Fundado em Janeiro de 1913 pelos padres diocesanos Misael Gomes, Climério Chaves e José Quinderé, o Colégio Cearense foi uma das escolas mais tradicionais do Estado do Ceará. Ao longo de quase um século de existência, o Colégio Cearense tem uma das mais belas páginas do ensino particular de Fortaleza e registra em seus arquivos a passagem de nomes que fizeram história na vida política, econômica e social do Estado do Ceará.
O Marista não resistiu ao tempo...
As novas redes de escolas particulares que surgiram nos últimos 30 anos fizeram sucumbir escolas tradicionais, como o Marista e o Colégio Dorotéias.
Ver o diretor catando papel na hora do recreio ou até mesmo “batendo uma bolinha” com os alunos, era coisa mais que comum naquela escola: a pedagogia da presença, sabíamos.
Na maioria das escolas, meninos e meninas não vêem a hora de ir pra casa. Não lá. Ao contrário, “precisavam ser mandados embora”, pois se dependesse deles, não arredariam pé. Aqueles que estudavam à tarde chegavam cedo, quase pela manhã. Os que estudavam pela manhã entravam pela tarde. Chegava a noite e, meninos e meninas ainda preenchiam de alegria as quadra e pátios do Colégio Cearense.
Fachada do Colégio Cearense Sagrado Coração, fundado pelos esforços do cônego Climério Chaves, padre Misael Gomes da Silva, monsenhor Otávio de Castro e monsenhor José Alves Ribeiro Quinderé (Monsenhor Quinderé) no dia 04/01/1913. Funcionou na Rua da Amélia nº 146 (Rua Senador Pompeu), Rua 24 de Maio, na praça Marquês do Herval (atual Praça José de Alencar), onde depois esteve a Rádio Iracema, indo depois para a Rua Barão do Rio Branco, no local onde hoje se levanta o Edifício Diogo e por fim foi para prédio próprio na Avenida Duque de Caxias nº 37(antigo, hoje 101), em 1917. Em 1916, a administração passara para os Irmãos Maristas, sendo seu primeiro diretor o Irmão Epifânio. Em 1931, editou a revista "Verdes Mares...". Encerrou suas atividades já com o nome de Colégio Marista Cearense em 31/12/2007. A foto data dos primeiros anos da década de 30. Nirez
Para quem não teve a chance de estudar ou trabalhar lá é difícil compreender exatamente o que era tudo aquilo. No coração de Fortaleza ( como imaginar uma cidade sem coração?), “por Deus, pela Pátria e por Maria...”, o Cearense formou muita gente boa. Dizem que muita gente que é importante ( todo mundo é importante!) e famosa passou por lá. Mas fiquemos apenas com os bons. E por formar gente boa o Cearense pagou um preço muito alto.
Turma de Edson Queiroz - 1932 - Arquivo Nirez
Formar cidadãos exige responsabilidade, respeito e ética. O Cearense jamais negociou o “passe” dos seus alunos, jamais os dividiu em vencedores e perdedores, nem estampou seus rostos, como produtos, pelos quatro cantos da cidade. Assim, como diz a canção: “ o preço que se paga às vezes é alto demais”. Dessa forma, o anúncio de que o Colégio Cearense fechou suas portas no dia 31 de dezembro de 2007, além de enlutar o coração daqueles que lá conviveram, deveria servir de motivo para debates acerca das escolas que temos, do ensino que oferecem. Mas afinal, que educação precisamos? Mas como sempre acontece, nada será feito. No máximo, algumas pobres notas nos jornais. Um abraço no Colégio? Talvez.
O mais importante mesmo é que o Colégio Cearense fecha, mas não acaba. Ele estará sempre nos corações e nas atitudes de cada homem e de cada mulher, que quando menino, menina, jovem ocupou seus bancos, suas quadras, seus pátios... Seu ventre."
Carlos Carvalho
Uniforme feminino de vôlei 8ª série
Uniforme 7ª série
Crédito: blog do Luciano Dídimo
No dia 31de Dezembro de 2007 o colégio encerrou suas atividades e fechou suas portas.
Os alunos, professores e funcionários foram informados através de uma nota entregue pela UNIÃO NORTE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO – UMBEC.
De acordo com o documento, o motivo foi decorrente à evolução do tempo, à expansão da cidade, a diminuição das áreas residenciais adjacentes que tornaram inviáveis a manutenção da escola. O Marista no Ceará estará presente com a Faculdade Católica do Ceará, com o Colégio Marista do Mondubim e os projetos sociais na casa de acolhida de Abreulândia e das cidades de Aracati, Iguatu, Maranguape e casas provinciais.
Segundo materia publicada no jornal O Povo, a queda no número de alunos foi um dos fatores determinantes para o fechamento da escola. O Marista chegou a ter 5,2 mil alunos na década de 70. Antes do fechamento, estava apenas com 549.
PLACA EM HOMENAGEM AOS ALUNOS QUE ESTUDARAM DA ALFABETIZAÇÃO AO 3o CIENTÍFICO - Ano: 1988
Crédito: blog do Luciano Dídimo
Para o diretor-geral da instituição, o irmão Ailton Arruda, a falta de alunos foi determinante para o fim das atividades. "Quando fui diretor daqui pela primeira vez, na década de 80, havia 4,4 mil alunos. Hoje, são 549 e apenas no turno da manhã. Vários fatores levaram a isso. Não soubemos acompanhar a mudança do tempo", comenta.
Segundo o diretor, a possibilidade de fechamento vinha sendo cogitada há cerca de oito anos. Nesse período, argumenta, houve várias tentativas de reverter a situação, como as mudanças ocorridas na administração, mas elas não surtiram efeito. "Houve uma melhoria na administração. Antes, só uma pessoa era responsável pelo colégio e dependíamos muito de quem estivesse à frente. Hoje, temos várias gerências específicas".
Sem alunos, as finanças entraram em colapso. No primeiro semestre deste ano, a entidade mantenedora do Marista Cearense, a União Norte Brasileira de Educação e Cultura (Unbec), teve de desembolsar cerca de R$ 500 mil para manter o colégio funcionando. O diretor nega, no entanto, que o colégio tivesse encerrado suas atividades por causa de dívidas. "Não devemos a nenhum dos nossos fornecedores. Agora, em vez do dinheiro da Unbec estar sendo usado para investimentos, ele estava sendo usado para a manutenção escolar. Tivemos, então, de tomar a decisão estratégica de fechar".
Ainda segundo o religioso, a folha de pagamento ultrapassa em 8% a receita do colégio. O Marista tem cerca de 150 funcionários e a grande maioria não poderá ser reaproveitada na Faculdade Católica por falta de qualificação depois do fim das aulas. Para os que trabalhavam em tempo integral, ele afirma que haverá um trabalho de recolocação profissional. A estimativa é que a instituição terá de gastar R$ 1 milhão em encargos trabalhistas. "
Olimpíada no Marista, uma verdadeira alegria
Turma do Grêmio José de Alencar - 1987
Foto de 1985
Crédito das fotos: blog do Luciano Dídimo
Fátima Araújo, avó de aluno:
"É triste ver um colégio com quase 100 anos fechar suas portas. Tá sendo muito difícil aceitar isso. É uma escola tradicional, com uma integração familiar que você não acha nas outras. Não me conformo."
Rafael Holanda, ex-aluno:
"É uma triste realidade. Mas o fechamento do colégio não apagará a missão Marista. A presença dessa congregação em Fortaleza não morre. Ela continua no Colégio Marista do Mondubim e na Faculdade Católica."
Sebastião Freitas, ex-funcionário:
"Estou muito sentido, trabalhei durante 13 anos no Cearense. Hoje estou na Faculdade, mas ainda assim vou sentir, pelos alunos, os funcionários. Mas tenho certeza de que a missão continuará. Quem é Marista sabe."
Relíquias preciosas para quem fez parte do colégio e que estarão sempre bem guardadas ...
Carteira de estudante - 1986
Boletim escolar 1977
Boletim - 1981
Boletim 1982
Nota:
- A Congregação Marista foi criada em 1817, na França, pelo padre Marcelino Champagnat e chegou ao Brasil em 1897, em Congonhas do Campo (MG).
- O Colégio Cearense foi fundado em 1913 pelos padres diocesanos Misael Gomes, Climério Chaves e José Quinderé. Dois anos depois, foi entregue aos missionários maristas.
- A instituição funcionou em dois endereços diferentes (ruas 24 de Maio e Barão do Rio Branco) antes de ser transferida sua sede definitiva, na avenida Duque de Caxias, 101, em 1917.
- Em 1926, foi concluída e inaugurada a grande capela. Em 1935, foram acrescentados os dois martelos, onde ficavam localizados os dormitórios para 250 internos e o atual auditório.
- Entre os princípios que norteiam a educação marista está a educação integral do ser humano, contemplando o plano físico, intelectual e espiritual.
A história completa pode ser encontrada aqui
Fotos do final da década de 70 e começo da déc. de 80:
Alfabetização - 1977
Desfile da abertura das olimpíadas de 1980
1980
Também das olimpíadas de 1980
Essa menininha é Renata Maria Braga de Carvalho que faleceu em 28/12/1993 devido a um tiro disparado por Wladimir Lopes Porto, sendo o crime conhecido como "o caso da Bailarina" .
Abertura das olimpíadas de 1982
Crédito das fotos: blog do Luciano Dídimo
Depois de décadas dedicadas ao ensino, ele fechou suas portas, deixando saudades em quem passou boa parte atrás daqueles portões...
" A lição já sabemos de cor, só nos resta aprender"
Colégio Cearense no Programa Irapuã Lima :
Crédito Haroldo Tajra
Se você é ex aluno e gostaria de reencontrar antigos amigos, pode se cadastrar nesse site: Ex Alunos
Editado em 19/10/2013:
O Colégio Marista anunciou fim das atividades do ensino superior. Espaço pode ser demolido para virar um shopping center. :( Vamos deixar?
Uma ex-aluna do Colégio Marista, de Fortaleza , colhe assinaturas em uma petição On-Line pelo tombamento do prédio da escola, na Avenida Duque de Caxias, Centro de Fortaleza. A petição também pretende evitar que o prédio seja demolido para dar lugar a um shopping. Nesta semana, foi anunciado o fim das atividades no local, que depois de abrigar uma tradicional escola de ensino médio, passou a ser uma universidade.
“Essa notícia nos deixou extremamente tristes e inconformados. Como uma instituição, ou melhor, um prédio histórico que possui 100 anos de história pode simplesmente ser derrubado sem nenhuma reivindicação”, questiona a autora da petição, Laura Andrade.
O objetivo é coletar 10.000 assinaturas. Até a manhã deste sábado, a petição havia alcançado 1.049 assinaturas . O objetivo é chamar atenção dos vereadores de Fortaleza para que aprovem o tombamento do prédio, o que impediria, por força de lei, a demolição do prédio.