Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Fortaleza em suas Ruas, Avenidas, Travessas... Parte III

No dia 1º de janeiro de 1923 foi registrada a firma Aprígio Coelho de Araújo, com o estabelecimento "A Cearense", na esquina da Rua Floriano Peixoto nº 219/223, com Rua Pedro Borges, olhando para a Praça do Ferreira. Em 1930 foi reinaugurada após reforma e em 1939 mudou-se para a Rua Barão do Rio Branco nºs 1068/1074 que é a fachada que vemos na foto da Aba Film. Arquivo Nirez

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Av. da Universidade
Na época da foto, ainda era residência dos Gentis. Dá prá ver as portas antigas na parte traseira inferior. Hoje é a atual reitoria da UFC- Arquivo Nirez

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Foto aérea do Centro de Fortaleza 
Na foto, a antiga catedral de Fortaleza - Foto restaurada por Sidney Souto

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Antiga rua Formosa. Este que vemos na foto é o chamado "quarteirão sucesso da cidade", que fica entre a Liberato Barroso (Trincheiras) e a Guilherme Rocha. Esse prédio que vemos à direita, que tem na fachada uma cumeeira triangular, abrigava a Firma Machado Coelho & Cia., que tinha fundos correspondentes na Praça do Ferreira, prédio depois adquirido por Severiano Ribeiro e onde funcionou, pela Barão do Rio Branco, o Majestic. A "edificação" que fecha a rua no final não é nada mais nada menos que o mar. Arquivo Nirez

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Antônio Bezerra, antigo Barro Vermelho à margem da BR-222 -Foto da década de 50 Arquivo Nirez

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Av. Aguanambi nos anos 70 - Acervo de Júnior Madeira

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Este poste fica próximo a Padaria Imperial dos Dias Branco, na Av. Visconde do Rio Branco, 806, Mas na frente teremos o estreito beco ao lado da padaria, que tornou-se conhecido por Beco da Imperial. Esta avenida têm seu fícus de benjamin concentrados na margem direita da mão única. Nesta época ela tinha mão dupla, não existia a Av. Aguanambi, hoje ainda é residência. Entre as Ruas Abaiara e Joaquim Torres. Logo após o "Beco da Imperial", ficava o Clube Suerdick. Arquivo Nirez

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Os bondes trafegavam soberano na cidade. Aqui na rua Visconde de Cauípe.

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Café Vera Cruz, na Rua Paulino Nogueira na Gentilândia. Este que está encostado na Kombi é o Henrique Guimarães. Depois o Café se mudou para o Montese e passou a se chamar Café GuimarãesDetalhe para o portão lá atrás escrito em cima "Estádio Presidente Vargas". Arquivo Nirez

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Esse é o caminho do trem que ficava próximo ao Sefaz, na altura do viaduto da Av. Leste OesteEsses postes existiam perto da junção entre a Av. Pessoa Anta e Leste-Oeste. Arquivo Nirez

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No dia 1º de abril de 1921, surgiu em Fortaleza, a Casa Almeida, na Rua Major Facundo nº 212 (antigo), na Praça do Ferreira, da Firma Almeida & Companhia, formada por José Joaquim de Almeida Filho e Paulo Urbano de Almeida. O Sr. Joaquim de Almeida Filho faleceu em 1940 no dia 8 de junho. A Família Almeida sempre esteve à frente da firma. Anos depois ainda era possível encontrar João Almeida e seu filho André Almeida com as rédeas do negócio. A Casa Almeida Vendia Louças, vidros, ferragens e miudezas. Ficava vizinha ao Edifício Majestic pelo seu lado esquerdo e tinha à sua direita a Farmácia Galeno. Ficava mais ou menos onde hoje fica a Milano. Arquivo Nirez

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Rua Floriano Peixoto
Casa de José Valdevino de Carvalho na Rua Floriano Peixoto. Originalmente a casa pertenceu a seu pai, o coronel Juvenal de Carvalho. Ficava na Rua Floriano Peixoto, lado do sol (ímpar) a poucos metros da Av. Duque de Caxias.
A foto é da década de 1920 e ela foi derrubada para que o terreno se transformasse em uma garagem de carros. Arquivo Nirez

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Casa de Cultura Francesa da UFC -Na época da foto ainda era residência de Bráulio Bezerra Lima - Acervo de Cristina Borges

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Foto de 1922 e mostra a esquina da Rua Barão do Rio Branco com Rua São Paulo, na época em que no local ficava a "Casa de Móveis", da Firma Sabino Borges & Cia, que trazia à época o nº 150 pela Barão do Rio Branco (hoje é 862). A firma foi estabelecida no dia 1º de janeiro de 1922 com um capital de sessenta contos de réis. Na esquina vê-se um combustor de iluminação pública a gás hydrogeno-carbonado e no calçamento de pedras toscas apiloadas, vê-se os trilhos de bondes. Na porta do estabelecimento estão o despachante aduaneiro José de Freitas, pai do compositor e violonista Aleardo Freitas e avô do Alano Freitas, ao lado do comerciante Sabino Borges. Arquivo Nirez

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Rua Major Facundo com Castro e Silva
Casa de Representações e Comissões de Álvaro de Castro Correia, fundada em 1906. A foto é de 1924, ficava na esquina noroeste da Rua Major Facundo com Castro e Silva. Até pouco tempo esta fachada estava incólume, depois mexeram nas portas para alargar. Hoje, aí é uma casa vendedora de telas de alumínio, plásticos e etc. Acho que o prédio ainda é o mesmo. Arquivo Nirez

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Rua General Sampaio
Esta é a casa do Barão de Camocim (Geminiano Maia), na Rua General Sampaio. Já foi muito alterada. Atualmente o imóvel pertence à Prefeitura Municipal de Fortaleza. Arquivo Nirez


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Rua Senador Alencar com Major Facundo
Casa do Barão de Ibiapaba - Hoje é o banco Bradesco. Adiante é Major Facundo com Senador Alencar. A casa era de Joaquim da Cunha Freire, "Barão de Ibiapaba", comerciante nascido em Caucaia em 1827, falecido em 1907. Tiraram seu telhado e o deixaram à mercê do sol e da chuva e num dos invernos ele ruiu. Arquivo Nirez

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Rua General Sampaio
Casa do poeta Cruz Filho na Rua General Sampaio. José da Cruz Filho foi o Príncipe dos Poetas Cearenses. Sua casa ficava quase vizinha ao Theatro José de Alencar
Não existe mais a casa, o Cruz Filho já faleceu e o local hoje está em negociação, pois a Secretaria de Cultura pretende desapropriar algumas casas ali entre o Theatro José de Alencar e a Casa de Juvenal Galeno. Arquivo Nirez


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Av. João Pessoa
Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso, construída por José Maria Cardoso, na Avenida João Pessoa nº 5094, ficando conhecida como a Casa do Português, toda de concreto armado, três andares com subida de carro até o teto. Nela foram gastos 29 mil sacas de cimento, 540 toneladas de ferro, 180 mil tijolos e 40 mil latas de cal. Depois foi ocupada por várias repartições públicas, começando pela Ancar. Lá esteve também a Boate Portuguesa. Ela foi inaugurada em 13 de junho de 1953, mas na fachada tem um letreiro que traz a data de 1950. A foto é de 1954 - Arquivo nirez


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Esta casa esteve localizada ao lado esquerdo da Santa Casa. Foi derrubada pelos proprietários do terreno. Lá moravam os responsáveis pelo fornecimento de água de Fortaleza -Arquivo Nirez

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Casa que pertenceu ao representante comercial Raimundo Mattos Júnior, que também era conhecido por "Danilo". Está localizada à rua 24 de Maio nº 1212, sofreu algumas reformas, mas ainda está lá, bem como o sobradinho vizinho, e hoje pertence aos seus herdeiros. Raimundo Mattos era casado com Núbia Mendes Mattos. Eles eram sogros de Eusélio Oliveira e avós do hoje cineastra Wolney Matos Oliveira, diretor da "Casa Amarela" da UFC. Informações de Clóvis Acario Maciel - Foto do Arquivo Nirez

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A Casa Menescal vendia louças, vidros e era também livraria. Seu endereço era Praça do Ferreira nº6. Ficava na Rua Major Facundo -Arquivo Nirez

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Av. Dom Manuel
Esta casa ficava (não sei se ainda existe) na Avenida Dom Manuel nº 148, do chamado lado da sombra, logo no segundo quarteirão. Quem morava nela e tinha também seu escritório era o advogado Dr. João O. Siqueira. Depois ele se mudou e a casa passou para José Carvalho. Arquivo Nirez

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Casa na rua 24 de Maio, hoje demolida, no local encontra-se o restaurante do Sesc. Construída com material vindo da Europa. Pertenceu ao grande prof. Gomes de Matos
A casa começou a ser demolida no dia 02 de agosto de 1973.


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Rua Agapito do Santos
Esta casa fica na Rua Agapito dos Santos nº389, lado do sol. Por muitos anos abrigou a Família Carvalho, cujo chefe da casa era o famoso poeta e jornalista Jáder Moreira de Carvalho, que residiu ali até falecer. Ali morou com sua esposa, Margarida Saboia de Carvalho, também escritora (contista) e seus sete filhos, dentre eles o Cid Saboia de Carvalho. Arquivo Nirez

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Esta casa data de 1920 e a foto foi batida em 1979 pela Aba Film. Era uma casa de propriedade de Francisco de Paula Rodrigues. Depois nela funcionou a Serraria Fortaleza, aquela que antes era na Praça Clóvis Beviláqua no local onde hoje é o prédio garage, na Senador Pompeu
A casa ficava na Rua Senador Pompeu depois da Rua Joaquim Magalhães e em seu lugar hoje existe um grande espigão residencial. Fica próximo ao Farias Brito. Arquivo Nirez

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Casa Nice na Rua Guilherme Rocha entre Major Facundo e Barão do Rio Branco, em frente ao Excelsior Hotel. Arquivo Nirez

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Rua Liberato Barroso com Barão do Rio Branco 
Uma das esquinas do cruzamento das ruas Liberato Barroso (Trincheiras) com Barão do Rio Branco (Formosa), já em meados da década de 1950, quando ali ficava a loja Casa Silcar, da Firma Silveira Alencar, que vendia eletro domésticos. As ruas do centro eram pavimentadas com paralelepípedos, os semáforos eram bem modestos, a movimentação nas ruas era pequena, tanto de pedestres como de veículos. Arquivo Nirez

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Avenida Dom Manuel
Colégio Castelo Branco, na Avenida Dom Manuel, foi fundado com o nome de Instituto Miguel Borges, pelo professor Odorico Castelo Branco; em 1921, com a morte de Odorico, o nome do colégio passou a ser Castelo Branco em homenagem a ele. Mas o colégio era no centro da cidade e só no final da década de 1930 é que foi para a Av. Dom Manoel. O colégio foi fundado em 1º de junho de 1900. Arquivo Nirez


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Cine Benfica, em frente ao Dispensário dos Pobres do Sagrado Coração -Acervo de Ivan Gondim

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fortaleza em vídeos II



Luiz Vieira recebendo o prefeito de Fortaleza na sua casa do Sítio Siqueira em 1951



O Casarão dos Vieiras na rua Rufino de Alencar



Festa de Aniversário em 1950 no Casarão dos Vieiras na rua Rufino de Alencar esquina com rua Pedro Angelo



O clã de Luiz Vieira na praia do Ideal em 1950





Esses vídeos são do acervo pessoal do amigo Jaime Luiz Vieira


Veja a parte I AQUI


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MAGUARI ESPORTE CLUBE II



A história de uma época e de várias gerações da nossa cidade passou pela sede antiga do querido Sport Club Maguary. Lá, vidas foram vividas e muitas modificadas, através dos relacionamentos sociais e até mesmo de namoros que se transformaram em casamentos, criando as bases para a existência de muitas famílias da atual sociedade cearense.

No Maguary os jovens frequentavam as memoráveis ‘tertúlias’ e os ‘bailes de carnaval’, além de praticarem esportes como a natação, o tênis, o basquete e especialmente o futebol.


Arquivo Nirez

Acervo de Juvando

O chamado “Clube dos Príncipes” foi uma das mais tradicionais e simpáticas agremiações diversionais de Fortaleza, tendo sido fundado em 24 de junho de 1924, tendo completado exatos 87 anos ano passado. O clube iniciou suas atividades como ‘clube de futebol’ no antigo Alagadiço, hoje bairro São Gerardo e proporcionou momentos inesquecíveis de alegria e emoção ao competir com as principais entidades desportivas da época: Ceará, Fortaleza, Ferroviário e América.



Acervo pessoal de Clóvis Maciel

O Maguary foi quatro vezes campeão cearense na primeira divisão do futebol, além de sete vezes vice-campeão no Estado (1928, 1930, 1932, 1935, 1937, 1938 e 1945), mantendo uma marca invejável: 4º lugar do ‘Ranking do Futebol Cearense’ de todos os tempos (considerando campeões e vices, segundo o jornal Folha de São Paulo, edição de 23-12-2007, página D6 – Esporte).
O Maguary nasceu para ser campeão! No antigo Campo do Prado (1929 e 1936), no Estádio Presidente Vargas (bi-campeão 1943 e 1944) e no Estádio Plácido Castelo, tendo se consagrado como o ‘primeiro campeão do Castelão’ quando venceu do América em 02-12-1973, na final do ‘Torneio Breno Vitoriano’, competição organizada para comemorar a inauguração do Gigante da Boa Vista, que será uma das sedes da Copa de 2014.
A ‘Equipe Cintanegrina’, como também é chamada, foi uma das fundadoras da atual Federação Cearense de Futebol, ainda na fase da ADC (Associação Desportiva Cearense) quando foi requerido o registro legal da Instituição (29-01-1936) que funcionava na informalidade, tudo conforme consta das páginas 115/116 do livro “Futebol Cearense: Um século de história – 1902 a 2002” de autoria do pesquisador e escritor Alberto Damasceno.


Acervo pessoal de Clóvis Maciel

O Maguary chegou a ter a segunda torcida cearense e, além do time de futebol, era um Clube Social com forte presença na nossa sociedade. Sua marca está alicerçada na emoção, no carisma e na paixão que suas cores sempre fermentaram. Sócrates, o grande filósofo grego, dizia que “só morremos quando somos esquecidos”, razão porque o Maguary nunca morreu nos corações e mentes de tantos que ajudaram a construir a sua glória ou dela tomaram conhecimento, através de matérias de jornais, revistas, livros, artigos da internet e programas de rádio ou TV.
Sua segunda sede localizava-se no então bucólico e aristocrático bairro do Benfica, na Avenida Visconde de Cauipe, Nº 2081, hoje Avenida da Universidade. Foi quando Waldir Diogo de Siqueira, Mário de Alencar Gadelha, Egberto de Paula Rodrigues, aliados a um grupo de amigos, transformaram o antigo clube numa agremiação elegante, com sua nova sede social inaugurada em 20 de abril de 1946, erigida em uma quadra localizada na Rua Barão do Rio Branco, Nº 2955.
A construção dessa simpática e aconchegante sede foi assinada pelo famoso arquiteto Sylvio Jaguaribe Ekman, o mesmo construtor do Ideal, outro Clube tradicional de Fortaleza. Ali, no Maguary de outrora, praticava-se o esporte amador e ocorriam atividades festivas que marcaram a vida da cidade, principalmente nos alegres ‘Anos Dourados’, na década de 50, com seu entusiasmo prolongando-se pelos anos seguintes. Muitas de suas animadas festas carnavalescas terminavam às dez horas da manhã seguinte, acontecimentos inusitados para a então pequena Fortaleza com seus 213 mil habitantes.
Entre outros nomes que marcaram aqueles tempos de pujança social do clube ‘cintanegrino’, como carinhosamente era também chamado o Maguary, são sempre lembrados: Raimundo de Alencar Pinto, Lauro Maciel, Remo Figueiredo, Mário de Alencar Araripe, Américo Barreira, Lúcio Bonfim, Afonso Deusimar, Mauro Jander Braga de Sousa, Francisco Irajá Vasconcelos, Mauro Botelho, Walfrido Monteiro, o jornalista João Clímaco Bezerra; a família Mesquita, representada por Aldo Mesquita, Kerginaldo Mesquita, Valdo Mesquita e Heraldo Mesquita; Waldir Diogo de Siqueira Filho, Vicente de Souza e muitos outros.
Entre a sua brilhante equipe de tenistas, contava o clube com os irmãos Reno Figueiredo e Viena Maria Figueiredo Ponce de Leão, filhos do diretor Narcílio Bezerra Figueiredo, campeões brasileiros de tênis, o primeiro chegou a conquistar a Taça Davis. Viena Ponce de Leão é a esposa de Antônio Ponce de Leão Filho, outro baluarte deste esporte. Outros nomes destacaram-se nas quadras do Maguary: Henrique de Oliveira; os filhos do diretor Luciano Granjeiro, Lício e Lucy Granjeiro; Stélio Ribeiro do Vale e seu irmão Stênio Ribeiro do Vale.
Eventos de toda ordem moviam a cidade para o endereço do Maguary. Médicos, jornalistas, empresários, músicos, advogados, desportistas, engenheiros, artistas do teatro, rádio e TV, além de autoridades de todos os poderes, lá se encontravam para discutir assuntos profissionais, enquanto suas famílias desfrutavam o saudável ambiente de lazer.
Comemorações memoráveis ocorreram no Maguary. O mundo da televisão e do rádio para lá se dirigia nos momentos de descanso, quando era avaliada a rica experiência da época de ouro da radiofonia cearense e especialmente os primeiros passos da televisão no estado, representado pela iniciativa do querido e saudoso Canal 2, emissora do Grupo Associados.


Emília Correia Lima, Miss Maguary - Crédito da foto

Acervo de Juvando


Falando em televisão Associada, importante lembrar um momento mágico que até hoje enche de orgulho o povo cearense. A Miss Maguary Emília Correia Lima, eleita em 1955, foi também eleita ‘Miss Ceará’ e posteriormente ‘Miss Brasil’, a segunda escolhida em concurso nacional promovido pelos Diários Associados, recebendo a faixa da baiana Martha Rocha. O ‘Clube dos Príncipes’, como sempre foi chamado, ganhou, pois, sua ‘princesa’, eleita em concurso de beleza nacional e que representou a mulher brasileira, destacando-se no concurso de beleza internacional em Long Beach, Califórnia (EUA), por seus traços clássicos e postura discreta.


Time do Maguary - Equipe cintanegrina, devido a faixa preta gravada na camisa branca, 
na altura do peito Foto: Diário do Nordeste

Acervo de Juvando


O Sport Club Maguary, fundado em 24-06-1924, voltou ao futebol profissional em 2009, como clube-empresa. Tem uma parceria de co-gestão com o site MTDF (Meu Time de Futebol) e voltará a ‘mandar seus jogos’ no novo Estádio Presidente Vargas (PV), recém reformado pela Prefeitura de Fortaleza.
A volta do Maguary ao querido PV, agora muito mais bonito, confortável e seguro, representa o regresso ao mesmo local onde tinha se sagrado bi-campeão cearense de 1943/44, além do vice-campeonato de 1945. Cabe relembrar que dois outros títulos da 1ª Divisão foram também conquistados pelo ‘Clube dos Príncipes’, sendo estes no vizinho ‘Campo do Prado’ nos anos de 1929 e 1936.

 

O Maguary, no ano passado, já conseguiu a conquista de várias vitórias fora de campo, senão vejamos:
a) Parceria de Co-Gestão com o Meu Time de Futebol (MTDF), site que já chegou aos 100 mil cadastrados e que faz grande divulgação nacional do Clube dos Príncipes, inclusive na imprensa;
b) Inscrições para disputar as quatro categorias de base do futebol brasileiro (sub-13/sub-17 e sub-15/sub-20), sendo as duas iniciais no primeiro semestre e as demais no segundo;
c) ‘Mando de Campo’ das partidas profissionais do Maguary transferido novamente (26/05/2011) para o Estádio Municipal Presidente Vargas (PV) em Fortaleza, onde o ‘Clube dos Príncipes’ entrou para a história daquela praça desportiva, ao sagrar-se o primeiro ‘bi-campeão’ em 1943/44;
d) Retorno ao clube do ex-atacante ‘Mirandinha’, que chegou à seleção brasileira, depois de surgir no Maguary para o futebol brasileiro e internacional. Ele exercerá a função de ‘Coordenador Técnico’ do Maguary/MTDF, para juntos levarmos novamente a ‘Equipe Cintanegrina’ para a 1ª Divisão, onde é o seu lugar.

Uma tertúlia no Maguary - Crédito da foto

O compromisso dos que fazem o Maguary de hoje, é cuidar do clube e sua história, preservando este verdadeiro patrimônio imaterial do povo cearense para as futuras gerações, bem como lutando para ver preservada, através de tombamento municipal, a antiga e bela sede do Maguary, localizada na Rua Barão do Rio Branco, Nº 2955, razão pela qual o Clube entrou com pedido de tombamento administrativo junto ao Município de Fortaleza, ação protocolada em 11 de Julho de 2009.


Maguary e Ceará durante o Torneio - Início de 1927 - Arquivo O Povo


Cabe destacar que a antiga sede foi inaugurada em 20 de abril de 1946 e até hoje mantém suas características iniciais. Além do seu inestimável valor histórico, suas linhas arquitetônicas demonstram, ainda, um grande valor artístico, obra do arquiteto Sylvio Jaguaribe Ekman, o mesmo construtor do Ideal Clube, que segundo informação contou com o apoio de outro respeitado arquiteto da época, no caso José Barros Maia, o Mainha.



J.R. Aguiar Júnior

Importante

A antiga sede do Sport Club Maguary foi tombada no dia 10 de janeiro de 2012. De acordo com o parecer elaborado pelo arquiteto Romeu Duarte Júnior, representante da Universidade Federal do Ceará (UFC), o prédio é, “em conjunto com os demais clubes da Capital (Comercial, Diários, Iate, Ideal, Iracema, Líbano, Massapeense, Náutico), (...) um lugar-referência da mundanidade fortalezense, agregando à sua imagem arquitetônica (...) valores simbólicos e afetivos, ampliados ainda pela sua contribuição à história dos equipamentos do tipo em nossa cidade”.



Leia a primeira parte AQUI

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Fortaleza em vídeos


Fortaleza em 1920

Vídeo de Robério

"Este filme foi produzido para as comemorações do Centenário da Independência do Brasil em 1922. Foram feitos em todas as capitais. O cineasta Paulo Sales encontrou esse filme em 1963 em um depósito no Rio de Janeiro ou São Paulo, comprou, aproveitou pedaços ainda bons e refilmou os mesmos trechos naquele ano. Comprei-lhe o filme e fiz distribuição. Há cópias em todos os lugares. Doei para a TV Educativa (hoje TV Ceará), para a TV Verdes Mares, para o Museu da Imagem e do Som e para a Fundação Cultural (hoje Secultfor)." Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez)


Fortaleza Antiga
Crédito do vídeo: Clarear vídeo





A bela Casa do Português

Vídeo do acervo de Eduardo



A Fortaleza nos anos 90
Crédito: Rodrigo Ponce de Leon



Beira-Mar em 1990
Crédito: Rodrigo Ponce de Leon




Veja a parte II AQUI

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os Escombros de uma Saudade



Vai abaixo mais uma residência tradicional de Fortaleza, conhecida em sua vizinhança como o casarão dos Vieiras. O prédio situava-se na rua Rufino de Alencar, esquina com Pedro Ângelo, à meia distância entre a Praça da Sé e a do Cristo Redentor, próxima ao Seminário da Prainha. Construído pelo capitalista Luiz Jorge de Pontes Vieira, empresário de larga visão, que empregou sua notável força de trabalho em múltiplas atividades como banqueiro, industrial e agropecuarista.



Casarão dos Vieiras - ângulo interno da vila - anos 80

Em 1937, a Empresa de Terrenos Ltda. adquiriu do Patrimônio de São José do Arcebispado de Fortaleza, uma grande área no antigo bairro do Outeiro da Prainha, compreendida entre o chamado "Quintal do Bispo", hoje fundos do Paço Municipal, até próximo ao Seminário da Prainha e entre as ruas Costa Barros e Rufino de Alencar. Deste loteamento surgiram as ruas Afonso Viseu, Pedro Ângelo, Pereira Filgueiras e João Lopes; as duas primeiras nomeadas por indicação de Luiz Vieira, em homenagem a pessoas de sua amizade e admiração. Na parte mais alta do Outeiro, Luiz Vieira reservou um aprazível sítio para ali construir uma vila residencial para sua família. Há muito tempo a família residia não muito longe do Outeiro, em belas residências defronte ao Quartel da 10ª Região Militar, também recentemente demolidas para darem lugar à construção do novo Mercado Central. Estas casas e sua vizinhança formavam, nas primeiras décadas do século, um primoroso e bucólico recanto onde o riacho Pajeú coleava em seus pomares, na sua despedida para o mar, ladeando a antiga Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.


Casarão dos Vieiras - ângulo da Rua Rufino de Alencar com Pedro Ângelo - anos 80

A nova residência do Outeiro foi inaugurada com festejos que se prolongaram por mais de uma semana, de 8 a 19 de outubro de 1946, quando se comemoravam também os casamentos de duas filhas de Luiz Vieira e o aniversário natalício de sua esposa Judith Correia Câmara Vieira.


Luiz Jorge de Pontes Vieira

Luiz Vieira, como era mais conhecido, foi proprietário do Banco União S/A, o banco dourado dos anos cinquenta, de grande importância econômica e política naquela época e cujas "calçadas in" deixaram saudades na sociedade cearense, como registrou o cronista Lúcio Brasileiro. Entre suas propriedades rurais no município de Quixeramobim, a fazenda "Teotônio", exportadora de algodão para a Europa e distribuidora das afamadas laranjas para todo o nordeste; a fazenda contígua "Barrigas", conhecida pelo aprimorado plantel de gado da raça Nelore, produtor de campeões nacionais. Servia estas fazendas o maior açude particular do sertão cearense, o que levou o ex-presidente Humberto de Alencar Castello Branco a apelidá-las de "Oásis do Ceará". Como industrial, Luiz Vieira foi proprietário da União Algodoeira S/A, da Empresa de Fios e Redes S/A, da Fábrica de Tecidos São Luiz Ltda., na Av. Tristão Gonçalves; da Fiação e Tecelagem Santa Maria Ltda., na Avenida Duque de Caxias; da Fábrica de Louças São José S/A e da Usina Ceará, de Siqueira Gurgel e Cia. Ltda. Sua imobiliária - Empresa de Terrenos Ltda. - foi pioneira no loteamento dos terrenos de Fortaleza e destes loteamentos surgiram grande parte dos atuais bairros da cidade como Aldeota, Água Fria, São João do Tauape, Vila União, 14 de Julho (Montese), Pio XII, São José, Sabiaguaba (Praia do Sabiaguaba).


Judith Câmara Vieira

Casamento de Ailza Câmara Vieira e Carlos Teixeira Mendes

Casamento de Odele Câmara Vieira e Pedro do Couto Galvão

Sua construção fora entregue aos cuidados do engenheiro Alberto Sá que, pela primeira vez em Fortaleza, utilizava o concreto armado na confecção de seus forros. Um sólido embasamento revestido de pedras colocava a construção num nível acima dos jardins. Estes eram divididos por cercas vivas de ficus benjamins, sobre um extenso gramado, onde bancos, lampadários e uma fonte luminosa distribuiam-se entre folhagens e árvores. No interior, seus pisos eram revestidos por parquetes decorativos, tábuas corridas, mármore e cerâmica. Colunas com capitéis corínteos, mísulas e frisos de gesso decoravam o teto, ao gosto da época. Tapetes, quadros, apliques, lustres de bronze e cristais e um mobiliário primoroso tornaram-na uma das belas residências da cidade.


Espelho herdado do Comendador João Correia de Melo - sua neta Judith Câmara Vieira com os bisnetos Carlos Meton e Fernando Meton (este no colo da mãe) - 1978

Em seus banheiros - verdadeiros salões de banho - os aparelhos de louça inglesa variavam suas cores de camurça, azul-turquesa e verde-piscina. Seus dormitórios no segundo piso abriam-se para espaçosos terraços de onde se apreciava o mar.

Os primeiros netos de Luiz Vieira - início da década de 50

Ao longo de sua existência o casarão abrigou cinco gerações da família Câmara Vieira, numa convivência rica de parentela e amigos. Hospedava pessoas ilustres, numa época em que os hotéis da cidade não apresentavam o conforto necessário.

Sala de jantar e escadaria que conduzia aos quartos na parte superior - Foto dos anos 80

Nos últimos dezesseis anos ali moramos, eu, minha esposa e meus filhos. Isso até quando o imóvel passou ao espólio da família. Hoje, um montão de escombros, como muitos outros em que se vão transformando as belas residências de outrora...


Vanius Meton Gadelha Vieira

Foto dos escombros

Hoje, só se encontra o terreno e uma saudade! - Imagem Google Earth



Nascimento da neta Maria Cristina Vieira Galvão (a Kika), na companhia da Bisavó Maria Correa Câmara (Maroca) ,vovó Judith Câmara Vieira,Tio Pedro do Couto Galvão, Tio Mario Câmara Vieira,Vovô Luiz Jorge de Pontes Vieira... Trajeto da Casa de saúde São Raimundo até a casa de Luiz Vieira na Rufino de Alencar.  Ano 1950

Crédito dos vídeos: Jaime Vieira


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Texto publicado no Jornal O Povo
Seção Jornal do Leitor - 21 de abril de 1996
Fotos do Arquivo de Vanius Meton Gadelha Vieira
Agradecimentos também a Auxiliadora Vieira

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Cine Rex




A Empresa Clóvis Janja & Cia.*, uma saudável iniciativa de circuito independente em nossa cidade, desenvolveu-se em 1940, com a inauguração sucessiva do Cinema Christo Rei, a 6 de junho; o Odeon, no dia 18 de junho; e o Cine Rex, cinema que fez história e deixou saudades.

Em 10 de agosto de 1940 a Empresa Clóvis de Araújo Janja inaugura, na Rua General Sampaio nº 1263, o Cine Rex, com o filme A Enfermeira Edite Cavel, da RKO, com Ana Neagle, Edna May Oliver e May Robson, no local onde esteve, por muitos anos, a Serraria Rodolfo e sua fábrica de pregos.


Matinais do Cine Rex

Semana passada, recebi cumprimentos de um senhor, enquanto aguardava atendimento em posto de serviços. Além do formal bom dia, perguntou-me o nome e, se em meados dos anos cinquenta, frequentei matinais do Cine Rex. De pronto, identificamo-nos e registrou-se longo bate-papo. Revivemos e vivificamos fatos de então.

Aos mais jovens, descreva-se o porquê do contentamento do encontro. O Cine Rex, pertencia à antiga Empresa Cinematográfica Luiz Severiano Ribeiro, situava-se na rua General Sampaio, entre as ruas Pedro Pereira e Pedro I, no lado do Sol, como se precisava o Leste das vias públicas. Cinema popular, semelhante ao Moderno e ao Majestic, pois somente o Diogo era luxuoso, possuía característica diferencial e exclusiva. Único a exibir filmes westerns e seriados, nas matinais domingueiras, em sessão sempre lotada pela juventude. Mais do que lotada. Quem não conseguia cadeira, utilizava o chão como assento ou assistia em pé às exibições. Imperdíveis eram os capítulos dos seriados de curta metragem, semanais, antecedentes ao filme principal. Além dessas atrações, outro motivo concorria para o êxito das matinais do Rex. Já às 8 horas, duas antes do funcionamento do cinema, nas calçadas encontravam-se dezenas de jovens. Com braçadas de revistas e almanaques de histórias em quadrinhos, álbuns de figurinhas, pequenos pedaços de películas cinematográficas e objetos outros relacionados ao mundo dos heróis das telas, faziam do local uma feira de vendas e de escambos. Gibi, Guri, Zorro, Reis do Faroeste, Fantasma, Mandrake, Capitão Marvel, Superman, Batman e outras publicações, até em coleções completas, completavam o sucesso. Estudantes do Liceu, Lourenço Filho, 7 de Setembro, Cearense e Agapito dos Santos, os mais assíduos, solidificaram amizades de lá ao hoje. O interlocutor foi um liceal. Despedimos-nos e combinamos encontrar-nos mais vezes. E, aqui, registre-se uma homenagem a dois grandes amigos dos tempos do Rex, recém-moradores do Oriente Eterno. Os saudosos Jaime Alencar de Oliveira, do Liceu, e Francisco Alberto Paes Soares, o Bulim, do Colégio Lourenço Filho. 



Geraldo Duarte 
(Advogado, administrador e dicionarista)



Pequenas Lembranças de uma certa Fortaleza...

Pequenas lembranças de uma Fortaleza que não existe mais, que ficaram para sempre na minha memória. Tais como as matinês, aos domingos, do Cine Rex, ali na rua General Sampaio, a poucos metros da praça José de Alencar. Lá se reuniam os adolescentes de ambos os sexos, para ver um filme acessível à sua faixa etária. Não era raro encontrar um ou outro colega do Liceu. Numa ocasião vi o Jorge, que estudava na minha classe. Estávamos na fila para compra do ingresso, ele um pouco atrás de mim. Acompanhado de um amigo, ele lia, em voz alta, uma carta que uma namorada lhe enviara. Ria com alguns trechos da carta, aqueles em que a jovem demonstrava mais a atração que tinha por ele. Presenciando aquele exibicionismo de Jorge, eu, que já não era seu amigo, passei a detestá-lo a partir desse seu comportamento reprovável.


Um fato curioso no Rex era o preço da meia entrada: Cr$ 2,40. Por que, como os seus concorrentes, não era cobrado o preço de Cr$ 2,50? E, geralmente, ficava por esse preço, pois a bilheteira não dispunha de dez centavos. Nunca entendi isso.
Lá eu assisti A Princesa e o Plebeu. Fiquei ao lado de duas mocinhas, uma das quais não parava de falar. E uma vez em que Gregory Peck caminhava com uma mão no bolso da calça, ela disse à amiga que o homem que assim procedia era um liso.
Lembranças. Lembranças. 
Francisco Sobreira (Blog Luzes da Cidade)

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Mais registros importantes para a história inesquecível do velho cinema:

Seria indesculpável o não registro do vendedor de 'doce gelado', designativo antigo do picolé, com sua pesada caixa de madeira, contendo um cilindro de zinco, onde eram acondicionados os deliciosos refrescantes. Para suas conservações, entre a caixa e o depósito, gelo em pedras, coberto com serragem, aumentava mais a carga que "seu Jacaré" transportava na cabeça. Por igual, observaram a falta de citações do pipoqueiro e do lançamento da pipoca sem casca, alta tecnologia do produto na época, e do Cícero, mais conhecido como "aqui é raso, aqui é fundo", devido ao acidente que fizera manco aquele comerciante de "cai-duro", apetitoso sanduíche de pão d'água, contendo carne moída com delicioso tempero caseiro. A iguaria era também conhecida por "espera-me no céu"


Lembradas são as garapas ofertadas na Mercearia Vencedora, de propriedade das irmãs Mavignier, na esquina das ruas General Sampaio com Pedro Pereira, defronte ao secular prédio do Dnocs. E, ainda, a residência de dona Diolina, próxima do cinema, onde os pedidos de copos d'água eram tão intensos que a boa senhora, aos domingos, mandava a serviçal colocar um pequeno pote de barro na porta de entrada da casa para matar a sede da moçada. Os "piruliteiros" com seus pirulitos enfiados em tábua com buracos, os vendedores de "chegadim" com suas latas arredondadas e longas, em bandoleira e um triângulo sonante, junto com os de 'cuscuz paulista' com seus tabuleiros, mercadejavam, em altas vozes, suas produções.
A manhã findava-se com o 'The End' da poeira saudável do Velho Oeste na tela de tecido encerado.

Geraldo Duarte 
(Advogado, administrador e dicionarista)

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*Antes de inaugurar o Cine Rex, Clóvis de Araújo Janja já havia realizado importantes construções em Fortaleza:

  • Em 31 de dezembro de 1933 (À meia noite, já entrando o dia 1º de janeiro de 1934), Clóvis de Araújo Janja (Clóvis Janja) construiu em estilo Art-Déco a Coluna da Hora na Praça do Ferreira, construída na administração do prefeito Raimundo GirãoA Coluna da Hora tinha 13 metros de altura e o relógio movido à energia elétrica, com quatro faces, duas em algarismos arábicos e duas em romanos, foi adquirido nos Estados Unidos através da firma Biyngton & Companhia, sob projeto do engenheiro José Gonçalves da JustaFoi demolida em 1966, na administração de Murilo Borges e reconstruída em outro formato, de ferro, no governo Juraci Vieira Magalhães em 1991.

  • Em 07/09/1935 o Escritório Clóvis de Araújo Janja construiu o prédio da nova sede do Liceu na antiga Praça Fernandes Vieira, hoje Praça Gustavo Barroso.


Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez




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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Balança mas não cai!


Foi uma mudança brutal. Nossa antes arborizada, bela e aconchegante cidade está desfigurada. De qualquer local que se olhe a cidade somente se visualiza prédios e mais prédios. Quem conheceu Fortaleza antes dos anos 80 jamais iria imaginar que chegaríamos a esse ponto. Enormes e incontáveis edifícios. Separados ou juntos, formando um paredão intransponível. Casas, quase nenhuma. Árvores? Nem pensar. Ressaltam-se aos olhos apenas os imensos espigões, fincados em todas as direções, e tomando completamente a paisagem. Marcos do desenvolvimento, mas ao mesmo tempo o amargo e perverso preço do progresso.

Ed. Jaqueline

Na década de 60 contavam-se nos dedos os grandes edifícios da cidade. Tinham personalidade própria e como tal, conhecidos pelos nomes, serviam como ponto de referência e eram citados orgulhosamente como símbolo do crescimento e da riqueza da capital. Alguns surgiram ainda na década de 40 mas foi no final dos anos 50, início dos anos 60 que surgiram imponentes alguns dos mais famosos edifícios da nossa cidade. 

Ed. Jaqueline em construção. Foto de Nelson Bezerra

Ed. Jaqueline em 1970 (Arquivo Lucas) e atualmente

Dentre os grandes edifícios que fizeram nome e tornaram-se ícones da cidade merecem ser destacados: o Prédio do Cine São Luiz na Praça do Ferreira, o Prédio do hotel Savanah na Praça do Ferreira / 4400, o Edifício Jalcy Avenida na Av. Duque de Caxias e o Edifício Jaqueline na Av. Beira Mar. Todos eles, bem ou mal, ainda sobrevivem com suas ricas histórias de vida. Uma longa vida, desde a inauguração e festejado lançamento ao ocaso e atual abandono. E apesar da decadência e das ameaças teimam em permanecer em pé.


Prédio do Cine São Luis

O ainda belo e imponente edifício do Cine São Luiz domina até os dias atuais a paisagem na Praça do Ferreira, no coração da nossa cidade. Na verdade sua fama sempre foi associada ao cinema instalado no seu andar térreo. Construído em 1939, o Cine São Luiz foi durante décadas a principal casa de exibição de Fortaleza. Era uma das melhores salas de projeção do Grupo Severiano Ribeiro, que dominava o mercado cinematográfico em todo Brasil. Sinônimo de luxo e grandiosidade, sua sala de espera com seus imensos e belíssimos lustres e suas confortáveis poltronas eram citados com orgulho em todos os noticiários. Até o final de década de 60 somente era permitido o acesso nas seções de cinema quem estivesse de trajes condizentes com o local, ou seja, homens trajando terno e gravata e mulheres de vestido longo. Tinha até um pitoresco comércio de aluguel de paletós e cabides na porta do cinema, caso algum distinto cavaleiro esquecesse os trajes apropriados. Com a marginalização do centro da cidade e das salas de exibição o local foi entrando em decadência e o cinema chegou a encerrar suas atividades. Somente sobreviveu e não deu lugar a mais um famigerado templo religioso porque o prédio foi tombado pelo Estado em 1991. Alem de adquirir o cinema, o Governo do Estado comprou todo o prédio localizado acima do cinema, que está em reforma e deve ser a nova sede da Secretaria da Cultura. Sobrevive ainda sob a proteção do estado, pois apesar de tombado como patrimônio cultural, não está descartado a implosão do edifício por conta de infindáveis questões jurídicas quanto a posse definitiva do imóvel acima do cinema. Triste sina daquele local que já foi o mais charmoso ponto de cidade.

Hotel Savanah

O prédio do Hotel Savanah, próximo ao São Luiz amarga o mesmo destino. O edifício também imponente faz parte da história da Praça do Ferreira. Figurou durante anos com destaque entre os mais luxuosos hotéis da cidade. No seu andar térreo ficava instalada uma das mais conhecidas lojas de departamentos da época, as Lojas BrasileirasLOBRÁS, ou apenas a 4400 (quatro e quatrocentos), como era conhecida, em alusão* ao número do imóvel que se destaca na fachada do edifício. E foi na LOBRÁS, no início dos anos 60, que instalaram a primeira escada rolante da cidade. Era uma imensa novidade na época e virou ponto de atração da população, em especial da periferia. Formavam-se filas para subir pelo “fantástico equipamento”. Algumas senhoras “passavam mal” ao subir pelo sofisticado mecanismo de degraus que surgiam como mágica do piso e levavam as pessoas ao andar superior da loja. Uma festa para a garotada e alguns “corajosos aventureiros" que se arriscavam tentando descer a escada no sentido contrário. Os tombos eram frequentes e subir pela escada não era para qualquer um. Vale lembrar que a escada rolante era somente de subida. Descida, somente pela escada tradicional. E na parte superior do edifício brilhava imponente o suntuoso hotel. Nada mais disso existe. Problemas financeiros e a concorrência levaram a LOBRÁS a falência e a decadência e marginalização do velho centro levou o luxuoso hotel a fechar suas portas. A antes frequentada 4400 deu lugar a um execrável Bingo, posteriormente também fechado. Atualmente todo o prédio se encontra abandonado e não se sabe qual será o seu destino.

Ainda na região central destacamos outro ícone arquitetônico da cidade: o imenso e degradado edifício Jalcy Avenida. Localizado na Av. Duque de Caxias e inaugurado em 1954, o velho Jalcy com seus 12 andares foi por longo tempo o edifício mais alto da capital. Lançado naquela época com o inovador conceito de edifício comercial e residencial, por vários anos habitar um dos seus apartamentos foi sinônimo de requinte e status. No seu andar térreo se instalaram várias lanchonetes e bares e nas décadas de 60/70 tornou-se ponto encontro da boêmia e posteriormente de prostituição. Seu destino foi o mesmo de toda região central. Marginalidade, prostituição, homossexualismo e todas as mazelas da área central da capital selaram seu destino. Com a queda do status, quem podia foi se livrando do imóvel. Grande parte dos apartamentos virou pensionatos, abrigando estudantes carentes vindo do interior, e vários outros residência de prostitutas, travestis e homossexuais marginalizados. Apesar da decadência o edifício sobrevive, com seus inúmeros problemas e aos troncos e barrancos.

A primeira escada rolante de Fortaleza surgiu aqui, nas lojas 4.400 - Lojas Brasileiras de Preço Limitado, depois conhecidas como Lobrás, inaugurada na esquina da Rua Major Facundo com Rua Pará, no dia 09 de novembro de 1957. Vemos aqui suas duas fachadas à noite, iluminadas com motivos natalinos daquele ano. Com a derrubada desse prédio foi erguido, no local, o Hotel Savanah. Arquivo Nirez

E lá na decantada Avenida Beira Mar, cartão postal da nossa bela capital, amargando destino semelhante, sobrevive o famoso Edifício Jaqueline. Construído na década de 60, foi um dos primeiros apartamentos quarto-e-sala da cidade, uma grande novidade na época e um estrondoso sucesso imobiliário no seu lançamento. Lugar disputado pela localização privilegiada, possuir um dos seus apartamentos eram símbolo de riqueza e de status. Mas por conta das dimensões reduzidas dos apartamentos, o imóvel não sobreviveu como prédio residencial e familiar. Rapidamente, não se sabe bem o real motivo, transformou-se num reduto de amantes e ponto de encontro de casais adúlteros. Como tudo no Ceará, virou piada. O prédio foi rebatizado com o codinome de “Edifício Jaquequé” e ficou conhecido como moradia de garotas de programa e de amantes de empresários bem sucedidos. Não era pra qualquer um ter e manter uma amante no Jaqueline. Pegou a má fama e não largou mais. Nos dias atuais a maioria dos seus moradores é composta por turistas, garotas de programa, travestis e alguns boêmios e solteiros renitentes. Independente dos problemas e da decadência, por conta da localização privilegiada, o edifício se mantém em pé. Assim como os outros edifícios já citados e que ainda fazem parte da paisagem e da nossa história, balança, mas não cai. Coisas da minha terra. Coisas do Ceará.

Artigo do amigo e colaborador Carlos J. H. Gurgel

* Na realidade era alusão ao valor do produto, que depois tornou-se conhecido por 1 e 99 (R$ 1,99) e mais recente, "Tudo é DEZ" (R$ 10,00).
O número da edificação nunca atingiria esse número; haja vista que, a rua Major Facundo inicia no Passeio Público, e a definição dos números é na ordem de Norte para Sul, ou Leste para Oeste, com os números pares e impares em lados opostos e definido pelo tamanho da testada do imóvel. Portanto, um imóvel com o número 4.400 estaria a 4 km e 400 metros do ponto inicial da via. 
Informações de um leitor do Fortaleza Nobre. Infelizmente, não temos seu nome, pois postou como anônimo.

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: