Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Viva Fortaleza 1950-2010



Dia 06 de dezembro, às 19:30h, no Memorial da Cultura Cearense do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema) foi lançado o livro Viva Fortaleza 1950-2010. Na ocasião foi aberta a exposição homônima, com projeções e reproduções de fotografias do livro, ambientes e objetos (parte deles enviados pela população) que recriaram o cotidiano em Fortaleza.

Mais sobre o livro…..

Fortaleza é uma cidade viva, que passa por transformações diárias, a céu aberto. São novas ruas, novos prédios, novas formas e paisagens. Acompanhando de perto cada mudança, a população também se mostra renovada, com outros costumes, gostos, valores e novas maneiras de ver e viver a cidade.

Em 2006 a Terra da Luz Editorial iniciou o projeto Memórias da Cidade, lançando o livro Ah, Fortaleza!, no qual apresentou a capital cearense de 1880 a 1950. Agora, em 2011, trouxe um novo registro de memórias. No dia 06 de dezembro lançou Viva Fortaleza 1950-2010, revelando em imagens e textos a passagem dos anos de uma cidade que cresce a passos largos. 


Restaurante Lido da Praia de Iracema - Foto da exposição

Beira-Mar Foto da exposição

Beira-Mar 1981 por Gentil Barreira - Foto da exposição

Igreja São Pedro - Foto da exposição

Viva Fortaleza 1950-2010

A nova obra tem fotografias atuais e textos de autores que conhecem bem o cotidiano de Fortaleza. Palavras e imagens dialogam entre si num encontro de linguagens, revelando as referências pessoais e as interpretações de seus autores sobre a cidade. Os textos são assinados por escritores, jornalistas e outros pensadores e remetem a aspectos históricos, culturais, sociais, arquitetônicos e afetivos.


A escritora Angela Gutiérrez assina crônica com o título Fortaleza de pedra, Fortaleza de papel, acompanhada por interpretação do fotógrafo Maurício Albano; algumas memórias também são reveladas pelo jornalista e escritor Lira Neto, que narra As duas vezes em que me despedi de Fortaleza, com versão fotográfica de Lia de Paula; a socióloga Kadma Marques mostra em palavras sua visão de Fortaleza no texto Da janela da minha rua, com imagens do fotógrafo Jarbas Oliveira; o jornalista e escritor Demitri Túlio fala sobre A cidade desimportante, impressa em fotografias por Alex Costa; o arquiteto e compositor Fausto Nilo apresenta O sonho feliz de cidade e a realidade metropolitana, materializados pelas fotografias de Drawlio Joca; a escritora Natércia Pontes e o fotógrafo Gentil Barreira dão suas visões de como Fortaleza anoitece.


Fotos feitas em frente ao belo Palácio do PlácidoFoto da exposição

O Iracema Plaza Hotel Foto da exposição

E mais, o teatrólogo e dramaturgo Oswald Barroso discorre sobre Fortaleza viva, presente também nos registros do fotógrafo Thiago Gaspar; parte dessa Fortaleza é destacada pela jornalista Cláudia Albuquerque, que assina Mucuripe: inconstante como as ondas, com fotografias de Igor Câmara; A Fortaleza de Alencar é apresentada pelo publicitário e jornalista Paulo Linhares e pelo fotógrafo Fábio Lima; o historiador Régis Lopes resgata O Bode Ioiô e outras memórias, com imagens do fotógrafo João Luís; a jornalista Izabel Gurgel e o fotógrafo Silas de Paula mostram Em que cidade você mora?; o arquiteto Romeu Duarte escreve sobre Arquitetura e Urbanismo em Fortaleza (1950 – 2010): Do pioneirismo ao patrimônio cultural, artigo ilustrado pelo fotógrafo Léo Kaswiner; e Sociedade e meio ambiente em Fortaleza estão no texto da geógrafa e professora Clélia Lustosa, com fotografias de Alex Uchôa. Dois portugueses, o vice-cônsul de Portugal em Fortaleza Francisco Neto Brandão e o fotógrafo João Palmeiro, encerram a obra com o olhar estrangeiro sobre a cidade, no capítulo intitulado Fortaleza, que cidade é essa?.

