Ponta do Mucuripe ainda sem o porto |
Mucuripe nos anos 30, antes da construção do Porto. |
Imagem do início do século XX. Ancoradouro da Prainha. |
Entretanto, não foi esse o primeiro local a receber o equipamento. O primeiro porto de Fortaleza instalou-se em 1805 na região central da cidade, próximo ao Monumento do Cristo Redentor e à Catedral de Fortaleza. Um porto em forma de trapiche que não oferecia segurança aos navios. O Trapiche do Ellery, na Prainha – atualmente Praia de Iracema – foi o primeiro ancoradouro de que se tem notícia em Fortaleza e foi desativado na década de 1860 em função de sua precariedade operacional e do grande número de acidentes ocorridos.
Muitos foram os projetos de construção do porto até a sugestão do engenheiro Zózimo Bráulio Barroso, em 1869, de que o porto fosse transferido para o Mucuripe, com ligação com a capital por meio de via férrea. Seguindo as ideias de Barroso, outro engenheiro: Sir John Hawkshaw, em 1875, propôs a construção de um quebra-mar de 670 metros de comprimento ligado ao litoral por uma ponte de acesso.
Antigo porto na Praia de Iracema, nos anos 30. Acervo Marcos Siebra |
Construção do Porto do Mucuripe no início dos anos 40. Acervo Marcos Siebra |
Construção do Porto |
Fica transferida a localização do Porto de Fortaleza para a enseada de Mucuripe a que se refere a concessão outorgada ao Estado do Ceará, pelo decreto nº 23.606, de 20 de dezembro de 1933, para construção, aparelhamento e exploração do referido porto.
Obras de construção do Porto |
Construção do Porto do Mucuripe |
Início da construção do Porto do Mucuripe. Foto Aba Film 1940 |
Obras do Porto |
Porto do Mucuripe nos anos 50. Acervo Marcos Siebra |
Autoridades visitam as obras do Porto do Mucuripe em 1959. Acervo Marcos Siebra |
Praia de Iracema (Primeiros efeitos do Porto sobre o litoral). Livro Caravelas, Jangadas e Navios - Uma Historia Portuária de Rodolfo Espínola (2007). |
Vale ressaltar, porém, que as problemáticas referentes ao Porto do Mucuripe não se restringiram apenas à ordem político-administrativa. Os problemas ambientais oriundos da implantação do porto foram iguais ou maiores que os entraves burocráticos.
Praia de Iracema - Casas destruídas pelo avanço do mar (Primeiros efeitos do Porto do Mucuripe sobre o litoral de Fortaleza). Arquivo Nirez Desastre ambiental na Praia de Iracema |
Praia Formosa e os primeiros efeitos do porto sobre o litoral. Livro Caravelas, Jangadas e Navios - Uma Historia Portuária de Rodolfo Espínola (2007). |
Mais tarde, outros trechos entre a Praia do Meireles e Iracema também começavam a ser afetados.
Titan - O gigante de aço |
Titan em atividade, transportando as pedras. |
O molhe passou a impedir que os sedimentos fossem transportados pelas correntes de deriva litorâneas para a bacia portuária, vez que estavam causando assoreamento naquele local. Mas ainda se estava longe de uma solução. Parcialmente resolvido o problema do porto, a cidade passou a ter, progressivamente, um novo desenho para sua linha de costa, com praias em forte processo erosivo a jusante do porto e com forte engorda a leste do molhe do Titanzinho.
Guindaste Titan na ponta do Mucuripe e o surgimento ainda tímido da Praia Mansa. Arquivo IBGE |
Essas obras tinham como objetivo proteger o litoral do processo erosivo, entretanto, o problema de erosão continuou, sendo, dessa vez, transferido para as praias subsequentes a jusante do sistema, lado oeste do rio Ceará, como Iparana, Pacheco e Icaraí, no município de Caucaia, a partir da década de 1980.
(A) Espigão da Praia de Iracema
(B) Estruturas rochosas para contenção do mar na Praia de Iracema
(C) Rochas dispostas na Av. Beira-Mar e molhe ao fundo
(D) Aterro da Praia de Iracema
(E) Dissipador rochoso de energia de ondas na Praia do Pacheco
(F) Erosão na Praia do Icaraí
No ano 2000, foi iniciado pela Prefeitura Municipal um aterro hidráulico na Praia de Iracema, integrando um plano de regeneração e recuperação. Este aterramento, contudo, apresentou instabilidade e perda sedimentar durante tempestades e ressacas, no início de 2001, precisando ser refeito no final do mesmo ano para recompor o volume de sedimentos perdidos.
Foto: Nelson Bezerra |
Anos 50 vendo-se a Praia Mansa. Arquivo IBGE |
A fotografia mostra a Praia Mansa, o Bairro Serviluz, a Praia do Futuro na extrema esquerda e fluxo de sedimentos em direção a bacia portuária do Mucuripe em 1960. Arquivo Nirez |
Em decorrência dessa estrutura, houve um barramento do transporte lateral de sedimentos da Praia do Futuro em direção ao setor oeste do litoral de Fortaleza os quais passaram a acumular-se na bacia portuária, assoreando o canal do porto. Consequentemente, houve a formação de uma praia interna ao dique, que foi denominada de Praia Mansa.
Molhe do Titanzinho com areia acumulada. Foto de 2005. Crédito Fechine |
A Praia tem cerca de 108.000m² de área, e acha-se sob a responsabilidade da Companhia Docas do Ceará.
Caminhamento e contorno litorâneo de areias na parte interna do molhe do Porto do Mucuripe em 1960. Arquivo Nirez |
Molhe do Titan ao fundo |
Praia Mansa em 1973. Assoreamento resultante do enrocamento para o aterro do porto, construído com a utilização do famoso guindaste TITAN. Foto de Nelson Bezerra |
Foto do final dos anos 70. Acervo Alysson Correia Lima |
Ações de uso e ocupação da praia Mansa, sem levar em conta a fragilidade da área, poderão acarretar a instalação de processos erosivos e aumento da degradação ambiental, em virtude da ocupação irregular com equipamentos turísticos (hotéis, bares, restaurantes, etc.), tanto em função dos resíduos deixados no local, como também pelo uso indiscriminado pelos visitantes.
Fonte: Portos e Gestão Ambiental: Análise dos Impactos Ambientais e Correntes da Implantação do Terminal Marítimo de Passageiros na Praia Mansa - Otávio Augusto de Oliveira Lima Barra/Alterações no Perfil Natural da Zona Costeira da Cidade
de Fortaleza, Ceará, ao Longo do Século XX - José Alegnobeto Leite Fechine/Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima da Prefeitura Municipal de Fortaleza de 2006