Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Escola Johnson - 50 Anos



Inauguração da Escola Johnson

A Escola Johnson , foi fundada no dia 06 de fevereiro de 1963, pela S.C Johnson & Son, Inc.* inicialmente destinada a atender aos filhos de funcionários que trabalhavam na Fábrica de Cera de Carnaúba, localizada na Rua Dragão do Mar, sendo ali sua primeira sede. A fundação da nossa escola parte da própria história da Companhia Johnson.




Devido ao espirito de aventura e empreendedor do seu Presidente Herbert Johnson, em outubro de 1935, ele realizou uma expedição saindo de Racine, E.U.A, para pesquisar as potencialidades da carnaúba, nativa da região Nordeste e símbolo do nosso Ceará e matéria prima da empresa.

Fruto humanitário desta companhia e sob os auspícios do Dr. Galba Araújo e colaboradores, a Escola Johnson foi pioneira na educação especial em Fortaleza, tendo como sua primeira diretora, a professora Suzana Bonfim.



Mais tarde, com o regresso da família Johnson aos Estados Unidos, a escola passou para o quadro da Secretaria de Educação do estado do Ceará, em novas instalações no Bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e hoje é denominada Escola de Ensino Fundamental e Médio Johnson.

A parceria com a Ceras Jonhson Ltda é mantida até os dias de hoje através das doações dos Laboratórios de ciências e informática, gabinete dentário, quadra de esporte, construção de salas de educação especial, ampliação de biblioteca e outras benfeitorias, bem como, contratação de profissionais para atendimentos educacionais e odontológicos.

No ano de 2004, seu filho Fisk Johnson (foto ao lado), atual presidente da companhia após o falecimento de seu pai, retorna a Escola Johnson em visita excepcional, onde foi recepcionado calorosamente pela comunidade, numa escola recuperada e ampliada, contribuição da parceria e demonstração de afeto na continuidade da obra da família.


Atualmente, a escola atende 1.300 alunos dirigida pela professora Ana Maria Bizerril e o núcleo Gestor, mantendo e ampliando novas parcerias com: Ibeu, Senac, Federação Tênis de Mesa e a TIM que recentemente presenteou a escola com um acervo de 1.000 livros na inauguração da Salsa de Leitura Ruy Câmara.


Sala de Informática - Blog da escola


Após 50 anos no dever de educar, a Escola Johnson reconhece e agradece a todos que deixaram sua contribuição na construção de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna.

Parcerias:

CERA JOHNSON
TIM
IBEU
FEDERAÇÃO DE TÊNIS
FACULDADE CHRISTUS
UECE

Escola Johnson hoje funciona nos três turnos e atende a um universo de 1300 alunos distribuídos em: Ensino Fundamental (6° ao 9°ano), Ensino Médio, Educação especial e Atendimento de Educação Especial.

O atendimento aos alunos com necessidades especiais é feito por profissionais das áreas de:
Terapia ocupacional, FonoaudiologiaAssistência SocialPsicologiaPsicopedagogia.
Além dos alunos da Escola, o núcleo atende a comunidade e a outras escolas da região.


Banda Fanfarra em frente a escola - Arquivo Jangadeiro

Fatos Históricos

30/Dezembro/1945 - Noticia-se que o Sr. Herbert Johnson, sócio da Companhia Johnson, estabelecida no Ceará, doou duzentos mil cruzeiros a estabelecimentos de beneficência da nossa terra.

12/Julho/1959 - Mrs. Irene Johnson, esposa do Mr. Herbert Johnson, chefe da Companhia Johnson, doa, atendendo a um pedido de Aluísio Riquet Nogueira, presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos do Ceará, uma máquina de escrever Braille aos alunos do Instituto dos Cegos.

04/Fevereiro/1963 - Chega a Fortaleza uma comitiva dá Johnson &Johnson, presidida pelo Dr. Howard M. Packard, para inaugurar, no dia 6 de fevereiro, a Escola que aquela companhia manterá em Fortaleza com frequência gratuita para 400 alunos, que terão alimentação adequada, fornecida por ‘Alimentos para a Paz’.

23/Outubro/1972 - Falece, em Fortaleza, no Hospital Geral do INPS, vitimado por uma perturbação vascular-cerebral, o ex-deputado e líder estudantil Francisco Vasconcelos de Arruda. Era tesoureiro da Escola Johnson.


