Juvenal Galeno - (1836-1931)
Citado como "o pioneiro do folclore no Nordeste", a poesia romântica de Juvenal Galeno extrapola o lirismo de caráter pessoal, para cunhar uma dicção popular, de sabor interiorano, em que retrata o Brasil dos pequenos e dos simples.
Observador atento dos costumes do interior, do sertão às praias, Juvenal Galeno sempre quis ser um poeta popular, embora a afirmação de alguns historiadores de que tenha seguido orientação de Gonçalves Dias, quando de sua passagem pelo Ceará em 1859. O fato é que o primeiro livro do então jovem poeta, com 20 anos de idade, teria dado motivo a Gonçalves Dias para dizer-lhe que deveria seguir a poesia popular.
Família Juvenal Galeno Praia de Iracema
"Prelúdios Poéticos" é de 1856, livro típico do Romantismo, mas a indicação estética de que se valera Gonçalves Dias para orientar o jovem está lá, através de alguns poemas de sabor popular, como A Noite de São João, A Canção do Jangadeiro, Cantiga do Violeiro. Poesia simples, coloquial, a obra de Juvenal Galeno teria o seu ponto alto, já na maturidade do poeta, com o lançamento de Lendas e Canções Populares, de 1865, e com uma nova edição em 1892, acrescida de Novas Lendas e Canções.
Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza no dia 27 de setembro de 1836, filho de próspero agricultor José Antônio da Costa e Silva. Os primeiros estudos foram feitos em Pacatuba e Aracati. Estudou Humanidades no Liceu do Ceará, já em Fortaleza.
Estamos em 30 de setembro de 1936, ocasião da inauguração da Herma de Juvenal Galeno, na Praça Visconde de Pelotas, atual Praça Clóvis Beviláqua. Discursando, temos Perboyre e Silva.
O pai queria o filho trabalhando na área agrícola e por isso o manda estudar "assuntos de lavoura" no Rio de Janeiro, de preferência em fazendas de café. Ao se tornar amigo de Paula Brito, proprietário da famosa tipografia na época, chegou a conhecer Machado de Assis, Quintino Bocaiúva e Joaquim Manuel de Macedo. E sua colaboração literária não tardou a aparecer na revista Marmota Fluminense, onde escrevia Machado de Assis. Quando volta ao Ceará, Juvenal Galeno traz impresso o seu primeiro livro de poemas, feito na Tipografia Americana, do Rio. As críticas são favoráveis, apontando Mário Linhares e Antônio Sales como sendo Prelúdios Poéticos "o marco inicial da literatura cearense".
Um dos fundadores do Instituto da Ceará, Patrono da Cadeira nº 23 da Academia Cearense de Letras, Juvenal Galeno, ainda em vida, vê as duas filhas, Henriqueta e Juliana, criarem a Casa Juvenal Galeno, dedicada a assuntos literários e culturais. O poeta, que ficara cego em 1906, por causa de um glaucoma, morre de uremia em Fortaleza no dia 7 de março de 1931, aos 95 anos de idade.
10 de maio 1936 - Homenagem prestada à memória de Juvenal Galeno, realizada pelos pescadores e jangadeiros cearenses ao seu eterno cantor.
Em 30 de março de 1952, os jangadeiros cearenses homenagearam a memoria de Juvenal Galeno, promovendo tocante solenidade em plena Praia de Iracema.
A Machadada, poesia, 1860
Ao imperador em sua partida para a guerra, poesia, 1872
Canções da Escola, poesia, 1971
Cantigas Populares, poesia, 1969
Cenas cearenses, 1871
Cenas Populares, poesia, 1971
Evaristo Ferreira da Veiga, poesia
Folhetins de Silvanos, poesia, 1891
Lenda e Canções Populares, poesia, 1865
Lira Cearense, poesia, 1972
Medicina caseira, 1897
Novas canções populares, s/d
O eleitor, s/d
O Peregrino, 1862
Porangaba, poesia, 1961
Prelúdios Poéticos, poesia, 1856
Quem com Ferro Fere, com Ferro Será Ferido,teatro, 1861
Juvenal Galeno: o poeta na velhice. Cegueira não o impediu de produzir "Cantigas populares"
ACERVO DA CASA DE JUVENAL GALENO
ACERVO DA CASA DE JUVENAL GALENO
Busto do poeta que antes esteve na Praça Clóvis Beviláqua - Acervo Casa Juvenal Galeno
Casa de Juvenal Galeno
27 de setembro 1919 - Fachada da Casa de Juvenal Galeno, fundada por Henriqueta Galeno
Fundada em 27 de setembro de 1919, é uma instituição mantida pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), com objetivo de difundir e incentivar a cultura cearense. A Casa de Juvenal Galeno, dirigida por Amilcar Galeno, sempre foi um movimentado centro cultural da cidade. Nesta casa, o poeta Juvenal Galeno criou os seus sete filhos e viveu até morrer cego aos 95 anos.
Instalada à rua General Sampaio, 1128, a Casa de Juvenal Galeno, construída pelo poeta em 1888 e por ele transformada em centro de cultura em 1919, é um dos palcos mais antigos da nossa história cultural, que já recebeu personalidades como Rachel de Queiroz, Euclides da Cunha e, Patativa do Assaré que, marcado pelo encontro com seu poeta maior nos verdes anos, quis nesta casa receber a Medalha do Abolição, do Governo do Estado.
1919 - Fundação do Salão Juvenal Galeno
A casa possui dez cômodos, onde abriga um valioso acervo bibliográfico, doado por Mozart Soriano Albuquerque, e a biblioteca do próprio Juvenal Galeno, que juntos totalizam seis mil volumes. Possui dois auditórios. O principal, chamado Juvenal Galeno, tem capacidade para 120 pessoas e dispõe de um pequeno palco com um piano de meia cauda e uma obra do pintor Otacílio Azevedo. O outro auditório – chamado Nenzinha Galeno - é ao ar livre, sombreado por frondosas mangueiras.
Salão Juvenal Galeno
Auditório da Casa de Juvenal Galeno
Nos anos 30 e 40, viveu sua fase áurea, quando era frequentada por artistas, intelectuais e políticos que cultivavam o gosto pelas letras. Os saraus literários que animavam as noites da casa eram prestigiados por escritores famosos como Leonardo Mota, Quintino Cunha, Jader de Carvalho, Patativa do Assaré, Rachel de Queiroz, Fernandes Távora, Raimundo Girão, Moreira Campos, Mozart Soriano Albuquerque entre tantos outros. Entre estátuas e bustos de granitos, móveis coloniais, arquitetura esmeralda, jardim assombreado, a Casa de Juvenal de Galeno faz parte da memória cultural cearense.
Frontispício da Casa de Juvenal Galeno
Hoje, apesar da cidade ter ganho novos espaços culturais, ainda é palco de reuniões de trovadores, cordelistas e poetas, que utilizam os seus salões. Para lá convergem as seguintes entidades: Cooperativa de Cultura Ltda. (Coopecultura), Academia de Letras Municipais do Estado do Ceará (Almece), Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno, Sindicato de Correspondentes de Rádio e Jornal do Ceará, Centro dos Cordelistas do Ceará (Cecordel), Comissão Cearense de Folclore, Clube dos Poetas Cearenses e o Grupo de Comunicação e Cultura.
Encontro de Patativa do Assaré com Juvenal Galeno:
Antônio Gonçalves da Silva (1909 - 2002) se fez e se descobriu poeta ainda menino, em Assaré. Foi ao Pará se aventurar como cantador, e voltou de lá batizado com o nome que o fez célebre: Patativa. Antes de se regressar para o Cariri, Patativa do Assaré pousou em Fortaleza. Na capital, fez uma visita que já se tornara obrigatória aos cultores da poesia tradicional, cantada, recitada ou impresso nos folhetos de cordel. "De volta ao Ceará, José Carvalho de Brito, que era muito amigo de Dra. Henriqueta Galeno, filha do afamado poeta Juvenal Galeno, me deu uma carta de recomendação para a Dra. Henriqueta Galeno. Eu, chegando aqui, entreguei a carta, ela leu e me recebeu no salão de Juvenal Galeno, como ela sempre recebeu um poeta de classe, um poeta de cultura, um poeta erudito", escreveu Patativa, em texto introdutório de seu "Ispinho e Fulô", de 1988.
Patativa, então com 20 anos, encontrou o dono da casa, já velho e cego, mais ainda produzindo suas obras derradeiras, que só encontrariam publicação após sua morte.
Recuperação da Casa de Juvenal Galeno
Como deixa claro no texto, Patativa foi recebido por Henriqueta (1887 - 1964). A filha de Juvenal Galeno (1836 - 1931) era uma mulher de ação, que antecipou tendências femininas. Ainda em 1918, formou-se em Direito; participava de discussões feministas, e, no ano seguinte, transformou a residência do pai num Salão, um centro de desenvolvimento cultural do Ceará. Criou e ali instalou o Centro de Estudos Juvenal Galeno, a ala feminina e a Editora Henriqueta Galeno - todos destinados sobretudo à literatura.
A ligação de Henriqueta Galeno a seu pai era mais que uma relação de sangue. Foi a parceira intelectual do escritor no final da vida. Quando Juvenal já perdera a visão, era ela que fazia as vezes de secretária. Diariamente, lia para ele jornais, revistas e livros. Enquanto ele criava e ditava, ela ficava responsável pela escrita de suas últimas obras. Pelas mãos de Henriqueta, Juvenal Galeno escreveu "Medicina Caseira" e "Cantigas Populares". Livros que só vieram a público em 1969, pela editora fundada pela filha. Foi ela que ocupou sua cadeira, a de número 23, na Academia Cearense de Letras. Foi ela quem estruturou na casa, um dos pilares da memória que mantém Galeno vivo.
Nos retratos da maturidade, Juvenal Galeno aparece como um homem de ar sereno, sapiente, de longas barbas brancas e olhos vazios. Partilhou a cegueira e a poesia com o grego Homero, mas a verdade é que ele passava a largo da imagem clássica do poeta. Filho de fazendeiros de Baturité, ligou-se ao romantismo como poeta e, mais tarde, redescobriu a poesia da tradição, dos artistas populares do Ceará. Abriu sua casa e a transformou num salão, em que recebia com especial atenção os poetas, fizessem eles seus versos com a pena ou com a voz e a memória.
Curiosidades
Como deixa claro no texto, Patativa foi recebido por Henriqueta (1887 - 1964). A filha de Juvenal Galeno (1836 - 1931) era uma mulher de ação, que antecipou tendências femininas. Ainda em 1918, formou-se em Direito; participava de discussões feministas, e, no ano seguinte, transformou a residência do pai num Salão, um centro de desenvolvimento cultural do Ceará. Criou e ali instalou o Centro de Estudos Juvenal Galeno, a ala feminina e a Editora Henriqueta Galeno - todos destinados sobretudo à literatura.
A ligação de Henriqueta Galeno a seu pai era mais que uma relação de sangue. Foi a parceira intelectual do escritor no final da vida. Quando Juvenal já perdera a visão, era ela que fazia as vezes de secretária. Diariamente, lia para ele jornais, revistas e livros. Enquanto ele criava e ditava, ela ficava responsável pela escrita de suas últimas obras. Pelas mãos de Henriqueta, Juvenal Galeno escreveu "Medicina Caseira" e "Cantigas Populares". Livros que só vieram a público em 1969, pela editora fundada pela filha. Foi ela que ocupou sua cadeira, a de número 23, na Academia Cearense de Letras. Foi ela quem estruturou na casa, um dos pilares da memória que mantém Galeno vivo.
Nos retratos da maturidade, Juvenal Galeno aparece como um homem de ar sereno, sapiente, de longas barbas brancas e olhos vazios. Partilhou a cegueira e a poesia com o grego Homero, mas a verdade é que ele passava a largo da imagem clássica do poeta. Filho de fazendeiros de Baturité, ligou-se ao romantismo como poeta e, mais tarde, redescobriu a poesia da tradição, dos artistas populares do Ceará. Abriu sua casa e a transformou num salão, em que recebia com especial atenção os poetas, fizessem eles seus versos com a pena ou com a voz e a memória.
Herma de Juvenal Galeno na Praça Visconde de Pelotas
Curiosidades
Fortaleza era ainda uma cidade pequena quando nasceu Juvenal Galeno, filho de José Antônio da Costa e Silva e Maria do Carmo Teófilo e Silva. Era o ano de 1936, e seus país moravam no número 66 da rua Formosa (hoje, Barão do Rio Branco), mesma rua onde anos mais tarde nasceria a Padaria Espiritual. Viveu em Aracati e lá fez parte de seus estudos. O pai, no entanto, não esperava que o filho se tornasse "doutor", antes, queria que seu único filho homem o sucedesse nos negócios da família e na administração das roças que possuía. No entanto, Galeno parecia ter outras idéias. Convenceu a família a mandá-lo para a capital do Império, para conhecer técnicas mais modernas de cultivo da terra. No Rio de Janeiro, aprendeu mais com os cultores do livro. Conheceu intelectuais, jornalistas, tipógrafos e escritores, e logo se tornou um deles. Conheceu os autores Machado de Assis e Joaquim Manuel de Macedo, e publicou poemas na mesma revista literária que os abrigava, a "Marmota fluminense".
Foi de lá que Juvenal Galeno trouxe seu primeiro livro, "Prelúdios", um volume de poemas impresso as próprias custas. O pai perdeu as esperanças de encontrar nele seu sucessor. O filho poeta trouxe na bagagem duas cópias "ricamente encadernados, (...) afim de mais cativá-los", como escreve Barão de Studart em seu famoso perfil de Galeno.
De volta à Fortaleza, atuou na política e trabalhou como bibliotecário, enquanto dava continuidade aos seus escritos e pesquisas, publicando livros e colaborando para periódicos como "O Cearense", "Pedro II", "A Constituição" e a "Revista Popular" (RJ). A tendência dos românticos, de valorizarem a cultura no país, de suas raízes, nele se manifestou como um interesse pelos saberes e costumes da tradição popular, que décadas mais tarde seduziriam intelectuais como Mario de Andrade e Câmara Cascudo.
Jangada
Juvenal Galeno
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
tu queres vento da terra,
ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas,
das verdes ondas do mar
és como que pensativa,
duvidosa a bordejar!
Saudades tens lá das praias,
queres na areia encalhar?
ou no meio do oceano
apraz-te as ondas sulca?
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
NOTA: Em 1920 este poema mais longo, com alguns versos a mais, foi usado como letra para a música JANGADA de Alberto Nepomuceno. Segue:
Herma de Juvenal Galeno
Em 30 de setembro de 1936, inaugura-se, na Praça de Pelotas (atual Praça Clóvis Beviláqua), a herma de Juvenal Galeno, obra do escultor italiano radicado em Fortaleza, Agostinho Balmes Odísio. Na ocasião, discursaram Sinobilino Pinheiro Maia "Sinó" e João Perboyre e Silva. Anos depois a herma foi retirada e levada para depósito da prefeitura, de onde a Casa de Juvenal Galeno foi buscar e colocou em seu jardim interno no dia 25/09/1984.
Foi de lá que Juvenal Galeno trouxe seu primeiro livro, "Prelúdios", um volume de poemas impresso as próprias custas. O pai perdeu as esperanças de encontrar nele seu sucessor. O filho poeta trouxe na bagagem duas cópias "ricamente encadernados, (...) afim de mais cativá-los", como escreve Barão de Studart em seu famoso perfil de Galeno.
De volta à Fortaleza, atuou na política e trabalhou como bibliotecário, enquanto dava continuidade aos seus escritos e pesquisas, publicando livros e colaborando para periódicos como "O Cearense", "Pedro II", "A Constituição" e a "Revista Popular" (RJ). A tendência dos românticos, de valorizarem a cultura no país, de suas raízes, nele se manifestou como um interesse pelos saberes e costumes da tradição popular, que décadas mais tarde seduziriam intelectuais como Mario de Andrade e Câmara Cascudo.
Em sua última imagem, Juvenal Galeno, sentado à rede, ditando seus derradeiros escritos para a filha, secretária e, mais tarde, editora Henriqueta Galeno. Na imagem, sua mulher, Maria do Carmo, assiste ao trabalho.
Jangada
Juvenal Galeno
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
tu queres vento da terra,
ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas,
das verdes ondas do mar
és como que pensativa,
duvidosa a bordejar!
Saudades tens lá das praias,
queres na areia encalhar?
ou no meio do oceano
apraz-te as ondas sulca?
Minha jangada de vela,
que vento queres levar?
NOTA: Em 1920 este poema mais longo, com alguns versos a mais, foi usado como letra para a música JANGADA de Alberto Nepomuceno. Segue:
JANGADA
(1920)
Composição: Alberto Nepomuceno
Letra: Juvenal Galeno
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra
Ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas
Das verdes ondas do mar
És como que pensativa
Duvidosa a bordejar!
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Saudade tens lá das praias
Queres n’areia encalhar?
Ou no meio do oceano
Apraz-te as ondas sulcar?
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Sobre as vagas, como a garça
Gosto de ver-te adejar
Ou qual donzela no prado
Resvalando a meditar
Ah! Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
(1920)
Composição: Alberto Nepomuceno
Letra: Juvenal Galeno
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra
Ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas
Das verdes ondas do mar
És como que pensativa
Duvidosa a bordejar!
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Saudade tens lá das praias
Queres n’areia encalhar?
Ou no meio do oceano
Apraz-te as ondas sulcar?
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Sobre as vagas, como a garça
Gosto de ver-te adejar
Ou qual donzela no prado
Resvalando a meditar
Ah! Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Cajueiro Pequenino
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor,
À sombra das tuas folhas
Venho cantar meu amor,
Acompanhado somente
Da brisa pelo rumor,
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor.
Tu és um sonho querido
De minha vida infantil,
Desde esse dia... me lembro...
Era uma aurora de abril,
Por entre verdes ervinhas
Nasceste todo gentil,
Cajueiro pequenino,
Meu lindo sonho infantil.
Que prazer quando encontrei-te
Nascendo junto ao meu lar!
— Este é meu, este defendo,
Ninguém mo venha arrancar –
Bradei e logo cuidadoso,
Contente fui te alimpar,
Cajueiro pequenino,
Meu companheiro do lar.
Cresceste... se eu te faltasse,
Que de ti seria, irmão?
Afogado nestes matos,
Morto à sede no verão...
Tu que foste sempre enfermo
Aqui neste ingrato chão!
Cajueiro pequenino,
Que de ti seria, irmão?
Cresceste... crescemos ambos,
Nossa amizade também;
Eras tu o meu enlevo,
O meu afeto o teu bem;
Se tu sofrias... eu, triste,
Chorava como... ninguém!
Cajueiro pequenino,
Por mim sofrias também!
Quando em casa me batiam,
Contava-te o meu penar;
Tu calado me escutavas,
Pois não podias falar;
Mas no teu semblante, amigo,
Mostravas grande pesar,
Cajueiro pequenino,
Nas horas do meu penar!
Após as dores... me vias
Brincando ledo e feliz
O-tempo-será e outros
Brinquedos que eu tanto quis!
Depois cismando a teu lado
Em muito verso que fiz...
Cajueiro pequenino,
Me vias brincar feliz!
Mas um dia... me ausentaram. .
Fui obrigado... parti!
Chorando beijei-te as folhas. . .
Quanta saudade senti!
Fui-me longe... muitos anos
Ausente pensei em ti...
Cajueiro pequenino,
Quando obrigado parti!
Agora volto, e te encontro
Carregadinho de flor!
Mas ainda tão pequeno,
Com muito mato ao redor...
Coitadinho, não cresceste
Por falta do meu amor,
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor.
Juvenal Galeno é homenageado em rua da capital Alencarina:
Dentro das comemorações dos 84 anos do poeta Juvenal Galeno da Costa e Silva, é inaugurada no dia 27 de setembro de 1920, às 9 horas da manhã, a Rua Juvenal Galeno, pelo prefeito Godofredo Maciel e discurso de João Viana e Claro de Andrade. Iniciando na Praça Paula Pessoa (São Sebastião) em direção ao poente. É hoje o início da Avenida Bezerra de Menezes. Existe no Benfica outra Rua Juvenal Galeno.
27-09-1920 inauguração da Rua Juvenal Galeno (Hoje Bezerra de Menezes), em Fortaleza.
As duas fotos anteriores são da mesma casa, uma nos mostra a fachada e a outra, a lateral da casa. Fiz uma montagem com as duas fotos antigas para comprovar.
Ontem e Hoje
Ontem: Inauguração da antiga Rua Juvenal Galeno em 27 de setembro de 1920.
Hoje: Avenida Bezerra de Menezes em abril de 2014.
Ontem: Inauguração da antiga Rua Juvenal Galeno em 27 de setembro de 1920.
Hoje: Avenida Bezerra de Menezes em abril de 2014.
Fontes: Site da Secult, Jornais (OPovo e Diário), Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Site Oficial da Casa de Juvenal Galeno e pesquisas na internet