadas por Epitácio Pessoa.


-Há uma particularidade – ressalta Parsifal Barroso – que marca o governo Serpa, através de uma série de atentados e crimes políticos, ocorridos notadamente em Lavras, Aurora, Juazeiro, Milagres, Tauá e Quixeramobim. Parece-me que essas perturbações de ordem pública não devem ser atribuídas à franqueza político-administrativas do Presidente Justiniano de Serpa, mas podem ser decorrentes de anteriores dissidência entre famílias adversárias, que logo se aproveitaram do novo alto nível do governo, procurando medir forças ao virem à tona seus antigos ódios. As reminiscências do coronelismo político no Ceará, não obstante o esforço de seus governantes, sempre se manifestaram com relativa facilidade, e o Presidente Justiniano de Serpa foi uma vítima do próprio desconhecimentos dessas virulentas manifestações do patriarcalismo rural. 
Afirma ainda que ele “desenvolveu esforços para aproximar as duas facções do antigo Partido Conservador – acionista e marretas -, e soube conclamar e dirigir o situacionismo cearense, face a sucessão presidencial, tudo fazendo para a vitória alcançada pelos candidatos Arthur da Silva Bernardes e Urbano Santos da Costa Araújo, como sucessores do notável presidente Epitácio Pessoa”. Garante também que Justiniano de Serpa até foi lembrado para a vice-presidência da República, pois Bernardes queria contemplar em sua chapa um nome nordestino. No entanto outras forças políticas optaram por Urbano Santos. 

Parsifal Barroso refere-se finalmente à “honradez do Presidente configurada na pobreza final de sua benemérita vida”. Depois de sua morte, conta que a família ficou em estado de penúria, e as contas dos médicos que o trataram somente vieram a ser resgatadas pelo seu sucessor, o Presidente Ildefonso Albano. O governador Serpa, não há que negar, abriu um hiato promissor na história política do Ceará, através de várias iniciativas inovadoras e modernizadoras. Pena é que Justiniano somente tenha podido servir ao Ceará, já no fim de sua laboriosa vida, mas ainda assim muito fez pela gente cearense”. 
Raimundo Girão, em “pequena história do Ceará”, qualifica de governo-marco o de Justiniano, “verdadeiro primado da inteligência e das renovações democráticas”. E demonstra com exemplos tal opinião: “A reforma da Constituição Estadual, com a proibição  das reeleições remuneradas – são bem o traço do espírito liberal do governante inspirador direto daquela reforma, estratificada na nova Carta de 4 de novembro de 1921. Complementando-a promulgou a Lei de organização judiciária e os Códigos de Processo Civil e Processo Criminal”. E continua: 
- A constituição pública é outro índice da sua visão arejada , pondo rigorosamente, acima das conveniências dos partidos, os interesses do ensino primário. Chamou para reorganizá-lo um técnico alheio a essas conveniências, o paulista professor Manuel Bergstrom Lourenço Filho, que resolveu, de todo, velhos hábitos para instituir uma ordem de coisas menos formalísticas e literárias, antes mais prática e coerente” 
- Culto e talentoso – afirma Girão – o Dr. Serpa aproximou os intelectuais ao seu redor mecênico. No Palácio do Governo, oferecendo-lhes a estimulação imprescindível que permitiu o reflorescer da Academia Cearense de Letras, então letárgica e muito desfalcada de seus membros. Foi ele que oficializou a Bandeira do Ceará, com o Dec. N.º 1.971. de 25 de agosto de 1922, valendo-se de uma ideia de comerciante João Tibúrcio Albano, que imaginara o pavilhão cearense aproveitando as linhas do nacional. 

Patrono da Academia N.º 22, AC de Letras, Justiniano (quem foi também seu fundador, 1894) publicou diversos trabalhos, entre os quais “Oscilações” (poesia, 1883) “O nosso meio Literário”(1896) e questões de Direito e Legislação”(1920). Na Poesia, quase sempre condoreira, ele não obteve o mesmo sucesso de sua atuação parlamentar e governamental. Sânzio de Azevedo, em “Literatura Cearense” (Academia Cearense de Letras, 1976), assim manifesta sua opinião: 
-Justiniano de Serpa, se não poder ser considerado um poeta de fôlego de vôo alto ( ele mesmo renegaria sua obra poética), era excelente orador, o que em matéria de poesia condoreira, quase equivalia à mesma coisa, já que o objetivo primordial era atingir à eloquência a fim de arrebatar os auditórios. 
O poema “Bravos, por exemplo foi dedicado especialmente à sociedade das Cearenses Libertadoras, entidade que se batia pela libertação dos escravos, reunindo nomes do porte de Maria Tomásia. Este trabalho poético foi declamado em praça pública, sob aplausos e delírio do povo. 

Em 12 de junho de 1923, devido a problemas com a saúde, transferi o governador Ildefonso Albano, primeiro vice-presidente do Estado. No Rio de Janeiro, depois de muito padecer, Justiniano de Serpa morreu em 1º de agosto de 1923. Em homenagem foi erguido um busto em bronze na praça Figueira de Melo. E a Escola Normal recebeu o nome do homem de origem simples que atingiu o mais alto posto do Estado vencendo os obstáculos da miséria e as tradição política da famílias cearenses. 

Vou colar aqui um e-mail muito interessante que recebi:


Clique para ampliar



Fonte: Wikipédia, José Murilo Martins e pesquisas de internet

sábado, 9 de outubro de 2010

Cidade 2000



Uma verdadeira cidade do interior com ruelas estreitas, casas grudadas umas nas outras e muitas praças. Assim é a Cidade 2000, bairro de Fortaleza fundado na década de 1970 como um conjunto que fazia parte do Papicu
Feito sob protesto dos ecologistas, por ser uma área de preservação ambiental, o Conjunto Cidade 2000, projetado pelo arquiteto Rogério Fróes, só foi concretizado com a condição de ser erguido horizontalmente.
Uma das peculiaridades da área é sua divisão em 46 quadras, com duas alamedas cada uma, que levam nomes de flores. Segundo a dona de casa e moradora do bairro há 31 anos, Fátima Boto Muniz, a disposição, além de favorecer a localização das casas, facilita a amizade entre os vizinhos por causa da proximidade. Tanto assim que todos se conhecem no local.


Cidade 2000 em 1973. Alamedas estreitas com nomes de flores e a 
divisão em 46 quadras são pontos de identificação da localidade 


O apego ao bairro é o sentimento da maioria das 7.885 pessoas que o habitam. "Quem se muda daqui geralmente volta porque sente falta", destacou o policial civil aposentado, José Luciano Freire. Um dos motivos é unânime entre eles: a tranquilidade. "Não é como antigamente, mas se comparada a outros locais de Fortaleza, a Cidade 2000 é bem melhor", observou Fátima Muniz. Na localidade, ainda é possível encontrar pessoas sentadas nas calçadas das casas até tarde da noite.

De baixo para cima: Praia do Meireles, Praça Portugal e a Cidade 2000. 
Registro de 1973. Foto: Nelson F. Bezerra

A Cidade 2000 oferece lazer dentro do próprio bairro. A praça principal, localizada na Avenida Central, fica repleta de pessoas diariamente que vão à procura de iguarias como o acarajé, comidas típicas, pastel, churrasco e outros.


1973 - Vemos em primeiro plano a avenida Pontes Vieira. Ao fundo, além da Cidade 2000, tínhamos ainda as Salinas do Diogo (No Cocó). 
Foto de Nelson F. Bezerra


O bairro foi construído na década de 70 a fim de abrigar trabalhadores que se deslocavam diariamente para trabalhar no Centro da Cidade e no bairro da Aldeota. A construtora foi a EDAR. O nome Cidade 2000 faz referência ao ano 2000, pois, em 1970, todos usavam o termo 2000 como sinônimo de futuro, prosperidade e avanço.

O prolongamento da avenida Santos Dumont, possibilitou o acesso 
a Cidade 2000. Foto de 1977 de Nelson F. Bezerra

Início dos anos 70 - Prolongamento da avenida
Santos Dumont, construída com o objetivo de
ser uma via de acesso a Cidade 2000. 
Hoje a Cidade 2000 perdeu muitas de suas características originais, e perdeu algumas quadras por causa da especulação imobiliária.
Situa-se perto da Praia do futuro, Iguatemi, Cidade fortal. Enfim é um bairro bom de se morar, um bairro perto de tudo.

A pracinha da Cidade 2000 é uma praça de alimentação em espaço público. Todas as noites o local é tomado por várias bancas e barracas oferecendo docinhos, trufas, pratinhos de comida, espetinhos, crepes e acarajés. Além disso, é possível comprar bijuterias e moda íntima.  Crédito: overmundo

Recentemente um ex-morador e amigo do bairro prof. Alexandre Pinheiro,  lançou um DVD contando a história do bairro, inclusive com fotos antigas, depoimentos e fotos de moradores, o trabalho se intitula: "Memórias do Foto Argentina",por ter sido sua mãe a ter o primeiro estúdio fotográfico do bairro.
A criação "oficial" do bairro deu-se com a publicação da Decreto Legislativo nº 382, de 1 de julho de 2009, no Diário Oficial do Município de 2 de setembro de 2009. O decreto estabelece como limites da Cidade 2000 "ao norte, Rua Nogueira Paes; ao sul, Avenida das Adenanteiras; a leste, Avenida das Castanholeiras; e, a oeste, Avenida dos Flamboyantes".

Feira Livre da Cidade 2000 – Óleo s/ Tela - Cláudio Dickson

Feira 2

O progresso trouxe para a Cidade 2000 muitos beneficios como: Transporte Coletivo (Centro da Cidade e Terminal do Papicu), Supermercado, Farmácias, Loteria, Clinicas Dentárias, Restaurantes etc.
Atualmente construções em torno da Cidade 2000, como condomínios fechados e blocos de apartamentos causaram uma grande especulação imobiliária. Em parte originada pelos moradores do bairro, por outro lado pelo aquecimento do próprio setor imobiliário de Fortaleza. Estudiosos do setor acreditam que a Copa de 2014 com sede no Brasil seja, em contrapartida, a grande responsável por esta especulação.

A Cidade 2000 tentou manter as tradições e a estrutura, dividida em quadras e alamedas, mas, com o tempo, as pessoas foram ampliando suas casas, descaracterizando, assim, a arquitetura local.

Nem mesmo as manifestações culturais conseguiram sobreviver por falta de investimentos públicos. O bairro era sede da Escola de Samba Império Ideal. Um grupo de Maracatu, o Nação Gengibre, é um dos poucos que ainda conseguem se manter vivos.



Fonte: Wikipédia, Diário do Nordeste e pesquisas de internet

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Conjunto Prefeito José Walter



O bairro dispõe de equipamentos públicos que contemplam a atenção à saúde, leitura e cultura. Diz a história que no final da década de 1960 a prefeitura comprou terras da família Montenegro. O que antes era Mondubim, aos poucos foi virando um conjunto habitacional. O projeto era audacioso: construir uma cidade planejada com 4.200m no menor tempo possível  O nome veio em homenagem a um político importante: o prefeito José Walter.


Conjunto José Walter em 1972

4ª Etapa do Conjunto Habitacional do Mondubim (José Walter) 1972 - Foto Alex Mendes

O Conjunto Prefeito José Walter foi construído em 1970 e está localizado entre os bairros Jangurussu e o Mondubim, nos limites de Fortaleza com Maracanaú. Foi criado em homenagem ao prefeito de Fortaleza, José Walter(¹) que foi conhecido por obras polêmicas como a destruição da coluna da Hora e do Abrigo central localizado na Praça do ferreira no centro da cidade.
Tem origem no antigo Núcleo Integrado Habitacional do Mondubim. A região era habitada por inúmeras famílias pobres tendo em vista o difícil acesso pela avenida expedicionários. Foi projetado pelo arquiteto Marrocos Aragão seguindo o modelo de cidade planejada. Possui 4 etapas tendo o modelo original projetado com 5.500 casas. 


Crédito da foto: Butecos Bikes

Quando inaugurado, há 40 anos, o Conjunto Prefeito José Walter era considerado o maior conjunto habitacional da América Latina. Hoje, já são mais de 26 mil pessoas residindo no local, de acordo com o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O bairro é arborizado, possui vários campos de futebol e lembra cidades tranquilas do Interior.

Um local bastante frequentado por quem vive lá e também no Mondubim é a
Lagoa do Catão. Apesar de ser urbanizada, ainda recebe poucas intervenções de limpeza, percebem os coopistas que frequentam diariamente o espaço.



 Lagoa do Catão. Foto Queiroz Netto

Quando a questão é saúde, os moradores do bairro e adjacências podem contar com o Hospital Distrital Gonzaga Mota do José Walter, o Gonzaguinha. Uma unidade de emergência que chega a receber cerca de 18 mil pessoas por mês.



Além do hospital, outro local de referência é o Centro Social Urbano (CSU). Lá, acontecem eventos organizados pelos moradores, como a Semana de Arte de José Walter. Com mostras de artes plásticas, música, cinema, teatro e poesia, o festival revela os talentos do bairro. Dali, já saíram nomes que são nacionalmente conhecidos, garantem representantes da organização.

O evento é esperado anualmente pelos alunos da
Rádio FM Cultura 87,9, que é Ponto de Cultura da Prefeitura de Fortaleza, do governo do Estado do Ceará e do Ministério da Cultura (Minc).



FM Cultura emite sinal para 32 bairros ao redor do Conjunto José Walter.
Somos Vós - Sheyla C. Branco 


Biblioteca

O CSU do José Walter é frequentado por mais de 300 pessoas diariamente e abriga também a Biblioteca Regional do Complexo de Cidadania Adauto Bezerra. No acervo, constam mais de 800 obras, entre livros didáticos e paradidáticos.

Ainda assim, alguns moradores reclamam que o CSU está funcionando de forma precária. E que a infraestrutura do local não é aproveitada. "Lá já foi um lugar de referência para a prática de esportes, folclore, escola de música. Funcionava o dia inteiro, hoje está abandonado", queixa-se Maria Lidiane Menezes, moradora do bairro.



Hoje, o número de moradias do Conjunto José Walter continua a crescer, assim como sua infraestrutura viária. No bairro, está sendo construída uma ponte de 40m, ligando a Avenida D à Avenida Valparaíso, Conjunto Palmeiras, passando pelo rio Cocó, além de uma via de três quilômetros de extensão.

De acordo com a Secretaria Executiva Regional V, as obras fazem parte da reformulação da malha viária da Capital e têm o objetivo de desafogar o tráfego na Avenida Perimetral.
As construções das avenidas foram escolhas da população, tendo como instrumento o Orçamento Participativo. 


Boneco

O Bonequeiro Boca Rica, que tem suas "criaturas" hoje expostas em museus do Japão, Estados Unidos, França e outros, foi igualmente morador do bairro. Assim como o Poeta Oliveira, que tem mais de 40 músicas regravadas por músicos consagrados como Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo. A "Dama do Teatro Cearense", Antonieta Noronha, que participou do elenco da TVE, nos anos 70 também foi moradora do José Walter.


TRADIÇÃO

600 mil se reúnem nas festas juninas

Em todo o Estado acontecem, em média, 240 festivais profissionais de São João, de acordo com a
Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará. Mas é no bairro José Walter que a comemoração popular chega a reunir mais de 600 mil pessoas, segundo a organização do evento.

Cumade Chica: é o nome do maior São João da Capital. Transformou a quadrilha de casa em festa tradicional

O Arraiá da Cumadi Chica, como é conhecido em todo o Estado, celebrou 37 anos de existência em junho deste ano. Ou seja, três anos depois da inauguração do conjunto habitacional, a festa começava a mobilizar os moradores. E a cada nova edição, recebe um número maior de pessoas.

A festa começou no quintal da casa de
Francisca Maia de Souza, a tão conhecida Cumadi Chica, que guarda fotografias desde o primeiro dia do evento. "Rapidamente, o São João ficou grande, tomando conta da rua. Os meninos faziam de mim ´gato e sapato´", relembra.

Hoje, as quadrilhas não são mais organizadas por Dona Chica, já que grupos do Nordeste inteiro pedem para comparecer ao festival que tomou grandes proporções, explica.

Há três anos, a festança acontece no polo de Lazer do
Mercado do Conjunto José Walter, entre as avenidas J e N, na 2ª Etapa. No local, são armados camarotes, feira de artesanato, parque de diversão, barracas de comidas típicas, caipirinha e lanches variados. A organização garante, ainda, um espaço especialmente montado para as crianças que comparecem.

A ampla participação do público é também revertida em doação para várias entidades beneficentes. A cada ano, mais de dez toneladas de alimentos são arrecadadas e, posteriormente, distribuídas. Pelas ações de boa vontade, Cumadi Chica já foi agraciada com várias comendas e medalhas de reconhecimento de instituições cristãs.

Aproximadamente quatro mil pessoas participam dos bastidores do evento, que, além de contribuir para a manutenção do folclore entre as novas gerações, gera trabalho e renda.




José Walter Cavalcante - (Crédito da foto - Juracy Mendonça)


(¹)José Walter Cavalcante nasceu em Capistrano em 16 de julho de 1927. Construiu a carreira política no estado do Ceará durante a década de 1960. Foi prefeito de Fortaleza entre 1967 e 1971, tendo sido indicado pela Ditadura Militar.

Formou-se em engenharia civil na Universidade Mackenzie, em SP, seguindo-se de diversas especializações no exterior. Professor catedrático de engenharia civil da Universidade Federal do Ceará, foi diretor da Estrada de Ferro e do Banco do Estado do Ceará, entre outros. Casado com Maria Amélia Cavalcante, tem 4 filhas, 8 netos e 1 bisneto. Vive com sua família em Fortaleza.

Engenheiro de profissão, sua gestão à frente da prefeitura de Fortaleza foi marcada por obras polêmicas, que descaracterizaram a memória da cidade, como a destruição da Coluna da Hora e do Abrigo Central, dois marcos identitários históricos de Fortaleza, antigamente localizados na Praça do Ferreira


Crédito: Wikipédia, Diário do Nordeste e Tv Verdes Mares

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: