Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Praça Gustavo Barroso - A Praça do Liceu

A Praça Fernandes Vieira foi inaugurada em 07 de março de 1940, após remodelação e ajardinamento.

A então Praça Fernandes Vieira. Foto em direção ao norte, estas duas casas deram lugar a um bloco de apartamentos. A rua à esquerda é a Avenida Filomeno Gomes. Hoje é a  Praça Gustavo Barroso. O ano dessa foto é entre 1940 e 1943 - Arquivo Nirez

Um vento carregado de mar assobia entre as construções. Corta o calor do meio dia, levantando as folhas deitadas ao chão e também as saias das meninas. Os pássaros cantam enquanto os alunos gritam festejando o fim das aulas. De um canto, pouco mais à margem, vem um cheiro bom de comida feita na rua. Os carros passam, as motos buzinam e os ônibus tomam a frente de todos. O som agudo de uma sirene irrompe no espaço e identificamos o que lhe é particular. Vem do quartel do Corpo de Bombeiros.
Logo, veículos saem rapidamente e enfim reconhecemos a personalidade da praça.




Estátua de Gustavo Barroso - Livro Geografia Estética de Fortaleza de Raimundo Girão

Em 1945, o Liceu do Ceará teve sua administração transferida para as proximidades da então Praça Fernandes Vieira. Ainda que, com o passar do tempo, tenha havido mudança de nome para Praça Gustavo Barroso, sela-se a “vox populi”. Não importando qual o nome – aliás, quem sabe o verdadeiro nome da praça? - todos a conhecem somente como a "Pracinha do Liceu".


Antiga Praça Fernandes Vieira

Próxima ao Centro de Fortaleza, a pracinha do Liceu foi, e ainda é, ponto de encontro de pessoas das mais variadas classes sociais. No passado, recebera em seus bancos alunos do Liceu, hoje personalidades ilustres. Ainda continua a receber os alunos do colégio, mas muitos com perspectivas de um futuro não tão ilustre. 

Aprendizes de marinheiros vindos de todos os locais do país, moradores das redondezas, transeuntes, trabalhadores, idosos e pessoas que simplesmente gostam da praça. Enfim, todos os tipos e estereótipos, passam, sentam, encontram-se, fazem sua história nas calçadas da praça.

Foto do dia 31 de agosto de 1962 - Inauguração do monumento à Gustavo Barroso com as presenças de Luis Sucupira, Raimundo Girão, Albano Amora e Mozart Soriano Aderaldo - Arquivo Nirez

Em 1965, os restos mortais de Gustavo Barroso foram depositados aos pés da estátua, em cumprimento ao desejo do próprio homenageado. Agradecimento: Isabel Pires

Pela manhã, colorem suas calçadas os que começam a preparar as barracas para mais um dia de labor, os esportistas amadores, o jardineiro e os vizinhos do largo. Mais ou menos às 11:30 h, o toque avisa o término da aula. Os estudantes saem em multidão, rapidamente a praça fica tomada pelos que preferem ficar mais um pouco para bater um papo. Os bancos de concreto são ocupados por casais de namorados, os alunos reúnem-se à mesa de
pingue-pongue para o jogo. Para os que querem matar a fome, opção é o que não falta. Há duas barracas na praça servindo lanches, refeições e todos os tipos de petiscos.

A barraca do Silvestre*, localizada quase ao centro da praça e bem de fronte à saída do colégio, é a mais popular. São 25 anos enchendo o paladar de visitantes, famílias e dos trabalhadores das redondezas. O proprietário, Silvestre Neto de Oliveira Mota de 55 anos, é o caixa e afirma: “A praça é tranquila. Nunca fui assaltado. Dificilmente aparece algum menino se queixando de roubo de celular.”
A concentração da praça se volta para a barraca do Silvestre. Ninguém se preocupa com a vestimenta. O que mais chama à atenção são as opções de pratos. As mesas brancas dão lugar aos que saem da fila de pagamento. Os mais despojados estão de boné, sandália rasteira e, quase sempre, ficam sem camisa. Já outros, que trabalham por perto, usam uniformes. Cada um escolhe onde quer ficar.
Um casal maranhense almoça, tranquilo. E, em meio a tanta conversa, não percebe quem está mais interessado na comida: o cãozinho do casal. 

