Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fortaleza das antigas IV



07 de setembro de 1922 - Palacete Ceará, sede do Clube Iracema, que fez uma bela iluminação para o centenário da Independência do Brasil 
 Arquivo Nirez


1939 - O Porto ao fundo. Em primeiro plano Iracema e Meireles
 Livro Ah, fortaleza!


1946 - Postal da Praia de Iracema


A casa que serviu de sede para a LBA (Legião Brasileira de Assistência
Arquivo Nirez


A Casa de José de Alencar .Uma comissão da Prefeitura com membros do Instituto do Ceará ali estiveram, ocasião que foi decidida a derrubada da casa grande- Arquivo Nirez


O pescador dos anos 40- Arquivo Carlos Juacaba


Rua Senador Jaguaribe, prédio da Emcetur, anteriormente Cadeia Pública.

O Nosso Bar apareceu depois que a cadeia passou a Emcetur. Esta foto foi tirada entre os anos de 50 a 60. O caminhão lá atrás era um Ford dos idos de 40 e um pouco mais distante um carro Pontiac.
Os carros naquela época ficavam nas ruas sem qualquer segurança esperando o dono. Como este estacionado na lateral da Santa Casa.

Crime do jogador Idalino que foi detento da Cadeia Pública

Em 1950, no dia 1º de setembro, à noite, o conhecido jogador de futebol José Ramos de Oliveira (Idalino), que tinha adquirido um automóvel Chevrolet 1950, placas 21-27, aos comerciantes paraibanos Aloísio Millet Martins Ribeiro e Geraldo Cavalcante de Brito se desentende com os mesmos por causa do pagamento e, achando-se desmoralizado, mata-os com uma barra de ferro em um quarto da Pensão Leal, na Rua Conde D’Eu, de Graça Serrano, irmã de sua amante Alcinda Leal de Andrade e esconde os corpos em um guarda-roupa levando-os depois para terreno na Barra do Ceará, próximo aos transmissores da Rádio Iracema de Fortaleza e os enterra. Foi envolvido também o funcionário do Departamento de Correios e Telégrafos José Ribamar de Moraes que levianamente passou telegramas falsos para as famílias das vítimas, induzido por Idalino, que disse ser uma brincadeira. Somente em 13/10/1950 foi descoberto o crime. Preso, confessa tudo. Foi cúmplice, Alcinda Leal. E no dia 8 de outubro de 1951, o Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal, Manuel Joaquim de Santana, prolata a sua sentença final, nos autos do processo que a Justiça moveu contra o acusado José Ramos de Oliveira, vulgo (Idalino), e sua amásia Alcinda Leal de Andrade, por autoria e co-autoria de crime de latrocínio contra comerciantes paraibanos em 31/07/1950. Examinando detidamente o processo, as provas apuradas e as razões finais oferecidas pela promotoria, a assistência da acusação, os defensores de Idalino e Alcinda Leal, o juiz condenou o primeiro à pena de trinta anos de reclusão e multa, e Alcinda à pena de seis meses de detenção e multa. Esta, foi posta em liberdade por haver cumprido mais que a pena. Arquivo Nirez

 


Antiga Catedral da - Arquivo Jaime Correia


Antigo Mercado Central - Arquivo Jaime Correia


O Asilo de Medicidade

Em 22 de novembro de 1877 o comerciante Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba) faz doação da quantia de dez contos de réis e de um terreno entre a Rua do Sol (Rua Costa Barros), Rua Dona Leopoldina, Rua da Soledade (Rua Nogueira Acioli) e Rua do Colégio das Órfãs (Avenida Santos Dumont), para a construção de um prédio destinado a um Asilo de Mendicidade. O prédio foi construído, mas a tal entidade nunca funcionou. Depois de dois anos de abandono, o prédio foi doado pelo Presidente do Ceará ao Governo Federal para instalação da Escola Militar, que funcionou de 1889 a 1897, passando a ser ocupado pelo Colégio Nossa Senhora de Lourdes, criado por Ana Lopes de Alcântara Bilhar (Ana Bilhar) e sua irmã Branca Lopes de Alcântara Bilhar (Branca Bilhar). Lá esteve, de 1911 a 1917, a Força Pública do Estado. Em 1917 foi ocupado pelo 9º Regimento de Artilharia Montada que ficou até 1919. Com a criação do Colégio Militar o prédio foi entregue a ele, que em 1938 foi transformado em Colégio Floriano, ficando ali até 1941. Em 1942, foi criada a Escola Preparatória de Fortaleza, que foi extinta em 1961, quando foi restabelecido o Colégio Militar que iniciou suas atividades em 1962.


Assembléia Legistativa do Ceará - Arquivo Jaime Correia


Av. Monsenhor Tabosa

A Monsenhor Tabosa hoje está completamente descaracterizada da que aparece na foto. Até a mão dos carros que eram em dois sentidos, hoje é somente na direção oeste-leste com engarrafamento e tudo como espelho de um desenvolvimento brutal e desordenado de nossa cidade. É quase certo que esta foto é da década de 40. O fotógrafo estava de costa para a Praça do Cristo Redentor tendo a sua direita a igreja do Seminário e a esquerda a ladeira da Prainha
Todas essas casas que vemos à esquerda tinham dois ou três andares abaixo, pois a descida era íngreme e as casas tinham praticamente somente a sala ao nível da rua. Arquivo Nirez


Av. Duque de caxias ao lado da Igreja Coração de Jesus 

Estamos na Av. Duque de Caxias e no início da Rua Barão de Aratanha, ao fundo o convento da Ordem dos Capuchinhos. O fotógrafo está na calçada da Igreja do Coração de Jesus.


As fotos estão sugerindo que houve uma colisão e para provas futuras, tiraram fotos das posições dos veículos. Veja que os carros estão na mesma posição da foto anterior. No lado direito é a extensão do prédio do Pio X, mais adiante seria uma república feminina e ambos gerenciados pelos frades capuchinhos.
Na esquina uma lanchonete e na outra o prédio do Colégio Cearense.
Trata-se mesmo de uma batida, pois tem um friso do Simca solto e da Vemaguete, o farol e o paralama estão danificados.
Não tem motoristas nos carros. Tarde chuvosa e provavelmente um domingo.
A foto é de 1968 - Relato de Ivan Gondim


Pirambu. Av. Filomeno Gomes, ladeira em frente a Escola de Aprendizes Marinheiros, descendo para a praia. No lugar dessas casa, hoje se encontra a Paróquia São Francisco de Assis.


Avenida Almirante Tamandaré - Arquivo Jaime Correia


Este local em fotografia de 1938 seria a Praça Marquês do Herval, quando a Praça passou a se chamar José de Alencar, a lei obrigava que outra praça receberia o nome. Mas a praça nunca existiu. Este local é hoje o início da Avenida Barão de Studart, ali onde o mar quebra com grandes ressacas nos meses de fevereiro. Os muros que aí estão já não existem. Arquivo Nirez


Avenida Sena Madureira - Anos 50 - Arquivo Jaime Correia


Avião da Latecoére em  1927 na Praia de Iracema - Arquivo Jaime Correia


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fortaleza das antigas III



Vila Quixadá, casa de Adolfo Quixadá e depois residência do presidente do Estado. Em 1930 passou a ser o Ginásio São João, do professor César de Adolfo Campelo; em 1940 passou a partencer ao banquero João Gentil e em 1943 passou a abrigar o Colégio São João, que em 1976 foi vendido parqa a Organização Farias Brito, passando a chamar-se Farias Brito Aldeota/1; por fim foi vendido ao Grupo Pão de Açúcar que demoliu e construiu uma de suas lojas com vasto estacionamento na frente. Fica na Avenida Santos Dumont, 1169 em frente ao Hospital Gênesis. Arquivo Nirez

Vila Quixadá na Santos Dumont

Um trem trafegando pela Avenida Tristão Gonçalves.
Antes de 1917 o trem saía da estação, fazia uma curva e entrava direto na atual Avenida Tristão Gonçalves, que era chamada Trilho de Ferro e seguia até Porangaba. Em 1917 foi feito o desvio pelo Jacarecanga e o trem passou a seguir pela Avenida Tenente Lisboa. Esta foto mostra o trem trafegando pela Avenida Tristão Gonçalves, atravessando a Rua Castro e Silva. A Praça da Estação fica um quarteirão antes.
O fotógrafo está de costas para a Catedral e de frente para o Cemitério e o trem está indo na direção do sertão. Arquivo Nirez

Tesouraria Provincial - Arquivo Jaime Correia

Teatro José de Alencar em 1931 - Arquivo Jaime Correia

Em 06/02/1953 instala-se a Taki Indústria e Comércio, cuja inauguração deu-se no dia 12/04/53, em prédio na esquina da Rua Barão do Rio Branco nº 2841 com Rua Padre Miguelino, com a presença do vice-governador Stênio Gomes da Silva e do prefeito Paulo Cabral de Araújo. Posteriormente o prédio foi vendido para o Café Mucuripe, que lá ficou até 01/01/176, quando cerrou suas portas.

Superior Tribunal de Justiça - Arquivo Nirez

Subida da Praça General Tibúrcio

Fachada da Sorveteria Cabana de Raimundo Nonato Damasceno Filho, que ficava no Edifício Vitória, na esquina das ruas Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha, no local onde hoje está a loja Esmeralda. Arquivo Nirez

A foto interna traz o corpo de funcionários, entre eles o "Pedão da Bananada". 
Arquivo Nirez

Rua Solon Pinheiro com Pedro I
Nesta esquina fica o Edifício Paraguaçu, seguindo-se algumas casas de artigos paraenses. Dá para ver no meio do quarteirão da Solon Pinheiro o S.O.S. com letreiro e tudo. Essa casa da esquina com a Duque de Caxias era linda, no dia em que foi adquirida pelo Patriolino foi totalmente descaracterizada e nada mais foi feito, foi só para impedir seu tombamento ventilado na ocasião. A rua transversal, é a Pedro I. À direita onde está um posto de gasolina, hoje é um Supermercado Lagoa.

Solar de Manoel Gaspar de Oliveira, na rua General Sampaio. A casa foi vendida, mas um dos filhos, o glorioso militar de carreira brilhante Tácito Teófilo Gaspar de Oliveira, mandou fazer uma réplica na Rua Beni de Carvalho esquina com Barbosa de Freitas.
A casa foi demolida na década de 60 -Arquivo Nirez

Sobrado do Barão de Ibiapaba, na esquina da Rua Major Facundo com Rua Senador Alencar. É o próprio barão que está em primeiro plano do lado esquerdo. Arquivo Nirez

Siqueira Gurgel em 1919. A fachada dava para a Av. Bezerra de Menezes
Arquivo Nirez

Sena Madureira com Pedro Pereira. A rua Pedro Pereira após esse cruzamento passa a chamar-se Pinto Madeira. Esta rua tem cinco nomes. Começa na antiga José Bastos, atual José Jatahy com o nome de Rua Júlio Pinto; ao atravessar a Pe. Ibiapina, passa a chamar-se Rua Pedro Pereira; quando chega no encontro da Sena Madureira com Visconde do Rio Branco, muda para Rua Pinto Madeira; adiante, na primeira curva após a Carlos Vasconcelos, passa a chamar-se Rua Torres Câmara; e quando chega no Bosque Eudoro Correia ganha o nome de Eduardo Garcia; e depois de algum tempo atravessando a Via Expressa, o restante é a Rua Bento Albuquerque. Arquivo Nirez

Seminário da Prainha em 1906 - Arquivo Assis de Lima

Seminário da Prainha-Nirez

Prédio demolido que deu origem a atual Secretaria da Fazenda, observar a curva dos trilhos do bonde de burro. Foto de 1905 - Arquivo Nirez

Sede do jornal O Nordeste na Rua Pedro Pereira na esquina com a General Bezerril-1939 - Arquivo Nirez

Secretaria da Fazenda em 1939 - Arquivo Nirez

21 de dezembro de 1944 quando a Força Expedicionária Brasileira desfilou pelas ruas de Fortaleza -Arquivo Nirez


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Parte I
Parte II

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ginasianos de 1958


Igreja Pequeno Grande - Arquivo Carlos Juacaba

28 de novembro de 1958. Manhã ensolarada a iluminar a beleza da arquitetura neo-gótica da Igreja do Pequeno Grande.
Trinta e três felizes jovens, concludentes do Curso Ginasial do Colégio Lourenço Filho, Turma Rui Barbosa, sendo patrono o Dr. Antônio Filgueiras Lima, eram o motivo da celebração religiosa que se processaria.
Um cântico ritualístico, interpretado por um coral afinadíssimo, emprestava um clima confortante e ao mesmo tempo solene.
Familiares, professores e amigos dos novos aspirantes ao Curso Científico enriqueciam, com suas participações, o comemorativo acontecimento.
O educador, poeta e filólogo Filgueiras Lima, diretor do Colégio, como sempre, a vestir terno de imaculado linho branco, fazia-se acompanhar de sua incentivadora esposa, senhora Amazonas, ocupando seus especiais genuflexórios, instalados ao lado do altar-mor.


Foto do Instituto Lourenço Filho no dia de sua fundação, 07 de fevereiro de 1938. Fundado por Antônio Filgueiras Lima e Paulo Sarasate Ferreira Lopes, o Instituto Lourenço Filho (depois Colégio Lourenço Filho), funcionando em prédio na Rua Floriano Peixoto nº 963, entre a Rua Pedro Pereira e Rua Pedro I. Hoje é Faculdade e fica na Rua Barão do Rio Branco esquina com Avenida Domingos Olímpio - Arquivo Nirez

Nós, concludentes, tínhamos lugar na ala esquerda da Igreja e, na da direita, víamos nossos mestres da última série e das anteriores. O matemático Adroaldo Castelo Branco, sósia de Olavo Bilac, paraninfo da Turma e, ao seu lado, os homenageados especiais: jornalista João Hipólito Campos de Oliveira e o historiador José Humberto de Oliveira, professores de Geografia Geral e de História do Brasil, respectivamente.
Lembro-me bem das presenças de alguns de nossos educadores das várias disciplinas, como Sedrim Jucá (História Geral), Agnelo Torres (Desenho), Edmilson Pinheiro (Latim e Português), Lourival Barros (Francês), Antônio Francisco Lisboa (Música), José Delídio Pereira (Ciências) e Gerson Filho (Inglês).



Antes da missa, celebrada pelo padre Tito Guedes, professor de religião e, anos depois, pároco da Igreja da Sé e ascendente ao monsenhorado, cantamos o Hino do Colégio. Findo o ato católico, entoamos o Hino Nacional, com o coral, musicado pelo órgão.
Com nosso meio século de ginasianos, o registro, também, dos 70 anos de fundação do Colégio e a homenagem póstuma aos nossos saudosos colegas Antônio Gaudêncio Anário Braga, Cezar Belmino Batista Evangelista e José Raimundo Araújo Monte (Bu).

 Geraldo Duarte 
(advogado, administrador e dicionarista)



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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Damas - Um bairro rico em lembranças



Entre as vantagens do bairro está a localização. Próximo ao Montese e ao Centro, o bairro ainda é visto como "tranquilo".

Estrada de Porangaba -1919

Bairro tradicional que surgiu do intercâmbio entre o centro de Fortaleza e a sede do antigo distrito da Parangaba.

O Damas acolhia as chácaras das famílias abastadas da Capital cearense, nas décadas de 1930, 40 e 50, que fugiam do tumulto do Centro da Cidade. Era o local onde descansavam as "damas" da aristocracia daquela época. Daí o nome. Um desses sítios se transformou no Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos, o Imparh.Tem como eixo principal a Avenida João Pessoa onde se encontram importantes equipamentos como a Casa do Português, o Pólo de Lazer Gustavo Braga, o Colégio Juvenal de Carvalho, a Faculdade Cearense e o Campo do Ceará.

A fumaça da via urbana não lembra um passado não tão distante em que o local era um espaço verde de inúmeras sítios, ideal para os que buscavam tranquilidade e ar puro. O nome Damas é uma homenagem às famílias aristocráticas que construíam ali suas chácaras, afastadas do tumulto do centro da cidade de Fortaleza, que se modernizava e aformoseava mas que perdia o charme provincial.

Chácara em Parangaba onde funcionou o Grupo Escolar de Porangaba - Arquivo Nirez

Em 1931 surgiu no Damas o “Ideal Clube”, frequentado pela elite econômica da cidade. Os aristocratas se divertiam no clube que tinha quadra de tênis, piscinas e rinque de patinação. A “mundiça” ficava no sereno, no lado de fora, excluída dos esportes requintados das elites. O Ideal Clube ficou no bairro até a década de 60 quando foi transferido para o local da sede atual, no Meireles.

A principal rota que cruzava o Bairro Damas era a estrada Fortaleza-Porangaba, feita de areia batida. A poeira era intensa com o tráfego de boiadas, carroças e alguns poucos automóveis. Em 1929 o então presidente Washington Luis mandou revestir a estrada de concreto que foi batizada com seu nome. Deposto pela “Revolução de 30”, os novos donos do poder e os “revolucionários de véspera” mudaram o nome do lugar para João Pessoa, em homenagem a um dos líderes do movimento.

Av. João Pessoa - Arquivo Nirez

Concreto na Avenida João Pessoa

A cidade cresceu e os problemas urbanos se manifestaram no Bairro Damas. Com a nova realidade, a Avenida João Pessoa ficou conhecida como “avenida da morte” devido ao grande número de acidentes registrados na via de mão dupla. Em 1982, quando a avenida passou a ter sentido único, com o contra-fluxo apenas para transporte coletivo, o número de acidentes diminuiu mas o local ainda é perigoso.
Nos quarteirões da Avenida João Pessoa alguns casarões antigos resistem ao tempo e guardam fragmentos da história do bairro. Dentre todos eles, merece destaque a Casa do Português, símbolo de ostentação quando foi construído em 1950.

Arquivo Nirez

Ainda hoje, o velho casarão estranho com rampa de garagem localizada no teto, é ponto de referência de quem mora ou passa todos os dias pela Avenida João Pessoa. A casa - na realidade Vila Santo Antônio - pertencia a José Maria Cardoso, um rico comerciante português, dono de madeireira fornecedora de lenha para a Light e para os trens da RVC (Rede de Viação Cearense). Por mais que a família crescesse jamais ocupou todos os espaços do casarão e isso entristecia o proprietário. 

A casa acabou alugada para outro empresário luso, Paulo de Tarso, que instalou ali a Boate Portuguesa. O local depois abrigou a sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) de 1965 a 1984, e logo depois: uma oficina, um estacionamento e um cortiço.

O edifício foi tombado como patrimônio histórico municipal pela Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet) e está protegido de reforma que o desfigure. Alguns urbanistas questionam que o prédio seja um patrimônio da cidade. No entanto, ele é referencial identitário da nossa sensibilidade urbana, possui uma arquitetura especial e única e já foi cartão postal de Fortaleza em décadas passadas. Em 2005 , os arquitetos Napoleão Ferreira e Mário Roque tiveram a idéia de transformar a casa em Centro Cultural. A proposta era a de um centro que integrasse a cidade e o estado com a cultura portuguesa.

A Casa do Português parece um navio e lembra a história dos navegantes portugueses que desbravaram os mares, que nas palavras de Fernando Pessoa, “tanto do teu sal são lágrimas de Portugal.” Hoje as lágrimas são de abandono do lugar.

Vantagens

"É bem localizado, próximo ao Centro e ao Montese". Essa é uma das vantagens do bairro, destacada pelo professor de Educação Física Felipe Figueiredo de Lima, morador há 26 anos. Alguns se derretem em elogios. "Aqui é um sonho, uma beleza. O bairro é muito calmo e tranquilo", afirma a comerciante que mora há dez anos no local, Lídia Teixeira.

A calmaria é um dos atrativos do bairro, segundo a maioria dos moradores que não quer deixar o local em hipótese nenhuma. Uma das mais antigas moradoras, a pensionista de 88 anos Adalgisa Flora de Lima, afirma que vai morrer no lugar.

Mas nem só de bonanças vive o bairro Damas. Junto com o progresso, veio a violência. O local que hoje concentra diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, como farmácias, bancos, lojas, padarias e bares, é também um lugar tomado pelos assaltos. "É a desvantagem do local", observa o professor. Porém, os moradores acrescentam que a violência não chega a afastar as pessoas. "Tem em todo lugar de Fortaleza", destaca a líder comunitária Maria Aíla Ribeiro.

Adalgisa lembra que, quando chegou ao bairro, em 1946, era tudo areia e mato e existiam apenas oito casas. "Os carros atolavam. Hoje temos banco, todo tipo de comércio e facilidades. Mas também tem muito ladrão", conta.




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Fonte: Blog do Prof. Evaldo Lima e Diário do Nordeste

Marimbondos sem fogo



Sábado. Chovesse ou fizesse sol. Farra dos papudinhos no Boteco do Pezão, Lagoa do Opaia. Do meio-dia até o arrego do último pau d’água.
Chegante primeiro era o catraieiro Chicão, cem quilos, dois metros. Entre caboclo e afrodescendente. Furta-cor, no dito do poeta Olívio Gentil.
Lugar marcado na velha e ensebada mesa, acreditava ser-lhe respeito. Os parceiros bebuns o faziam pensar. Em verdade, possuía relevância maior. O soprar do vento contrário aos assentos dos demais farristas. Não aspirariam a inhaca axilar do marítimo que, somente depois de algumas talagadas e tira-gostos de tripa assada, acomodavam as narinas, imunizando-as da sovaqueira.
Conversas mil. Miolo de pote. Trato da vida alheia. Segundo eles, melhor fazer do mundo.
Puxador de fogo” encrenqueiro, Zé dos Reis, troviscado, mais pra lá do que pra cá, viu na goiabeira defronte a birosca fruto amarelinho. Conseguiu longa vara e, cambaleante, deu-se a catucação da árvore. Despercebido da morada de marimbondos-de-chapéu escondida na folhagem, ao bater na galha, os insetos voaram, ferroando-lhe todo. Susto e dores superaram o efeito etílico. Em desabalada carreira, seguido pelo enxame, rumou para a lagoa e atirou-se n’água.
Dois dos amigos de cachaçada partiram em auxílio. Findo o ataque, ajudaram-no a sair do charco margeador e chamaram ambulância que o levou ao hospital. Nesse ínterim, os demais bebaços entraram no botequim e continuaram a bebedeira. As beijucabas acalmaram-se e retornaram ao enxu. E os biriteiros, à mesa e à folgança, a comentar sobre os “perigosos animais”.
O vate deitou falação. Conhecimentos entomológicos. A irracionalidade dos apoica pallidas.   Insetos da espécie himenóptera, família dos vespíderos, de hábitos noturnos e pacíficos, quando não irritados. Reis atiçou-os. Em defesa, armaram-se. Com seus ferrões provocadores ardência e irresistíveis dores, fizeram-se à luta. Agiram movidos pela lei da natureza. Inimputáveis de culpabilidade!”.

Esticou a falácia. Citou autores e compêndios. Lembrou “Marimbondos de Fogo”, de José Sarney, que Millôr Fernandes descreveu como "um livro que quando você larga não consegue mais pegar".
Chicão discordava do “chove e não molha”. Indignara-se com o sofrimento do companheiro. Vingar-se-ia das “pestes”. Não haveria “turma do deixa disso” que o contivesse.
Pezão trouxe-lhe um cavalete, logo colocado embaixo do cortiço. O mareante preparou uma “bicada de dois dedos rasos de cachaça”, derramou o “gole do santo” e enfiou o resto goela abaixo. Desabotoou a camisa, meteu a mão direita sob a axila esquerda e friccionou-a algumas vezes. Igual procedimento, de forma inversa, deu à mão direita. Viscosas e aciduladas pelo suor estavam aptas a agir. Constituíam-se poderosas armas.
Galgou os degraus e chegou ao topo, próximo ao vespeiro, colocando-as concheadas em derredor e as aproximando vagarosamente. As vespas, em vôos ziguezagueantes, recolheram-se ao ninho. O portuário, raivosamente, abarcou o abrigo dos bichos com as mãos, atritando-as contra o mesmo, em movimentos de vai e vem, reduzindo tudo a pó.
Desceu, voltou a sua cadeira e falou: “Pronto, acabou a guerra!”.
Olívio, temeroso pelo posicionamento de antes, para desarmar maiores zangas, levantou um drinque a Chicão. Asseverou que seu poder superava o do fogo, elemento usado para destruir tais inimigos, aduzindo: “A força de Sansão estava no cabelo. A de nosso querido Chicão, no sovaco!”.
O homem das catraias, mesmo sem abraços dos cupinchas, por óbvios motivos, agradeceu emocionado.

Geraldo Duarte


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Conto publicado nas páginas 119 a 121 do SEGUNDO PENSAMENTO – 2ª Antologia de Prosa e Verso da Associação Cearense dos Escritores (ACE) – Premius Editora: 2011, Fortaleza – CE

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