Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Jóquei Clube - O sítio que virou bairro

O bairro Jóquei Clube foi erigido no local onde existiu, por volta de 1800, o cemitério dos índios Marupiara (bons caçadores). O território, que abrigou durante muito tempo o Hipódromo Stênio Gomes da Silva, começou a ganhar ares de bairro logo após Nestor Cabral ter o seu sítio hipotecado por seu filho Laurindo.

Um alemão chamado Franz Wierzbicki, que veio embora do seu país para o Brasil após a eclosão da I Guerra Mundial, instalou-se nas vizinhanças do futuro bairro, mais precisamente no Sítio São Pedro (Parangaba), por trás do local onde existe hoje o Terminal Lagoa.

Casamento de Franz e Hedwig
(apelidada de Margarida) em

12 de maio de 1918, em Berlim.
Em 1930, tomou conhecimento da hipoteca do vizinho e resolveu assumi-la dois anos depois. O pagamento foi feito com o dinheiro que usava para pagar o aluguel da antiga moradia. Na época, começou a comprar gado holandês e a vender o leite para os amigos que trabalhavam com ele na antiga Rede de Viação Cearense (com o ofício de caldeireiro Franz conseguiu emprego nas oficinas do Urubu, da RVC e assim conseguiu sua estabilidade financeira), o que o ajudou a sacramentar o negócio.

Assim, Franz tornou-se proprietário do sítio que recebeu o nome de Sítio Glück-auf, expressão alemã que significa "Feliz regresso" ou "Minerador sortudo". Foi essa propriedade que que deu origem ao bairro.
Por ser alemão, sofreu pressão dos militares durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, acabou vendendo a área onde depois seria construído o Jockey Club Cearense.
Banner escrito pelo bisneto Guethner Gadelha Wirtzbiki sobre Franz Wirtzbiki que está exposto no Ecopoint
 Página 139, do livro 17, Locomoção, temos o Registro de Pessoal Jornaleiro, que trata dos contratados da Estrada de Ferro, no caso específico, da RVC, Rede de Viação Cearense. Importante observar que Franz Wirtzbiki foi admitido no dia 22 de Novembro de 1922 e dispensado no dia 04 de Abril de 1938. Ou seja, permaneceu quase 16 anos no emprego da RVC. Acervo pessoal de Guethner Wirtzbiki.
A criação oficial do bairro é dia 05 de outubro de 1949. É um bairro que fica da zona centro-leste de Fortaleza e faz parte da Secretaria Executiva Regional (SER III). Segundo o Censo de 2010 do IBGE, a população era de 20 mil habitantes.
Sítio Glück-Auf (Feliz Regresso), primeiro imóvel edificado no bairro do Jóquei Clube. A sua construção foi feita logo após o alemão Franz tê-lo comprado, em 31 de março de 1932, do cearense Nestor Cabral.

Fotos e informações retiradas do banner escrito pelo bisneto do alemão, Guethner Gadelha Wirtzbiki, exposto no Ecopoint.
De acordo com Guethner Gadelha Wirtzbiki (bisneto de Franz), depois de anos morando na casa, e após algumas reformas, a família vendeu o imóvel para o Dr. Manuel Suliano Filho. O terreno compreende hoje o Centro Universitário Estácio e o Condomínio Residencial Jockey. Após comprar o sítio, Dr. Suliano instalou sua clínica na casa. Com o crescimento do negócio, ele construiu na parte livre do terreno, um novo prédio, que foi o seu hospital psiquiátrico, batizado de Clínica de Saúde Mental Dr Suliano. Alienou o terreno onde estava a primeira casa (clínica) e vendeu para a Construtora Mota Machado, que derrubou a casa e construiu os blocos de apartamentos.


A Clínica de Saúde Mental Dr Suliano hoje é o Centro Universitário Estácio
No lugar da antiga casinha (clínica), hoje está o Residencial Jockey
Em 2012, o bairro Jóquei Clube completou 63 anos de criação. O embrião do bairro foi o Sítio Glük-Auf. Aos poucos, ele foi atraindo moradores para a região.

Terminal Parangaba inaugurado em 7 de agosto de 1993
Acervo Fortalbus
Hoje, o bairro Jóquei Clube tem as suas ruas todas pavimentadas, água, luz, telefonia e rede de esgoto. Está a 6 Km do bairro Centro e a 9 Km do bairro Aldeota, com acessos rápidos por grandes avenidas, como a José Bastos, João Pessoa Senador Fernandes Távora.
Tem uma topografia elevada que lhe confere tranquilidade no período invernoso, pois, mesmo após chuvas torrenciais, as águas logo escoam para regiões mais baixas.
Tem na região dois terminais de ônibus (Lagoa e Parangaba) bem como dois ramais do Metrô (VLT) que se cruzam na Parangaba ao lado do Shopping e do Terminal de mesmo nome.

Terminal Lagoa inaugurado em 1993 - Acervo Fortalbus
O sapateiro João Bosco, que mora na rua Ribeiro Leitão, 576, é um dos maiores contadores de histórias do bairro. Morador do bairro desde 1964, ele relembra que o hipódromo Jockey Club era um local movimentado no início da década de 90. Segundo ele, o famoso palhaço Tiririca montou o primeiro circo na rua onde mora. "Isso foi na década de 80. Depois ele cresceu e hoje é deputado".

O Hipódromo

Stênio Gomes da Silva, então interventor do Estado do Ceará na época, cedeu o terreno vendido pelo alemão Franz Wierzbicki, para a construção do Jockey Club Cearense.
O Jockey foi então construído em 1947, tendo a sua primeira ata de sessão preparatória de fundação em 05 de agosto, com o objetivo de desenvolver o turfe no Ceará. Sendo realizada a primeira eleição de diretoria da sociedade aos 02 de setembro do mesmo ano.

Em 07 de setembro de 1947, o Exmo Sr. Desembargador Faustino de Albuquerque, Governador do Estado do Ceará declarou oficialmente fundado e instalado o Jockey Club Cearense e legalmente empossada a sua primeira diretoria eleita tendo como presidente o Dr. Acrísio Moreira da Rocha.

A primeira corrida aconteceu em 15 de novembro de 1949. Sua sede estava localizada à Avenida Lineu Machado, 419. O projeto de arquitetura era do competente arquiteto húngaro Emílio Hinko e chamava a atenção pela suntuosidade.

Jockey Club recém inaugurado. Registro da década de 40. Arquivo Nirez
No hipódromo foram realizadas grandes corridas de cavalo, onde se reuniram milhares de fortalezenses. O Jockey Club teve momentos de glória durante muitos anos. O seu funcionamento colaborou fortemente para o crescimento e valorização da região.





Diante de um intenso processo de especulação imobiliária, a diretoria do Jockey negociou a venda da sua antiga sede. Um acordo com a Prefeitura de Fortaleza, que pretendia construir em parte do terreno o Hospital da Mulher, garantiu a venda do terreno para a Construtora Diagonal & Rossi pelo valor de R$ 22 milhões e 500 mil.

Com os recursos, a diretoria do Jockey Club iniciou a procura de um local para a nova sede e a sua devida construção. Em 2008 a sede foi negociada e houve a aquisição de um terreno no Município de Aquiraz, com o início da construção das novas instalações.



A antiga sede do clube então foi vendida e o terreno deu espaço a novos empreendimentos. Além do Hospital de Mulher, também foi construído no terreno o North Shopping Jóquei e 5 condomínios de apartamentos, chamados de Jóquei Ville, também da construtora Diagonal & Rossi.

Morre o fundador do bairro

Dona Margarida com os netos
Com a morte de Franz Wierzbicki, em 10 de outubro de 1953, e a conclusão do seu inventário, em 1955, os quatro filhos - Erika, Geraldo, Heinz e Günther - e a viúva Hedwig Grete Alma Olga Frentz, apelidada de dona Margarida, passaram a negociar os lotes. 

Toda essa narrativa faz parte do livro que está sendo escrito pelo bisneto do alemão, o escritor e cordelista Guethner Wirtzbiki, intitulado Glück-Auf (o sítio que virou bairro).

De acordo com o escritor, quando foi iniciado o serviço de terraplenagem do terreno do futuro hipódromo, os trabalhadores se depararam com várias botijas dos originais índios Marupiaras (bons caçadores), pois, de acordo com a tradição deles, os seus utensílios eram enterrados com os seus corpos. Em Fortaleza, espalhou-se a notícia de que havia sido encontrada uma espécie de tesouro. O resultado foi uma grande correria ao local.

Franz Wierzbicki
Urge ressaltar o fato notório mas pouco enfatizado de que uma das razões principais do sucesso do bairro Jóquei Clube também se deveu ao fato de ter sido ORIGINADO DE UMA FAMÍLIA. Todo início determina uma história e "família" é a "célula mater" de qualquer sociedade. 

Ah, antes que eu esqueça, Franz (apelidado de Chico Alemão) foi padrinho de casamento da escritora Raquel de Queiroz.

Dona Margarida assinando a venda do terreno para a
construção do estádio.
Em 1955, já de posse da herança do marido, dona Margarida, vende o  terreno onde seria construído o Estádio Alcides Santos, pertencente ao time do Fortaleza Esporte Clube.
Na foto, vemos a viúva assinando o documento de venda.
A inauguração contou com as presenças dos ex-dirigentes do Leão, José Raimundo Costa e Luis Rolim Filho.

Dona Margarida, teve papel importante na formação do Bairro Jóquei Clube, após a morte do seu marido. Foi ela quem doou um terreno para o Círculo Operário de Fortaleza e outro para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, além de vender muitos terrenos a particulares, o que facilitou o povoamento da região.

Hedwig, faleceu em Fortaleza, na Casa de saúde São Raimundo, no dia 21 de Maio de 1981, aos 84 anos de idade.


Ecopoint - Parque Ambiental

Em 16 de janeiro de 2001, foi fundado o Ecopoint. No local, os visitantes se deparam com uma espécie de zoológico, onde são encontradas espécies da fauna brasileira, como onça pintada, jacaré, pavão, tartaruga, macaco barrigudo, entre outras.

As suas instalações estão localizadas na esquina da Avenida Senador Fernandes Távora com a Avenida Lineu Machado, de frente para o North Shopping Jóquei.

Mudança na fachada durante os anos...


A concepção do Ecopoint contou com a participação do Instituto Homem Terra, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Zoológico Sargento Prata. A iniciativa é inédita no Ceará. Um convênio com a Prefeitura permite às escolas municipais a visitação ao local. Quase que diariamente, grupos de 40 alunos se encantam com esse pedaço da Natureza.

Hospital da Mulher

Promessa de campanha de Luizianne Lins ainda na primeira eleição para prefeita, o Hospital da Mulher, é um grande centro de excelência voltado para o atendimento no campo dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres.

As obras tiveram início em maio de 2008 e o prazo previsto seria de um ano e seis meses para a conclusão da obra, mas demorou bem mais do que se esperava. Depois de vários  anúncios de datas de entrega, que não se cumpriram, a prefeita finalmente inaugurou o hospital no dia 17 de agosto de 2012.
Hospital da Mulher - Lado pela avenida Carneiro de Mendonça. 
Mudanças durante os anos...

North Shopping Jóquei

Inaugurado em 30 de outubro de 2013, o North Shopping Jóquei, chegou ao bairro para suprir uma necessidade de mercado. Foi projetado em todos os detalhes para atender aos desejos da nova classe média fortalezense. Com base nos mais modernos conceitos da indústria, o North Shopping Jóquei é um marco para o varejo local.

 Construção do Shopping


O shopping foi criado com 60.000 m², sendo 33.000 m² já na primeira fase; 5 lojas-âncoras; 18 mega lojas; 200 lojas satélites; complexo de cinema com tecnologia 3D e Game Station; “Espaço família” com fraldário, empréstimo de carrinho de bebê e banheiro infantil; 2.000 vagas de estacionamento, sendo 1.000 vagas cobertas no sub-solo.



Para o lazer de seus visitantes, o North Shopping Jóquei conta com um cinema, operado pela Cinépolis, com cinco salas (duas com tecnologia 3D) e Game Station, com mais de 1.000 m² de jogos eletrônicos. A praça de alimentação tem mais de 5.000 m² e vista panorâmica exclusiva, com uma fachada de vidro de 242 m², levando a luz natural para o espaço que reúne 27 operações de fast food e mais de 1.500 confortáveis lugares para os consumidores. A obra foi executada pela Construtora Diagonal.

Logo após a sua inauguração, no bairro vizinho, outro empreendimento, o Shopping Parangaba também foi inaugurado. Ambos trouxeram muitos atrativos de desenvolvimento para esta região, além de proporcionarem a população acesso às grandes lojas do Brasil, cinemas, área de lazer, etc.
O Shopping Jockey tem uma belíssima arquitetura, tanto externa quanto internamente e um gigantesco estacionamento, ao ar livre e subterrâneo. 


Observação:

Importante salientar que, antes da construção do Jockey Club Cearense, já tínhamos corridas de cavalo, o nosso Jóquei Clube era o Campo do Prado, que também era estádio de futebol. O campo ficava onde hoje está o IFCE e o PV.
O Campo do Prado abrigou os principais jogos do futebol cearense até a construção do PV. Títulos eram conquistados em meio à poeira e lama.
O campo era de terra batida e, ao redor, havia a pista de corrida de cavalos. Havia ainda algumas arquibancadas de madeira e cerca de arame farpado por todos os lados.

1930. Campo do Prado, antigo jóquei. Ficava entre o IFCE e o PV. Acervo Lucas

Antigo Campo do Prado, antecessor do Estádio Presidente Vargas. Foto: Airton Fontenele

Antes do Campo do Prado, as praças da cidade eram utilizadas como campos para disputa de partidas. Além do Passeio Público, o futebol era praticado na Praça de Pelotas (atual Praça Clóvis Beviláqua, em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará - UFC), Praça Castro Carreira (da Estação), Praça Capistrano de Abreu (da Lagoinha) e Praça Gustavo Barroso (Praça do Liceu). As ruas do Centro da cidade também eram utilizados como campos para jogos.

Campo do Prado surgiu em 1913, inaugurado em um jogo entre Hispéria - clube de alguns desportistas que acabara de surgir - e Stela - clube formado por alguns rapazes que estudaram na Suíça e que, mais tarde, originaria o Fortaleza Esporte Clube.

O Campo era de barro batido. Não havia gramado. Quando tinha partida importante ou então alguma temporada dos grandes clubes, vinha um carro do Corpo de Bombeiros e aguava o barro para diminuir a poeira.

Arquivo Nirez







Fontes: Ancestralidade de Guethner WirtzbikiSetydeias/ Diário do Nordeste: No Jóquei Clube, um sítio marca a história. Matéria de 09 de dezembro de 2009./ Globo Esporte/ ESC Construções/Biblioteca Nacional e pesquisas de internet.

sábado, 15 de junho de 2019

Paraíso Perdido Park

O parque em pleno funcionamento.
Foto: Nivardo Nepomuceno
Inaugurado no ano 2000, próximo a praia do Icaraí, Caucaia, distante 18 km de Fortaleza, o Paraíso Perdido Park chegou trazendo novidades. Lincoln Morais inovou e além do parque aquático, seu empreendimento contava também com um zoológico particular. 

Por ser mais próximo da capital, o Paraíso Perdido tinha tudo para crescer e ser um sucesso. Aliás, em matéria de tamanho, só perdia mesmo para o Beach Park.

Parque aquático em funcionamento.
Acervo Renato Pantoja (Lugares Esquecidos)
Parque aquático em funcionamento.
Acervo Renato Pantoja (Lugares Esquecidos)
O local escolhido era bastante arborizado, com 46 mil metros quadrados e tinha como principal atração, o Zoológico Shangri-laO Parque Aquático, com toboáguas, piscinas, cachoeiras e rios, possuía estrutura organizada e segura. Apresentava infraestrutura hoteleira e o parque era temático, com bastante espaço para lazer. 

No chamado Parque Seco, a criançada podia usufruir de diversos brinquedos, como o Sit Skate e o touro mecânico. Os mais interessante no entanto, eram aqueles que imitavam as trilhas que geralmente surgem nos filmes de aventura na selva, como a Ponte do Equilíbrio. Tudo isso implantado numa lindíssima área verde, onde circulava uma constante e agradável brisa.


Parque aquático em funcionamento.
Acervo Renato Pantoja (Lugares Esquecidos)
O Paraíso Perdido fazia sucesso, pois unia as diversões de um parque aquático com aventuras em pontes, arvorismo (caminhada sobre árvores) e claro, visitas a um zoológico rico em diversas espécies de animais. Entre uma distração e outra, o visitante podia vislumbrar leões, tigres, onças pintadas, hipopótamos e chimpanzés e, ainda, rir das travessuras de pequenos macacos, e do gorjear de pássaros silvestres.

Por falar em pássaros, para adentrar ao zoológico, o visitante passava por dentro de um viveiro. 
Os animais eram originários dos mais diversos países. Além dos já citados, haviam também  cobras, avestruzes, emas, pássaros diversos, porcos-do-mato, crocodilos... Cada espécie tinha um local especial, semelhante ao seu habitat natural. O zoológico não tinha grades, os animais mais perigosos ficavam em espaços bem abaixo do nível do solo, e ainda tinham muretas e alambrado de proteção. A segurança era total.

Parque aquático em funcionamento.
Acervo Renato Pantoja (Lugares Esquecidos)
Como ponto negativo, estava o fato do estabelecimento não pagar seus funcionários em dia e não possuir todas as licenças ambientais. Mas o fator crucial para o fechamento definit do parque, que inclusive virou notícia no Brasil inteiro na época, foi a grave acusação de maus tratos aos animais. 
Inclusive, no site Lugares Esquecidos, há também outra grave acusação contra o proprietário do Paraíso Perdido. Consta que na época, circulava a denúncia de que os jumentos apreendidos pelo DETRAN-CE, eram oferecidos como alimento para os leões e tigres do parque. Se isso era verdade ou não, sem dúvida manchou ainda mais a imagem do estabelecimento.


Por determinação da justiça, o parque foi fechado em 2006, após serem comprovados os maus tratos sofridos pelos animais.
Com a determinação, quase todos os animais do parque foram então transferidos para outros estados, incluindo um rinoceronte, que se encontra hoje em um zoológico de São Paulo

Nome do Parque talhado na rocha. Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Situação do local onde ficavam os animais selvagens.
Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja
Visita ao parque 10 anos depois de ter sido fechado. Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Situação de abandono da entrada de acesso em 2016. Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja
Situação do local onde ficavam os animais selvagens.
Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)

Importante salientar que em 2012, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu a triste situação de um leão e de uma leoa (Juba e Yasmin), que também faziam parte do parque e tiveram que ser transferidos para a Unesp de Botucatu, após denúncias de maus tratos no Paraíso Perdido. 

Assista ao vídeo AQUI.


Crédito: Ogritodobicho.com
Crédito: Ogritodobicho.com
O Notícias UOL também já havia noticiado a triste situação dos animais em matéria de 14 de dezembro de 2011. Na matéria, a ONG Mata Ciliar, do município de Pedreira (SP), relatava que o leão Juba viveu em dois lugares sofrendo maus-tratos. “Quando mais jovem o animal morava em um zoológico particular e de situação irregular no Rio de Janeiro, sendo desativado pelo Ibama em 2001. Depois disso, Juba foi transferido para outro zoológico, desta vez em Fortaleza, e novamente sofreu maus-tratos até o dia em que o local foi fechado devido às irregularidades”.

Na época, a ONG e o Ibama já haviam conseguido o transporte aéreo do animal do Ceará para São Paulo, viagem patrocinada pela empresa Tetrapark. “Juba já tem idade avançada. Uma viagem terrestre iria debilitar mais o animal”, dizia a analista ambiental Carla Sombra, do centro de triagem do Ibama. Ela explicou que, apesar dos esforços do Ibama em prestar assistência aos leões, eles não viviam em um local apropriado. “O centro de triagem é um local provisório, de passagem de animais apreendidos, que logo são adotados ou inseridos no habitat natural. Como Juba tem marcas no rosto provocadas pelos maus-tratos que sofreu e não é mais um animal vistoso, devido à idade avançada, nenhum zoológico se habilitou em adotá-lo".


Juba e Yasmin

Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Em 26 de fevereiro de 2007, o jornal Diário do Nordeste chamava atenção para os animais que ainda estavam no parque, mesmo após o fechamento do parque em 2006:

Restam 27 animais no zoológico após fechamento do Paraíso Perdido Park

Desde o fechamento do Paraíso Perdido Park, no Icaraí, ocorrido no ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) trabalha para manter a alimentação e a medicação dos bichos sob controle. Além disso, o Ibama ficou sendo o responsável pela transferência dos animais. Todos ainda permanecem no parque devido à falta de estrutura adequada em outros locais.


Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Desde novembro de 2006, já foram transferidos 67 animais, mas ainda restam 27 para este ano. Entre eles: dois hipopótamos, três onças pintadas, duas onças pardas, nove jacarés e 11 leões. Apesar do trabalho do Ibama, o processo de transferência dos animais não é fácil. De acordo como o analista ambiental do núcleo de fauna do Ibama, Alberto Klefasv, transportar os animais tem um custo bastante elevado.


Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
São animais de grande porte e, além de nos preocuparmos com a transferência deles, temos a alimentação e a medicação, diz Klefasv. Segundo o analista ambiental, o Ibama gasta, em média, R$ 20 mil por mês com a alimentação dos 27 animais do zoológico. Conforme Klefasv, as negociações com outros zoológicos do Brasil é demorada, porque os parques não querem arcar com as despesas de locomoção e, para isso, o Ibama deve entrar em acordo para não ter prejuízo.

Renato Pantoja, do site Lugares Esquecidos, recebeu diversas fotos feitas por um amigo (José Braga Martins) que foi até o local, 10 anos após o fechamento do parque, e narrou ao site tudo o que viu:


Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
"O parque foi fechado pelo IBAMA em 2006 e encontra-se abandonado até hoje. Tentei contato com o dono, que pesquisando na net vi se tratar de um tal senhor Lincoln, mas não o encontrei. Liguei para os números de telefone disponíveis nas matérias de jornal de 10 anos atrás e estão todos desativados.
Pois bem. Fui lá usando como navegador um amigo chamado Márcio.
Lá chegando, a primeira surpresa foi uma grande ladeira que carro 1.0 não sobe para dar acesso ao parque. 
Estando lá, percebi que havia pessoas dentro do parque e os chamei pelas frestas da porta. Um homem veio e disse que morava lá com autorização da polícia(!).


Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Falei que estava fazendo um trabalho acadêmico e gostaria de bater algumas fotos. Ele proibiu e disse que por ele deixaria, mas a PM vai lá aos domingos treinar tiro e não autorizou ninguém a entrar, mas que poderia bater fotos do lado de fora. Deve ser verdade a versão do cara, porque havia tiros nas janelas (blindadas) da portaria. Não quis insistir - apesar de muito frustrado - porque vi crianças e vi que realmente era uma família que morava ali, não eram vagabundos se aproveitando do espaço para praticar atos ilícitos. Também não quis subornar o cara porque acho que isso vai contra a ética UrBex*