A companhia mais inesperada vem do céu. São os pombos que se alimentam de todas as migalhas que caem ao chão.



As árvores e as plantas, que embelezam os canteiros, recebem cuidados especiais.O responsável por manter o verde da praça é o jardineiro Francisco Monteiro da Silva de 37 anos. Sozinho, ele cuida das plantas e está atento a todo movimento da praça “Sempre some alguma placa. Já roubaram a placa da estátua do Gustavo Barroso e, recentemente, sumiu a placa que informava a última reforma da praça na gestão da prefeita Luizianne Lins, comenta o jardineiro, chamando a atenção para o descaso do policiamento durante o dia. Vestindo um uniforme verde, com a esperança de um dia o descaso acabar, o jardineiro molha a terra e ao mesmo tempo conversa com um menino descalço que se aproxima. Ele não se importa em dar atenção à curiosidade do garoto. A água é espalhada pelos canteiros dando vida às plantas. O dia ensolarado também ajuda o trabalho de Francisco. Quando se sente cansado, senta em um dos bancos, acomoda -se, tira um cigarro do bolso e passa a fumar pensativo. Vira a cabeça de um lado para o outro. Nada o tira a concentração, pois os 10 minutos servem para pensar na vida e contemplar a beleza da praça.


11 de agosto de 1944 - Inauguração do busto do Padre Antônio Tomás na Praça do Liceu

O nome que batiza a praça é em homenagem ao ex liceísta Gustavo Barroso. Advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista, nasceu em Fortaleza, em 29 de dezembro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1959. Em 8 de março de 1923, foi eleito para a Cadeira n.º 19 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Silvério Gomes Pimenta.
Foi redator do Jornal do Ceará (1908-1909) e do Jornal do Comércio (1911-1913); professor da Escola de Menoresda Polícia do Distrito Federal (1910-1912); secretário da Superintendência da Defesa da Borracha, no Rio de Janeiro (1913); secretário do Interior e da Justiça do Ceará (1914); diretor da revista Fon-Fon (a partir de 1916); deputado federal pelo Ceará (1915 a 1918); secretário da Delegação Brasileira à Conferência da Paz de Venezuela (1918-1919); inspetor escolar do Distrito Federal (1919 a 1922); diretor do Museu Histórico Nacional (a partir de 1922); secretário geral da Junta de Jurisconsultos Americanos (1927); representou o Brasil em várias missões diplomáticas, entre as quais a Comissão Internacional de Monumentos Históricos (criada pela Liga das Nações) e a Exposição Comemorativa do Centenário de Portugal (1940-1941). Em honra à sua memória, ao centro da praça, ergue-se sua estátua que, a mercê do vandalismo e do descaso das autoridades, jaz pichada e sem a placa que lhe identificava.

As instalações do Corpo de Bombeiros, ao lado da praça, comemoraram 76 anos no dia 7 de setembro de 2010. As dependências do prédio vermelho, já serviram e ainda servem, eventualmente, de prisão. Pela livre expressão, a escritora Rachel de Queiroz foi mantida presa na época da ditadura. O preso mais recente é o juiz Pedro Percy que matou um vigilante na cidade de Sobral.



Foto de Chico Monteiro

A frase, “Corpo de Bombeiros Militar – Liceu do Ceará. Somos fortes porque somos unidos”, está pintada na lateral do colégio, em frente ao quartel dos Bombeiros, para lembrar o comando do coronel Leonel Pereira de Alencar Neto - 1995 a 2000. Os 5 anos foram marcados por uma parceria entre o Corpo de Bombeiros e o Liceu do Cearáquando foram ministradas palestras, a pintura das dependências do colégio e a poda das árvores. Com a mudança de comando, a ajuda ficou restrita ao socorro em caso de emergência, ressalta o cabo Sena, de 33 anos.

A vida desbrava na praça. Se durante o dia é parada certa para os que passam em seus arredores, à noite é reduto de uma alegria e lazer insondáveis. De tantas reformas sofridas, a última trouxe de volta o brilho das lâmpadas de néon e o calor de famílias, amigos e namorados que aproveitam o cair da noite para se deliciar com uma agradável brisa sob as estrelas.



Foto do livro Fortaleza Somos nós - 1994

As crianças correm, brincam, andam de bicicleta, jogam bola, ressuscitam os velhos pega-pega e esconde-esconde, mas gostam mesmo é do pula-pula e da cama-elástica. De quinta a sábado, das 17:00 às 23:00, Carlos Henrique faz a festa da criançada. Dono dos brinquedos, ele já está há seis anos na praça e gosta muito de ver a molecada pulando e dando cambalhota.

Bruno Azevedo, 21 anos, filho do vizinho Piauí, formando da Escola de Aprendizes de Marinheiros, vê na praça um ponto de encontro com os amigos. A diversão é garantida nas quadras, onde participa das boas e velhas peladas. “Também é bom usar os equipamentos de ginástica. A gente sai da escola e vem se exercitar aqui. Rola um clima de descontração e uma paquera com as meninas que vêm e vão”, afirma o jovem marinheiro, que está de partida para o Rio de Janeiro, após onze meses em Fortaleza, mas promete voltar. “A cidade é muito boa. Gente bem humorada, brincalhona. Vou voltar sempre que puder!”

A barraca do Silvestre também abre para a vida noturna. Agora, porém, a clientela tem outras exigências. Longe da pressa do dia, as pessoas que vêm à praça querem sentar, conversar, tomar uma bebida e relaxar. Mas a concorrência não dá mole. Barracas de caipirinha espalham-se pela praça e conquistam um público fiel, com o bom papo e a simpatia de quem está por trás do balcão.

Mas ir à pracinha do Liceu e não tomar um caldo de cana com salgado, é como ir à Roma e não ver o Papa! Há dez anos, com um preço sempre convidativo, Aki Lanches faz história.
A lanchonete está bem em frente à praça, especializada em caldo de cana geladinho e feito na hora. Às vezes, a quantidade de clientes é bem maior do que os dois únicos atendentes podem dar conta. “Tem horas que o negócio aqui é estressante. Só tem dois pra atender, receber o dinheiro e fazer o caldo. Quando está muito cheio a gente tem que ficar ligado, pois o pessoal pode ‘vazar’ sem pagar”explica Luís, irmão de Farias, o dono da lanchonete.




“Em geral, aqui fica cheio entre seis e oito da noite. É muita gente mesmo! Nós pedimos o dinheiro adiantado para evitar os engraçadinhos, mas sempre tem um esperto que ‘passa a perna’. O preço de R$ 0,50 por um copo de caldo e um salgado chama muita gente. Principalmente o pessoal de baixa renda”.
Entre salgados, copos, a moedeira e os pedaços de cana, uma mochila pendurada bem ao centro da lanchonete chama a atenção. Com o logotipo da Marinha bordado, a mochila é produto da confecção que lá funciona. “A gente faz todo tipo de fardamentos e acessórios. Mas o que dá dinheiro mesmo é o lanche”, afirma Luís.

A bela vista da praça é complementada pelas construções que a rodeiam. Casarões antigos, com arquitetura colonial, propriedades do patrimônio histórico de Fortaleza, lembram-nos de que no passado, o bairro fora o reduto das elites.

Seja pelas pernas das meninas que desfilam de minissaia, pelos corpos malhados dos jovens que jogam bola, pelas crianças que vem e vão, pelas pessoas que se sentam para colocar a fofoca em dia, a Pracinha do Liceu transborda em vida. O preconceito de que é um reduto de marginais cai quando pisamos em sua calçada. Todos os tipos de pessoas vão à praça, mas sempre com saudáveis objetivos: descontrair-se, relaxar e admirar a beleza que a praça esbanja. De dia ou de noite, aqui se respira vida.


Islene Moraes


* Silvestre não trabalha mais na praça! :/




sábado, 14 de maio de 2011

Praça da Lagoinha e sua história ferroviária


Foto do dia da inauguração da Praça em 12 de julho de 1930.

Aquela quarta-feira, 12 de julho de 1930, seria de excitação geral. Pelas estreitas, imundas e nuas ruas do Oeste da cidade, mas também pelas avenidas belas, bem cuidadas e pavimentadas em paralelepípedos do lado Leste o assunto era um só: a inauguração da Praça Comendador Teodorico, enfeitada pelo aromático e colorido Jardim Thomas Pompeu com suas flores de mel, margaridas, rosas e até crisântemos refugiados da longínqua Ásia. Entretanto, a atração principal daquela noite seria a tal Fonte importada da Alemanha. Há meses os fortalezenses esperavam para ver de perto o mais novo brinquedo, comprado a peso de ouro, com o parco dinheiro dos munícipes e, como sempre, gasto a rodo pelos governantes. “Ora vejam! Gastar com um chafariz de ferro de enfeite enquanto os bairros mais pobres nem uma bica possuem e se valem da água de cacimbas imundas ou de córregos para onde também são enviados as águas servidas e os dejetos das latrinas”. (Livro A Ordem da Sereia - Em produção) - Leonardo Nóbrega.

Arquivo Assis de Lima

Lagoinha¹ ficava cerca de trezentos metros da rua das Trincheiras (Liberato Barroso), próximo a Praça Marquês do Herval (José de Alencar), com a rua da Intendência (Guilherme Rocha), pois era uma pequena lagoa, de onde os escravos traziam água para seus patrões.
A Pequena lagoa em seguida fora aterrada, reduzindo-se o espaço da mesma e dizem até com lixo.



Foto do acervo Assis de Lima

O trem na Praça da Lagoinha - Foto do acervo Assis de Lima

O Comerciante Abel Costa Pinheiro fornecia água para as casas, em carroças com barris através de uma cacimba que, era forrada com anéis de madeira, cuja construção data de 1850.

Arquivo Assis de Lima

Em 1860 houve a inauguração da Companhia de Água do Benfica; A Cacimba ficou ao abandono até que a Estrada de Ferro de Baturité a reconstruiu em alvenaria e passou a utilizá-la.

Casa de Saúde Dr César Cals - Foto do Acervo Assis de Lima

Arquivo Assis de Lima

Foi construída uma caixa d'água que foi pintada de vermelho. Tinha um cata-vento que acionava a bomba e, ao lado por onde passava os trilhos, tinha uma torneira, pois, era um dos pontos de abastecimento das locomotivas à Vapor.

Eram abastecidas neste local as locomotivas MaranguapePacatuba, Acarape e a pioneira Fortaleza, máquinas adquiridas na Inglaterra construídas por The Hunslet Company Leeds.


Após a inauguração da via férrea foram construídos prédios e, fora dada vida naquelas imediações.

Casa de Saúde São Lucas - Foto do Acervo Assis de Lima
No dia 30 de Abril de 1928 é inaugurada a Casa de Saúde São Lucas, sob direção do Dr. Abdenago da Rocha Lima, na Avenida Tristão Gonçalves, ao lado da Praça da Lagoinha 
(atual Capistrano de Abreu).

Arquivo Assis de Lima

Aos 16 de outubro de 1917 devido ao crescimento da cidade, a linha teve de ser retirada do centro; Houve o desvio no sítio Amaral, bairro de Porangabussu que cortara o Farias Brito (à época Matadouro), sendo acompanhada pela Av. José Bastos, tal como está.



Arquivo Assis de Lima

A Estação de Matadouro foi inaugurada em 30 de dezembro de 1922, homenageando posteriormente o Engº Otávio Bonfim (Chefe da Via Permanente RVC-1923) em 1926.

Voltemos a Lagoinha...

No dia 12 de julho de 1930 era inaugurada a Praça Comendador Teodorico com o Jardim Tomaz Pompeu; Esta praça recebeu do então prefeito Álvaro Weyne a Fonte dos cavalos² (Adquirida na Alemanha) que depois foi parar na Avenida 13 de Maio no cruzamento com a Avenida da Universidade e hoje está na Praça Murilo Borges (BNB).
Após a saída do trem dessa Rua Trilho de Ferro ( Avenida Tristão Gonçalves) ainda por muitos anos, assim continuou sendo chamada.


Casa da Família Pompeu - Foto do livro Centro Histórico de Fortaleza - Ensaio Fotográfico Mauricio Cals

Aos 03 de maio de 1965, na gestão de Murilo Borges, fora inaugurada a estátua do historiador Capistrano de Abreu, cearense de Maranguape.



Arquivo Assis de Lima

Finalizando prevalece a popularidade: Praça da Lagoinha, contudo guardando silenciosamente na etnologia/topográfica, uma página da História Ferroviária.



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¹Antes era uma praça de areia, sem urbanização nenhuma, onde os escravos apanhavam água numa pequena lagoa existente no centro e que de seca em seca foi desaparecendo.
Em 1850 foi cavado um poço forrado de aduelas de madeira.
Com a inauguração dos poços do Benfica em 1860, a cacimba (poço) foi abandonada e o lixo da cidade passou a ser colocado ali.
Em 1884 a estrada de ferro mandou aterrar o restante da lagoa com areia do morro Croatá a fim de preservar a população do alastramento do cólera-morbus.
Foi levantado um cata-vento e uma caixa d`água para abastecimento das locomotivas que passavam pelo Trilho de Ferro, como era denominada a hoje Avenida Tristão Gonçalves.
Hoje existe, no centro da praça, uma estátua sem nome, de autoria de H. Leão Veloso, e na parte que fica a sudeste, uma herma com os dizeres: "Ao Dr. Abdenago da Rocha Lima, homenagem do Instituto de Proteção e Assistência à Infância, no Cinquentenário de sua fundação, 19/05/1963".


²Fonte importada, toda em bronze trabalhado, ornamentada de cavalos e sereias.
O arquiteto responsável pela obra foi Rubens Franco.




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Leia tbm o texto maravilhoso de MCals

Todos os créditos vão para o amigo e colaborador Assis de Lima

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bairro Joaquim Távora


Antigo Parque Americano na Rua Padre Valdevino

Grupo Escolar Joaquim Távora na Rua Visconde do Rio Branco 

O bairro Joaquim Távora tem limites definidos. São quatro avenidas bem conhecidas: Pontes Vieira, Barão de Studart, Padre Valdevino e Visconde do Rio Branco.

Uma das características do Joaquim Távora é ser um bairro predominantemente residencial. Muitas casas, poucos prédios. Tem também pequenos mercadinhos e grandes referências. O mercado do Joaquim Távora, é uma delas, fica na Avenida Pontes Vieira e existe há mais de 60 anos.


Foto do Arquivo Jangadeiro Online

No mercado do Joaquim Távora o movimento acontece bem cedinho, quando os moradores da redondeza vão até o mercado em busca de frutas, verduras e legumes. Lá tem ainda plantas medicinais, redes e até presentes. O mercado, assim como o Parque Rio Branco, são os locais mais conhecidos do bairro . Os dois ficam na avenida Pontes Vieira, um dos limites do bairro que leva o nome do engenheiro e militar Joaquim do Nascimento Fernandes Távora¹.

Parque Rio Branco -  Foto de Zemakila

No Parque Rio Branco, se encontra beleza e problemas também. São sete hectares de muito verde bem pertinho de uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza.

Trilha do Canal
Trilha do Canal - Foto de  Claudio Lima

De acordo com os moradores, a principal área verde do bairro, ainda precisa de reforço policial. Sem um policiamento fixo no local, ainda tem muita gente que não frequenta o parque porque tem medo.

Parque Barão do Rio Branco
Foto de  Claudio Lima

De acordo com a coordenadora do movimento Pró-Parque, apenas uma dupla de policiais de vez em quando aparece no local.

Segundo o organizadores do movimento Pró-Parque, os guardas que atuavam no parque foram transferidos para outro ponto da cidade.

A Guarda Municipal de Fortaleza disse que realiza a segurança no local com quatro guardas que abrem e fecham o parque das cinco da manhã as dez da noite. Ainda durante o dia, a moto patrulha, com quatro homens, realiza a ronda dentro do parque, monitorando e observando o movimento por lá.



¹Joaquim do Nascimento Fernandes Távora nasceu em Jaguaribe, no ano de 1881. Seu irmão Juarez Távora participou dos movimentos rebeldes da década de 20 e teve destacada participação na vida política nacional após a Revolução de 1930.


Militar e engenheiro civil, Joaquim Távora freqüentou a Escola Militar de Porto Alegre. Em 1922, comandava o 17º Batalhão de Caçadores, sediado em Corumbá (MT), quando liderou a rebelião nesse estado, em solidariedade ao levante deflagrado no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, contra o governo de Artur Bernardes, dando início ao ciclo de levantes tenentistas daquela década. Preso nessa ocasião, foi libertado em fevereiro do ano seguinte através de habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Militar (STM) a todos os implicados no movimento de 1922.

Em fins de 1923, após desertar do Exército, aderiu a uma nova conspiração contra o governo federal, articulada sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. Viajou, então, pelos estados de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais em busca de apoio ao movimento. Na capital paulista estabeleceu contato com o major Miguel Costa, da Força Pública estadual. Após sucessivos adiamentos, o levante foi iniciado na cidade de São Paulo em 5 de julho de 1924, data escolhida em homenagem ao levante do Forte de Copacabana. Joaquim Távora, ocupando posição de destaque na rebelião, foi o responsável pela prisão do general Abílio de Noronha, comandante da 2ª Região Militar. A capital paulista caiu sob o controle dos rebeldes por três semanas e o presidente do estado, Carlos de Campos, abandonou a cidade. Em seguida, Joaquim Távora foi ferido quando comandava um ataque ao 5º Batalhão de Polícia.

Morreu dias depois, em consequência dos ferimentos, em São Paulo. 




Fonte: CETV, Wikipédia

sábado, 7 de maio de 2011

Hotel do Norte - Clube, Hotel e Museu – Um prédio, várias histórias!



Hotel do Norte

Durante o período imperial, mais precisamente em 1871, foi construído o belo sobrado da Rua Dr. João Moreira, 143 (esquina com a Rua Floriano Peixoto). Situado em frente ao Passeio Público, emoldurando o logradouro mais elegante da cidade, foi inicialmente a segunda sede do primeiro clube social de Fortaleza, o Sociedade União Cearense (Club Cearense), que antes esteve instalado num sobrado residencial na rua senador Pompeu.

O prédio em 1908.
(Ao lado, o prédio em 1910). Com a ida do Club Cearense para o palacete da esquina seguinte (hoje ocupado pela Associação Comercial do Ceará), instala-se no sobrado, em novembro de 1882, o Grande Hotel do Norte, de Silvestre Rendall, que no mesmo ano recebeu como hóspede o ilustre casal José Carlos do Patrocínio (abolicionista José do Patrocínio) e D. Maria do Patrocínio. Depois o hotel pertenceu ao francês Norberto Paulo Golignac (Norberto Golignac). Interessante salientar que no hotel foi instalada a primeira sorveteria do Ceará.  


(Ao lado, o prédio em 1930). Com a desativação do hotel, o prédio serviu de sede para a repartição dos Correios e Telégrafos (Adquirido por contrato de 24 de setembro de 1894 celebrado entre o administrador dos Correios Antônio Moreira de Sousa, e o representante da associação “União Cearense”, Alfredo Salgado - Este Contrato foi aprovado pelo Diretor Geral dos Correios em ofício de 13 de dezembro do mesmo ano). Nos cômodos do andar superior ficaram a primeira seção (Expediente) dirigida pelo Administrador e a segunda seção, a Contadoria; e no andar inferior a terceira seção, a Pagadoria e a quarta seção, compreendendo a Posta Restante e a Expedição das malas. A repartição dos Correios esteve no prédio de 04 de março de 1895 até 1935, quando é adquirido pela companhia inglesa The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltda, que explorava o serviço de energia e bondes elétricos de Fortaleza. A partir de 1948, pela Lei Federal nº 25.232, os serviços elétricos da capital cearense ficaram a cargo do governo municipal e com a nacionalização, a companhia passou a se chamar Serviluz - Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza. Com o decorrer dos anos, a empresa teve outras denominações: Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza (CONEFOR), Companhia Elétrica do Ceará e atualmente Companhia Energética do CearáCoelce.

O prédio ocupado pelos Correios.

Prédio espaçoso e elegante, com dois pavimentos, a edificação tem planta de forma retangular, ligados por escadaria trabalhada em ferro fundido, importada da Europa. Construída no sistema de alvenaria autoportante e com coberta em telha de barro e estrutura de madeira oculta pelas platibandas das fachadas. O prédio possui características da arquitetura eclética cearense. Em seu interior merecem destaque os amplos salões do pavimento superior, que ainda conservam o piso original, em tábua corrida. Apesar das seguidas reformas e alterações no prédio, suas fachadas ainda mantém as linhas originais. As aberturas são todas com vergas em arco pleno, sendo as do piso superior protegidas por balcões de ferro. Na fechada principal, voltada para o Passeio Público, uma armação em ferro fundido marca as portas centrais. O coroamento do prédio é feito por cornija e platibanda, onde, na parte central, é interrompida por elementos metálicos. Sobre a platibanda, pináculos de alvenaria trabalhados fazem os arremates. 


Na parte interna, foram feitas obras de importância como, a construção do mezanino que comprometeram especialmente a edificação, e em fachadas a marquise foi um agregado que comprometeu o prédio não só no aspecto estético, mas também no aspecto estrutural.
No ano de 1995, o prédio foi finalmente tombado pelo patrimônio histórico do estado, que reconheceu seu valor histórico e arquitetônico. Em abril de 2001, abandonado, o prédio desmoronou parcialmente durante uma chuva de inverno. As causas que provocaram a deterioração foram centradas fundamentalmente na falta de manutenção, provocando infiltrações na coberta, o que ocasionou o deterioro da madeira das vigas da estrutura do telhado, pisos, etc. com o conseguinte derrube. Ressaltando que, segundo o Jornal O Povo, em 1991, parte da estrutura interna do prédio já havia desabado. 

A situação em que se encontrava o prédio ao ser adquirido pela FIEC.
 Foto de Luís Carlos Sabadia.

Após 20 anos sem uso (Desde a saída da Coelce), no final de 2001 o prédio é adquirido pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará FIEC. Suas obras de restauração são iniciadas em 2005 com apoio de leis de incentivo. Obra concluída, o prédio permaneceu fechado– com um único período aberto, para receber a Casa Cor de 2007 – mostra anual de arquitetura e decoração. As ações de restauro foram pensadas aliando a permanência das características originais às adequações de usos.  Para melhor compreensão desse processo de restauração, as intervenções do prédio que estão nas cores verde e branca são restauros e as novas intervenções estão na cor vermelha.

O prédio durante a restauração. Foto de Luís Carlos Sabadia.

Editado em 2014:

Nove anos após o início das obras de restauro – o espaço reabre em 10 de setembro de 2014, dando abrigo ao Museu da Indústria, projeto da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Serviço Social da Indústria (SESI). O prédio do Museu é um equipamento que conta com salas de exposição, espaços para realização de palestras, desfiles, espetáculos, seminários e eventos sociais. Também possui salas para apresentações de teatro, cineclubes e biblioteca. Possui ainda dois ambientes para encontros: o jardim e o bistrô que tem funcionamento independente do museu, com cardápio diversificado e apresentações musicais. A edificação possui mais de dois mil metros quadrados de área disponível, distribuídos em espaços diversos, voltados para ações museológicas e culturais em geral. Foi devolvido para a cidade o centenário casarão todo restaurado!

O Museu da Indústria fica aberto de terça a sábado, das 09 às 19h.

Cronologia do Monumento: 

A edificação foi construída no final do século XIX . Inicialmente sediou a Sociedade União Cearense. Entre 1895 e 1935, serviu de sede para a Repartição dos Correios. 
Neste ano, o edifício foi adquirido pela “The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltda”, companhia inglesa que explorou a energia elétrica e o serviço de bonde na cidade.

A partir de 1948, pela Lei Federal nº 25.232, os serviços elétricos da capital cearense ficaram a cargo do governo municipal. A companhia passou a se chamar SERVILUZ, Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza
Com o decorrer dos anos, a empresa teve outras denominações: Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza (CONEFOR), Companhia de Eletrificação do Ceará (COELCE), e atualmente foi privatizada para uma empresa espanhola.
“Num prédio particular, o de nº 1 da Praça dos Mártires e nº2 da Rua da Boa Vista (Rua Floriano Peixoto), funciona o Correio”.

É um edifício espaçoso, com dois pavimentos, se prestando perfeitamente ao fim a que é destinado, e nesse sentido não tem igual nos estados, sendo somente excedido pelo o que funciona a repartição chefe no Rio de Janeiro.

Fachada Rua João Moreira

Foi adquirido por contrato de 24 de setembro de 1894, celebrado entre o administrador
Antônio Moreira de Sousa, e o representante da associação “União Cearense”, Alfredo Salgado, por nove anos. 
Este Contrato foi aprovado pelo Diretor Geral dos Correios em ofício de 13 de dezembro do mesmo ano. 
Mudou-se a repartição do correio do pavimento térreo do edifício da Assembléia Legislativa, onde estava, para este no dia 7 de março último, como da alta da instalação.

Depois instalou-se The Ceará Tramway Light and Power Co., cujo contrato foi rescindido na Interventoria do Capitão, depois Major Roberto Carneiro de Mendonça (1934). Substituiu na exploração da iluminação pública e particular o Serviço de luz e Força de Fortaleza (SERVILUZ), depois chamado Companhia de Eletrificação de Fortaleza (CONEFOR), mais tarde Companhia de Eletricidade de Ceará (COELCE).” 

Notas de: Raimundo Girão.
Antônio Bezerra de Menezes.
Descrição da Cidade de Fortaleza.

Fachada Rua Floriano Peixoto

Modificações realizadas:

Se adicionou mezanino, em a parte este da edificação, Rua Floriano Peixoto, e marquise corrida na esquina, abarcando as duas fachadas o que interferiu na arquitetura da edificação resultando um elemento totalmente anacrônico.

Análise dos elementos componentes da edificação: 


Edificação de dois pavimentos com mezanino, portas, e janelas ao largo de ambas fachadas e portas e janelas no andar superior, de arco pleno.

Análise da estrutura e possibilidades de recuperação:


O Monumento necessitava de uma intervenção urgente, já que se derrubou parte dele com as chuvas de inverno. Foram realizados alguns trabalhos de emergências, mas que precisava continuar em outras área do prédio.

Critérios específicos de recuperação:

Os critérios para a recuperação das fachadas principais foram fundamentados na restauração em linhas gerais, recuperação de alguns elementos perdidos e recomposição formal de outros.

  •  Manutenção geral de fachadas: rebocos, limpeza, eliminar plantas, parasitas, etc.
  •  Revisão e recuperação de coberta.
  •  Finalizar trabalhos de recuperação na parte demolida.
  •  Revisão e recuperação de calhas.
  •  Revisão de pontos de drenagem pluvial.
  •  Recuperação de janelas no térreo, ver projeto.
  •  Recuperação de aberturas de portas originais.
  •  Recuperação de grades de ferro.
  •  Eliminar revestimento de pedra em molduras de portas.
  •  Restaurar calçada com materiais originais.
  •  Eliminar e redesenhar entradas de fiação de redes elétricas e telefônicas.
  •  Recuperação de portas e janelas originais.
  •  Completar portas e janelas, com materiais e desenhos indicados em    projetos.
  •  Recuperar cores originais nas 4 fachadas do prédio.


O prédio completamente restaurado. Foto de Luís Carlos Sabadia



Fonte: Secult, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Jornal O Povo, Site oficial do Museu da Indústria e http://www.ofipro.com.br



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