Estátua Iracema no MucuripeFoto da exposição

Foto da exposição

Fotografias e objetos antigos

Em um resgate da cidade entre as décadas de 1950 e 90, a editora recebeu fotografias e cartões-postais de fortalezenses, que abriram os acervos pessoais a fim de contribuir com a documentação iconográfica de Fortaleza. Esse registro é enriquecido com imagens de objetos que marcaram época, entre os quais, álbuns de família, eletrodomésticos, peças decorativas e artigos de vestuário.

“O projeto Viva Fortaleza faz referência a um recorte histórico sobre a memória da capital cearense e de seus habitantes. O livro e a exposição pretendem contribuir com uma reflexão sobre quais rumos seguir e como redesenhar esse pulsante diálogo com a cidade”, explica Patricia Veloso, editora e coordenadora da publicação. Os textos e as imagens expõem a travessia vivenciada por Fortaleza da década de 1950 aos dias atuais, como uma reflexão sobre suas transformações.


Acessibilidade
No Memorial da Cultura Cearense, a exposição tem conteúdos adaptados para deficientes visuais e auditivos, além da acessibilidade física do espaço. O Projeto Acesso disponibiliza recursos materiais e multimídia para tornar esse conhecimento aberto a todos os públicos. O núcleo de ação educativa do MCC realiza atividades pedagógicas e visitas guiadas especiais para diversos grupos.

Objetos da exposição


Objetos da exposição

O projeto Viva Fortaleza 1950-2010 é uma realização do Ministério da Cultura por meio da Terra da Luz Editorial, com patrocínio da Oi, Companhia Energética do Ceará (Coelce) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB); e apoio cultural do Instituto Oi Futuro, Expresso Guanabara, Newland Veículos, SP Combustíveis e Sobral & Palácio Petróleo.



Com minha querida amiga Joanna Dell'Eva em frente ao painel com as fotos do Restaurante Lido de seus pais.

A mostra ficará aberta até 29 de abril de 2012.
Uma excelente oportunidade para se conhecer melhor nossa linda cidade, eu recomendo!!!


Foi simplesmente maravilhoso!




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Fonte: Jornal O Povo

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Nos bons tempos do Estoril...



Foto do Livro “Ah Fortaleza!”


A Praia de Iracema viveu diversas fases em sua tumultuada existência, cheia de altos e baixos. Foi Praia do Peixe – pequenina vila de pescadores. Abrigou o primeiro porto de fortaleza e com sua ausência, viveu a sua primeira crise. Serviu, em seguida, de balneário às abastadas famílias que residiam no centro e aqui construíram suas casas de veraneio e sobradões, inexplicavelmente, de costas para o mar. Em sua terceira fase, foi recanto de poetas, intelectuais, militantes políticos e artistas em geral, na segunda metade da década de 1970, quando viveu a segunda grande crise, abandonada por todos. 


Estoril em 1943 - sendo usado como Clube de Veraneio por soldados

Nasci aqui, em 1953. Voltei à praia de Iracema, em 1979. Rua dos tabajaras, 480, era meu cantinho. O aluguel era tão barato que eu pagava seis meses adiantados. Mas era próximo demais do Estoril. Portanto, inevitavelmente, eu abraçaria a boemia. Minha primogênita, Clarissa, nasceu ali, em 1981. Nessa época, o símbolo da praia de Iracema já era o Estoril. Sobrado da família Porto, depois, cassino dos oficiais norte-americanos e restaurante de luxo. Terminaria nas mãos de um de seus garçons – o Zé Pequeno. Em suas noites quentes, sob estrelas, havia de tudo. Foi o local de encontro não clandestino, escolhido pelos que lutavam contra o regime militar e simpatizantes da causa. Tudo de importante que acontecia na cidade terminava em noitadas no Estoril. Fosse um show de Gonzaguinha, uma exposição no MAUC, uma sessão no cinema de arte ou um comício pelas diretas já!

Em meio àquele frenesi, o Estoril tornou-se o point das esquerdas festivas ou não. Lá se trocava todo tipo de informação. Desde o andamento de uma greve, ações do movimento estudantil ou discussões de luta de classes dos partidos de esquerda. O lugar tornou-se um posto avançado, amplo, geral e irrestrito da reação ao regime militar, que já exibia, a contragosto, seu declínio.