Foto José Braga Martins/Acervo Renato Pantoja (2016)
Nas fotos, dá pra ver a grande pedra com o nome do parque talhado nela; uma grande escada; uma fonte que deveria ser belíssima e fazer um barulhão; a bela porta da entrada (com detalhes em vidro) e as catracas de saída, ao estilo "estação de trem". Deu pra ver ainda que a galera utiliza o local pra fazer despacho de macumba e olhando pelas frestas deu pra ver o toboágua, o que me deixou babando de vontade. Mas o mais curioso foi ver uma placa que ameaçava quem quisesse entrar lá. O curioso é que a placa era nova, recém-instalada.
Enfim, dei por encerrada a expedição, mas não a missão. Vou falar com um tenente amigo meu pra ver o que ele pode fazer pra eu tirar essas fotos do local por dentro."



Vejam a situação de descaso e abandono do parque em 2016, após 10 anos do fechamento do Paraíso Perdido:

Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Foto Erick Willians/Acervo Renato Pantoja (2016)
Alguns comentários de frequentadores do parque:

"O park era bem legal, essa mistura de park aquático com zoológico era irada, tinha um toboágua lá preto que era o mais alto, dava um medo imenso por ser aberto e ter umas ondulações, você jurava que ia voar longe kkk"

João Emanuel

"Fui 3 vezes (passeio do colégio, pois o ingresso individual "custava um Rim") o Zoológico foi o que mais me chamou atenção, havia um viveiro de pássaros que os visitantes "passavam por dentro", tudo era temático, o "telefone orelhão" tinha o formato de Arara, a entrada parecia uma caverna..."

Samira Caju

"Frequentei bastante em passeios do colégio, além do parque aquático e zoológico, tinha um espaço do terror, que você adentrava e tinham vários personagens de terror lhe assustando durante todo o percurso. Bons tempos"

Camila Aparecida

"Era ótimo esse park! Estava por lá quase todos os finais de semana! Tinha também uma ponte muito show tipo aquela das olimpíadas do Faustão e uma pista de patins! Cheguei a ir até uma festa a noite "Festa da Lua Cheia". Bons tempos!"

Júnior Pereira


"Lembro muito. "Paraíso Perdido". Assim que o estabelecimento abriu meu pai tornou-se sócio (na época vc comprava o título de sócio). Todos meus fins de semana eram lá. Adorava . Tenho muitas lembranças boas desse local."

PRH Grangeiro


"Sempre quis ir mas com a fama ruim, meus pais nunca deixaram. Ainda bem."

Lisa Martins


"... os tobogãsssss ir no amarelo foi uma realização para mim... kkkkkk no início eu só ia no vermelho..."

Michele Falconeri


"Visitei várias vezes o local, minha mãe trabalhou por lá. Relatava que muitos animais estavam subnutridos. Hoje em dia eu compreendo que não deve haver nenhuma forma de entretenimento envolvendo confinamento, muito menos de animais e ainda por cima os silvestres e selvagens!!!"


Mayara Freitas


"Eu tive o prazer de conhecer esse park quando criança , foi em um dia das crianças... primeiro tinha o passeio no zoológico, incrível ver leão, hipopótamos, macacos... fora que tinha arvorismo, tinha uma parte de escaladas e cards muito divertido e no fim do dia teve show com os palhaços. Um park incrível uma pena ter fechado mas se fosse eles aproveitaria ao menos a parte do park aquático e com um tempo tentava ativar o arvorismo. Gostaria de ter voltado mais vez lá."

Iancka Gomes

"Uma reportagem de um jornal e imagens de funcionários do parque sacrificando jumentos para alimentar os grandes felinos decretou a lacração dos portões, que nunca mais abriram.
Era interessante e havia uma enorme gaiola de pássaros, onde os visitantes podiam transpor internamente, numa via muito instrutiva"

Adauto Gouveia


*Urbex = Exploração Urbana



Fonte: http://www.lugaresesquecidos.com.br/Nivardo Cavalcante Nepomuceno/Ceará Notícia/Jornal Diário do Nordeste/www.mundodastribos.com/Noticias.uol.com.br e pesquisas na internet.

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