Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cine Theatro Polytheama - 1911



A Praça do Ferreira, centro da vida social e comercial, passa a ter um cinema que se tornou memorável, o Cine-Theatro Polytheama, cuja inauguração ocorre a 2 de junho de 1911. Localizado à praça, no prédio nº 12, no mesmo local em que quarenta e sete anos mais tarde seria inaugurado o luxuoso Cine São Luiz, sua criação deu-se ao esforço dos irmãos José e Joaquim de Oliveira Rola, associados sob a denominação Empresa Rola & Irmãos. O Polytheama, que teve uma longa vida, sobrevivendo à era do cinema sonoro, mesmo permanecendo como cinema mudo, foi em seus seis primeiros anos o principal cinema da cidade, oferecendo maiores e  amplas instalações que seus concorrentes programando filmes de qualidade.


José de Oliveira Rola

Sua inauguração foi precedida por viva expectativa, refletindo-se na imprensa diária as minuciosas providências de seus proprietários. A República”, de 25 de janeiro de 1911, publicava o anúncio:

POLYTHEAMA Cinema e Theatro
Em Construção.

Aceitam-se reclames para as paredes do salão de espetáculos. Preços módicos.
Tratar-se com José Rola. No El Contado.
Rua Municipal, nº 8.

Novamente em “A República”, a 26 de fevereiro de 1911, noticia-se o futuro cinema e teatro, que surpreende com uma pré-inauguração com espetáculo de teatro e música:

POLYTHEAMA

Uma nova casa de diversões vai ser aberta ao público cearense.
Localizado à Praça do Ferreira, por conseguinte num dos melhores pontos da capital, o “Polytheama", da empresa Rola & Irmão, está sendo instalado com o maior gosto e esmero, de molde a corresponder, plenamente, aos fins a que se destina.
Nos três dias de carnaval, à noite, serão realizadas, por sessões, variados espetáculos no  “Cinema-Theatro”.
Tomarão parte na representação alguns artistas da Companhia Francisco Santos, entre os quais Vieira XavierJoaquim Castro, João Carvalho, Narciso Costa, Francisco Brito e Eulina Barreto.
Amanhã serão levadas à cena as seguintes peças: nas sessões de 7 e 9 horas a engraçada comédia de Eduardo Garrido, “Os 30 botões” e na de 8 a comédia “Uma Tourada”.
Serão cantados também o “Fadinho Brasileiro” e a 
Caninha Verde”.



Durante os espetáculos executará escolhidos trechos de música uma esplendida orquestra sob a regência do maestro Smido.
Chamamos a atenção dos leitores 
para o anúncio que a empresa Rola & Irmão faz inserir, hoje, na seção competente.




O Polytheama seria de fato inaugurado, meses antes de sua primeira exibição cinematográfica, agora apenas como espaço teatral. O seu salão era aberto para breve temporada do grupo cênico de Francisco Santos, de 26 a 28 de fevereiro, no período das festas carnavaIescas. O anúncio da Empreza, publicado em “A República, de 25 de fevereiro de 1911, diz:

POLYTHEAMA
Cinema Theatro
12 - Praça do Ferreira - 12


Para festejar o Carnaval de 1911, a Empreza Rola & Irmão, e de acordo com o Empresário Francisco Santos, resolveu realizar espetáculos no novo Theatro, nos dias 26, 27 e 28, divididos em 3 sessões diárias.



Jornal do Ceará de agosto de 1911

Domingo, 26 de fevereiro, Domingo
Grande e variadas sessões
Rir! Rir! Rir!


1ª Sessão (às 7 da noite)A representação da hilariante comédia de
Eduardo Garrido
OS 30 BOTÕES

Desempenhada pelos artistas d. Eulina Barreto, João Carvalho e Narciso Costa.
5 números de música
A célebre Caninha Verde e o Fadinho Brasileiro.


2ª Sessão - às 8 horas
A representação da chistosa comédia
UMA TOURADA

Personagens:
Maurício aficcionado de touros - Vieira Xavier
Arthur, seu filho - Mariano Carvalho
Padre Pimenta - Joaquim Castro
Marcela, “velha beata" - Francisca Britto


3ª e última sessão às 9 horas
Os 30 Botões

Abrilhantará o espetáculo uma excelente 
orquestra sob a regência do distinto maestro Luiz Smido.