A Vila Morena após a Segunda Guerra a abrigar o Estoril bar e restaurante que abrigava a intelectualidade fortalezense. Foto de 1948 - Arquivo Nirez 

Havia bares menores. Como o Bar do Getúlio, defronte à igrejinha de São Pedro; a gruta da praia, entre outros. Por vezes, varávamos madrugadas entre copos de cerveja, caninhas e discursos contra a ditadura, o prefeito biônico ou simplesmente contra o governo. Tudo era permitido, exceto ser reacionário. Gente desse tipo ficava comportada e quietinha, pois, pelo menos, no Estoril, esse tipo era minoria. Os banheiros eram alagados e fétidos. Os tira-gostos terríveis: filé a “óleo de freio” e “ovos completos” eram os mais aceitáveis e solicitados. Mas, o lugar era bucólico e animado. Simplesmente encantador...

Desse tempo vale lembrar amizades maravilhosas. Figuras sem par, de nossa laboriosa boemia iracemista. Alguns, já nos deixaram fisicamente, apesar de estarem bem vivos em nossos corações e mentes, tais como, Aleardo Freitas e Murici; o publicitário Carlos Paiva; José Carlos Matos, diretor e produtor de teatro; Eusélio Oliveira, da casa amarela; o jornalista Rogaciano Leite Filho; Augusto Neiva, engenheiro e sindicalista; Luiz Capelo, médico e professor da UFC; Luis Sérgio, auditor e compositor; o garçom maior de nossas vidas: o simpático e querido Sitonho; o Zé Pequeno e o Nenê, os proprietários; Célio Cavalcanti, bancário e músico; o genial Augusto Pontes; o querido Cláudio Pereira, apelidado de “cadeira voadora”, por sua onipresença onde houvesse festas culturais; Isa Mamede, o músico Stélinho Vale; a cantora Ana Fonteles; o arquiteto medina, o publicitário Luciano Miranda, entre muitos outros.

Ficamos nós, os ainda vivos: Cristiano Câmara, Valdir Sombra, o Alemão, garçom dos bons; “Baleia”, o garçom suave com uns e bruto com outros; Airton Monte, prá mim, mais poeta que cronista; Agostinho Gósson, Ataliba e Sérgio Pinheiro, o combativo professor e artista, Hélio Rôla; Luciano e Virgílio Maia, Francis Vale, João de Paula, João Alfredo, José Nobre Guimarães, Edson da farmácia; Paulo Abreu, Eleuba Magalhães; Norma, Regina, Valéria Brandão; Maria Luiza Fontenele, Rosa e Cristina Fonsêca, Alano Freitas, Wilson Brandão, geólogo e músico; Chico Barreto, mestre Guim, Cau, Raimundo Fagner, Rodger Rogério, Téti, Fausto Nilo, Belchior, Ednardo, os pavãzinhos, Roberto do Iguatu, Antonio José Soares Brandão e Fátima; Nonato Luis e Afonsina, Bizão, o arquiteto da primeira intervenção na orla; Pepe Capelo, Silas de Paula, Lígia Girão, as “bacanas”, Joaquim Cartaxo, Delberg Ponce de Leon; o físico, Flavio Torres Araujo; o homeopata, Luiz Teixeira; Eneas Coelho, Lúcia Coelho, Carlos Augusto Viana, Antonio Carlos Coelho, Antonio Carlos Campelo Costa e Algia, Mário Mamede e Clarinha; Rui Mamede, Chico Eulálio e Sandra Claudino; Vanda Claudino Sales; João Saraiva; João Bosco e Eimar Arruda, Maninha e Lula Morais, Serginho Amizade, Claire, Marcos e Júlio César Penaforte, Regina Lúcia Goes, Mariano Freitas, Luis Carlos Antero, Luis Carlos Paes, Zu, Fernado, Verônica e Gláucia Costa, Paulo Linhares, Evandro Abreu, Cartaxo Arruda, Geraldo Acyoli, Geraldo e Célio Menezes, Chico Veloso e Rosário, Célio, Afonsina e Gerardo Filho, Manoel Veras, Pedro Moleza, Chico Pio, Augusto bonequeiro, Zezé fonteles, Adauto Oliveira, Eugênio Leandro, Rosé Sabadia e Dilson Pinheiro, apenas para citar alguns. Com tanta gente boa, qualquer lugar seria mesmo maravilhoso!