Sam Curtis Johnson

*A S. C. Johnson & Son é uma indústria química que fabrica produtos de higiene e limpeza. A empresa iniciou suas atividades fundada por Sam Curtis Johnson em 1886 na cidade americana de Racine, Wisconsin. No Brasil é conhecida como Ceras Johnson e está presente no mercado brasileiro desde 1937. No mundo possui 70 subsidiárias e trabalha com produtos vendidos em mais de 110 países.

Leia também:

Quem foi Herbert Johnson
A Casa Johnson na Beira-Mar




Crédito: Blog da Escola Johnson, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Wikipédia e Forbes

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Fortaleza e o Mar - 2ª Parte


A Praia do Futuro no contexto de Fortaleza


Praia do Futuro anos 60 - Da esquerda p/ direita: Waldir Diogo, Governador Faustino de Albuquerque, Dr. Olavo Rodrigues, Paulo Cabral, Murilo Mota e Adahil Barreto. Arquivo Nirez

Segundo divisão administrativa da Prefeitura de Fortaleza, a área de estudo divide-se em Praia do Futuro I e II



Outro registro de intelectuais na tranquila Praia do Futuro dos anos 60: Da esq p/ dir: Waldir Diogo, Olavo Rodrigues, Faustino de Albuquerque, Paulo Cabral, Adahil Barreto, Murilo Mota - Arquivo Nirez

Em meados de 1955, com o inicio da urbanização da Avenida Beira-Mare antes disso, com a construção do Porto do Mucuripe, desencadeou-se um processo de desapropriação, pela Prefeitura, das famílias de pescadores que residiam nesta região. Grande parte destas famílias mudou-se para as terras próximas à Lagoa do Coração, de propriedade da família Diogo, na atual praia do Futuro, e outra parte estabeleceu-se ao redor do porto, nos atuais bairros do Serviluz e Farol


Construção da Avenida Beira- Mar - Jornal O Povo 18/12/1963

As famílias assentadas ao redor da  Lagoa do Coração tiravam dela sua subsistência e a pesca era a fonte de  alimentação para a comunidade local. A ocupação desta região ocorreu de forma desorganizada, sem preocupação com o saneamento básico, o que diminuiu cada vez mais a qualidade de vida das famílias.  


Personalidades e intelectuais que visitaram a praia do Futuro nos anos 60. Arquivo Nirez.
Da esquerda p/ direita: Waldir Diogo, Murilo Mota, Faustino de Albuquerque, Olavo Rodrigues, Adahil Barreto e Paulo Cabral. Em 1949 o jornal Correio do Ceará publicou uma grande reportagem de autoria de Luciano Carneiro, intitulada "A Praia do Futuro ainda não tem nome, os aviadores que a amam, chamam-na de praia por trás do farol do Mucuripe"

Em entrevista no dia 27/12/04, os lideres comunitários do Conselho Comunitário da Lagoa do Coração assim falaram: “A maioria da população veio de outros bairros, tipo Castelo Encantado e depois para a Lagoa, e já vinham do interior”

Por volta de 1972, com o crescimento do mercado imobiliário, construtoras interessadas na região da praia do Futuro iniciaram a desapropriação das famílias da área, o que culminou com o aterramento da lagoa do Coração, alegando-se na época a contaminação desse aquífero.  A maioria dos moradores resistiu e, em agosto de  1979, fundaram o Conselho Comunitário da Lagoa do Coração, cujo presidente era o Sr. Luiz Bezerra da Silva, líder do movimento, que culminou com a permanência das famílias na região, até os dias atuais.

Em 1977, a área do Luxou, assim denominada pelo fato de ter existido ali o clube com esse nome, a primeira unidade social a instalar-se na praia do Futuro (atualmente denominado Mar Azul), o  local foi invadido por quatro famílias provenientes de Canindé (FONTE: SER II).  

O terreno pertencia às famílias de  Pedro Lazar e ao Moinho M. Dias Branco. A área do Luxou tornou-se historicamente um área de invasão e, por volta de 1985, a ocupação tomou proporções desgovernadas. Chegavam famílias de vários municípios do Estado - Chorozinho, Acaraú, Eusébio, Mossoró do Estado do Rio Grande do Norte, do Piauí e Maranhão, uma família por dia (FONTE: SER II). 


A praia do Futuro, no início dos anos 70. postal Edicard.

Essa ocupação atualmente já chega a 800 edificações aproximadamente, segundo moradores do local. Em entrevista com uma atual moradora da comunidade do Luxou, em 15/07/04, mostra como é o comércio de “barracos” nas comunidades da praia do Futuro, especificamente na comunidade do Luxou: 

"Sr.Tomás quando vendeu já era da irmã dele, de outra pessoa que passou para a irmã dele e depois pra mim. Preço dos barracos, troca por eletrodoméstico, minha irmã deu o som dela, televisão e uma bicicleta e mais uma pequena quantia em dinheiro e conseguiu um terreno grande, onde a casa dela está construída hoje em dia." 



A praia do Futuro, no contexto de Fortaleza, estende-se territorialmente por 6 km aproximadamente, segundo o atual PDDU do Município, que estabelece a divisão: trecho IX da faixa de praia  marítima leste, sendo também área de preservação ambiental (dunas). Administrativamente, ela está dividida em praia do Futuro I e II e Vicente Pinzón. Esta definição administrativa da Prefeitura Muncipal de Fortaleza tem como objetivos definir as equipes de atendimento do Programa de Saúde da Família


Poucas construções na Praia do Futuro dos anos 80


A Prefeitura criou, assim, as “UBASF” (Unidade Básica de Atendimento de Saúde da Família), no sentido de administrar, no aspecto de saúde da família, a área da praia do Futuro. Sendo assim, a UBASF Aída Santos e Silva compreende os bairros Vicente Pinzón e Praia do Futuro I. Esses bairros foram divididos em quatro áreas de realidades distintas: área do Morro Antônio Carneiro, Lagoa do CoraçãoConjunto São Pedro, Luxou e Morro do Sandras. Nesta UBASF, em 2000, foram cadastradas 4634 famílias (FONTE: SER II). 


Vista do antigo restaurante Sandra´s nos anos 90. Foto Fortal

Esta região urbana, determinada pelo PSF (Programa de Saúde da Família), tem como limites: ao leste, Oceano Atlântico; ao oeste, as ruas Dolor Barreira e Trajano de Medeiros; ao norte, as ruas Ismael Pordéus e Álvaro Costaao leste, a rua Paulo Mendes. Possui cerca de 5,4 km² de área territorial correspondente na parte leste; é área da  praia com frente para a Avenida Zezé Diogo e a porção oeste formada por dunas e morros, que foi habitada de maneira desordenada, onde não existe saneamento básico (FONTE: SERII). 

Á área da praia situada ao noroeste da área de abrangência caracteriza-se por apresentar as melhores condições de urbanização e saneamento e nível socioeconômico de toda a área de abrangência. A área do morro corresponde à subida e ao ápice de uma grande duna. É, juntamente com o Luxou, a porção mais carente e problemática, pelas precárias condições de saneamento, habitação, higiene, nutrição e baixo nível social, econômico e educacional.


O chamado Conjunto São Pedro tem seu território limitado ao oeste pela rua Princesa Isabel; ao leste pela rua Trajano de Medeiros; ao Norte pela rua Álvaro Costa e ao Sul, pela rua Josias Paulo de Souza. Trata-se de uma região onde há invasão, não há  saneamento básico. Esta foi denominada área do Conjunto, por abrigar o conjunto habitacional São Pedro, construído em regime de mutirão, para onde foram relocados os moradores da Favela das Placas (FONTE: SER II). 


Conjunto São Pedro, Praia do Futuro I em 21/08/2004 -  Pedro Itamar de Abreu Júnior

O denominado Morro do Sandras, onde hoje funciona o Restaurante La Maison, é delimitada ao leste pela rua Trajano de Medeiros; ao oeste, com avenida Dolor Barreira; ao norte, com Avenida Clóvis de Matos e ao sul, pela rua Visconde de Taunuay. Esta é a localidade que abriga a população mais carente de toda abrangência. Pode ser dividida em duas partes, com características distintas: a parte da cota da rua para baixo, com boas condições de urbanização, ruas pavimentadas, água e um conjunto habitacional, e a parte acima da rua da cota, que consiste na subida íngreme de uma grande duna de areia, sem nenhum saneamento, habitações precárias e população extremamente carente (FONTE: SER II). É uma área de invasão recente, em franca expansão. A única fonte de água encanada é uma torneira coletiva, instalada na frente da casa de um líder comunitário.  Exceto uma associação de moradores, praticamente inexistem equipamentos sociais. É área de muitas mães abandonadas pelos maridos e de muito alcoolismo, consumo de drogas, adolescentes grávidas, adultos analfabetos e crianças fora da escola. 

Leia a Parte I

Crédito: Praia do Futuro - Formas de Apropriação do Espaço Urbano - Pedro Itamar de Abreu Júnior

domingo, 11 de novembro de 2012

Fortaleza e o Mar



Entender a ligação da cidade de Fortaleza com o mar, é compreender o relacionamento dos pescadores com o mar, os quais vieram muitos da zona litorânea fora da capital e também do sertão, pois o bairro do Mucuripe, possuía e possui muitos pescadores provenientes dos municípios de Acaraú, Caucaia, Cascavel e Aracati que vislumbravam melhor condição de pesca, sustento da família e de fazer negócios em Fortaleza.


Ainda quanto à maritimidade, mesmo considerando que, historicamente, a cidade de Fortaleza se desenvolveu de costas para o mar e que o conceito de maritimidade “seja mais forte quando aplicado aos moradores com seus costumes em ilhas oceânicas e não especificamente no continente”, Diegues (1998), é importante fazer-se uma analogia quanto às práticas econômicas, sociais e simbólicas dos atores sociais com a Praia do Futuro e bairros vizinhos; principalmente, em função das transformações acontecidas nos últimos anos, na
faixa litorânea da Capital, quando as técnicas, o poder financeiro, as modificações dos agentes socioeconômicos transformaram-se. É como diz o senhor Possidônio Sousa Filho, que trabalha na Colônia Z-8 na Avenida Dioguinho, em entrevista em março de 2005:

"Aquela figura que vivia na praia e pegava sua jangada e ia para o mar, desapareceu. Por força da especulação imobiliária o pescador mora até em Messejana a quilômetros do litoral. Esta relação do pescador com seu meio ambiente foi radical por força do poder econômico e a evolução do próprio tempo, e as coisas se modernizam, e onde há modernidade há o poder
econômico que predomina, mas a vida social não mudou muito, apenas a relação do pescador com a previdência social teve alguma melhora, antigamente para um pescador se aposentar era uma dificuldade." 

Vila do Mucuripe, onde, ao longe se vê o movimento do incipiente Porto na década de 1940. Foto do Museu do Ceará

O bairro do Mucuripe reflete bem, na década de 1950, o relacionamento dos pescadores e suas famílias com o mar, vinculação mudada gradativamente, como relatado pelo presidente da Colônia Z-8, no entanto, àquela época, as atividades comerciais demonstradas pela partida dos homens de madrugada em busca do sustento da família, com suas jangadas de piúba de seis paus, e na venda do produto excedente no final da tarde, vista da Praia do Mucuripe na década de 40, eram característica que não existe mais. A participação da mulher no cuidar da casa e dos filhos, aliando-se a isso a
prática da confecção da renda e do labirinto, configuravam uma interação em todos os setores dos habitantes, refletindo um sentimento de maritimidade que outros chamam de sentimento praieiro, proveniente de muitos anos no bairro. 

Casebres na região da praia próxima ao antigo porto de Fortaleza. Arquivo H. Espínola

O mar é o personagem maior da gente do Mucuripe, como de todo praiano.  Dele tira o sustento, depende de suas entranhas para viver. E é dessa interação do homem com o mar que se compõe o contexto da história dessa comunidade. Ela conhece o mar...até certo ponto. Mas teme os seus mistérios. Sabe de seus riscos, dos seus caprichos. Pescador confia desconfiando do mar. Amigo íntimo, sim, mas que não admite certos descuidos. (GIRÃO, 1998:61).
As práticas dos pescadores e suas famílias expressas em sua religiosidade, superstições, personagens folclóricos, na luta da comunidade para alcançar progressos para o bairro em movimentos populares, as atividades de lazer à beira-mar, desde o mais simples piqueniques nos primórdios do Mucuripe até a primeira barraca a oferecer bebida, peixe  assado e aluguel de calção de banho, mostram o quanto à comunidade do Mucuripe é emblemática quando se fala de maritimidade. 

Acervo de Carlos Juaçaba

E, pela proximidade, os bairros contíguos do Farol, Serviluz, do Morro de Santa Terezinha e a própria Praia do Futuro possuem relações de vínculos com o bairro do Mucuripe e, naturalmente, com o sentimento de maritimidade. Entender a cidade de Fortaleza e seu relacionamento sertão-mar é captar os valores identitários como cada um de seus habitantes interage com a Cidade. Sendo assim, mesmo os provenientes do restante do Estado e os que já habitavam Fortaleza exerceram uma lógica baseada em princípios que aos poucos se vão amalgamando, criando outros conceitos. 

Aí pelos anos 40/50, a praia do Mucuripe, então poético recanto de pescadores, passou a receber uma  população estranha, procedente de outros pontos da cidade e do interior. O velho problema habitacional, agravado pelo êxodo de populações tangidas pela miséria dos camposgerava o fenômeno que se chama atualmente de favelização. O romântico e 
íntimo esconderijo de velhos homens do mar fizeram-se caótica albergaria de gente de doutras origens e de outros costumes. Em meio a essa desordem urbanística, implantou-se ai também a prostituição. (GIRÃO, 1998:32).

Especificamente na praia do Futuro, a prática da maritimidade existe por parte de pescadores que moram no Conjunto São Pedro e pessoas que, mesmo não sendo pescadores, vivem de atividades comerciais junto à pesca. Sendo assim, existem os que trabalham fabricando manzuás, redes de pesca e, quando no período de defeso da lagosta, trabalham em outras atividades que não sejam a pesca. Essas atividades são chamadas por eles atividades em terra, como de: 
servente de pedreiro, pedreiro, garçons em barracas de praia ou até mesmo pintando barcos
O fundamental é entender que, nos bairros, principalmente no Serviluz e no Farol, há grande atividade comercial, onde se sobrevive direta ou indiretamente da pesca, e a praia do Futuro, como limítrofe, também produz a sua parte, aumentando em direção ao rio Cocó na Praia do Caça e Pesca.

Construção da Avenida Beira- Mar - Jornal O Povo 18/12/1963

O perfil do pescador modificou-se nos últimos 40 anos. Esta transformação repercutiu não só na venda de terrenos nas margens da Avenida Beira-Mar, pois, com a construção da própria Avenida, também foi transformado o perfil social do pescador, não financeiramente, mas na possibilidade do jovem filho  de pescador procurar outras  atividades em terra para 
sobrevivência, pois a vida  do pescador não é muito fácil, como fala o senhor Possidônio, em entrevista em março de 2005: 

"A vida do pescador é muito sofrida, é um homem enfrentando as procelas do mar, que são violentas, a tempestade, também a falta do vento, que é o oposto. Tudo isso o jovem pensa, vê alguma facilidade em terra, ele não se arrisca mais em ser um pescador profissional, pode até iniciar e depois se afasta, mas alguns ainda têm no sangue o desejo de querer ser pescador." 

A Praia do Futuro ainda deserta nos anos 50 - IBGE

Falar em maritimidade, no entanto, não é apenas referir-se aos pescadores e às pessoas que trabalham em terra, em atividades vinculadas à pesca, pois os ambulantes, que são em torno de 2500, segundo a PGRU (Procuradoria Geral da União), possuem importância na sua sobrevivência que retiram na venda de seus produtos na faixa litorânea, além deles, os  barraqueiros que interagindo com frequentadores ocasionais, turistas,  empresários do ramo da hospedagem, marisqueiros do Caça e Pesca, todos esses atores sociais têm diferenciadas 
relações com o mar, extraindo dele a  sobrevivência ou interagindo com seus frequentadores, ofertando seus produtos, auferindo lucro pela paisagem natural, desenvolvida por diferentes meios de hospedagem. Sendo pode-se afirmar que estes outros personagens citados anteriormente, e não apenas os pescadores, possuem um sentimento indireto de maritimidade com a Praia do Futuro

Barracas típicas de tábuas na Praia do Futuro - Jornal O Povo 09/03/1983

A região da Praia do Caça e Pesca possui, mesmo de uma maneira menos intensa, pessoas que  sobrevivem das atividades pesqueiras, ou pescando para a subsistência, ao que se alia uma  cultura agrícola, ou a atividade da pesca do peixe e do marisco aliada à outra atividade urbana como: atuar de pedreiro, pintor ou com pequenos comércios, ou fabricando instrumentos para a pesca.  



Crédito: Praia do Futuro - Formas de Apropriação do Espaço Urbano - Pedro Itamar de Abreu Júnior

sábado, 10 de novembro de 2012

Selo Versatile Blogger


Oi amigos!

Hoje recebi o selo Versatile Blogger do amigo Marcelo Bonavides, do maravilhoso blog Estrelas que nunca se apagam. Fiquei muito feliz do blog ter sido escolhido no meio de tantos blogs legais! Valeu!  


Agora que fui agraciada com esse selinho, preciso dizer 7 coisas sobre mim e claro, presentear outros blogueiros.

1 - Bom, no ano que eu nasci (1978) deu-se a inauguração da nova Catedral de Fortaleza, tendo o padre Tito Guedes à frente de suas obras e como Arcebispo Metropolitano Dom Aloísio Lorscheider
É um templo neo-gótico, inspirado na catedral de Colônia, com capacidade para abrigar 5.000 pessoas.


Acervo de José Garcia Martinez. Foto dos anos 70

Um pouco de história:

Em 20 de abril de 1701, a Câmara da Vila de São José de Ribamar resolve mudar a vila do lugar junto a Fortaleza para a barra do Rio Ceará.
A primeira vila do Ceará foi Aquiraz.
A Ordem Régia de 16 de fevereiro de 1699 resolvia sobre a construção de uma igreja que foi a primeira capela-mor da Matriz de Fortaleza (Catedral), cuja construção foi autorizada por Ordem Régia de 12 de fevereiro de 1746.
A igreja foi terminada por volta de 1795, mas em 1820 foi demolida e em seu lugar levantada uma outra que foi inaugurada após 34 anos, em 1854.
A Ordem Régia de 16/02/1699 resolvia sobre a construção da primeira capela-mor de Fortaleza cuja construção foi autorizada em 12 de fevereiro de 1746 por outra Ordem Régia.
A construção foi iniciada em 21 de outubro de 1753 e terminada em 1795, mas em 1820 a capela-mor foi vistoriada pelo mestre carpinteiro Francisco José da Silva, o mestre pedreiro Braz Quentão e o administrador das obras da Vila, Antônio Simões Ferreira de Faria, em virtude de rachaduras surgidas no arco, ficando resolvida sua demolição para construção de uma outra.
As peças sagradas foram transferidas para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário que só retornaram no dia do benzimento da nova matriz no dia dois de abril de 1854 era a igreja de São José, que serviu de Catedral quando houve o desmembramento da Diocese de Pernambuco e foi criada a do Ceará.

Postal raro da inauguração da Catedral em 1978

Em 1938 novamente sob a alegação de que estava para cair, foi esta também demolida e a pedra fundamental da atual Catedral foi lançada em 15/08/1939 à época do arcebispado de Dom Manuel da Silva Gomes, que chegou a viajar a sua terra natal, Bahia, para não deixar derrubar uma igreja, mas nossa ele demoliu sem pena, destruindo a "contemplação do cruzeiro de frei Serafim de Catania, onde os fiéis aprendiam simbolicamente os episódios da paixão e ao pé do qual toda a gente rezava comovida as ladainhas de Nossa Senhora, em maio, o responso das almas, em novembro.
Não se concebe a destruição de uma obra dessa natureza", disse Gustavo Barroso.
Sua construção demorou mais do que o esperado, pois logo veio a Segunda Guerra Mundial, o castigo das grandes secas, a descrença do povo devido à demora, até que no dia 22/12/1978 inaugurou-se. (Fonte: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez)

2 - Ainda bebê, fomos morar (meus pais, meu irmão mais velho e eu) na Água Fria. Lembro que o Shopping Iguatemi ainda estava sendo construído e assim que foi inaugurado, toda tarde mamãe nos levava para passear no novo shopping. Lá, tive o prazer de ficar pertinho da Turma do Didi, do Daniel Azulay, Turma da Mônica (a do Maurício de Souza)... E teve um dia q fomos assistir a um desfile e meu irmão pegou na mão de uma modelo loirinha q só anos depois, fui saber que se tratava da então modelo Maria das Graças (Xuxa).

Eu completando 1 aninho nos braços de mamãe. Meu pai ao lado e meu irmão em pé na cadeira.

Nessa época, a Água Fria tinha algumas casas de conjunto e muito mato. rsrs 

Um pouco de história:

Construção do Iguatemi no final da década de 70 - Arquivo do amigo Assis de Lima

Em 02 de abril de 1982, o Shopping Center Iguatemi é o segundo a ser inaugurado no Ceará, sendo um dos maiores do Brasil, com 110 mil m2, 130 lojas, e estacionamento para 2.500 veículos, com endereço na Avenida Washington Soares nº 85, na Água Fria.
Propriedade do empresário Tasso Ribeiro Jereissati (Tasso Jereissati).
Depois foi ampliado.  (Fonte: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez)

3 - Em 1983 nos mudamos para a Avenida Filomeno Gomes, no Jacarecanga. Fomos morar bem em frente a Praça Gustavo Barroso (do Liceu), ao lado do casarão de Meton Gadelha. Quando saímos da Água Fria, minha única irmã já havia nascido, ela é dois anos mais nova que eu. No novo endereço, nasceu o loirinho lá de casa, meu irmão Marcel. :)

Lilian, eu e o Marcos Jr na área de casa. Tenho muitas saudades dessa época!

Todos os domingos, nossa tia nos levava para a Praia do Futuro. Na foto, meu irmão Marcel, a Lilian (de óculos), a tia Gláucia e eu.

Ainda no Jacarecanga, nasceu meu outro irmão, Márcio. 

Agora me lembrei de um fato curioso, antes de demolirem o casarão do Meton Gadelha, ele havia sido ocupado por índios. Sempre que eu passava em frente ao casarão, ficava admirando aquele povo, achava tudo muito estranho, eles tinham furos nos lábios, no nariz... Até que um dia, minha tia resolveu entrar no casarão e adivinhem quem ela levou a tiracolo? Euzinha! rsrsr Os índios foram super legais com a gente e eu fiquei triste quando de um dia pro outro, expulsaram os índios e começaram a demolir meu casarão de infância. :( Eu amava brincar no enorme quintal que havia, era uma verdadeira floresta para nós, as crianças.

Um pouco de história:

Em 08 de dezembro de 1930, o empresário Meton de Alencar Gadelha (Meton Gadelha) inaugura sua casa, na Avenida Filomeno Gomes, na Praça Gustavo Barroso (do Liceu).

Quando o casarão estava sendo demolido na década de 80. Essa casa laranja na parte inferior à esquerda da foto, era onde eu morava. Arquivo Nirez

4 Quando eu tinha 9 anos, fomos morar no Meireles, numa casa própria. Na época, meu pai trabalhava na J. Macêdo e eu simplesmente amava as festas que haviam lá, eu ficava o ano todo esperando o grande dia! rsrs

Eu e meus irmãos em uma dessas festas.

Eu amava quando chegava os domingos e meu saudoso pai nos levava a um restaurante cercado por enormes vidraças. Nós (eu e meus irmãos), ficávamos horas e horas observando aquele marzão  que até esquecíamos de comer... Eu lembro muito do meu pai chamar aquele lugar de Cirandinha. A comida era deliciosa!

Restaurante Cirandinha - Arquivo Nirez

Em 1993, nasceu o caçula lá de casa e foi uma grande alegria, pois anos antes, mamãe havia perdido uma menininha com apenas 3 dias de vida e foi uma tristeza muito grande para todos nós! O Mattheus trouxe de volta a felicidade para nosso lar!

Mattheus no calçadão da Beira-Mar


5 - Em 1995, conheci meu futuro marido, o nome dele é Reginaldo e eu posso dizer de boca cheia, tirei a sorte grande! Nos casamos em 1998 e lá se vão 14 anos de muitas felicidades, muito amor e inúmeras realizações!

6 - No dia 25 de dezembro de 1999, fui mamãe pela primeira vez e logo em dose dupla! Deus me abençoou com duas meninas lindas, Letícia e Lívia.

Meus maiores tesouros

Minha base, minha família!

7 - Nove anos depois, fui mamãe novamente! Minha caçula hoje está com 4 aninhos, se chama Lara. Assim como meus pais, formei minha família e seguindo o exemplo deles, nossa base é o amor e a união! Sou muito feliz e só tenho a agradecer a Deus por tudo de maravilhoso que ele já me deu! :)

Os amigos blogueiros que também merecem e muito, receber esse selo, são: 

Totonho Laprovitera - Blog do Laprovitera
Raymundo Netto - Almanacultura
Fred Guilhon - Blog do Guilhon e Planeta Fusca
Lindalva - Ilha da Lindalva

Abraços 0/


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: