Desde sua fundação, o Bairro Ellery conta com a organização do povo em busca de melhores condições de vida. Parte importante nessa tradição de organização e luta, a Associação Comunitária do Bairro Ellery foi fundada em 04 de maio de 1986, sendo que a região já era habitada há três décadas.
Eu te saúdo bairro dos meus encantos
De simplicidade e autonomia;
Aqui meio desconfiado cheguei,
Estudando as pessoas,
Observando as ruas,
Tomando nota dos acontecimentos,
Gente da gente foi a conclusão.
Rasos passos dados
Pelas ruas de graça e simbolismo
Percebi a localização privilegiada
Tudo parece cativar quem arrisca o bairro;
Aqui por sobre o canal
Deixo o rastro sob a temperatura de 30, 40;
O vento vem logo a seguir
E à sombra de figos e benjamins
Vivo o silencio nada mutante desta terra.
Se aqui vim parar
Compartilho do que é óbvio,
Coligo com gente simples,
Desfrutando de amizades
Com a profusão de um estadista.
Estamos a quatro quilômetros do centro
Próximo também da modernidade
E vivendo bem quem bem quer viver
A paz de um bairro simples.
Nos arrabaldes da comunidade ellerense
Co-irmãos tradicionais se arrastam,
Mas nosso bairro progride,
Se liberta do anonimato
E a alcunha de vila se escapa.
Desconversando ou discutindo
Me misturo com gente de toda fé,
Freqüento os bares de nossa gente
E paro para lançar palavras
Sobre assunto meio complexo.
Quando necessário se faz expor defesa
E também seus critérios,
Para unir-me em torno dos valores
Não esqueço dos amigos,
Muito menos dos familiares
E, claro, do bairro que me acolheu,
Então lutar sem rebeldia pelos direitos
Já que os deveres se concretizam;
O povo não se acha só protegido
Mas consciente de que é um por todos
E todos por um, sempre...
Tobias Marques Sampaio (Poeta e escritor)
A ocupação do Ellery começou na década de 40
O bairro é pequeno, com apenas meio quilômetro quadrado, moradores acostumados a uma vida simples, mas cheia de sonhos. A juventude se reúne todos os domingos para fortalecer a cultura cristã. Momentos de oração e consciência social.
A igreja de Nossa Senhora de Lourdes fica na praça principal, a Manoel Dias de Macêdo. O comércio ainda está em desenvolvimento. O lugar é marcado pela longa trajetória das famílias que chegaram há bastante tempo.
O bairro Ellery tem 53 anos. Os primeiros moradores contam que no local existia uma pequena lagoa, que foi sendo aterrada com o tempo. Deu lugar a casas, ruas e hoje faz parte da história de muita gente que nasceu por lá.
O aposentado Raimundo do Nascimento foi um dos primeiros moradores, criou os oito filhos e diz que não pretende, nunca, deixar o bairro. A tranquilidade faz dos moradores, apaixonados. O poeta Tobias Sampaio já escreveu três livros e uma cartilha que conta as histórias pitorescas do lugar.
No bairro Ellery, a praça Manoel Dias Macêdo é ponto de encontro dos moradores. E “Ellery” é um sobrenome que acabou virando nome de vila e depois de bairro. Um lugar que ficou conhecido por ter moradores engajados. Gente que luta inclusive para que o bairro ganhe novos limites e fique maior.
Hoje, os meninos brincam na praça sem saber que esta era uma área alagada. O taxista, Francisco Ocian mora em frente, há 30 anos. Ele conta o que encontrava quando saia de casa para trabalhar. “Aqui não tinha praça não; só era água. O povo fazia um buraco na ‘cacimba’ e lavava roupa. Como se fosse no interior”, diz Francisco.
O açude João Lopes tornou-se referência do bairro Ellery
O bairro mudou. Ganhou melhorias, como a praça Manoel Dias Branco e a igreja de Nossa Senhora de Lourdes. O Ellery é pequeno. São pouco mais de oito mil moradores em menos de meio quilômetro quadrado. Na prática, 85 quadras. Quem se destaca na comunidade são jovens como Wescley Costa, de 16 anos. Consciente, ele faz trabalhos voluntários na igreja e na associação de moradores.
“Nós queremos fazer a diferença como jovens; queremos realmente ter um bairro melhor. Vários jovens trabalham junto à Associação criando projetos sociais para a comunidade”, diz Wescley.
Praça Oscar Bezerra Filho – A “Praça do Chafariz” presta uma homenagem a um jornalista e morreu aos 28 anos de acidente automobilístico
Na sede da associação descobrimos os limites do Ellery; os oficiais estabelecidos pela Prefeitura e os limites da comunidade que quer expandir o bairro. “Uma das dores da Associação da comunidade é com relação aos limites do bairro. No mapa ele compreende à 85 quadras, mas a população sempre delimitou o bairro como sendo mais extenso”, diz Fernando Barbosa.
O Ellery era uma vila de casas que virou o loteamento Parque Themóteo e em seguida se transformou em bairro. Tudo teve início com este sítio. Que no passado foi bem maior.
Desde 1954, Aurora Ellery, professora aposentada, se esforça para manter tudo o mais original possível. Sabe que o sobrenome de família ultrapassou as paredes da casa. “Eu tenho orgulho de ter o nome ‘Ellery’ na minha família”, diz Aurora.
Casarão da família Ellery
Alguns descendentes do seu Ellery ainda hoje residem no bairro que leva o nome da família. Dona Aurora, de 74 anos, herdou do sogro o casarão de mais de 40 anos. A mansão, que é próxima a linha férrea, fica localizada no final da Rua Nestor Góis. Ainda hoje conserva a fachada antiga da década de 50: quartos espaçosos, varanda sertaneja e um ar bucólico de interior. “O terreno de 56 metros quadrados já foi bem maior. O comprimento ia até a Avenida Bezerra de Meneses. No lugar das ruas, árvores frondosas”, lembra.
Dona Aurora, que é viúva, vive no local com a filha, o genro e três netos. Apaixonada pelo bairro, nunca quis se mudar para outro lugar. Saudosista, recorda com felicidade os tempos áureos quando a comunidade não possuía nem água potável nem luz elétrica. “Eram tempos difíceis, mas muito alegres. Tudo era mais seguro. Não havia tantos ladrões. Só as inundações do açude João Lopes incomodavam”.
Os problemas atuais mudaram, mesmo assim a professora aposentada diz estar satisfeita com o progresso que chegou a vizinhança. “Hoje, temos uma infra-estrutura digna da Aldeota, vizinhos solidários e orgulho de fazer parte da história. O que poderia querer mais?”
Dona Aurora, que é viúva, vive no local com a filha, o genro e três netos. Apaixonada pelo bairro, nunca quis se mudar para outro lugar. Saudosista, recorda com felicidade os tempos áureos quando a comunidade não possuía nem água potável nem luz elétrica. “Eram tempos difíceis, mas muito alegres. Tudo era mais seguro. Não havia tantos ladrões. Só as inundações do açude João Lopes incomodavam”.
Os problemas atuais mudaram, mesmo assim a professora aposentada diz estar satisfeita com o progresso que chegou a vizinhança. “Hoje, temos uma infra-estrutura digna da Aldeota, vizinhos solidários e orgulho de fazer parte da história. O que poderia querer mais?”
Rua Odete Pacheco
- Saiba Mais:
Invadindo quase toda área de onde o bairro se projetou, existia a presença de um enorme açude como se estivesse próximo a uma grande fazenda de criação de animais e plantações de diversas culturas. A vida dos poucos moradores era, na realidade, equivalente a morar em uma propriedade do interior. As mulheres levavam suas trouxas de roupa para lavar nas poças d’água formadas pelas águas do açude e os homens pescavam peixes de modo artesanal para a sobrevivência.
Com o arrombamento do açude João Lopes, quase toda área ocupada por água foi loteada, dando vez a campos de futebol e a construção de casas. Os terrenos com acentuada elevação iam sendo mais cobiçados, num receio de que as chuvas alagassem as residências recém construídas.
Não foi muito fácil a luta. Conviveu-se com invasão de terra, desapropriação e alagamento constante. Porém, as melhorias vieram com o tempo: urbanização e pavimentação das ruas, transportes para os moradores, rede elétrica, água e esgoto e uma infinidade de serviços públicos.
Grupo Honório Bezerra
A Escola Estadual Honório Bezerra, fundada em 1964, era chamada na época de Grupo Honório Bezerra.
A escola foi fundada na gestão do Governador Virgílio Távora. O terreno foi doado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e teve como patrono o engenheiro Honório Bezerra.
Fica na Rua Capitão Nestor Góes, 400.
Fica na Rua Capitão Nestor Góes, 400.
Crédito: TV Verdes Mares e blog Vila Ellery