A vida era em p&b. Os tempos ainda eram de chumbo. A praia de Iracema abandonada. Mesmo assim, bucólica e acolhedora. Fomos felizes, muito felizes, nos bons tempos do Estoril! Queremos esse tempo de volta? Não. Queremos apenas nossa praia de volta. Com tudo que está sendo requalificado aqui, poderemos ser muito mais felizes. Mudamos para melhor! Bem vindas e bem vindos à volta do Estoril!

                          Pedro Carlos Alvares (produtor cultural, morador,
          presidente do Iracema, meu amor e do bloco de carnaval do Falcão)

Reunião do Movimento Cultural Massa Feira no Estoril em 1978. Vemos artistas que participaram de festivais da década de 70, como o nosso querido Raimundo Fagner.

A volta do Estoril

O projeto que temos em mente visa promover o encontro de todos os grupos físicos e virtuais que militam pela revitalização e preservação da Praia de Iracema. Na rede social Facebook esses grupos já somam mais de cem mil pessoas. Só para citar um exemplo, o grupo Iracema, meu amor, criado há seis meses conta com 62 mil filiados. O grupo Praia de Iracema, reconstrução já!, um pouco mais antigo, conta com 30 mil pessoas. Temos ainda o criativo iracema, o lindo, bonito e joiado - Bloco do Falcão, entre outros de menor porte, mas não menos atuantes. No plano físico, temos as representações de associações das comunidades como o Coletivo Iracema, do Poço da Draga, entre outras.
Nosso objetivo é unir todas essas forças no Estoril, lugar mais que simbólico de nossa pequenina orla, para traçarmos um pacto de um plano comum para o exercício de 2012. Esse é o objetivo principal.

Programação:

1-data: 25 de janeiro de 2012.

19h00min – instalação do pacto, com representantes de todos os grupos em atividade na praia de Iracema, estabelecendo os objetivos e um calendário de trabalho para 2012. Abertura da feira de arte e cultura, com trabalhos de artistas plásticos, vídeos, livros e artesanatos, produzidos por moradores e amigos da praia de Iracema.

20h00min - apresentação da praia de Iracema em diversas fases, através de fotos e vídeos, projetados em telão com comentários de Miguel Ângelo de Azevedo – o Nirez.

21h00min – shows com artistas cearenses ligados à causa da praia de Iracema.

2 - data: 26 de janeiro de 2012.

19h00min - Contação de histórias sobre a praia de Iracema, através de poetas, escritores, moradores e frequentadores do Estoril, de todas às épocas. Funcionamento da feira de arte e cultura
21h00min - shows.
          
3 - data: 27 de janeiro de 2012.

19h00min – depoimentos de arquitetos, geógrafos, sociólogos e memorialistas sobre a praia de Iracema, com foco no Estoril. Feira de arte e cultura
21h00min - shows.             
           
Encerramento.

Produção:
Pcabrasil – projetos de comunicação e cultura.
Pedro carlos alvares
8748-1505 – 9907-7157
Rua dos tabajaras, 138 – 404 t.
Praia de Iracema
         

Não deixe de participar, juntos somos mais fortes!
A Praia de Iracema agradece!


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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Cirandinha - Praia de Iracema II - Bebelu Sanduíches

Devido ao projeto de requalificação da  Praia de Iracemaque entre outras mudanças previa a construção de um calçadão e a retirada de todas as edificações presentes ali, o prefeito Juracy Magalhães, marcou uma reunião para discutir o que haveria de ser feito com o Cirandinha... 

Cirandinha - Arquivo Nirez

O discurso do prefeito foi claro: "Sai tudo, menos o Cirandinha, que deverá ser demolido por vocês para que façam um projeto mais adequado a quem vai ficar sozinho sobre o belo calçadão." 
Apesar de um discurso muito bonito, a história não foi bem assim... E se não fosse a luta e a garra dos proprietários do Cirandinha, o restaurante teria saído como os demais.


Depois que o Cirandinha foi demolido, em seu lugar foi construído uma barraca de praia que nada lembrava o velho e querido Cirandinha. Os clientes ficaram indignados e para evitar fracasso maior, ele foi vendido para os donos do Bebelu, que à época ainda se chamava Babalu Lanches.


Bebelu Sanduíches

Tudo começou em 1986 com um carrinho de lanches montado em Fortaleza em frente da casa de Dernier Pessoa Rios*, um apaixonado pela cozinha do Nordeste que gostava de inventar receitas de sanduíches práticos e caseiros misturando ingredientes exóticos. O sucesso foi grande e o negócio começou a crescer com um trailer no bairro do Monte Castelo. Assim nasceu a Bebelu Sanduíches, a primeira rede de franquias de fast food do Nordeste, que hoje já tem 40 lojas em 10 estados do País.


2007


“A receita da nossa expansão foi conseguir fabricar em escala industrial um cardápio diversificado de sanduíches com o mesmo sabor artesanal que conquistou Fortaleza”, assinala Roni Ximenes, franqueador master que hoje está à frente da Bebelu Sanduíches. “Nossa aposta é que quem procura um fast food também quer encontrar sanduíches feitos com cuidado caseiro e artesanal. Oferecemos uma linha bastante diversificada com ingredientes que fogem das combinações dos fast food tradicionais e agradam pelo típico tempero da culinária nordestina”, acrescenta.


Foto de Vanvisk


A Bebelu originariamente foi chamada de Babalu Lanches, mas mudou de nome porque os dois primeiros sócios, Dernier e Fabrízia Tavares Rios, tiveram dificuldades em registrar a marca. A pequena empresa começou a expansão pelo sistema de franchising com entregas em domicílio e com a primeira loja, aberta em 1991 na mesma rua onde estava instalado o trailer, que na época já atraía clientes de toda Fortaleza. No mesmo ano, entrou em operação a segunda loja e após a chegada de Fabrízia na sociedade, que ocorreu em 1993, a empresa continuou concentrando sua presença em Fortaleza com mais três lojas franqueadas.

Foto Alex Ribeiro


Foto de Marcelo M. Costa

Hoje, as 47 lojas da Bebelu Sanduíches estão distribuídas pelo Ceará, São Paulo, Rio Grande do Norte (na cidade de Mossoró), Brasília, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Destas 47, sete franquias estão em fase de implantação, sendo três no Ceará, duas no Maranhão; uma no Distrito Federal, em Sobradinho; e uma em Pernambuco, na cidade de Petrolina.


Foto de Ricardo Amaral


Ordem judicial determina retirada da Bebelu da Praia de Iracema

A permissão para o uso da área onde estava a lanchonete Bebelu havia sido dada em 1993 para o Cirandinha, que transferiu o direito para a lanchonete, em 1997. Na época, a Prefeitura autorizou a mudança, mas estabeleceu o prazo de 10 anos para a ocupação do local. Após esse período, em 2007, a empresa solicitou a renovação da permissão de uso da área, mas a Prefeitura negou o pedido por ter interesse em retirar todas as barracas do calçadão e do aterro com o objetivo de dar andamento ao projeto de requalificação da orla.

Foto arquivo Eventos Nordeste

No local, será construído um calçadão. O secretário da Regional II explica que o Município decidiu pelo cancelamento da permissão de funcionamento do restaurante porque ele “destoa da função" daquela área da Praia de Iracema. “A administração acha que aquele espaço não deveria ser de lanchonete, deve ser para as pessoas caminharem".

Foto arquivo Diário do Nordeste

O último estabelecimento que impedia a conclusão da requalificação e ordenamento da Praia de Iracema foi derrubado. A lanchonete da rede cearense Bebelu Sanduíches, que funcionava há mais de 12 anos na Avenida Historiador Raimundo Girão, teve que deixar o aterro por força judicial.

Com a desocupação da área, a Prefeitura Municipal de Fortaleza deve concluir a reforma do calçadão e retomar o projeto original, que previa a construção de uma ciclovia.


O empresário Dernier Pessoa Rios, sócio-proprietário do Bebelu Sanduíches, morreu ano passado, em Aquiraz, após queda de ultraleve.


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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Cirandinha - Praia de Iracema


D. Zezé no seu inesquecível Cirandinha - Foto arquivo Nirez

... Frequentava o restaurante Cirandinha da Praia de Iracema com suas mesas cobertas de toalhas quadriculadas. 
Ricardo Gondim



Na extremidade oeste das casinhas e boates que existiam ali, havia a Churrascaria Cirandinha, onde comi muito baião-de-dois com chuleta assada à moda cearense.

Roberto Cristino


 


... E o Cirandinha, que vendia um churrasco fantástico.
Campelo Costa




Frequentei o Cirandinha durante bom tempo, os últimos anos de 50 e boa parte de 60. Logo que conheci o Cirandia me apaixonei por ele, e dividi esta paixão com o Lido, sendo
que ao Cirandinha eu devotava as horas de boa boemia. 

Ah! quanta saudade, como eram bons aqueles tempos...

                                                              Clóvis Acário Maciel

 

A Churrascaria Cirandinha ou simplesmente Cirandinha, como era conhecido – O primeiro Grill de Fortaleza – Sobreviveu por 35 anos, no mesmo local, na Praia de Iracema, de costas para o mar que batia impiedoso em sua contenção. Fundado por Maria José Lima, uma mulher de força e visão, da família Mourão, de Ararendá e pelo garçon do antigo Restaurante Lido, que normalmente a servia, por nome João Asa Branca, um mulato valente, de quase dois metros de altura.

O Cirandinha foi feito à mão. Os dois se uniram em romance e na construção de paredes, tijolo a tijolo, pedra a pedra daquela construção que viria a ser um espaço disputado por todas as classes sociais de Fortaleza.

Poucos sabem, mas o sucesso do Cirandinha em Fortaleza e a ousadia do levaram à construção do segundo Cirandinha e um hotel na Transamazônica, de onde o General de Plantão, inaugurou a invasiva Via Selva à dentro.

D. Zezé, uma batalhadora! Foto do arquivo pessoal de Hugo Lima

D. Zezé era uma mulher muito bonita. De dona de casa separada, partiu pro Rio de Janeiro, fugindo de um casamento que não dera certo, sem passar por Fortaleza e sem identidade. Quando aqui retornou, já era uma mulher experiente e ousada. Sabia o que queria e impunha seus sonhos com maviosa categoria. Era simpática e valente. Um homem e uma mulher em uma só pessoa. Rapidamente tornou-se uma mulher de negócios como poucas que conheci. Sabia comprar como ninguém. Sabia fazer amigos, entre fornecedores e clientes todos a adoravam. Era muito exigente com a qualidade dos pratos que o Cirandinha oferecia.

O João Asa Branca foi seu parceiro nos negócios durante muitos anos. Rapidamente o Cirandinha prosperou. Comprou uma mansão nas Dunas. Todo ano era carro novo para cada um da família. Mandou a filha para Londres... Ela era assim. Trabalhar era sua alegria, mas gostava de fartura e das coisas boas que o mundo oferece a quem pode. Sua vida, como era de se esperar de quem cuida de todos, sempre foi atribulada. O Cirandinha era sua alegria. Trabalhava se divertindo, ao mesmo tempo em que dizia a todos: “Isto é um negócio pra não se desejar ao pior inimigo!” .

Com o tempo Asa Branca e ela se separaram aos poucos, como é mais razoável entre seres que se amaram. Ele ainda tentou emplacar, com ajuda dela, alguns negócios na vizinhança do Cirandinha. Nada vingou. Terminou indo para Altamira, no Pará onde se estabeleceu e anos depois tentou dar cabo à própria vida dando um tiro na cabeça. Sobreviveu, mas a bala ficou rodando em seu cérebro provocando crises sistemáticas de dor de cabeça. Depois de anos foi ao Maranhão e resolveu se operar para a retirada do projétil. Não resistiu à operação vindo a falecer.

Nos 35 anos de sua existência, o Cirandinha foi comandado por mais três casais: sua filha Ivonnilde e o marido; seu filho Hugo e a esposa Branca e sua filha Olga, a caçula e eu¹. A última reinauguração do Cirandinha foi em 31 de dezembro de 1990. Um réveillon com lua cheia e marés altas que invadiram os salões por volta da meia-noite, enquanto uma banda composta somente por mulheres, indagava se deveriam parar ou prosseguir com o show. Claro que sim, gritamos nós. Continuem! Aquela aflição já era, para nós, um fato normal. Fazia parte das contradições do Cirandinha.



Corredor Cultural - Na foto, Pedro Carlos Alvares e sua ex-mulher e ex-sócia no Cirandinha, Maria Olga Almeida Lima. Esse foi o dia da última inauguração. Os quadros que ilustram o corredor são do artista Nogueira², da UFC. Essa inovação foi projetada por Pedro Carlos Alvares para que os clientes tivesse um pouco mais do que comida e bebida. 
Foto do arquivo Nirez


Um ano depois da inauguração, começaram as reuniões com o prefeito Juracy Magalhães, assessores e alguns empresários de alto poder no mundo dos negócios em Fortaleza, no extinto Hotel Colonial, para discussão do projeto de requalificação, da área, na Praia de Iracema. Estava previsto, entre outras, a construção de um calçadão e a retirada de todas as edificações presentes ali. Estranhamente fomos convidados.

Lá chegando, compreendemos a ameaça velada em que o Cirandinha iria se envolver. O discurso do prefeito foi claro. Sai tudo, menos o Cirandinha, que deverá ser demolido por vocês para que façam um projeto mais adequado a quem vai ficar sozinho sobre o belo calçadão. Quem viveu os nove meses seguintes, sabem que não foi bem assim... Quase nos desapropriaram sumariamente. Não fosse nossa luta constante e pesada teríamos saído como os demais, pois sempre fora essa a intenção de todos.

Demolimos o Cirandinha e em seu lugar fomos obrigados a construir por R$ 50 mil reais, uma barraca de praia que nada lembrava o velho e querido Cirandinha. Os clientes ficaram indignados como nós e para evitar fracasso maior, vendemos a mesma para os donos do Bebelu, que à época ainda se chamava Babalu.

A vida novamente se espalhou. Fui trabalhar em projetos especiais da TV Cidade
D. Zezé e Olga foram morar em um apartamento pros lados do Monte Castelo e a vida seguiu em frente. Anos depois, em 1998, fui morar no Rio de Janeiro e perdi contato com as duas. Soube em 2003, que estavam morando em uma fazenda. Foi lá onde D. Zezé, morreu, um dia depois de saber que nessa intervenção atual, tinham derrubado a Barraca Cirandinha.

Antes do infarto que a levou, teria dito à sua filha Olga: “O Cirandinha se foi, não tenho mais porquê continuar aqui.” Pediu, que quando morresse, procedesse sua cremação e que suas cinzas fossem espalhadas na Praia que por tantos anos abrigou a sí, seus amores, seus filhos e o inesquecível Cirandinha!


Pedro Carlos Alvares

D. Zezé - Foto do arquivo pessoal de Hugo Lima



O Cirandinha foi palco de muitos acontecimentos marcantes, sejam eles felizes ou tristes...

Airton Monte Carta ao Poeta – 27 de Outubro 2011

Pois é, meu caro e saudoso amigo Rogaciano Leite Filho, como sempre, quando as saudades suas me batem mais forte, mais fundas e mais fecundas, escrevo para você, sob color de crônicas, cartas que nunca mando, mas que talvez você até as receba, seja lá onde você estiver, através dos mensageiros misteriosos que a nossa vã filosofia nem sequer é capaz de supor, imaginar. Desde que você, meu poeta, nos deixou em busca dos etéreos campos do além, que ninguém sabe onde ficam ou se verdadeiramente existem, naquele fatídico dia cinco de março de 1992, tragado por uma terrível doença. Era uma quinta-feira, eu não consigo esquecer esta data nem jamais ela fugiria de minha memória mesmo que eu tentasse dela escapar desesperadamente. E eu assim prefiro permanecer indefinidamente preso à sua lembrança porque você fez e faz parte essencial do meu existir.

Estava eu posto em sossego, aboletado numa das mesas do Cirandinha, costumeiro ponto de encontro de nossa turma de jovens boêmios, por volta de umas nove horas da noite de uma quarta-feira repleta de promessas noturnas a nos esperar pelas esquinas líricas do território poético da Praia de Iracema. Eu entornava solitariamente umas cervejas, esperando a ansiada chegada de uma doce amiga. Súbito, o companheiro Pedro Álvarez adentra o recinto feito um vendaval, senta-se a meu lado e com os olhos vermelhos, marejados me conta de sopetão, com a voz embargada pela intensa emoção que o consumia, que você havia morrido há pouco, mal soara as oito da noite. Na hora não chorei, de minha boca repentinamente emudecida não saiu uma palavra, um tímido gemido, um murmúrio. Naquele momento eu era apenas um homem feito de silêncio e dor, nada mais.

Deixei-me fitando longamente o azul escuro do mar do alto daquele terraço de um restaurante que hoje não mais existe e lembrei de um verso triste de Antonio Girão Barroso: “Todos nós envelhecemos e um dia morreremos. Mas a vida é isso, mas felizes somos no minuto que passa, e não nos lembramos da velhice nem da morte, que é fatal”.


Leia o restante da crônica aqui


¹ Nós três (eu, Olga e D. Zezé) éramos sócios com 33% cada. Quando saí, dividi minhas ações para as duas, sem nenhum ônus.

Pedro Carlos Alvares

² O artista plástico Nogueira, era um funcionário do curso de arquitetura da UFC, muito querido pelos estudantes de arquitetura. Acho que já partiu. Um primitivista de elevada qualidade. 

Pedro Carlos Alvares


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Você tbm poderá fazer parte dessa homenagem ao Cirandinha, basta mandar sua história para fortalezanobre@r7.com


Continua...


Créditos: Pedro Carlos Alvares e Nirez


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Os Bancos e as ruas na Fortaleza de outrora



Banco do Brasil, na  Praça Valdemar Falcão - Nirez

Quando cheguei a Fortaleza, aos nove anos, em 1945, na minha resolução de conhecer tudo, numa curiosidade desenfreada, certo dia decidi "atacar" os bancos da cidade. Fiz o balanço e verifiquei que Fortaleza possuía 10 estabelecimentos bancários, todos localizados no Centro. Àquela época, nem imaginaria a ideia de bancos situados em bairros, como agora, onde a comodidade exige a cada dia novas agências, a fim de atender melhor à população.

Palacete Ceará (Caixa Econômica Federal) na esquina da rua General Bizerril e Guilherme Rocha

Há mais de seis décadas, nossa Capital contava com os seguintes bancos: Banco do Brasil, na Praça Valdemar Falcão, paralelo ao prédio do Correio e Telégrafo; Caixa Econômica Federal do Ceará, naquele prédio antigo que novamente voltou a ocupar, na esquina das ruas General Bizerril e Guilherme Rocha.

Prédio do qual funcionou o "London Bank". Na época da foto, já ocupado pela Losango Promotora de vendas Ltda - Nirez

O London Bank, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e São Paulo; Banco de Crédito Comercial, na esquina das ruas Floriano Peixoto e São Paulo; Banco Frota & Gentil, instalado num dos mais belos prédios de Fortaleza, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Senador Alencar; Banco São José, pertencente à Arquidiocese, na Rua Guilherme Rocha, esquinando com as ruas General Bizerril e do Rosário.

Banco Frota e Gentil - Postal de 1925


Banco Frota e Gentil numa propaganda de 1929

Banco dos Proprietários, na Rua Barão do Rio Branco, entre as ruas Guilherme Rocha e São Paulo; Banco dos Importadores, no térreo do Palácio Guarani, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Senador Alencar; Banco União, no térreo do Palácio do Comércio, esquina da Rua Floriano Peixoto com a Praça Capistrano de Abreu; Banco do Comércio, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Castro e Silva.


O Banco dos Importadores no Palacete Guarani - Foto de 1908 - Arquivo Nirez

Bco dos Importadores - 1929

Observa-se que dessa dezena, eram agências únicas na cidade. O Banco de Crédito Comercial possuía pequena rede, com agências nas cidades mais importantes do Interior do Estado. Outra curiosidade: exceção ao Banco dos Proprietários, todos os outros ocupavam esquinas.


Banco União, no térreo do Palácio do Comércio - Foto da época da Inauguração do prédio - Nirez


Ruas de Jacarecanga

A partir da Praça do Liceu, a atual Avenida Cel. Philomeno Gomes era Boulevard de Jacarecanga, a Rua Otto de Alencar era Rua Natal, a Rua Agapito dos Santos era Rua da Concórdia, a Rua Padre Mororó era Rua São Cosme, a Rua Tereza Christina era Rua do Paiol, a Rua Princesa Izabel era Rua Santa Izabel, a Avenida do Imperador era Rua 15 de Novembro.

Travessas: Rua Castro e Silva era Travessa das Flores, a Rua Senador Alencar era Travessa das Hortas, a Rua São Paulo era Travessa das Belas, a Rua Guilherme Rocha era Travessa da Municipalidade, a Rua Liberato Barroso era Travessa das Trincheiras.


Marciano Lopes



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Fonte: Reportagem do Diário do Nordeste Publicada em 4 de fevereiro de 2007

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