Aída Santos e Silva, carinhosamente chamada de Aída Balaio, era cearense de Fortaleza, nascida em 16 de agosto de 1889, filha de José Simões e de Januária Simões. O sobrenome Balaio vem de apelido dado a seu marido. Aída casou-se no alvorecer da juventude com Francisco Balaio da Silva , que se fez herói da Guerra do Acre e um dia fincou-se nas terras do Mucuripe até a sua morte em 1950. Ele lutou no movimento chamado de Balaiada*.
Aída foi uma mulher simples que se dedicou ao ensino durante mais de 50 anos.
Por volta de 1905, Aída Balaio veio morar no Mucuripe, acompanhando seu marido que viera ocupar um cargo na delegacia daquele arraial. Aída recebeu do próprio povo o título de "Madrinha do Mucuripe", possuía mais de 350 afilhados, segundo relatos ela não esquecia de nenhum, sempre presenteando e confortando com suas palavras carinhosas.
Tinha o hábito de caminhar de casa em casa, visitando as famílias, conhecendo seus problemas, acompanhando de perto a vida difícil dos humildes, que tinham como abrigo casas de pau-a-pique.
Foi nesse contato direto com o povo que ela percebeu que os pescadores tinham vontade de aprender, ou o desejo de que seus filhos viessem a conhecer o mundo das letras.
Como vemos, Aída veio morar no Mucuripe no tempo em que o Bairro era apenas um vilarejo de pescadores e conseguiu alfabetizar e despertar o interesse pelo aprendizado em várias gerações de alunos.
Acervo - Sérgio Roberto
Foi nomeada professora em 24 de julho de 1911, designada para ensinar na Escola Mista dedicando-se a alunos carentes, aos quais alfabetizava e dava aulas de religião.
Em 09 de agosto de 1922, assume o cargo de professora na Escola do Outeiro, hoje Escola Clóvis Beviláqua, na esquina das avenidas Dom Manuel com Santos Dumont. Aí ficou até 1948.
Aída também deu o seu auxílio às pessoas que moravam próximo a sua nova escola. Mandava construir casa em terras que lhe pareciam sem dono. Quando estes apareciam, ela procurava ressaltar o valor humanitário, convencendo a permanência dos moradores.
Em 1948, o Secretário de Educação e Saúde, Walmik Albuquerque, nomeia a professora para o Curso de Alfabetização de Adolescentes e Adultos do Mucuripe. Aída foi professora até 1966, quando seus filhos decidiram que não iria mais lecionar, pois ela já apresentava sinal de cansaço. Mesmo assim, escondida, continuava a dar aulas, preparando muitos jovens que queriam ingressar na carreira militar ou a empregos públicos, agindo assim ela acreditava que essas pessoas não viessem a pedir esmolas.
Ao lado das atividades didáticas, seu interesse por filmes levou-a a participar da produção de Orson Welles no Ceará, intermediando o diálogo entre a equipe e a população local graças ao domínio da língua francesa que aprendera quando estudante do Colégio Imaculada Conceição. Profundamente religiosa, dirigia e orientava as festividades da Igreja do Mucuripe. O Padre José Nilson, então diretor espiritual da Confraria Nossa Senhora de Fátima, uma das associações a que Aída fizera parte traduziu em palavras a grandiosa mulher que foi Aída Balaio: “Uma mulher, uma mãe, uma educadora, uma cristã autêntica”.
Ao conferir o nome de Aída Santos e Silva ao CIES - Centro Integrado de Educação e Saúde, hoje, Unidade Básica de Saúde – Aída Santos e Silva a Prefeitura de Fortaleza resgata a memória daquela que se constituiu em uma das mais notáveis personalidades do Mucuripe.
A Unidade Básica de Saúde – Aída Santos e Silva, foi inaugurada em 27 de novembro de 1992, na Avenida Trajano de Medeiros nº 813, no Vicente Pinzón.
Em sua homenagem, no bairro também existe a rua Professora Aída Balaio:
Em 19 de janeiro de 1970, a professora Aída Santos e Silva (Aída Balaio), líder no Mucuripe, morreu aos 80 anos de idade.
*Aída Santos e Silva é o nome de registro da professora Aída Balaio. Ela ficou conhecida popularmente pelo sobrenome Balaio em decorrência de seu marido, Francisco Balaio da Silva, que foi um homem descrito como herói de guerra. Francisco da Silva incorporou o Balaio ao seu nome depois de retornar do Acre durante o período da revolta regencial chamada Balaiada, na qual lutou pelo governo (Girão, 1998).
Balaiada foi uma revolta popular ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841, que recebeu essa denominação devido ao apelido “Balaio” de Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, uma das principais lideranças do movimento, que trabalhava fazendo cestos, balaios.
Créditos:
Uerbet Santos, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e https://cearacultural.com.br/