Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Das antigas - A padaria virou shopping



Fachada da "Padaria Lisbonense", na Rua Pedro Borges, surgida em outro local em 1916 e ali chegada em 1927 onde ficou até 1983. Foto do arquivo Nirez

O bolso da camisa listrada cheio de papel. Em uma ponta da mesinha na praça de alimentação do seu Edimar, um copo de whisky com muito gelo. Na outra extremidade, uma garrafinha d'água. Fim da última terça-feira. É ali, o Shopping Lisbonense, um dos locais em que o aviador aposentado Flávio Remo Correia Barbosa costuma se distrair. Cinco filhos, nove netos e 77 anos nos ombros, ele sai da Aldeota, onde reside, para o Centro Histórico, "onde é mais alegre".

O lugar é referência para seu Flávio desde os tempos de mocidade. Época em que o artigo que definia o local era feminino: Padaria Lisbonense. "Se eu me lembro? Me lembro demais! O balcão era bem ali na frente e ocupava de um lado ao outro. Da metade pra cá era o forno, onde também tinha um depósito de lenha", ia descrevendo, cheio de detalhes. Flávio costumava comprar bolo para a mãe, já que moravam perto dali, na rua João Lopes.




 

As lembranças iam se aproximando cada vez mais claras. Contou da "enorme" moto Harley Davidson que o português tinha. "Ele não tinha carro. Tinha só essa motocicleta que guardava aqui", disse, referindo-se a um dos antigos proprietários da padaria. O espaço chegou a ser alugado, onde funcionou por muitos anos a loja A Esmeralda, e em 2000 retornou ao nome original, desta vez, em forma de shopping. Segundo a gerente, Audilene Rodrigues, os proprietários são quatro irmãos portugueses ainda da família que criou a antiga padaria e mantiveram o nome original após a transformarem em um shopping, hoje com 45 lojas.

O Shopping Lisbonense está localizado em um dos pontos mais conhecidos da cidade. A edificação que mistura tons de azul e amarelo fica nas proximidades do Leão do Sul, numa das extremidades da Praça do Ferreira, na rua Doutor Pedro Borges. Em tempos outros, ela era o Beco dos Pocinhos. Nessa época, em frente ao que era então Padaria ficava a "Pensão da Amélia Campos". Tempos de Cine Majestic, em que o então meninote Flávio descobriu nos dias de sábado a Sessão Colosso. "Era assim: dois filmes pelo preço de um, só pra estudantes", explicou. "É que a praça era ponto de encontro das linhas dos bondes". 



Crédito: Jornal O Povo (Demitri Túlio)


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Estádio Governador Plácido Castelo - O gigante Castelão


Fase inicial da construção do Castelão, numa região ainda completamente desabitada. -Arquivo O Povo

Autoridades visitam a construção - 1970 - Arquivo Tv Jangadeiro

Com o crescimento da cidade e do estado, faltava um estádio de grande porte que pudesse comportar um número cada vez maior de torcedores cearenses. Vivia-se então sob o Regime Militar, no qual os militares empreenderam uma série de grandes obras para angariar a simpatia do povo. Foi nessa época que construiu-se vários grandes estádios pelo país inteiro. Coube ao então Governador do Estado do Ceará Plácido Aderaldo Castelo dar início a construção de Estádio Olímpico em Fortaleza. Em 1968, foi criada a Federação de Assistência Desportiva do Estado do Ceará (Fadec), para coordenar os trabalhos. O Governador Plácido Castelo queria que o estádio fosse erguido no Bairro do Alagadiço, na zona oeste de Fortaleza. Altos custos para fazer as desapropriações inviabilizaram a ideia. Outras áreas da cidade foram estudadas nos Bairros do Pici e depois no Itaperi. Finalmente uma área de 25 hectares, localizada no Bairro Boa Vista (local denominado de Porco Barrento), que pertencia a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, foi comprada por CR$ 400.000,00 – Quatrocentos Mil Cruzeiros. José Liberal de Castro, Gehard Ernst Borman, Reginaldo Mendes Rangel, Marcílio Dias de Luna e Ivan da Silva Britto foram os cinco arquitetos que assinaram o projeto. O Engenheiro Hugo Alcântara Mota foi o responsável pelo cálculo estrutural.

Anel inferior do Castelão em fase de conclusão - Arquivo O Povo

O estádio foi inaugurado em 11 de Novembro de 1973, pelo então Governador César Cals de Oliveira Filho. Um público calculado de 70.000 pessoas assistiu a partida inaugural entre Ceará e Fortaleza. O chamado Clássico Rei do Futebol Cearense terminou com o placar de 0 X 0.

Quando foi inaugurado, o estádio possuía somente dois lances de arquibancada. Os dois lados que não possuía lances, lado direito ao portão principal, o muro era de cimento armado, o lado esquerdo ao portão principal, o muro era de madeira. O Acesso ao Castelão pela Av. Alberto Craveiro só tinha uma pista de rolagem, a quantidade de veículos foi tanta que as filas chegaram a rua Santa Paula Francinette. O ex-governador Plácido Castelo e o Governador César Cals recepcionaram autoridades do mundo político e esportivo, destacando-se o presidente da extinta CBD, Silvio Pacheco, além do craque Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”.


Em 18 de Novembro de 1973 durante o jogo Ceará e Vitória da Bahia, aos 22 minutos do 2º tempo, Erandy Pereira Montenegro, artilheiro do Ceará, marca o primeiro gol no Castelão. 


O Maior Goleador 


José Geraldo Olímpio de Souza, mais conhecido como "Geraldino Saravá", é até hoje o jogador que mais fez gols no Castelão. O recorde está estacionado em 98 gols marcados durante a década de 1970, quando o jogador defendeu os times do Ceará, Fortaleza, Tiradentes e Ferroviário.

Eventos Marcantes

Foto de 1980 - Vendo-se o altar para a visita do papa


Em 9 de julho de 1980, é aberto em Fortaleza o X Congresso Eucarístico Nacional. O Papa João Paulo II participa das celebrações do Congresso e o Castelão recebe o maior público da sua história: 120 mil pessoas. Nesta ocasião, durante o governo de Virgílio Távora, o Castelão passa por reformas, e as arquibancadas do setor inferior são concluídas. Outra celebração religiosa aconteceu em 13 de agosto de 1995. Nessa data, ocorre a missa de despedida do então arcebispo de Fortaleza, Dom Aloísio Lorscheider, quando são reunidas 50 mil pessoas no estádio. Diversos shows artísticos são efetuados no grande estádio. Um dos mais marcantes acontece em 10 de Dezembro de 1996, quando Xuxa comanda a animação para milhares de crianças.

Cerimônia com o Papa João Paulo II, que reuniu 120 mil fiéis, recorde de presença de público no estádio. Arquivo O Povo 09/07/1980


Início da construção do anel superior das arquibancadas.  Arquivo O Povo

Primeira etapa das obras finalizada, ainda com apenas dois lances de arquibancada no anel superior e os antigos refletores.  Arquivo O Povo

Grandes públicos

Os jogos internacionais, com a presença da Seleção Brasileira de Futebol, sempre proporcionaram a maior presença de público pagante.
O estádio passou por diversas reformas sendo a mais recente em 2002, durante o governo de Tasso Jereissati. Com esta reforma o Castelão incorporou mais conforto e segurança para os espectadores, enquadrando-se nas normas internacionais da FIFA - Fédération Internationale de Football Association. A capacidade de público foi reduzida para 60.326 lugares, todos sentados. A data foi festejada com um jogo da Seleção Brasileira de Futebol contra a Seleção da Iugoslávia.

Governador Virgílio Távora acompanha preparativos no estádio para visita do papa João Paulo II. Arquivo O POVO, 13/5/1980

Castelão já com seus novos refletores. (Antônio Carlos Moura, 29/9/1987)

Estado de conservação precário, na semana anterior ao jogo da seleção brasileira contra o Peru. (Edmundo Sousa, 4/5/1989)

O Castelão é um dos estádios brasileiros que foram eleitos para serem sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014, que será realizada no Brasil. O projeto de reforma do estádio prevê a expansão de sua cobertura, que irá cobrir completamente todos os assentos, a construção de um estacionamento subterrâneo com 4.200 vagas e a aproximação da arquibancada inferior, em 16 metros, em relação ao campo. Com estas reformas, a capacidade do estádio passaria para 67.037.
O conceito do projeto é transformar o estádio Castelão em um dos grandes centros olímpicos do País e também um enorme complexo turístico. A nova área terá um shopping, cinemas, restaurantes e um hotel.

Estádio Castelão, 20 anos depois da inauguração. (Antônio Estelita Aguirre, 11/11/1993) 

Jogo entre Flamengo e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro. (José Leomar, 24/9/1995)

O estádio foi fechado, oficialmente, no dia 31 de março de 2011 para a reforma visando a Copa do Mundo de 2014. O último jogo foi válido pela Copa do Brasil de 2011, onde o Ceará levou 35 mil torcedores contra o Brasiliense.
Em um levantamento feito pela revista Veja, o Castelão foi classificado como o “único estádio cujo ritmo da execução orçamentária está adequado”.

Fotos históricas do Castelão - Crédito Fortal















 
O ano é 1973: Raríssimo postal de inauguração entre Ceará 0 x 0 Fortaleza pelo Campeonato Brasileiro da 1ª divisão. Mais de 70 mil pessoas presentes. Acervo Gilberto Simon

Postal com skyline da cidade ao fundo, anos 70






Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dunas - Manuel Dias Branco


O bairro Dunas é um bairro formado totalmente por casas situado entre o Papicu e a Praia do Futuro. É considerado um bairro de classe alta, já que reune inúmeras mansões em suas ladeiras.

Pode ser considerado um dos mais importantes bairros de casas de alto padrão de Fortaleza


Foto de 1982 - Nessa época as dunas eram altas -As areias foram cobertas pelo asfalto, cimento, concreto, granito...

O antigo bairro Dunas, hoje Manuel Dias Branco, tem uma das vistas mais bonitas da cidade. De um lado, o mar da Praia do Futuro. Doutro, a vista do espigado de edifício da Aldeota. No meio disso, alguns dos casarões mais caros de Fortaleza.
O Manuel Dias Branco, abriga exclusivamente casas, condomínios fechados e uma imponente igreja. Próximo ao mar e longe o suficiente do caos urbano, o bairro é um dos mais ricos da cidade.
O bairro Dunas ganhou o nome do empresário Manuel Dias Branco e tem um dos metros quadrados mais caros de Fortaleza.




A igreja de Nossa Senhora de Lourdes deita-se na areia, velando por um espigado de edifícios que se apertam lá embaixo, nos bairros que também atendem pelo nome genérico de Aldeota, na Secretaria Executiva Regional 2, Zona Leste de Fortaleza. 
O mar da Praia do Futuro sopra um vento bom, o mesmo que mil anos atrás trouxe esses morros. A igreja, branca e imponente, lança-se ao céu tal qual os muros de seus vizinhos, ilustres moradores de um dos bairros mais ricos de Fortaleza. 
"Aqui é bom. Aqui só mora de galeguinho pra cima, só gente alta, de dinheiro", fala o empresário José Mozart, 58, antigo morador e um dos paroquianos mais ativos. Hoje, as dunas ficam por debaixo do enfileirado organizado de casarões e condomínios fechados que não param de ser construídos; ou então se esgueiram nos poucos terrenos não construídos que ainda restam.  "É uma zona em plena expansão".






"Naturalmente, ainda não é o mais caro, mas é um bairro que está em franco desenvolvimento e a procura por terrenos para condomínios fechados é muito grande. É um bairro em evidência em termos de moradia horizontal", informa Armando Cavalcante, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Os valores de um terreno na região giram em torno de R$ 400 a R$ 450 o metro . Já o metro construído não sai por menos de R$ 3 mil. "Você tem casa ali de até um 1 milhão e meio de reais, mas a média é na faixa de 600, 650 mil" 






O crescimento é visível. Numa pacata tarde no bairro, encontram-se nas ruas apenas trabalhadores da construção civil. No mais, são caseiros, jardineiros e um homem à paisana com um rottweiler na coleira. Edifício aqui não sobe, é proibido. Mas é preciso andaimes altos para se pintar o muro de um dos mais novos condomínios. "Daqui pra cima é Dunas, daqui pra baixo, favela", demarca o pintor Haroldo dos Santos, 32, morador do Vicente Pinzón (ou Praia do Futuro II nos mapas da Prefeitura), que fica justamente do outro lado da Avenida Trajano Medeiros, uma das divisas do bairro.  "Já botaram até os coqueiros", aponta o motorista Henrique Viana, 36, para a cortina de árvores rente ao muro, do qual é vizinho. "O problema maior pra eles lá é ficar com essa vista", conclui, referindo-se ao próprio Vicente Pinzón, onde também mora. A vantagem dali é que as casas, muitas sem reboco, antecedem as primas ricas e ainda podem colher vento. "As coisas que vêm de Deus ninguém empata", afirma segura dona Maria, mãe de Henrique.  Mas o dito talvez não calhe para os tais edifícios lá de baixo, mesmo que a vista da igreja de Nossa Senhora de Lourdes caia sobre eles. "As dunas amenizam o clima da cidade. Elas estão associadas às áreas onde há ventos. Quando se começa a construir sobre as dunas, mesmo sem edifício, começa a se originar o que se chama de rugosidade. As áreas adiante, onde o vento ia amenizar o clima, começam a sofrer com níveis de calor. Você privatiza o vento", alerta o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Jeovah Meireles As circunvizinhanças, por sinal, já foram um dos grandes problemas do bairro. Nos anos 1990, quando a ocupação ainda era incipiente, a região sofria com os constantes assaltos. O problema foi solucionado com uma organização autônoma dos moradores, que providenciaram segurança privada e sofisticados aparatos de vigilância eletrônica, sem falar nas quase onipresentes cercas elétricas.  "Na saída das missas, os vagabundos abordavam os carros nas avenidas", lembra Mozart. O clima de tranquilidade é mantido por um segurança particular que se posta na entrada da igreja nas celebrações diárias das 18 horas. O guarda tem um sugestivo apelido: Messejana. Outro faz ronda em uma calçada próxima à igreja católica, empunhando um pastor alemão. O templo, construído principalmente com doações de empresários do bairro, ainda possui câmeras eletrônicas para no caso do resguardo divino falhar. Mesmo assim, outra paroquiana mais precavida faz questão de mandar um recado: "Você diga pros ladrões deixarem de andar por aqui". 



Fonte: Jornal O Povo 
   
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