PREÇOS

Cadeiras na platéia - 1$000
Idem nas varandas - 1$500
Segunda e terça-feira espetáculos com programas novos.

AVISO

O Salão será franqueado ao ilustrado público depois da 2a. sessão.
0 serviço de Botequim está a cargo da acreditada 
Maison Art-Nouveau.

Depois desse breve período de funcionamento, como teatro, o Polytheama ficaria fechado para as obras complementares. Foram meses de expectativa, voltando o assunto aos jornais apenas em junho, em noticias como a que recolhemos de 'A República' de 12 de junho de 1911:

POLYTHEAMA
Dentro de muitos breves dias a digna e esforçada Empresa Rola & Irmão franqueará ao público desta Capital um estabelecimento de diversões familiares, com um bar de primeira ordem.

Está sendo montado, por profissional competente, um motor potentíssimo para iluminação elétrica do vasto prédio onde está o Polytheama, e acionamento de um grande frigorífico e do aparelho cinematográfico.
Oportunamente daremos uma noticia completa sobre o importante estabelecimento.


Jornal do Ceará de 1911

Dar-se-ia então a inauguração formal do Polytheama, do palco no sábado, 1º de julho de 1911, e do cinema - no domingo, dia 2, numa antecipação do que era previsto para a segunda-feira. Noticia a respeito, em “A República” (30.6.11), diz:

POLYTHEAMA 

Conforme noticiamos, a Companhia Remini inaugurará amanhã essa casa de diversões, com a representação da 
Princesa dos Dollars”, a deliciosa opereta que tanto agradou a nossa platéia.

Domingo, realizar-se-á outro espetáculo da Remini no Polytheama, onde de segunda-feira em diante, começa a funcionar o cinema.

Já chegaram esplendidas fitas e novo sortimento é esperado pelo “S. Paulo", bem como uma troupe de variedades, que 5ª feira, deverá estrear-se.



Jornal do Ceará de 1911

Fortaleza passava a possuir quatro cinemas, e o novo salão tinha tudo para competir com o Rio Branco, Cinema Júlio Pinto e Cinema DiMaio. A abertura do novo cinema, é assim noticiada:

POLYTHEAMA - Ontem começou a funcionar o cinema dessa conceituada casa de diversões, sendo exibidas cinco esplêndidas fitas. Para hoje foi organizado novo programa, de que constam belas fitas da Cines, Biograph e Pathé Frères.

(A República de 03.7.1911)

São filmes da fase inicial do Polytheama: 

Fedra (Phedra), da Pathé Frères, de Paris; Vingança da Morta (La Vendetta di una Morta; Comério L., de Milão, 1908, 130 metros; já exibido no Rio Branco, em novembro de 1910), Nella di Loredano (Nella de'Loredano; Saffi-Comerio, de Milão, 1909, 198 m, fita histórica dirigida por Giuseppe De Liguoro);
Verdadeira Caridade (Simply Charity), Biograph Company, 1910, 993 pés, de D.VV. Griffith, fotografia de Billy Bitzer e Arthur Marvin, com Mary Pickford, VV. Christie Miller, Georg Nichols, Edwin August, Kate Bruce, Charles West, Claire McDowell e William J. Butler; O Carnaval do Rio de Janeiro em 1911, “magnífica fita natural”, Empresa Serrador, fotografia A. Botelho; O Taberneiro Joe ('Ostler Joe), Biograph Company, 1908, 877 pés, estória curta de James Brown Potter, cenário D.VV. Griffith, fotografia Billy Bitzer, direção Wallace McCutcheon, com D. VV. Griffith e Eddie Dillon (já exibido no Júlio Pinto, em outubro de 1910), Max Procura uma Noiva (Max Cherche une Fiancée), Pathé Frères, 1910, com Max Linder; Antonio Foscarini (Antonio Foscarini), Film D'Arte Italiana, de Roma, 1910, 240 m, drama histórico; Mademoiselle de Sombreuil -ou- Um Episódio da Revolução Francesa (Mademoiselle de Sombreuil), Gaumont, 1910, 210 m, fita dramática histórica; Bigodinho e seus Filhos (Rigadin et ses Fils), Pathé, 1911, cômica com Prince-Rigadin; O Fugitivo (The Fugitive), Biograph, 1911, 996 pés, de Griffith, fotografia de Bitzer, com Edwin August, Lucy Cotton, Joe Graybill, Owen Moore, Kate Bruce, Eddie Dillon e Dorothy West, já exibido no Di Maio, a 7.5.11; A Vingança (La Vengeance), Pathé, 1909, 105 m, dramática; Nero (Nerone), Societá Anonima Ambrosio, de Turim, 1909, 338m, de Luigi Maggi e Arturo Ambrosio, com Lydia de Roberti e Alberto Capozzi, já exibido no Cassino Cearense a 16.2.10 e no Rio Branco, em 15.1.11; Campeão de Box (Champion de Box), Pathé, 1910, comédia de Max Linder, já exibida no Rio Branco, a 4.12.10; Amigos da Infância (Amici d'Infanzia), Cines, de Roma, 1910, 188 m, dramática; Mater Dolorosa (Mater Dolorosa), Société Française des Films et Cinématògraphes Eclair, 1910, 200 m, cenário René Marquis, fotografia Ravet, diretor Emile Chautard, com Dupont-dell" Apuxarra -ou- II Tuxani), Cines, 1911, 302 m, de Mario Caserini, com Amleto Novelli e Gianna Terribili-Gonzalez; Novidade na Vila (Novità in Paese), Cines, 1911, 234 m, drama; Noite de Serão (Out of the Night), Thomas A. Edison Inc., 1910, 950 m, adaptação de Rex Beach, direção de Edwin S. Porter; Tontolini Aprende a dançar (TontoIini impara a Ballare), Cines, 1911, 175m, com GuilIaume; Atraso Postal (Ritardo PostaIe), Itala Film, de Turim, 1911, 131 m, cômica; Cidade de VIadikavraz (La Città di Vladikancas), Ambrosio, 1911, natural, de Giovanni Vitrotti; Prisioneiro do Cáucaso (Kavkazski Plennik -ou- Prigioniero deI Caucaso), Societá Anonima Ambrosio, de Turim/timan-Rejngardt, de Moscou, 1911, 306 m, drama filmado na Russsia por Giovanni Vitrotti; e muitos outros, de procedência dos estúdios italianos, franceses e americanos.


Jornal do Ceará de 10 de novembro de 1911

Os anos que se seguiram foram de renovado êxito. Em fevereiro de 1912, há uma temporada do Sr. José Casajuarana, que combinava filmes e fonógrafo. A respeito
dele, são as notícias seguintes:

POLYTHEAMA. Visitou-nos hoje o estimavel cavalheiro Sr. José Casajuarana, que deve estar hoje mesmo, no Polytheama. Os aparelhos de que se serve o Sr. Casajuarana costituem as invenções mais modernas da Casa Gaumont, de Paris.Com o Sr. Casajuarana trabalham os jovens dansarinos Isabel e Maria Jerenzaniti.


(A República de 12.2.12)


Jornal 'O Jornal' de 6 de outubro de 1916

POLYTHEAMA. Assistimos mais uma vez, hontem, com prazer a uma das sessões do Polytheama, que esteve, como quase sempre, admirável. O phonágrapho do Sr. José Casajuarana tem cantado lindas peças, de combinação com bonitas creações da Casa Gaumont, é digno de ser ouvido pelos habitués de bom gosto.

(A República de 16.1.12)


(Grafia da época) 



Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite 
Jornais antigos: Biblioteca Nacional

sábado, 28 de setembro de 2013

Postais Praias de Fortaleza



Postal Praia do Meireles e Iracema vistas do mar.

Postal Jangadas na Praia de Iracema

Postal Jangadas em repouso.

Postal Mucuripe - Jangadas em repouso.

Postal Jangadas ao Pôr do sol

Postal Praia do Mucuripe. Datado de 15 de maio de 1974.

Postal Jangadinhas do Ceará

Postal Jangada e Jangadeiro

Postal Jangadas

Postal Jangadas na volta da pesca. Praia do Mucuripe

Postal Jangadas no Mucuripe

Postal Jangadas regressam da pescaria. Praia do Mucuripe

Postal fim de tarde na Praia do Náutico.


Postal Praia do Futuro anos 70 - Editora Edicard

Postal Praia do Pirambu datado de 02 de julho de 1974.





segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cine Merceeiros - 1930


O Cine Merceeiros da Associação dos Merceeiros

No dia 5 de abril de 1914 era fundada, em Fortaleza, a sociedade beneficente Associação dos Merceeiros, que se propunha a desenvolver atividades instrutivas e de defesa dos comerciantes de estivas e miudezas a retalhos e empregados no comércio, entidade que se mantem ainda hoje em pleno funcionamento.

A associação instalaria, dezesseis anos depois, na sua sede à rua Major Facundo, 421, esquina com rua Clarindo de Queirós, na Praça do Carmo, o Cine Merceeiros. A festiva inauguração ocorreu, no sábado, 1º de novembro de 1930, com a comédia A Ver Navios (Why Sailors Go Wrong; Fox Film Corp., 1928, 6 rolos, direção de Henry Lehrman, argumento de William Conselman, cenário de Randall H. Faye, com Sammy Cohen, Ted McNamara, Sally Phipps, Nick Stuart, Jack Pennick e Carl Miller).

O “Correio do Ceará” (3.11.30), registrou assim a inauguração:

INAUGUROU-SE ANTE-HONTEM O CINEMA DOS MERCEEIROS

Ás 19 horas, do dia 1º, na sede da conceituada Associação dos Merceeiros, fez-se a inauguração festiva do Cine Merceeiros, o qual se apresentava com todo o conforto e escrupulosa organização, representando mais um serviço de vulto conseguido pela atual Diretoria do pujante Centro de classe.

Convidados fomos para assistir o acto, e enviamos aos dirigentes os nossos parabéns, bem como toda nossa sympathia.
O cinema a partir dessa data ofereceu uma programação semanal, com filmes já lançados pelo circuito Severiano Ribeirotendo exatamente cinco anos de existência...

Quando comemorava o seu quinto aniversário, na noite de 1º de novembro de 1935, o Cine Merceeiros foi atingido por um incêndio que determinou o fim de suas atividades. Na festiva noite, que a fatalidade marcou, o filme exibido era “Manda Quem Pode" (Disorderly Conduct; Fox Film Corp.,1932, 7.400 pés, direção de John W. Considine, estória e diálogos de William Anthony McGuire, continuidade de Del Andrews, edição de Frank Hull, fotografia Harry Dawe, com Spencer Tracy, Sally Eilers, El Brendel, Ralph Bellamy, Ralph Morgan, Alan Dinehart, Cornelius Keefe, Sally Blane, Nora Lane, Dickie Moore, Claire Maynard, Pat O'Malley, Frank Conroy e Pat Harmon).

Reportando o incêndio que determinava o fim do Cine Merceeiros, o “Correio do Ceará”, no dia 4 de novembro de 1935, publicou a seguinte matéria:

O INCÊNDIO DO CINE MERCEEIROS

UMA COMMEMORAÇÃO FATÍDICA:
MANDA QUEM PÓDE!

Estava commemorando o seu 5º anniversario, o “Cine-Merceeiros” que é um dos mais populares cinemas da capital, quando, na 3ª parte da fita do dia, irrompeu o inesperado fogo, cerca das 9 horas da noite do dia 1º.

A Origem do Incêndio
Começou o fogo na “cabine” no momento em que a fita “quebrava" tendo o operador, no intuito de desembaraçar a pellicula, demorado um pouco a corrente sobre o espelho voltaico, occasionando o calor excessivo sobre o celluloide. Das versões que corriam no momento, esta nos parece mais razoavel. As chammas tomaram violentamente, toda a cabine de madeira, transmitindo as Iabaredas ao forro.
Percebida a realidade do perigo, estabeleceu-se ƒormidavel confusão. A “cabine" que fica atraz da platéa, estando coberta de Iabaredas, impediu a unica porta de acesso ao salão; sendo as inumeras portas laterais todas de “varanda". Ficou a assistencia toda cercada sem sahida rapida.
No primeiro instante, o "elemento masculino” não tergiversou: voou pelas varandas. Mas, num momento de heroica reflexão, numerosos cavalheiros voltaram a acudir o “elemento feminino” que assombrado, gritava tragicamente.
Viu-se, então, “raro trabalho" de salvação: senhoras, senhoritas e crianças carregadas, com viva presteza, por cima das grades de ferro que “avarandam todo o quarteirão” ocupado pelo majestoso palacete da “Associação dos Merceeiros" localizado à rua General Clarindo, entre Major Facundo e Marechal Floriano.

Os Seguros 
Informaram, no momento, de não haver seguros, nem no predio, nem no cinema. O presidente do cine, sr. Ignacio Costa, esteve presente, mostrando-se vivamente surprehendido com o sinistro.

“Manda Quem Pode!"
Era este o titulo da fita que se exhibia na occasião. O povo, seguindo a ação dos Bombeiros, applaudindo a coragem dos soldados e recuando aos estrondos mais fortes, fazia trocadilhos sobre o titulo, alludindo o poder do fogo, deante da lamentavel falta dagua, o que se verificou tres vezes.

A Fita da Bayer
O apparelho synchronizador da fita da Casa Bayer não trabalhava na filmagem da cinta “Manda quem póde".

O sr. José Penha, viajante da Casa Bayer calcula os prejuizos com o incendio do seu apparelho e do film em quantia superior a cincoenta contos de réis.

Ainda sobre o incêndio do Cine-Merceeiros, o “Correio do Ceará", na edição de 5 de novembro, publicou entrevista com o Presidente da Empresa mantenedora do cinema com novos esclarecimentos:

"A causa do fogo não fora propriamente aquela que em nossa noticia anterior julgamos veridica. O motivo real do incendio, assegura-nos o nosso informante - foi uma faísca desprendida da chave de ligação em curto circuito, vindo dita fagulha cahir justamente sobre os pedaços de fita que estavam proximos.
A proposito, lembramos aqui a grandeza de intuitos com que foi creado aquelle cinema.

A Associação dos Merceeiros possue uma importante escola para os filhos de seus associados, e, durante algum tempo, Iuctou com certa difficuldade financeira.
Alguns directores da Associação à frente da qual estava o proprio sr. Ignacio Costa naquelle tempo, lembraram a idéa de montar-se um cinema com o fim de serem empregados os lucros na manutenção da escola.

-Infelizmente queimou-se o nosso cinema, mas felizmente estava no seguro..."

O grande inimigo dos cinemas, o fogo, encerrava a iniciativa da Associação dos Merceeiros, de dar aos seus sócios e à cidade, um cinema alternativo.


(Grafia da época) 

Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Liga Contra os Chapéus nos Cinemas e Teatros





































O ano era 1917...

Desde o aparecimento dos primeiros cinemas, na Europa e nos Estados Unidos da América, os empresários dessas casas viram-se obrigados a promover campanhas educativas, através de projeções fixas de avisos e recomendações.
Mensagens do tipo - “Por favor não fume! È desagradável para senhoras.”, “Damas! Retirem gentilmente seus chapéus!", “Favor ler os títulos para si mesmo. Ler alto perturba o vizinho!”, “Não cuspa no chão!” - são lidos,mundo à fora, em todos os idiomas.

E numa época em que os chapéus femininos eram obrigatórios, ditados pelo império da moda, foram estes uma fonte de constante protesto. O semanário cearense, "Perfil", ano II, agosto de 1917, dá noticia da criação em Fortaleza da “Liga contra os Chapéus nos Cinemas e Teatros":

LIGA CONTRA OS CHAPÉUS NOS CINEMAS E TEATROS

“Por todo êste mês será fundado nesta cidade a “Liga contra os Chapéus nos Cinemas e Teatros”. Excusado é entrarmos em minudencias quando todo mundo, pelo título, sabe os fins a que se destina a novel e justa sociedade.

Efetivamente é um suplício pior do que o de Tantalo ou mesmo do Conde Ugolino a gente ter de assistir uma sessão de cinematógrafo ou teatro com um chapéu "dreadnought” em nossa frente. Achamos “trop chic, excessivement chic” o chapéu na mulher, mas achamos “trop grave, excessivement grave” quando elas o conservam no alto da sinagoga.

Calculem as nossas gentilíssimas leitoras um homem pequeno sentado por trás de uma mulher de grande chapéu.

Já o nosso velho amigo e confrade Mário de Almeida, escrevia, com todo o
"humour", há pouco o seguinte trecho que bem vale ser lido: Entre as nossas elegantes apareceu um chapéu enorme, um chapéu desabado, onde a costumada pluma à Gainsborough é substituido por uma simples rosa chá, minúscula, pendida naquela imensa roda maciça de carro minhoto. Tinha razão “à bessa” o escritor alfacinha classificando de “roda de carro minhoto” aos modernos chapéus. Tem, também, carradas de razão, o amigo carioca que o apelidou de “dreadnought".

Que um doutor José Silveira, um tenente Pedro Bittencourt, um doutor W. Watson, um José Vianna, um Pedro Barboza (Pedrão) e outros tenham à sua frente uma roda de carro minhoto, vá lá, mas, um homem pequeno é que não está direito.

Por um formidando “furo” sabemos que a “Liga”será composta dos seguintes
cavalheiros: o primeiro tenente dr. Àlvaro Rêgo, o doutor Benjamin Moura, o jornalista H. Firmesa, o acadêmico Edgar Pinto, o comerciante Cassiano Rocha, o senhor Álvaro Cabral (Cabralzinho), o senhor José Porto (Portinho), o senhor Miguel Xavier, o dentista \/irgílio Morais (Moraisinho), o comerciante Bernardino Proença (Proencinha), o senhor Hypolito Lima, o senhor Carlos Costa (anão do 'Diário do Estado'), os Irmãos Patrício, o senhor Raimundo João, o doutor Domingos Solon, o senhor Christovam Guerra, o caricaturista Roman Scall, o doutor Carlos Alberto e o senhor Francisco Vasconcelos.

(Grafia da época) 

Nós cá de casa secundamos à ideia e estamos às ordens da futura “Liga".

Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cine Luz - 1931 - Parte II


Assim foi noticiada a inauguração do novo Cine Luz, no periódico “Gazeta de Noticias” (23/02/39) :

INAUGURA-SE HOJE O CINE-LUZ
A PELÍCULA "TRÊS PEQUENAS DO BARULHO"
FOI A ESCOLHIDA PARA ESSA INSTALAÇÃO

Conforme noticiamos em edições anteriores, a Empreza Severiano Ribeiro fará inaugurar hoje mais um cinema sonoro, o Cine Luz, para cujo aparelhamento não mediu esforços, dotando Fortaleza com mais uma excelente casa de diversões cinematográficas.

È o antigo salão existente com aquela denominação à Praça Castro Carreira, canto da rua General Sampaio, o qual adaptado às projeções sonoras passou por remodelação geral, internamente tornando-se de aspecto agradabilissimo.


A antiga Praça Castro Carreira - Arquivo Nirez

A maquinaria sonora é das mais modernas, foi confeccionada pela marca nacional Cinetom que se vem tornando conhecida em todo o pais pela excelencia de seus aparelhos, por isso mesmo contando com grande numero de instalações congêneres em todo o território brasileiro.

Ontem à noite houve uma experiência dos ótimos aparelhos do Cine-Luz e hoje, às 19 horas, com a inauguração do novo salão, o nosso público terá de verificar que improficuos não foram os esforços da Empreza Ribeiro, oferecendo à nossa capital um esplendido cinema que irá servir os habitantes das imediações onde se encontra o mesmo instalado.



Consoante os cartazes da dita emprêza será passado, na tela inaugural do Cine Luz, o grandioso filme de Deanna Durbin, “Três Pequenas do Barulho”, tão aplaudido nas suas apresentações anteriores.

Os preços do aludido cinema serão populares, sendo cobrados os ingressos, nos dias úteis, à razão de 1$600 e nos dias de domingo, 2$200, quando entrarão programas especiais.

(Grafia da Época)

Nessa fase, vivenciei uma única visita ao velho cinema, quando em vesperal superlotada, graças à dupla Laurel e Hardy, imortalizada no Brasil como “o gordo e o magro”, era exibida a agradável versão cômica da opereta “Fra Diavolo” (Fra Diavolo; Metro Goldwyn Mayer, 1933, 90 minutos, direção de Hal Roach e Charles Rogers, opereta de Auber, argumento de Jeanie McPherson, direção musical de Le Roy Shield, fotografia de Art Lloyd e Hap Depew, com Stan Laurel, Oliver Hardy, Dennis King, Thelma Todd e James Finlayson).



O Cine Luz teve um novo período de existência, de doze anos, após a sua nova sonorização, transformando-se inevitàvelmente em cinema popular, com público simples que podia assumir o custo de seus ingressos de baixo preço. Foi finalmente desativado por volta de 1951.

Ary Bezerra Leite


Parte I



Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: